segunda-feira, setembro 28, 2009

Cor-de-rosa choque


Que eu gosto de rosa, acho que alguns de meus leitores já perceberam. Parece até sintomático - e é mesmo - mas desde o meu divórcio que as coisas andam cada vez mais cor-de-rosa aqui em casa. Literalmente! A começar pelas paredes do meu quarto (quando eu terminar de pintar vou postar uma foto decente por aqui). Nos últimos tempos, nem a minha cozinha tem escapado.

Pois semana passada entrei na HEMA, uma das minhas lojas favoritas aqui na Holanda. As lojas vendem praticamente de tudo e muita coisa com design exclusivo. Ou seja, você não encontra em nenhum outro lugar. Então quando vi esta torradeira elétrica cor-de-rosa não deu pra resistir. Sem falar que o preço era mesmo irresistível: 10 euros, meus caros amigos!

quinta-feira, setembro 24, 2009

Ai caramba

E eu que achava que a vida andava corrida demais...agora que comecei a trabalhar fora de casa parece que tenho cada vez menos tempo (vida de freelance é outra estória) ! Ou isso ou estou precisando urgentemente organizar meu tempo melhor (ok, vou ficar com a segunda opção). Time management is a virtue.

E olha que comecei o estágio com apenas 20 horas e já estou me sentindo o próprio coelho apressado da Alice. 20 horas pode não ser nada mas some-se a isso o tempo gasto em transporte público (porque eu não dirijo nem tenho saco de encarar a bicicleta todo santo dia), o tempo gasto com o meu filho, supermercado e tarefas domésticas e não sobra muita coisa não. Aí eu penso: que vontade de morar no Brasil e ter uma empregada doméstica...Pode ser politicamente incorreto - além de ser inviável aqui na Holanda, a menos que você seja milionário - mas que faz uma diferença tremenda na vida da gente, isso faz! Desconfio até que seja o sonho de consumo de muito brasileiro que mora fora...Sem brincadeira.

Mas chega de reclamar, né?!! Verdade seja dita: tenho corrido pra cá e pra lá igual uma louca mas estou feliz. Aprendendo muito e curtindo muito a segunda semana do estágio. Estou trabalhando em 5 locais diferentes (felizmente 4 deles no mesmo bairro, e um do outro lado da cidade), com 5 turmas diferentes e 5 professores idem. Tenho até duas turmas de analfabetos - o que não é mole, não! Senhoras marroquinas que já tem até netos aqui e agora são obrigadas a prestar exame. Elas nem sequer foram alfabetizadas em sua língua materna e agora tem de aprender o holandês. E se me perguntarem o que eu acho disso, eu digo que acho uma palhaçada. Acho que o governo holandês está no mínimo 40 anos atrasado...Eles deviam era ter oferecido cursos de holandês aos imigrantes quando importaram mão-de-obra barata 40 anos atrás! Agora gastam milhões em projetos de integração como o da fundação em que estou trabalhando. Isso mesmo, milhões. Ou seja, o barato saiu caro. Coisas de Holanda...





***********************************************************************************
PS. Cá entre nós: dou graças a Deus por ter conseguido este estágio em plena crise mas devo confessar que não tenho a menor intenção de trabalhar mais de 32 horas por semana. Prioridades são prioridades, né? E as minhas eu tenho muito bem definidas na minha cabeça. Prefiro ganhar menos e viver mais (sem falar do número crescente de mães que fazem jornada dupla e acabam arrumando uma estafa aqui na Holanda). No mais, há uma grande diferença entre trabalhar para viver e viver para trabalhar (que me perdoem os workoholics de plantão).

quinta-feira, setembro 17, 2009

Um novo começo

Ontem foi um dia especial pra mim. O dia que marca um novo começo. É que depois de mais de 15 anos trabalhando em casa como tradutora freelancer, mudei de trabalho e mais especificamente, de área. Mais ou menos assim: da noite pro dia. É o fim de um longo e conturbado período da minha vida. Período de muitas dúvidas e poucas certezas quanto ao futuro.

Só vou dizer que em plena recessão - e as coisas por aqui não andam nada fáceis, com o número de desempregados aumentando a cada dia - tive a sorte de conseguir um estágio em uma das várias fundações subsidiadas pela prefeitura da cidade de Amsterdã. Trata-se de uma fundação intercultural cuja meta principal é a integração de imigrantes (novos e antigos). Pra quem não sabe (e já vou avisando) a Holanda, que no tempo que eu mudei pra cá tinha uma das políticas de imigração mais liberais da Comunidade Européia, hoje tem uma das políticas mais rígidas e restritivas. Em outras palavras: está cada vez mais difícil entrar no país! Sem falar que quem já está aqui (especialmente o grupo de imigrantes marroquinos e turcos, alvo principal dessas fundações) agora tem de passar obrigatoriamente por um processo de inburgering. Inburgering é um termo cada vez mais corrente nos últimos anos e implica que os imigrantes devem aprender não apenas o idioma holandês mas também os costumes e regras de convivência da sociedade holandesa. O que eu nem acho pedir demais se uma pessoa decide morar num país estrangeiro (convenhamos, a gente é que tem de se adaptar a eles, nenhum país vai mudar seus costumes por causa de nós, né?). O chato é que muitas vezes isso significa que o candidato à imigração deve passar num teste de conhecimentos básicos do holandês ANTES mesmo de embarcar no avião. Ou seja, ele deve aprender o idioma holandês no seu país de origem antes de conseguir o visto.

Quanto a mim, depois de 15 anos de Holanda estava mais do que na hora de um novo desafio. E este estágio é acima de tudo uma ótima oportunidade de mudar de área e expandir minha rede social (praticamente inexistente quando se trabalha em casa). Eu sempre gostei de traduções mas a verdade é que ano passado mal consegui pagar minhas contas. A essas alturas do campeonato (e com a crise mundial) não tenho mais condições de concorrer com os tradutores que moram no Brasil. Isso porque a maioria esmagadora dos projetos que eu costumava fazer (leia-se software localization) é feita em agências de tradução no eixo Rio-São Paulo. As empresas daqui conseguem um corte substancial de custos ao enviarem os projetos pra lá. E claro, com a Internet hoje em dia isso é a coisa mais simples do mundo. Vapt vupt. E lá se foram minhas traduções...Welcome to capitalism.

Mas hoje eu não vim aqui pra reclamar e sim pra comemorar. Porque o fim de um ciclo é sempre o início de outro. E mudanças sempre trazem consigo novas oportunidades de crescimento. Fecha-se uma porta, abre-se outra. E a gente tem mais é de não perder as esperanças. A gente tem mais é de seguir em frente sem medo, acreditando que nesta vida nada - mas nada mesmo - acontece por acaso. Um brinde à vida e seus ciclos!

terça-feira, setembro 15, 2009

Facebook, Twitter, etc.



Este é mais um daqueles posts que estou pra escrever há tempos...Certamente desde que fui à festa da querida Bebete há cerca de 4 semanas (e sim, a festa foi ótima e adorei rever amigos que não via há tempos). O assunto recorrente na roda de discussão eram as tais redes sociais na internet. Ao que tudo indica, não se pode mais viver sem elas nestes tempos atribulados.

Uma das minhas amigas teve a audácia de comentar (!!!) que sem Facebook eu não existo. Pois então eu não existo mesmo. Eu não tenho Facebook, não tenho conta no Orkut nem uso Twitter (me desculpem os fãs mas não vejo a menor graça em ficar enviando torpedos pra todo mundo o dia inteiro). Eu posso estar errada - e provavelmente estou mesmo - mas ainda prefiro acreditar que os amigos sabem onde me encontrar ou pelo menos deviam saber...aqui, né gente?!!

No mais, a mobilidade das pessoas e a velocidade em que as coisas acontecem nestas redes me assusta. Podem me chamar de saudosista mas eu sinto saudades daqueles cartões e cartas escritas a mão em papel decorado e depois colocadas em um envelope devidamente selado. A gente esperava dias e mais dias até o correio trazer as tais cartas, e quando elas finalmente chegavam era uma alegria danada. E sim, também sinto saudades dos tempos em que não existia internet nem celular e as pessoas se comunicavam assim mesmo.

Agora podem dizer que eu não entendi o espírito da coisa, que não absorvi o zeitgeist. O que tem seu fundo de verdade. Mas ainda prefiro as amizades à moda antiga. Careta, eu?

Com o passar dos anos, percebo que estou cada dia mais crítica quanto às relações sociais nos dias de hoje. É que vejo amizades serem feitas e desfeitas em questão de meses ou mesmo semanas! E prefiro não fazer parte deste movimento...Esta filosofia de vida no estilo fast-food me assusta. Consumo imediato, satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. Tudo bem que ninguém é insubstituível (sempre foi assim). Mas hoje em dia as pessoas trocam de amizades como trocam de emprego...ou de roupa. Sei lá, é demais pra minha cabeça. E está dado o recado.





PS. Dedicado à Arnild, Antônio e Bebete.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Tony Parsons




Entre um Murakami e outro, ainda consegui devorar Starting Over, livro mais recente de Tony Parsons, um dos meus autores favoritos da bloke lit. O outro, como não podia deixar de ser, é o ótimo Nick Hornby (About a Boy, High Fidelity, How to Be Good, Slam)! Comentei recentemente sobre Slam aqui mas não me lembro de ter falado do Tony Parsons, então está mais do que na hora de corrigir o erro! Seus livros relatam as aventuras e desventuras típicas de personagens masculinos na faixa dos 30 anos, às voltas com problemas de relacionamentos, crises existenciais, bebês e fraldas. Só sei que a receita funciona porque o público na faixa etária se identifica facilmente com o protagonista das estórias.

Eu como fã de longa data da chicklit - e não necessariamente Bridget Jones - comecei a ler blokelit logo na época em que foram lançados na Inglaterra e tenho vários livros dele aqui na prateleira: Man and Boy, One for My Baby, My Favorite Wife. Além, é claro, do recém-lançado Starting Over. Só não me lembro de ter lido The Family Way (pelo menos não vi aqui na prateleira mas sabe-se lá, minha memória é uma bosta).

Pra quem ainda não leu nada do autor, recomendo Man and Boy, sem dúvida o melhor deles e bestseller no Reino Unido e EUA. Pensando bem, não sei como o livro ainda não virou filme...principalmente se considerarmos que About a Boy do Nick Hornby foi lançado há anos nas telas de cinema com sucesso razoável de bilheteria. E sim, li o livro, assisti o filme e gosto muito dos dois (isso é que eu chamo de propaganda gratuita). E já que estamos falando de cinema, High Fidelity também acabou virando um filme acima da média que, por coincidência, revi com F. este fim-de-semana. O filme aliás é a cara dele...Impressionante.

Mais Murakami

E por falar em Japão, desde meu post sobre Murakami em julho, lá li mais dois livros dele: Norwegian Wood e Dance, Dance, Dance, este último recomendação da Anna (valeu!). Diga-se de passagem, são dois livros bem diferentes mas ambos excelentes. Eu simplesmente não sei dizer qual gostei mais. De uma coisa eu tenho certeza: Murakami é fácil fácil um dos escritores mais originais que já li. E como vicia...Já estou planejando emendar a leitura de mais dois livros: A Wild Sheep Chase e Hard-boiled Wonderland and the End of the World (considerado um dos livros mais pirados do japonês).

Norwegian Wood é o livro mais autobiográfico do autor e one of a kind. Ele é diferente dos outros livros que misturam elementos de realismo mágico, cultura pop, mitologia e literatura fantástica, com uma boa dose de lirismo - lirismo sendo provavelmente a característica que mais me atrai no autor. Norwegian Wood descreve o ritual de passagem de um adolescente, as dúvidas e inquietações típicas da adolescência, o primeiro amor, a descoberta da sexualidade etc. Como pano de fundo as revoluções estudantis de Tóquio do final dos anos 60. E claro, muitas referências à cultura pop e à música.

Dance, Dance, Dance tem uma narrativa surreal, onde os capítulos alternam sonho e realidade. Entre os personagens temos um jornalista freelance (o narrador), escortes de luxo, uma adolescente sensível de 13 anos com poderes mediúnicos, um ator de cinema e o enigmático Sheep Man, que já tinha feito sua aparição em Wild Sheep Chase. Em suma, Murakami é um daqueles autores difíceis de definir, do tipo ame-o ou deixe-o. Altamente recomendado para quem aprecia leituras inteligentes e instigantes.




Errata: No post anterior eu havia comentado que Norwegian Wood era o primeiro livro do autor. O que não é verdade, o primeiro livro é Hear the Wind Sing (publicado no Japão em 1979 e com tradução em inglês em 1987). Norwegian Wood foi publicado em 1987 no Japão, com tradução em inglês publicada no ano 2000.

terça-feira, setembro 08, 2009

Ponyo (Made in Japan)



Semana passada fomos eu, Liam e F. para o cinema. E como Liam já tinha assistido os principais blockbusters da temporada (leia-se G-Force e Ice Age 3) e ainda não pode assistir o novo Harry Potter (a censura é para 12 anos e para os pais desavisados os filmes do bruxinho deixaram de ser filmes para crianças há muito tempo), decidimos conferir Ponyo, dos Studio Gibli. Até porque, Liam já tinha assistido Spirited Away e Howl´s Moving Castle e gostado muito! Filho de peixe, peixinho é...Ponyo é uma versão japonesa do famoso conto de Hans Christian Andersen, A Pequena Sereia. O filme é direcionado para crianças pequenas, mas os pais também curtem! Eu pelo menos adorei, embora seja suspeita pra falar porque adoro filmes infantis.

Pra quem ainda não conhece os filmes produzidos pelos Studios Gibli, vale a pena conferir. Animação da melhor qualidade, Made in Japan. Seus filmes de animação (anime*) não ficam devendo nada aos filmes da Disney, que aliás já está de olho na competição...Como aconteceu com o premiado Pixar Studios, que acabou sendo comprado pela Disney em 2006. Uma das diferenças é que a maioria dos filmes dos Studios Gibli faz mais sucesso com os adultos, com exceção de Ponyo, direcionado primeiramente para os pequenos.

Fica a dica para quem ainda não teve a oportunidade de conferir!






*Nome usado para se referir a qualquer produto de animação (ou "desenhos animados") produzido no Japão. A palavra anime tem significados diferentes para os japoneses e para os ocidentais. Para os japoneses, anime é tudo o que seja desenho animado, seja estrangeiro ou nacional. Para os ocidentais, anime é todo o desenho animado que venha do Japão. A origem da palavra é controversa, podendo vir da palavra inglesa animation (animação) ou da palavra francesa animée (animado). Fonte: Wikipedia.

terça-feira, setembro 01, 2009

Outono


Uma das coisas mais legais de se morar na Europa são as mudanças de estações. Pelo menos pra mim, que cresci no Rio de Janeiro onde é verão praticamente o ano inteiro, toda mudança de estação me faz soltar suspiros...A chegada da primavera talvez seja pra mim a mais importante - até mais do que a chegada do verão. Porque a primavera sempre chega depois de um longo e tenebroso inverno...Ela representa o renascimento no sentido literal e figurado da palavra. Já o outono significa que o verão e seus longos dias acabaram e que é hora de se preparar para o inverno. Parece óbvio (e é mesmo) mas essas palavras tem mais peso do que vocês aí no outro lado do planeta podem imaginar.

Só sei que mais uma vez setembro chegou. Oficialmente, o verão vai até 22 de setembro mas esta primeira semana de setembro já começou com cara de outono. A previsão para a semana é de dias chuvosos e nublados, a piscina aberta fechou e nos próximos 6 meses só irei nadar na piscina aquecida. E como acontece todos os anos, as folhas das árvores começam a ficar amareladas e daqui a pouco começarão a cair uma a uma, deixando um rastro de folhas secas. No mais, o outono é uma estação singular. Dias de chuva carregados de melancolia se intercalam com dias de sol em que vale a pena estar vivo. Porque não há nada neste mundo que se compare a um belo dia de outono. Tímidos raios de sol, temperaturas amenas e folhas caídas por toda parte. Um dia de outono como esses, seja em Paris ou Amsterdã, faz bem pra alma da gente e nos faz sorrir de novo. Uma experiência (quase) transcendental.



Tecnologia do Blogger.

Cor-de-rosa choque


Que eu gosto de rosa, acho que alguns de meus leitores já perceberam. Parece até sintomático - e é mesmo - mas desde o meu divórcio que as coisas andam cada vez mais cor-de-rosa aqui em casa. Literalmente! A começar pelas paredes do meu quarto (quando eu terminar de pintar vou postar uma foto decente por aqui). Nos últimos tempos, nem a minha cozinha tem escapado.

Pois semana passada entrei na HEMA, uma das minhas lojas favoritas aqui na Holanda. As lojas vendem praticamente de tudo e muita coisa com design exclusivo. Ou seja, você não encontra em nenhum outro lugar. Então quando vi esta torradeira elétrica cor-de-rosa não deu pra resistir. Sem falar que o preço era mesmo irresistível: 10 euros, meus caros amigos!

Ai caramba

E eu que achava que a vida andava corrida demais...agora que comecei a trabalhar fora de casa parece que tenho cada vez menos tempo (vida de freelance é outra estória) ! Ou isso ou estou precisando urgentemente organizar meu tempo melhor (ok, vou ficar com a segunda opção). Time management is a virtue.

E olha que comecei o estágio com apenas 20 horas e já estou me sentindo o próprio coelho apressado da Alice. 20 horas pode não ser nada mas some-se a isso o tempo gasto em transporte público (porque eu não dirijo nem tenho saco de encarar a bicicleta todo santo dia), o tempo gasto com o meu filho, supermercado e tarefas domésticas e não sobra muita coisa não. Aí eu penso: que vontade de morar no Brasil e ter uma empregada doméstica...Pode ser politicamente incorreto - além de ser inviável aqui na Holanda, a menos que você seja milionário - mas que faz uma diferença tremenda na vida da gente, isso faz! Desconfio até que seja o sonho de consumo de muito brasileiro que mora fora...Sem brincadeira.

Mas chega de reclamar, né?!! Verdade seja dita: tenho corrido pra cá e pra lá igual uma louca mas estou feliz. Aprendendo muito e curtindo muito a segunda semana do estágio. Estou trabalhando em 5 locais diferentes (felizmente 4 deles no mesmo bairro, e um do outro lado da cidade), com 5 turmas diferentes e 5 professores idem. Tenho até duas turmas de analfabetos - o que não é mole, não! Senhoras marroquinas que já tem até netos aqui e agora são obrigadas a prestar exame. Elas nem sequer foram alfabetizadas em sua língua materna e agora tem de aprender o holandês. E se me perguntarem o que eu acho disso, eu digo que acho uma palhaçada. Acho que o governo holandês está no mínimo 40 anos atrasado...Eles deviam era ter oferecido cursos de holandês aos imigrantes quando importaram mão-de-obra barata 40 anos atrás! Agora gastam milhões em projetos de integração como o da fundação em que estou trabalhando. Isso mesmo, milhões. Ou seja, o barato saiu caro. Coisas de Holanda...





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PS. Cá entre nós: dou graças a Deus por ter conseguido este estágio em plena crise mas devo confessar que não tenho a menor intenção de trabalhar mais de 32 horas por semana. Prioridades são prioridades, né? E as minhas eu tenho muito bem definidas na minha cabeça. Prefiro ganhar menos e viver mais (sem falar do número crescente de mães que fazem jornada dupla e acabam arrumando uma estafa aqui na Holanda). No mais, há uma grande diferença entre trabalhar para viver e viver para trabalhar (que me perdoem os workoholics de plantão).

Um novo começo

Ontem foi um dia especial pra mim. O dia que marca um novo começo. É que depois de mais de 15 anos trabalhando em casa como tradutora freelancer, mudei de trabalho e mais especificamente, de área. Mais ou menos assim: da noite pro dia. É o fim de um longo e conturbado período da minha vida. Período de muitas dúvidas e poucas certezas quanto ao futuro.

Só vou dizer que em plena recessão - e as coisas por aqui não andam nada fáceis, com o número de desempregados aumentando a cada dia - tive a sorte de conseguir um estágio em uma das várias fundações subsidiadas pela prefeitura da cidade de Amsterdã. Trata-se de uma fundação intercultural cuja meta principal é a integração de imigrantes (novos e antigos). Pra quem não sabe (e já vou avisando) a Holanda, que no tempo que eu mudei pra cá tinha uma das políticas de imigração mais liberais da Comunidade Européia, hoje tem uma das políticas mais rígidas e restritivas. Em outras palavras: está cada vez mais difícil entrar no país! Sem falar que quem já está aqui (especialmente o grupo de imigrantes marroquinos e turcos, alvo principal dessas fundações) agora tem de passar obrigatoriamente por um processo de inburgering. Inburgering é um termo cada vez mais corrente nos últimos anos e implica que os imigrantes devem aprender não apenas o idioma holandês mas também os costumes e regras de convivência da sociedade holandesa. O que eu nem acho pedir demais se uma pessoa decide morar num país estrangeiro (convenhamos, a gente é que tem de se adaptar a eles, nenhum país vai mudar seus costumes por causa de nós, né?). O chato é que muitas vezes isso significa que o candidato à imigração deve passar num teste de conhecimentos básicos do holandês ANTES mesmo de embarcar no avião. Ou seja, ele deve aprender o idioma holandês no seu país de origem antes de conseguir o visto.

Quanto a mim, depois de 15 anos de Holanda estava mais do que na hora de um novo desafio. E este estágio é acima de tudo uma ótima oportunidade de mudar de área e expandir minha rede social (praticamente inexistente quando se trabalha em casa). Eu sempre gostei de traduções mas a verdade é que ano passado mal consegui pagar minhas contas. A essas alturas do campeonato (e com a crise mundial) não tenho mais condições de concorrer com os tradutores que moram no Brasil. Isso porque a maioria esmagadora dos projetos que eu costumava fazer (leia-se software localization) é feita em agências de tradução no eixo Rio-São Paulo. As empresas daqui conseguem um corte substancial de custos ao enviarem os projetos pra lá. E claro, com a Internet hoje em dia isso é a coisa mais simples do mundo. Vapt vupt. E lá se foram minhas traduções...Welcome to capitalism.

Mas hoje eu não vim aqui pra reclamar e sim pra comemorar. Porque o fim de um ciclo é sempre o início de outro. E mudanças sempre trazem consigo novas oportunidades de crescimento. Fecha-se uma porta, abre-se outra. E a gente tem mais é de não perder as esperanças. A gente tem mais é de seguir em frente sem medo, acreditando que nesta vida nada - mas nada mesmo - acontece por acaso. Um brinde à vida e seus ciclos!

Facebook, Twitter, etc.



Este é mais um daqueles posts que estou pra escrever há tempos...Certamente desde que fui à festa da querida Bebete há cerca de 4 semanas (e sim, a festa foi ótima e adorei rever amigos que não via há tempos). O assunto recorrente na roda de discussão eram as tais redes sociais na internet. Ao que tudo indica, não se pode mais viver sem elas nestes tempos atribulados.

Uma das minhas amigas teve a audácia de comentar (!!!) que sem Facebook eu não existo. Pois então eu não existo mesmo. Eu não tenho Facebook, não tenho conta no Orkut nem uso Twitter (me desculpem os fãs mas não vejo a menor graça em ficar enviando torpedos pra todo mundo o dia inteiro). Eu posso estar errada - e provavelmente estou mesmo - mas ainda prefiro acreditar que os amigos sabem onde me encontrar ou pelo menos deviam saber...aqui, né gente?!!

No mais, a mobilidade das pessoas e a velocidade em que as coisas acontecem nestas redes me assusta. Podem me chamar de saudosista mas eu sinto saudades daqueles cartões e cartas escritas a mão em papel decorado e depois colocadas em um envelope devidamente selado. A gente esperava dias e mais dias até o correio trazer as tais cartas, e quando elas finalmente chegavam era uma alegria danada. E sim, também sinto saudades dos tempos em que não existia internet nem celular e as pessoas se comunicavam assim mesmo.

Agora podem dizer que eu não entendi o espírito da coisa, que não absorvi o zeitgeist. O que tem seu fundo de verdade. Mas ainda prefiro as amizades à moda antiga. Careta, eu?

Com o passar dos anos, percebo que estou cada dia mais crítica quanto às relações sociais nos dias de hoje. É que vejo amizades serem feitas e desfeitas em questão de meses ou mesmo semanas! E prefiro não fazer parte deste movimento...Esta filosofia de vida no estilo fast-food me assusta. Consumo imediato, satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. Tudo bem que ninguém é insubstituível (sempre foi assim). Mas hoje em dia as pessoas trocam de amizades como trocam de emprego...ou de roupa. Sei lá, é demais pra minha cabeça. E está dado o recado.





PS. Dedicado à Arnild, Antônio e Bebete.

Tony Parsons




Entre um Murakami e outro, ainda consegui devorar Starting Over, livro mais recente de Tony Parsons, um dos meus autores favoritos da bloke lit. O outro, como não podia deixar de ser, é o ótimo Nick Hornby (About a Boy, High Fidelity, How to Be Good, Slam)! Comentei recentemente sobre Slam aqui mas não me lembro de ter falado do Tony Parsons, então está mais do que na hora de corrigir o erro! Seus livros relatam as aventuras e desventuras típicas de personagens masculinos na faixa dos 30 anos, às voltas com problemas de relacionamentos, crises existenciais, bebês e fraldas. Só sei que a receita funciona porque o público na faixa etária se identifica facilmente com o protagonista das estórias.

Eu como fã de longa data da chicklit - e não necessariamente Bridget Jones - comecei a ler blokelit logo na época em que foram lançados na Inglaterra e tenho vários livros dele aqui na prateleira: Man and Boy, One for My Baby, My Favorite Wife. Além, é claro, do recém-lançado Starting Over. Só não me lembro de ter lido The Family Way (pelo menos não vi aqui na prateleira mas sabe-se lá, minha memória é uma bosta).

Pra quem ainda não leu nada do autor, recomendo Man and Boy, sem dúvida o melhor deles e bestseller no Reino Unido e EUA. Pensando bem, não sei como o livro ainda não virou filme...principalmente se considerarmos que About a Boy do Nick Hornby foi lançado há anos nas telas de cinema com sucesso razoável de bilheteria. E sim, li o livro, assisti o filme e gosto muito dos dois (isso é que eu chamo de propaganda gratuita). E já que estamos falando de cinema, High Fidelity também acabou virando um filme acima da média que, por coincidência, revi com F. este fim-de-semana. O filme aliás é a cara dele...Impressionante.

Mais Murakami

E por falar em Japão, desde meu post sobre Murakami em julho, lá li mais dois livros dele: Norwegian Wood e Dance, Dance, Dance, este último recomendação da Anna (valeu!). Diga-se de passagem, são dois livros bem diferentes mas ambos excelentes. Eu simplesmente não sei dizer qual gostei mais. De uma coisa eu tenho certeza: Murakami é fácil fácil um dos escritores mais originais que já li. E como vicia...Já estou planejando emendar a leitura de mais dois livros: A Wild Sheep Chase e Hard-boiled Wonderland and the End of the World (considerado um dos livros mais pirados do japonês).

Norwegian Wood é o livro mais autobiográfico do autor e one of a kind. Ele é diferente dos outros livros que misturam elementos de realismo mágico, cultura pop, mitologia e literatura fantástica, com uma boa dose de lirismo - lirismo sendo provavelmente a característica que mais me atrai no autor. Norwegian Wood descreve o ritual de passagem de um adolescente, as dúvidas e inquietações típicas da adolescência, o primeiro amor, a descoberta da sexualidade etc. Como pano de fundo as revoluções estudantis de Tóquio do final dos anos 60. E claro, muitas referências à cultura pop e à música.

Dance, Dance, Dance tem uma narrativa surreal, onde os capítulos alternam sonho e realidade. Entre os personagens temos um jornalista freelance (o narrador), escortes de luxo, uma adolescente sensível de 13 anos com poderes mediúnicos, um ator de cinema e o enigmático Sheep Man, que já tinha feito sua aparição em Wild Sheep Chase. Em suma, Murakami é um daqueles autores difíceis de definir, do tipo ame-o ou deixe-o. Altamente recomendado para quem aprecia leituras inteligentes e instigantes.




Errata: No post anterior eu havia comentado que Norwegian Wood era o primeiro livro do autor. O que não é verdade, o primeiro livro é Hear the Wind Sing (publicado no Japão em 1979 e com tradução em inglês em 1987). Norwegian Wood foi publicado em 1987 no Japão, com tradução em inglês publicada no ano 2000.

Ponyo (Made in Japan)



Semana passada fomos eu, Liam e F. para o cinema. E como Liam já tinha assistido os principais blockbusters da temporada (leia-se G-Force e Ice Age 3) e ainda não pode assistir o novo Harry Potter (a censura é para 12 anos e para os pais desavisados os filmes do bruxinho deixaram de ser filmes para crianças há muito tempo), decidimos conferir Ponyo, dos Studio Gibli. Até porque, Liam já tinha assistido Spirited Away e Howl´s Moving Castle e gostado muito! Filho de peixe, peixinho é...Ponyo é uma versão japonesa do famoso conto de Hans Christian Andersen, A Pequena Sereia. O filme é direcionado para crianças pequenas, mas os pais também curtem! Eu pelo menos adorei, embora seja suspeita pra falar porque adoro filmes infantis.

Pra quem ainda não conhece os filmes produzidos pelos Studios Gibli, vale a pena conferir. Animação da melhor qualidade, Made in Japan. Seus filmes de animação (anime*) não ficam devendo nada aos filmes da Disney, que aliás já está de olho na competição...Como aconteceu com o premiado Pixar Studios, que acabou sendo comprado pela Disney em 2006. Uma das diferenças é que a maioria dos filmes dos Studios Gibli faz mais sucesso com os adultos, com exceção de Ponyo, direcionado primeiramente para os pequenos.

Fica a dica para quem ainda não teve a oportunidade de conferir!






*Nome usado para se referir a qualquer produto de animação (ou "desenhos animados") produzido no Japão. A palavra anime tem significados diferentes para os japoneses e para os ocidentais. Para os japoneses, anime é tudo o que seja desenho animado, seja estrangeiro ou nacional. Para os ocidentais, anime é todo o desenho animado que venha do Japão. A origem da palavra é controversa, podendo vir da palavra inglesa animation (animação) ou da palavra francesa animée (animado). Fonte: Wikipedia.

Outono


Uma das coisas mais legais de se morar na Europa são as mudanças de estações. Pelo menos pra mim, que cresci no Rio de Janeiro onde é verão praticamente o ano inteiro, toda mudança de estação me faz soltar suspiros...A chegada da primavera talvez seja pra mim a mais importante - até mais do que a chegada do verão. Porque a primavera sempre chega depois de um longo e tenebroso inverno...Ela representa o renascimento no sentido literal e figurado da palavra. Já o outono significa que o verão e seus longos dias acabaram e que é hora de se preparar para o inverno. Parece óbvio (e é mesmo) mas essas palavras tem mais peso do que vocês aí no outro lado do planeta podem imaginar.

Só sei que mais uma vez setembro chegou. Oficialmente, o verão vai até 22 de setembro mas esta primeira semana de setembro já começou com cara de outono. A previsão para a semana é de dias chuvosos e nublados, a piscina aberta fechou e nos próximos 6 meses só irei nadar na piscina aquecida. E como acontece todos os anos, as folhas das árvores começam a ficar amareladas e daqui a pouco começarão a cair uma a uma, deixando um rastro de folhas secas. No mais, o outono é uma estação singular. Dias de chuva carregados de melancolia se intercalam com dias de sol em que vale a pena estar vivo. Porque não há nada neste mundo que se compare a um belo dia de outono. Tímidos raios de sol, temperaturas amenas e folhas caídas por toda parte. Um dia de outono como esses, seja em Paris ou Amsterdã, faz bem pra alma da gente e nos faz sorrir de novo. Uma experiência (quase) transcendental.