terça-feira, outubro 31, 2006

Mais Scarlett Johansson

Não bastasse ter assistido Match Point (2005), Lost in Translation(2003), Girl with a Pearl Earring (2003) e Ghost World (2001), assisti esta semana mais dois filmes com a minha atriz favorita: A Good Woman (2004) e A Love Song for Bobby Long (2004).

A Good Woman é baseado no livro Lady Windermere's Fan de Oscar Wilde, o polêmico escritor irlandês. A Love Song for Bobby Long é uma história de misfits, escritores malditos, poetas, desilusões, erros do passado e algumas surpresas inesperadas, tendo como pano de fundo a boêmia cidade de New Orleans. Como todo enredo menos digerível, o filme divide os expectadores, alguns adoram, outros odeiam - eu achei o filme excelente, sem falar na ótima atuação da Scarlett e uma trilha sonora interessante (Grayson Capps).

Pra completar minha Scarlett week, ontem revi na tv um dos primeiros filmes da atriz, quando ela ainda era pouco conhecida - The Horse Whisperer. E agora aguardo ansiosamente o lançamento em novembro de Scoop, o novo filme do Woody Allen (com quem ela filmou Match Point).

Mensagem anônima

Queria deixar registrado que adorei a mensagem que um anônimo me enviou, confiram abaixo o texto. Um presente especial, como o sol que resolveu aparecer hoje ou ainda, um buquê de girassóis - uma mensagem de carinho, mas acima de tudo de esperança e perseverança em momentos difíceis. E chegou em boa hora, hoje que acordei sem vontade de sair da cama... minha vida tem sido uma batalha há anos e quando consigo reunir forças para me levantar e continuar meu caminho, acontece mais um imprevisto.

O último foi um acidente com a minha gatinha semana passada que me custou 400 euros quando já estou super dura (a gata está se recuperando bem mas a minha conta está zerada). E quando tudo que eu queria agora era um pouco de colo, as pessoas só dizem pra você ser forte e seguir em frente (e com razão, porque a vida não espera). Sim, estou cansada mas sei que sobreviverei mais esta (sou uma sobrevivente). Segue o texto que ganhei de presente.

Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria:
acesso ao sentimento de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora...
Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída. (Mahatma Gandhi)

Obrigada, anônima(o).

domingo, outubro 29, 2006

O mundo de cada um, cada um no seu mundo

Ainda digerindo o fim de uma amizade, hoje me dei conta que em qualquer tipo de relação humana (seja casamento ou amizade), nem sempre gostar de uma pessoa é suficiente para que possamos conviver com ela. Uma revelação dolorosa, porque na verdade gostaríamos de conviver com todos em igualdade, o que muitas vezes simplesmente não é possível. No final das contas, é cada um no seu mundo.

O problema surge quando duas pessoas habitam dois mundos diferentes e quase antagônicos (aqui os otimistas usariam o termo complementares). E assim como no casamento se ilude quem acha que pode mudar o outro, na amizade é o mesmo, em maior ou menor grau. Não adianta querer carregar alguém pro seu mundo quando eles nunca farão parte dele – seja por mera questão de temperamento, bagagem de vida ou predisposição genética (uma longa discussão que prefiro deixar para outro dia).

O que complica ainda mais é o fato de a natureza humana buscar definições e categorias – definimos categorias para tentar entender o que na verdade não entendemos. O perigo é quando passamos a dividir as pessoas em categorias fixas: otimistas x pessimistas, alegres x ranzinzas, etc. Aí deixamos de ver que uma pessoa otimista também tem seus dias ruins e uma pessoa pessimista também tem seus dias de sorte. O ser humano é muito mais complexo do que as categorias que existem para classificá-lo.

Esta categorização (ou polarização) apenas exacerba as diferenças e restringe as possibilidades. Quando uma pessoa começa a ver a outra como apenas isso ou aquilo, sobra pouco espaço para troca. Para existir troca, as pessoas devem ser capazes de aceitar o todo e não apenas as partes. Me explicando melhor: a amizade deve dar espaço para que a pessoa seja não apenas uma coisa, mas também outra. Quando somos forçados a nos encaixar em apenas um modelo de comportamento, a amizade está fadada ao fracasso.

Para concluir, é fato que existem pessoas que já nascem predispostas à felicidade e outras nem tanto. Cientistas sociais, psicólogos e psiquiatras sabem há tempos que existe uma certa predisposição genética para a felicidade - como ela é definida pela sociedade moderna pois a felicidade é, acima de tudo, um valor pessoal.

Assim sendo, uma pessoa que sofre de doenças mentais (também sabiamente chamadas de distúrbios afetivos), sofre duplamente: pela doença propriamente dita e pela ignorância do mundo ao seu redor que espera um comportamento que ela nunca poderá ter, embora alguns comportamentos possam ser aprendidos (PNL).

Não, o rótulo não faz a pessoa mas a doença faz parte do todo. E o que alguns chamam de determinismo, outros chamam de ciência. Fica a pergunta: o copo está quase cheio ou quase vazio?

sexta-feira, outubro 27, 2006

Férias escolares, parte II


Hoje passamos a tarde no Artis, o zoológico de Amsterdam, meu filho é associado e além de não pagar entrada, ainda me levou de convidada! Na falta de melhor programa, o zoológico é sempre diversão garantida para a garotada. E o de Amsterdam foi renovado nos últimos anos e está cada vez melhor. Além das usuais atrações, há um planetário, aquarium e vários cafés espalhados pelo local, além de playgrounds para todas as idades, desde os mais pequenos até as crianças maiores.

Hoje fomos presenteados com um belo dia de outono e além de rever girafas, elefantes, gorilas e chimpanzés, aproveitei pra matar saudades de meus bichos favoritos - os divertidos leões marinhos, o urso polar, os pinguins e os adoráveis racoons (quaxinim no meu dicionário Inglês-Português). Meu filho, por sua vez, não podia deixar de fazer sua visita às cobras, lagartos e jacarés...coisas de menino, nem adianta discutir!

Para concluir, visitamos ainda o recém-inaugurado Vlinder Tuin (Jardim das Borboletas, foto acima). Convenhamos, tem coisa melhor do que ser criança?!!

Férias escolares...de novo!



Aqui na Holanda as crianças parece que vivem de férias. Férias de primavera (1 semana), férias de verão (6 semanas em agosto e setembro), férias de outono (1 semana), férias de natal (10 dias), e por aí vai...Como resultado, mal me recupero de umas férias e logo vem outra surgindo no horizonte.

Estas férias de outono fizemos dois programas especiais. O primeiro foi o evento anual LEGO WORLD, o paraíso na terra para os pequenos fãs dos famosos blocos de construção - e acreditem, não estou exagerando! Meu filho é fanático por LEGO e há tempos constrói melhor do que eu. Trens, ônibus, carros de bombeiro, aviões, helicópteros e tudo o mais que os meninos tanto adoram (sem falar nos Bionicles).

Aqui na Europa, apesar de caro, LEGO é um dos brinquedos favoritos - tanto das crianças como dos pais (e avós). E com toda razão, pois além de super resistentes, os blocos são educativos e estimulam o desenvolvimento. E talvez o mais importante: LEGO é sinônimo de horas de diversão nas tardes chuvosas de outono e nos frios dias de inverno do norte europeu. Combinados a um chocolate quente, pipoca feita em casa e um bom filme infantil em DVD, devo admitir que sobrevivemos!

sexta-feira, outubro 20, 2006

A Coisa

A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

(Mário Quintana em Caderno H)

O Outono

Ando de saco cheio, sem vontade de fazer nada a não ser procrastinar (a arte da procrastinação ainda renderá outro tópico por aqui). Impressionante como a mudança das estações me afeta, principalmente a chegada do outono no hemisfério norte, que me remete imediatamente ao longo e tenebroso inverno que o sucede, dias curtos e noites longas.

Noites em claro em que acordo no meio da noite e não consigo dormir por horas, com tanta coisa na cabeça, coisas boas e coisas ruins...hemisfério sul, hemisfério norte, meus fantasmas me acompanham onde quer que eu vá (não tem como fugir da gente mesmo). Uma coisa ao menos é certa: melhor se arrepender das coisas que você fez do que daquelas que deixou de fazer. Em toda a minha vida, talvez tenha me arrependido de umas duas ou três coisas que fiz...e mesmo essas coisas têm sua devida importância porque me tornaram a pessoa que sou hoje! O que não me mata, me fortalece.

Por outro lado, as coisas que, por uma razão ou outra, deixei de fazer ou não pude fazer em um determinado momento, estas me tiram o sono. É quando eu penso: um dia de cada vez, não se pode ter tudo na vida. Sim, tem horas que a gente só consegue usar clichês -- e me desculpem os incomodados mas o ser humano por si só já é um clichê.

A vida é feita de sonhos - alguns realizados, outros não, e outros tantos que aprendemos a abrir mão ao longo do caminho para podermos seguir em frente. O que me resta é a profunda convicção de que a gente sempre faz o melhor que pode em um determinado momento.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Recordações de viagem

Saudades das muitas viagens que fiz, hoje decidi postar imagens em vez de palavras. Começando pelo começo: Dublin. Minha porta de entrada para a Europa, onde cheguei em dezembro de 1993. Na foto: o rio Liffey.


Trinity College, uma das instituições de ensino mais famosas da Europa. Na foto abaixo, o Irish Film Center em Temple Bar, meu lugar favorito para assistir filmes, entre eles, a Mostra de Cinema Francês.




Temple Bar, bairro com uma variedade de pubs e cafés que atraem o público jovem, e o nome deste pub na esquina. Aqui é onde a noite acontece na capital irlandesa.


O tradicional Bewley´s Café da Grafton Street onde passei algumas tardes chuvosas de domingo tomando chá com danish pastries e batendo papo com amigos.




sexta-feira, outubro 13, 2006

Sobre blogs e blogueiros

Para cada tipo de blogueiro existe um tipo de blog, cada um com seu devido valor. Uns escrevem por necessidade, outros por prazer. Outros ainda simplesmente por escrever, sem maiores pretensões do que a de ter um blog. Blogs “extrovertidos”, que descrevem acontecimentos externos e blogs “contemplativos”, que descrevem processos internos. E há ainda aqueles que fazem a gente rir.

Quem acompanha minha trajetória aqui já percebeu que eu escrevo por pura necessidade. Mas tenho uma amiga que escreve pelo simples prazer das palavras (e como é gostoso ler o que ela escreve). Ela brinca com as palavras e seus significados, coisa de escritor que já nasce feito!

Quanto a mim, me satisfaço em brincar com meus pensamentos e em tentar organizá-los em palavras. Talvez uma tentativa inconsciente (mas nem tanto assim) de colocar ordem no caos. No final das contas, escrevo para tentar entender a mim mesma. E com alguma sorte, para entender o sentido da vida.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Preocupação de mãe

Enquanto o Liam se preocupa com seu presente de natal eu, como toda mãe que se preze, tenho outras preocupações na cabeça. É que semana passada tive (mais) uma reunião na escola com a professora e a pedagoga. Devido a problemas no desenvolvimento, Liam vem sendo testado há mais de ano por uma equipe multidisciplinar - ainda sem diagnóstico definitivo. Falava-se em Síndrome de Asperger, agora em PDD-NOS, e eu ultimamente tenho desconfiado de algo mais óbvio: dislexia. PDD-NOS é um distúrbio pervasivo de desenvolvimento que se encontra no espectro do autismo - embora seja uma forma bem mais leve que passa muitas vezes despercebida, e na maioria dos casos a criança nem precisa ir para uma escola especial, como nos casos clássicos de autismo.

Eu, que não sou pedagoga nem psiquiatra infantil mas apenas mãe, sugeri desde o início que possa ser uma reação emocional às dificuldades que tivemos em casa nos últimos anos. Uma reação até normal, ainda mais depois de ler em um livro que as crises antes do divórcio podem afetar uma criança tanto ou mais quanto o que vem depois dele. E aqui em casa, o período que antecedeu o divórcio foi muito pior (hoje não apenas temos guarda alternada como nos falamos regularmente e sem maiores conflitos).

No final das contas, se trata do fenômeno que discuti ontem com uma amiga. No tempo da minha mãe, não existiam tantas crianças autistas, com síndrome de Asperger, ADHD, etc. Hoje em dia, se você não prestar atenção, mais cedo ou mais tarde seu filho será rotulado (receio que muitas vezes indevidamente). The worst case scenario já é rotina nos EUA: crianças que crescem tomando Ritalin (tratamento para ADHD) ou mesmo Prozac (antidepressivo).

Nessas horas me pergunto em que mundo estamos vivendo e temo que a sociedade moderna esteja cada dia mais doente...que futuro esperar para nossos filhos? A vida sem dúvida era muito mais simples quando eu ainda acreditava em Papai Noel (e no coelhinho da Páscoa).

Preocupação de criança


Quem pensa que vida de criança é fácil, está enganado! Mal chegou outubro e Liam não apenas já escolheu seu presente de natal (um set de trem elétrico) como me perguntou hoje cedo como ter certeza de que o Papai Noel saberia o presente certo. Eu disse que podíamos mandar uma carta explicando o que ele deseja ganhar mas ele insiste: e como a carta vai chegar no Polo Norte? E eu respondo, sem pensar muito: de avião, como todas as outras cartas!

E ele, ainda insatisfeito: mãe, mas não esquece de dizer que é o trem Thalys da Intertoys, está bom? Eu sei que o Papai Noel sempre traz presentes bonitos, mas é que eu quero muito este trem.

E já que estamos falando de natal, eu só queria o DVD de Grey´s Anatomy (série 1) que acaba de sair nas lojas daqui!

PS. Para os desavisados, Thalys é o trem que faz o percurso Amsterdam-Paris, que fizemos em abril no aniversário do Liam. Desnecessário dizer que a viagem de trem por si só já foi um presente inesquecível! Como é gostoso ser criança.

terça-feira, outubro 10, 2006

Injeção de ânimo

Hoje à tarde fiz uma das coisas que mais curto fazer nesses dias de outono: ir a um café bater papo com uma amiga. Para quem estava desanimada e nem queria sair de casa, descobri que encontrar com a Anna é uma injeção de ânimo: e funciona na hora! Após dias de muita turbulência e instabilidade meteorológica (no sentido literal e figurado), voltei pra casa devidamente reanimada e já me sentindo mais leve. Nada como uma companhia agradável para espantar as nuvens que pairam ameaçadoras no horizonte. Nada como uma amiga genuinamente interessada para nos ajudar a ver as coisas como elas realmente são - nem mais, nem menos. São pessoas assim que nos facilitam a travessia em tempos turbulentos.

A verdade é que estou passando por um daqueles processos inevitáveis na vida de todos nós em que precisamos redefinir nosso círculo de amizades. Como outra amiga, também muito sábia, bem soube resumir: estou fazendo uma faxina emocional na minha vida, iniciada com o divórcio, há menos de um ano.

E ao redefinir minhas relações e repensar conceitos hoje - como o conceito de amizade, tão recorrente nos meus últimos posts - começo a ter a nítida sensação de estar voltando pra casa. E o que talvez seja o mais importante, tenho sido coerente comigo mesma, uma sensação de alívio inigualável.

No final das contas, tudo acaba bem.

segunda-feira, outubro 09, 2006

tempo instável, nuvens esparsas e probabilidade de chuvas e tempestades. e ainda sem previsões meteorológicas para a próxima semana (volto quando as nuvens clarearem).

quinta-feira, outubro 05, 2006

Auto-retrato

instável, emotiva, tagarela, mas também profunda e contemplativa, dada a divagações sobre a vida, a morte, e tudo o que vem (ou não) depois dela. extrovertida com períodos agudos de introversão. alguém que sabe apreciar tanto a boa companhia quanto os momentos de solidão. mística, acredita que nada na vida acontece por acaso (e por via das dúvidas, sabe ler as cartas do tarô). apreciadora das coisas boas da vida e principalmente da sétima arte (e dos bons vinhos).

sincera ao ponto de ser rude (tentando mudar), mas acima de tudo uma pessoa (hiper)sensível e apaixonada por seus amigos. e pra não dizer que só falei de flores: carente, hipocondríaca, ansiosa, depressiva, enfim...humana.

E por falar em Scarlet Johansson

Can you keep a secret? I'm trying to organize a prison break. We have to first get out of this bar, then the hotel, then the city, and then the country. Are you in or you out?


Não resisti e decidi falar sobre um dos meus filmes favoritos dos últimos tempos: Lost in Translation.

Dois personagens perdidos em Tóquio, dois personagens vivendo crises pessoais que se cruzam no lounge-bar de um hotel 5 estrelas e tornam-se inseparáveis, cúmplices do destino. Ela, uma jovem recém-formada e casada há pouco tempo que veio acompanhar o marido fotógrafo em uma viagem a trabalho. Ele, um ator cinquentão em plena crise de meia-idade, em fim de carreira e casado há mais de 20 anos.

Compreensível a escolha de Tóquio como cenário do filme. Uma cidade estranha (aos olhos ocidentais) que reforça ainda mais o sentimento de estranhamento de ambos os personagens, que perderam o rumo de suas próprias vidas. É essa cumplicidade que faz com que eles criem um vínculo interessante e pouco usual nas telas de cinema.

Um filme em que as imagens valem mais do que as palavras, em que o que é dito nas entrelinhas é tão ou mais importante do que o que é dito nas inúmeras conversas entre os protagonistas. Fica aquela sensação inevitável de estranhamento - do mundo ao seu redor e, acima de tudo, de si mesmo - tão familiar a alguns de nós, humildes mortais.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Sessão de cinema: Match Point

People are afraid to face how great a part of life is dependent on luck. There are moments in the match when the ball hits the top of the net and for a split second it can either go forward or fall back. With a little luck it goes forward and you win or maybe it doesn´t, and you lose.”

Acabei de assistir Match Point, o último filme de Woody Allen. Como eu não esperava nada do filme (apesar de ele ser um de meus diretores favoritos), devo admitir que o filme surpreendeu. Sem falar na atuação sedutora de uma das minhas atrizes favoritas da atualidade: Scarlett Johansson (Lost in Translation e Girl with a Pearl Earring, entre outros).

O enredo é interessante, para não dizer macabro (não vou dizer mais nada porque senão estrago o prazer de quem ainda não assistiu). Chris, um rapaz irlandês de origem humilde, muda-se para Londres e, em busca de ascensão social, decide dar aulas de tênis em um clube exclusivo, onde tem a sorte de conhecer a filha de um magnata. Eles começam a namorar e ele cai nas graças da família dela, o que lhe assegura um ótimo emprego e uma vida bastante confortável. Tudo isso até que por obra do destino, ele se apaixona perdidamente por Nola, a então noiva de seu futuro cunhado. Aspirante à atriz, Nola é acima de tudo uma femme fatale no melhor estilo de Hollywood. Eles acabam se envolvendo e mesmo depois que Tom termina o relacionamento com Nola, ela e Chris continuam se encontrando às escondidas. Até que mais um golpe do destino o obriga a tomar uma decisão importante.

No estilo de Crimes and Misdemeanors, pode-se dizer que o filme lida basicamente com dois temas: sorte e destino. A chave do filme está nas palavras narradas logo na abertura do filme e ilustradas com maestria na cena do anel, mais para o final.

domingo, outubro 01, 2006

A loucura nossa de cada dia

Com os avanços na psiquiatria e a possibilidade de diagnósticos cada vez mais precisos, o mundo moderno vem sendo habitado por um número cada vez maior de bipolares, depressivos e borderliners. Mas eu desconfio que esses distúrbios sempre existiram, eles apenas ainda não haviam sido catalogados e diagnosticados. O que parece persistir até os dias de hoje é a ignorância - ignorância daqueles que não viveram um distúrbio mental na pele ou na família.

Pessoas que acreditam que tudo é uma questão de força de vontade, de pensar positivo e fazer caminhadas diárias no parque, fazer uma alimentação saudável (muitas frutas e verduras frescas) e dormir 8 horas por dia. Quem um dia sofreu de depressão sabe que isso não apenas não funciona, como ainda deixa a pessoa se sentindo ainda mais culpada...e deprimida! Nesses momentos, os amigos podem se transformar em inimigos porque não apenas não compreendem como esperam da pessoa algo que para ela é impossível. A verdade é que pensar positivo e fazer caminhadas diárias não são coisas que uma pessoa realmente deprimida é capaz de fazer. Na maioria dos casos, o que funciona mesmo é uma combinação de medicamentos (antidepressivos) e terapia.

Eu mesma fui diagnosticada há 2 anos com depressão dupla (distimia e depressão clínica), e a partir daquele momento, algumas coisas subitamente começaram a fazer sentido. A jornada é longa: primeiro o diagnóstico, depois o tratamento adequado e finalmente, a cura (sim, a cura é possível mesmo que em alguns casos existam reincidências).

Mas estou escrevendo isso porque recentemente uma amiga foi diagnosticada como bipolar e eu entendo perfeitamente o que ela está passando...como eu mesma disse a ela outro dia ao telefone: o pior não é a doença em si, mas a ignorância das pessoas. Você acaba sofrendo duplamente: pela doença e pela falta de compreensão das pessoas ao seu redor. Por outro lado, o diagnóstico não é desculpa pra ser infeliz nem pra levar uma existência miserável (mas que explica muita coisa, isso explica). Afinal de contas, conhecer seus limites e aprender a lidar com eles no dia-a-dia também é uma forma de autoconhecimento. E muitas vezes são justamente esta vulnerabilidade e fraqueza que nos tornam mais fortes e humanos.

Ganha-se de um lado, perde-se de outro

A vida no final das contas é isso: perdas e ganhos. Talvez a sabedoria esteja em agradecer a Deus pelos ganhos em vez de nos sentirmos tristes pelas perdas (algumas inevitáveis ao longo do caminho, quem nunca perdeu um amigo que atire a primeira pedra!). Porque até quando perdemos, ganhamos algo, é tudo uma questão de ponto-de-vista.

Amizades há por toda parte, de todos os tipos e tamanhos, amizades pra todos os gostos. Algumas sinceras, outras nem tanto. Amizades pra ir ao cinema, pra ir ao café, para cair na noite, pra ficar pendurado horas no telefone, pra dividir alegrias e tristezas. Amizades pra rir junto, outras pra chorar junto, e umas poucas pra rir e chorar juntos (estas são mercadoria rara e devem ser cultivadas com o devido carinho e respeito).

Acima de tudo, nós é que escolhemos o tipo de amizade que queremos em nossas vidas, uma escolha estritamente pessoal. O que pra você é uma amizade verdadeira pra mim deixa muito a desejar e vice-versa. Olhando à minha volta, vejo pessoas muito especiais e, por um momento, sei que não estou sozinha e isso basta para clarear os horizontes.

Uma palavra, um telefonema, até mesmo um scrap de alguém querido já torna a vida mais leve, e é para isso que servem os amigos!
Tecnologia do Blogger.

Mais Scarlett Johansson

Não bastasse ter assistido Match Point (2005), Lost in Translation(2003), Girl with a Pearl Earring (2003) e Ghost World (2001), assisti esta semana mais dois filmes com a minha atriz favorita: A Good Woman (2004) e A Love Song for Bobby Long (2004).

A Good Woman é baseado no livro Lady Windermere's Fan de Oscar Wilde, o polêmico escritor irlandês. A Love Song for Bobby Long é uma história de misfits, escritores malditos, poetas, desilusões, erros do passado e algumas surpresas inesperadas, tendo como pano de fundo a boêmia cidade de New Orleans. Como todo enredo menos digerível, o filme divide os expectadores, alguns adoram, outros odeiam - eu achei o filme excelente, sem falar na ótima atuação da Scarlett e uma trilha sonora interessante (Grayson Capps).

Pra completar minha Scarlett week, ontem revi na tv um dos primeiros filmes da atriz, quando ela ainda era pouco conhecida - The Horse Whisperer. E agora aguardo ansiosamente o lançamento em novembro de Scoop, o novo filme do Woody Allen (com quem ela filmou Match Point).

Mensagem anônima

Queria deixar registrado que adorei a mensagem que um anônimo me enviou, confiram abaixo o texto. Um presente especial, como o sol que resolveu aparecer hoje ou ainda, um buquê de girassóis - uma mensagem de carinho, mas acima de tudo de esperança e perseverança em momentos difíceis. E chegou em boa hora, hoje que acordei sem vontade de sair da cama... minha vida tem sido uma batalha há anos e quando consigo reunir forças para me levantar e continuar meu caminho, acontece mais um imprevisto.

O último foi um acidente com a minha gatinha semana passada que me custou 400 euros quando já estou super dura (a gata está se recuperando bem mas a minha conta está zerada). E quando tudo que eu queria agora era um pouco de colo, as pessoas só dizem pra você ser forte e seguir em frente (e com razão, porque a vida não espera). Sim, estou cansada mas sei que sobreviverei mais esta (sou uma sobrevivente). Segue o texto que ganhei de presente.

Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria:
acesso ao sentimento de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora...
Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída. (Mahatma Gandhi)

Obrigada, anônima(o).

O mundo de cada um, cada um no seu mundo

Ainda digerindo o fim de uma amizade, hoje me dei conta que em qualquer tipo de relação humana (seja casamento ou amizade), nem sempre gostar de uma pessoa é suficiente para que possamos conviver com ela. Uma revelação dolorosa, porque na verdade gostaríamos de conviver com todos em igualdade, o que muitas vezes simplesmente não é possível. No final das contas, é cada um no seu mundo.

O problema surge quando duas pessoas habitam dois mundos diferentes e quase antagônicos (aqui os otimistas usariam o termo complementares). E assim como no casamento se ilude quem acha que pode mudar o outro, na amizade é o mesmo, em maior ou menor grau. Não adianta querer carregar alguém pro seu mundo quando eles nunca farão parte dele – seja por mera questão de temperamento, bagagem de vida ou predisposição genética (uma longa discussão que prefiro deixar para outro dia).

O que complica ainda mais é o fato de a natureza humana buscar definições e categorias – definimos categorias para tentar entender o que na verdade não entendemos. O perigo é quando passamos a dividir as pessoas em categorias fixas: otimistas x pessimistas, alegres x ranzinzas, etc. Aí deixamos de ver que uma pessoa otimista também tem seus dias ruins e uma pessoa pessimista também tem seus dias de sorte. O ser humano é muito mais complexo do que as categorias que existem para classificá-lo.

Esta categorização (ou polarização) apenas exacerba as diferenças e restringe as possibilidades. Quando uma pessoa começa a ver a outra como apenas isso ou aquilo, sobra pouco espaço para troca. Para existir troca, as pessoas devem ser capazes de aceitar o todo e não apenas as partes. Me explicando melhor: a amizade deve dar espaço para que a pessoa seja não apenas uma coisa, mas também outra. Quando somos forçados a nos encaixar em apenas um modelo de comportamento, a amizade está fadada ao fracasso.

Para concluir, é fato que existem pessoas que já nascem predispostas à felicidade e outras nem tanto. Cientistas sociais, psicólogos e psiquiatras sabem há tempos que existe uma certa predisposição genética para a felicidade - como ela é definida pela sociedade moderna pois a felicidade é, acima de tudo, um valor pessoal.

Assim sendo, uma pessoa que sofre de doenças mentais (também sabiamente chamadas de distúrbios afetivos), sofre duplamente: pela doença propriamente dita e pela ignorância do mundo ao seu redor que espera um comportamento que ela nunca poderá ter, embora alguns comportamentos possam ser aprendidos (PNL).

Não, o rótulo não faz a pessoa mas a doença faz parte do todo. E o que alguns chamam de determinismo, outros chamam de ciência. Fica a pergunta: o copo está quase cheio ou quase vazio?

Férias escolares, parte II


Hoje passamos a tarde no Artis, o zoológico de Amsterdam, meu filho é associado e além de não pagar entrada, ainda me levou de convidada! Na falta de melhor programa, o zoológico é sempre diversão garantida para a garotada. E o de Amsterdam foi renovado nos últimos anos e está cada vez melhor. Além das usuais atrações, há um planetário, aquarium e vários cafés espalhados pelo local, além de playgrounds para todas as idades, desde os mais pequenos até as crianças maiores.

Hoje fomos presenteados com um belo dia de outono e além de rever girafas, elefantes, gorilas e chimpanzés, aproveitei pra matar saudades de meus bichos favoritos - os divertidos leões marinhos, o urso polar, os pinguins e os adoráveis racoons (quaxinim no meu dicionário Inglês-Português). Meu filho, por sua vez, não podia deixar de fazer sua visita às cobras, lagartos e jacarés...coisas de menino, nem adianta discutir!

Para concluir, visitamos ainda o recém-inaugurado Vlinder Tuin (Jardim das Borboletas, foto acima). Convenhamos, tem coisa melhor do que ser criança?!!

Férias escolares...de novo!



Aqui na Holanda as crianças parece que vivem de férias. Férias de primavera (1 semana), férias de verão (6 semanas em agosto e setembro), férias de outono (1 semana), férias de natal (10 dias), e por aí vai...Como resultado, mal me recupero de umas férias e logo vem outra surgindo no horizonte.

Estas férias de outono fizemos dois programas especiais. O primeiro foi o evento anual LEGO WORLD, o paraíso na terra para os pequenos fãs dos famosos blocos de construção - e acreditem, não estou exagerando! Meu filho é fanático por LEGO e há tempos constrói melhor do que eu. Trens, ônibus, carros de bombeiro, aviões, helicópteros e tudo o mais que os meninos tanto adoram (sem falar nos Bionicles).

Aqui na Europa, apesar de caro, LEGO é um dos brinquedos favoritos - tanto das crianças como dos pais (e avós). E com toda razão, pois além de super resistentes, os blocos são educativos e estimulam o desenvolvimento. E talvez o mais importante: LEGO é sinônimo de horas de diversão nas tardes chuvosas de outono e nos frios dias de inverno do norte europeu. Combinados a um chocolate quente, pipoca feita em casa e um bom filme infantil em DVD, devo admitir que sobrevivemos!

A Coisa

A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

(Mário Quintana em Caderno H)

O Outono

Ando de saco cheio, sem vontade de fazer nada a não ser procrastinar (a arte da procrastinação ainda renderá outro tópico por aqui). Impressionante como a mudança das estações me afeta, principalmente a chegada do outono no hemisfério norte, que me remete imediatamente ao longo e tenebroso inverno que o sucede, dias curtos e noites longas.

Noites em claro em que acordo no meio da noite e não consigo dormir por horas, com tanta coisa na cabeça, coisas boas e coisas ruins...hemisfério sul, hemisfério norte, meus fantasmas me acompanham onde quer que eu vá (não tem como fugir da gente mesmo). Uma coisa ao menos é certa: melhor se arrepender das coisas que você fez do que daquelas que deixou de fazer. Em toda a minha vida, talvez tenha me arrependido de umas duas ou três coisas que fiz...e mesmo essas coisas têm sua devida importância porque me tornaram a pessoa que sou hoje! O que não me mata, me fortalece.

Por outro lado, as coisas que, por uma razão ou outra, deixei de fazer ou não pude fazer em um determinado momento, estas me tiram o sono. É quando eu penso: um dia de cada vez, não se pode ter tudo na vida. Sim, tem horas que a gente só consegue usar clichês -- e me desculpem os incomodados mas o ser humano por si só já é um clichê.

A vida é feita de sonhos - alguns realizados, outros não, e outros tantos que aprendemos a abrir mão ao longo do caminho para podermos seguir em frente. O que me resta é a profunda convicção de que a gente sempre faz o melhor que pode em um determinado momento.

Recordações de viagem

Saudades das muitas viagens que fiz, hoje decidi postar imagens em vez de palavras. Começando pelo começo: Dublin. Minha porta de entrada para a Europa, onde cheguei em dezembro de 1993. Na foto: o rio Liffey.


Trinity College, uma das instituições de ensino mais famosas da Europa. Na foto abaixo, o Irish Film Center em Temple Bar, meu lugar favorito para assistir filmes, entre eles, a Mostra de Cinema Francês.




Temple Bar, bairro com uma variedade de pubs e cafés que atraem o público jovem, e o nome deste pub na esquina. Aqui é onde a noite acontece na capital irlandesa.


O tradicional Bewley´s Café da Grafton Street onde passei algumas tardes chuvosas de domingo tomando chá com danish pastries e batendo papo com amigos.




Sobre blogs e blogueiros

Para cada tipo de blogueiro existe um tipo de blog, cada um com seu devido valor. Uns escrevem por necessidade, outros por prazer. Outros ainda simplesmente por escrever, sem maiores pretensões do que a de ter um blog. Blogs “extrovertidos”, que descrevem acontecimentos externos e blogs “contemplativos”, que descrevem processos internos. E há ainda aqueles que fazem a gente rir.

Quem acompanha minha trajetória aqui já percebeu que eu escrevo por pura necessidade. Mas tenho uma amiga que escreve pelo simples prazer das palavras (e como é gostoso ler o que ela escreve). Ela brinca com as palavras e seus significados, coisa de escritor que já nasce feito!

Quanto a mim, me satisfaço em brincar com meus pensamentos e em tentar organizá-los em palavras. Talvez uma tentativa inconsciente (mas nem tanto assim) de colocar ordem no caos. No final das contas, escrevo para tentar entender a mim mesma. E com alguma sorte, para entender o sentido da vida.

Preocupação de mãe

Enquanto o Liam se preocupa com seu presente de natal eu, como toda mãe que se preze, tenho outras preocupações na cabeça. É que semana passada tive (mais) uma reunião na escola com a professora e a pedagoga. Devido a problemas no desenvolvimento, Liam vem sendo testado há mais de ano por uma equipe multidisciplinar - ainda sem diagnóstico definitivo. Falava-se em Síndrome de Asperger, agora em PDD-NOS, e eu ultimamente tenho desconfiado de algo mais óbvio: dislexia. PDD-NOS é um distúrbio pervasivo de desenvolvimento que se encontra no espectro do autismo - embora seja uma forma bem mais leve que passa muitas vezes despercebida, e na maioria dos casos a criança nem precisa ir para uma escola especial, como nos casos clássicos de autismo.

Eu, que não sou pedagoga nem psiquiatra infantil mas apenas mãe, sugeri desde o início que possa ser uma reação emocional às dificuldades que tivemos em casa nos últimos anos. Uma reação até normal, ainda mais depois de ler em um livro que as crises antes do divórcio podem afetar uma criança tanto ou mais quanto o que vem depois dele. E aqui em casa, o período que antecedeu o divórcio foi muito pior (hoje não apenas temos guarda alternada como nos falamos regularmente e sem maiores conflitos).

No final das contas, se trata do fenômeno que discuti ontem com uma amiga. No tempo da minha mãe, não existiam tantas crianças autistas, com síndrome de Asperger, ADHD, etc. Hoje em dia, se você não prestar atenção, mais cedo ou mais tarde seu filho será rotulado (receio que muitas vezes indevidamente). The worst case scenario já é rotina nos EUA: crianças que crescem tomando Ritalin (tratamento para ADHD) ou mesmo Prozac (antidepressivo).

Nessas horas me pergunto em que mundo estamos vivendo e temo que a sociedade moderna esteja cada dia mais doente...que futuro esperar para nossos filhos? A vida sem dúvida era muito mais simples quando eu ainda acreditava em Papai Noel (e no coelhinho da Páscoa).

Preocupação de criança


Quem pensa que vida de criança é fácil, está enganado! Mal chegou outubro e Liam não apenas já escolheu seu presente de natal (um set de trem elétrico) como me perguntou hoje cedo como ter certeza de que o Papai Noel saberia o presente certo. Eu disse que podíamos mandar uma carta explicando o que ele deseja ganhar mas ele insiste: e como a carta vai chegar no Polo Norte? E eu respondo, sem pensar muito: de avião, como todas as outras cartas!

E ele, ainda insatisfeito: mãe, mas não esquece de dizer que é o trem Thalys da Intertoys, está bom? Eu sei que o Papai Noel sempre traz presentes bonitos, mas é que eu quero muito este trem.

E já que estamos falando de natal, eu só queria o DVD de Grey´s Anatomy (série 1) que acaba de sair nas lojas daqui!

PS. Para os desavisados, Thalys é o trem que faz o percurso Amsterdam-Paris, que fizemos em abril no aniversário do Liam. Desnecessário dizer que a viagem de trem por si só já foi um presente inesquecível! Como é gostoso ser criança.

Injeção de ânimo

Hoje à tarde fiz uma das coisas que mais curto fazer nesses dias de outono: ir a um café bater papo com uma amiga. Para quem estava desanimada e nem queria sair de casa, descobri que encontrar com a Anna é uma injeção de ânimo: e funciona na hora! Após dias de muita turbulência e instabilidade meteorológica (no sentido literal e figurado), voltei pra casa devidamente reanimada e já me sentindo mais leve. Nada como uma companhia agradável para espantar as nuvens que pairam ameaçadoras no horizonte. Nada como uma amiga genuinamente interessada para nos ajudar a ver as coisas como elas realmente são - nem mais, nem menos. São pessoas assim que nos facilitam a travessia em tempos turbulentos.

A verdade é que estou passando por um daqueles processos inevitáveis na vida de todos nós em que precisamos redefinir nosso círculo de amizades. Como outra amiga, também muito sábia, bem soube resumir: estou fazendo uma faxina emocional na minha vida, iniciada com o divórcio, há menos de um ano.

E ao redefinir minhas relações e repensar conceitos hoje - como o conceito de amizade, tão recorrente nos meus últimos posts - começo a ter a nítida sensação de estar voltando pra casa. E o que talvez seja o mais importante, tenho sido coerente comigo mesma, uma sensação de alívio inigualável.

No final das contas, tudo acaba bem.

tempo instável, nuvens esparsas e probabilidade de chuvas e tempestades. e ainda sem previsões meteorológicas para a próxima semana (volto quando as nuvens clarearem).

Auto-retrato

instável, emotiva, tagarela, mas também profunda e contemplativa, dada a divagações sobre a vida, a morte, e tudo o que vem (ou não) depois dela. extrovertida com períodos agudos de introversão. alguém que sabe apreciar tanto a boa companhia quanto os momentos de solidão. mística, acredita que nada na vida acontece por acaso (e por via das dúvidas, sabe ler as cartas do tarô). apreciadora das coisas boas da vida e principalmente da sétima arte (e dos bons vinhos).

sincera ao ponto de ser rude (tentando mudar), mas acima de tudo uma pessoa (hiper)sensível e apaixonada por seus amigos. e pra não dizer que só falei de flores: carente, hipocondríaca, ansiosa, depressiva, enfim...humana.

E por falar em Scarlet Johansson

Can you keep a secret? I'm trying to organize a prison break. We have to first get out of this bar, then the hotel, then the city, and then the country. Are you in or you out?


Não resisti e decidi falar sobre um dos meus filmes favoritos dos últimos tempos: Lost in Translation.

Dois personagens perdidos em Tóquio, dois personagens vivendo crises pessoais que se cruzam no lounge-bar de um hotel 5 estrelas e tornam-se inseparáveis, cúmplices do destino. Ela, uma jovem recém-formada e casada há pouco tempo que veio acompanhar o marido fotógrafo em uma viagem a trabalho. Ele, um ator cinquentão em plena crise de meia-idade, em fim de carreira e casado há mais de 20 anos.

Compreensível a escolha de Tóquio como cenário do filme. Uma cidade estranha (aos olhos ocidentais) que reforça ainda mais o sentimento de estranhamento de ambos os personagens, que perderam o rumo de suas próprias vidas. É essa cumplicidade que faz com que eles criem um vínculo interessante e pouco usual nas telas de cinema.

Um filme em que as imagens valem mais do que as palavras, em que o que é dito nas entrelinhas é tão ou mais importante do que o que é dito nas inúmeras conversas entre os protagonistas. Fica aquela sensação inevitável de estranhamento - do mundo ao seu redor e, acima de tudo, de si mesmo - tão familiar a alguns de nós, humildes mortais.

Sessão de cinema: Match Point

People are afraid to face how great a part of life is dependent on luck. There are moments in the match when the ball hits the top of the net and for a split second it can either go forward or fall back. With a little luck it goes forward and you win or maybe it doesn´t, and you lose.”

Acabei de assistir Match Point, o último filme de Woody Allen. Como eu não esperava nada do filme (apesar de ele ser um de meus diretores favoritos), devo admitir que o filme surpreendeu. Sem falar na atuação sedutora de uma das minhas atrizes favoritas da atualidade: Scarlett Johansson (Lost in Translation e Girl with a Pearl Earring, entre outros).

O enredo é interessante, para não dizer macabro (não vou dizer mais nada porque senão estrago o prazer de quem ainda não assistiu). Chris, um rapaz irlandês de origem humilde, muda-se para Londres e, em busca de ascensão social, decide dar aulas de tênis em um clube exclusivo, onde tem a sorte de conhecer a filha de um magnata. Eles começam a namorar e ele cai nas graças da família dela, o que lhe assegura um ótimo emprego e uma vida bastante confortável. Tudo isso até que por obra do destino, ele se apaixona perdidamente por Nola, a então noiva de seu futuro cunhado. Aspirante à atriz, Nola é acima de tudo uma femme fatale no melhor estilo de Hollywood. Eles acabam se envolvendo e mesmo depois que Tom termina o relacionamento com Nola, ela e Chris continuam se encontrando às escondidas. Até que mais um golpe do destino o obriga a tomar uma decisão importante.

No estilo de Crimes and Misdemeanors, pode-se dizer que o filme lida basicamente com dois temas: sorte e destino. A chave do filme está nas palavras narradas logo na abertura do filme e ilustradas com maestria na cena do anel, mais para o final.

A loucura nossa de cada dia

Com os avanços na psiquiatria e a possibilidade de diagnósticos cada vez mais precisos, o mundo moderno vem sendo habitado por um número cada vez maior de bipolares, depressivos e borderliners. Mas eu desconfio que esses distúrbios sempre existiram, eles apenas ainda não haviam sido catalogados e diagnosticados. O que parece persistir até os dias de hoje é a ignorância - ignorância daqueles que não viveram um distúrbio mental na pele ou na família.

Pessoas que acreditam que tudo é uma questão de força de vontade, de pensar positivo e fazer caminhadas diárias no parque, fazer uma alimentação saudável (muitas frutas e verduras frescas) e dormir 8 horas por dia. Quem um dia sofreu de depressão sabe que isso não apenas não funciona, como ainda deixa a pessoa se sentindo ainda mais culpada...e deprimida! Nesses momentos, os amigos podem se transformar em inimigos porque não apenas não compreendem como esperam da pessoa algo que para ela é impossível. A verdade é que pensar positivo e fazer caminhadas diárias não são coisas que uma pessoa realmente deprimida é capaz de fazer. Na maioria dos casos, o que funciona mesmo é uma combinação de medicamentos (antidepressivos) e terapia.

Eu mesma fui diagnosticada há 2 anos com depressão dupla (distimia e depressão clínica), e a partir daquele momento, algumas coisas subitamente começaram a fazer sentido. A jornada é longa: primeiro o diagnóstico, depois o tratamento adequado e finalmente, a cura (sim, a cura é possível mesmo que em alguns casos existam reincidências).

Mas estou escrevendo isso porque recentemente uma amiga foi diagnosticada como bipolar e eu entendo perfeitamente o que ela está passando...como eu mesma disse a ela outro dia ao telefone: o pior não é a doença em si, mas a ignorância das pessoas. Você acaba sofrendo duplamente: pela doença e pela falta de compreensão das pessoas ao seu redor. Por outro lado, o diagnóstico não é desculpa pra ser infeliz nem pra levar uma existência miserável (mas que explica muita coisa, isso explica). Afinal de contas, conhecer seus limites e aprender a lidar com eles no dia-a-dia também é uma forma de autoconhecimento. E muitas vezes são justamente esta vulnerabilidade e fraqueza que nos tornam mais fortes e humanos.

Ganha-se de um lado, perde-se de outro

A vida no final das contas é isso: perdas e ganhos. Talvez a sabedoria esteja em agradecer a Deus pelos ganhos em vez de nos sentirmos tristes pelas perdas (algumas inevitáveis ao longo do caminho, quem nunca perdeu um amigo que atire a primeira pedra!). Porque até quando perdemos, ganhamos algo, é tudo uma questão de ponto-de-vista.

Amizades há por toda parte, de todos os tipos e tamanhos, amizades pra todos os gostos. Algumas sinceras, outras nem tanto. Amizades pra ir ao cinema, pra ir ao café, para cair na noite, pra ficar pendurado horas no telefone, pra dividir alegrias e tristezas. Amizades pra rir junto, outras pra chorar junto, e umas poucas pra rir e chorar juntos (estas são mercadoria rara e devem ser cultivadas com o devido carinho e respeito).

Acima de tudo, nós é que escolhemos o tipo de amizade que queremos em nossas vidas, uma escolha estritamente pessoal. O que pra você é uma amizade verdadeira pra mim deixa muito a desejar e vice-versa. Olhando à minha volta, vejo pessoas muito especiais e, por um momento, sei que não estou sozinha e isso basta para clarear os horizontes.

Uma palavra, um telefonema, até mesmo um scrap de alguém querido já torna a vida mais leve, e é para isso que servem os amigos!