segunda-feira, abril 29, 2013

A família real holandesa



O assunto do momento aqui na Holanda e também na mídia internacional é o Dia da Rainha, que será comemorado pela última vez amanhã, dia 30 de abril. Isso porque a Rainha Beatrix  (à direita na foto) finalmente decidiu abdicar do trono em favor de seu filho iWllem Alexander  (à esquerda na foto, com sua esposa e futura rainha Máxima no meio). Foram 33 anos de serviço ao povo holandês e ao passar oficialmente o trono para seu filho, o Dia da Rainha (Koninginnedag) passará a ser chamado de Dia do Rei (Koningsdag) a partir do ano que vem.  Confesso que se eu que moro na Holanda há "apenas" 18 anos já vou ter problemas pra me acostumar a falar Koningsdag em vez de Koninginnedag, imagina o povo holandês!

Enfim, amanhã é dia de festa em Amsterdam, a começar porque a cerimônia oficial de coroação do novo Rei será realizada aqui (e difundida em todos os canais de tv nacionais e internacionais). E assim sendo, a prefeitura local e o governo vem organizando há meses este evento histórico. Na verdade, o programa contém vários eventos - desde os para convidados oficiais - como festas e shows ao vivo para o público visitante. Sem falar no tradicional mercado livre espalhado pela cidade. Segundo manda a tradição, todos os anos, no Dia da Rainha,  as cidades holandesas viram mercados livres, em que todo mundo pode vender tudo (ou quase tudo!) e faturar um dinheirinho...as crianças aproveitam a oportunidade para vender seus brinquedos velhos e livros, mas muitos adultos também entram na brincadeira (seja pra vender ou para comprar, dependendo do bolso de cada um). Eu mesma já comprei muitos livros e brinquedos para o Liam a preços simbólicos, em média 1 ou 2 euros! Enfim, dia de festa, com certeza.


Palácio na praça Dam


No programa oficial, o Rijksmuseum (que acaba de ser reaberto após 10 anos de renovação) estará fechado hoje para o público devido ao jantar que será realizado no local com a Rainha e convidados oficiais. Após o jantar, ela irá passar a noite no Palácio Real na praça Dam (onde contrariamente ao que muitos pensam, ela não mora). É que amanhã ela fará seu Discurso de Despedida na varanda do Palácio, para a multidão reunida na praça. E pelo que dizem as más línguas, será uma massa enorme...Se num ano comum, Amsterdam já recebe em média 80.000 visitantes nesta data, imaginem agora com a troca do trono! Eu vou ficar mesmo é em casa porque será um caos entrar e sair do centro (muitas mudanças no transporte público e equipes da polícia espalhadas por toda cidade, como em qualquer evento oficial).

A festa terá vários eventos, entre eles concertos ao ar livre para os visitantes, que virão de todas as partes da Holanda e também muitos alemães, franceses e outros europeus, além de americanos e japoneses que curtem eventos do gênero. Eu mesma já comemorei muito o Dia da Rainha, mais para participar desta grande festa popular do que em homenagem à monarquia holandesa propriamente dita,...Pra ser sincera, nunca fui de monarquias (nem da holandesa, nem da inglesa nem de nenhuma outra). Acho que as verbas investidas para suportar este regime não compensam os serviços fornecidos, digamos assim. Esta semana mesmo uma notícia publicada na mídia causou furor entre os leitores: após receber oficialmente a denominação de Rei da coroa holandesa, Willem Alexander receberá mensalmente cerca de 70.000 reais isentos de impostos, com base em uma renda anual de 850.000 euros (o que pode ser pouca coisa para os políticos corruptos em certos países do continente sul-americano mas é muito, mas muito dinheiro). .Agora convenhamos, em tempos de crise do euro, recessão e cortes de verbas governamentais, eu acho que essas verbas poderiam ser (muito) melhor utilizadas. A começar nos setores de Saúde e Educação, onde tem sido feitos cortes anuais...Não só eu como 20.000 pessoas que assinaram esta semana uma medida pedindo redução drástica do salário real (leia aqui em holandês)


E eu sei que política e religião não se discute...mas o mais interessante nesta estória toda é que, apesar de vivermos no século XXI em que o continente europeu inteiro (alguns mais do que outros) está vivendo um período de crise, ainda assim a maioria dos holandeses apoia a manutenção da Família Real (fora os salários, que diga-se de passagem, raramente são questionados). Por outro lado, os holandeses já reclamaram quando Willem Alexander quis mudar esta data histórica (feriado nacional) para 27 de abril (o dia do seu aniversário). E também reclamaram da Canção Oficial encomendada especialmente para a coroação do novo Rei - primeiro por ela estar cheia de erros (mais de estilo do que gramaticais, pelo que li em um certo jornal) e também por conter um trecho de rap  no meio da canção (de doer os ouvidos, e olha que eu não sou conservadora em termos musicais). Enfim, pequenos detalhes...

Pra quem quiser mais informações sobre a data, o site abaixo oferece informações completas (em inglês):
http://www.koninginnedagamsterdam.nl/queensday.html 


Máxima e Willem Alexander

domingo, abril 28, 2013

Reabertura dos museus em Amsterdam


Festa de reabertura do Rijksmuseum

Dizer o que? O país pode estar em crise mas este mês tivemos dois eventos dignos de nota. O primeiro foi a reabertura do maravilhoso Rijksmuseum, que esteve parcialmente fechado para o público para renovação durante 10 anos (os visitantes neste período só tiveram acesso a uma ala do museu e um acervo restrito). A data foi comemorada com presença oficial da rainha da Holanda e sua guarda, show de fogos de artifício e tudo mais. Foram vendidos antecipadamente mais de 80.000 ingresso online e as filas nas primeiras semanas tem sido enormes mas mesmo assim uma amiga que esteve aqui na semana da abertura conseguiu entrar!

E o segundo evento foi a reabertura do Museu Van Gogh para o grande público, que desde o ano passado teve de se conformar com um acerto restrito de pinturas em outro museu da cidade, o Hermitage. Bem verdade que esta renovação durou muito menos do que a renovação do Rijksmuseum mas mesmo assim, é sempre bom saber que os museus agora estão abertos em todo o seu esplendor para os visitantes de todas as partes do mundo.

Diga-se de passagem, em abril a cidade já anda lotada de turistas, muitos chineses, japoneses e...brasileiros! E claro, franceses e ingleses, que sempre curtiram a cidade, por motivos (bem) diferentes, Os franceses curtem os aspectos históricos e culturais (e lotam os museus da cidade), os ingleses são famosos por tomarem altos porres celebrando Despedidas de Solteiro... Alguém aí viu o filme The Hangover? Pois é assim mesmo, para desespero dos moradores da cidade e da polícia que sempre tem de ficar de olho nestes turistas.


O belo Rijksmusem

Rainha Beatrix diante da famosa pintura de Rembrandt

sábado, abril 06, 2013

Criando adolescentes




Impressionante como as crianças crescem de uma hora pra outra. Seu filho adorável se transforma subitamente numa pessoa cheia de opiniões e sempre pronta a questionar as suas! Sim, tudo isso faz parte da passagem para a adolescência. Mas a gente leva cada susto! É preciso tempo pra nos acostumarmos com esta nova pessoa dentro de nossa casa. E haja paciência, viu?

Meu filho nunca foi uma criança "difícil" - fora a via crucis que foi o período de testes e exames, diagnóstico de autismo (PPD-NOS) e mudança para a escola especial que já contei aqui no blog (interessados no assunto, leiam o marcador Autismo aqui à direita). Mas agora prestes a completar 13 anos tenho percebido algumas mudanças inevitáveis. E isso por um lado é bom e natural. Por outro lado, haja saco para aturar tanta discussão acalorada e mudanças de humor (e nem vou falar na batalha de todas as manhãs em que mal consigo fazer o menino sair da cama pra ir pra escola). Pensando bem, das mudanças de humor eu nem tenho o direito de reclamar pois eu mesma mudo de humor várias vezes no mesmo dia! Então quem sou eu pra reclamar, né?

Só sei que muito se fala e se escreve sobre a adolescência e apesar de tudo, ela nem me assusta tanto assim ...Verdade seja dita, adolescente pode ser uma criatura irritante e teimosa, com uma grande capacidade de nos tirar do sério a qualquer hora do dia ou da noite. Mas se pararmos pra pensar, um dia nós também fomos assim. Sem falar que a adolescência também é um dos períodos mais ricos e férteis do ser humano, onde descobrimos e criamos pouco a pouco nossa identidade (tudo aquilo que nos diferencia de nossos pais e dos outros). E convenhamos, não há nada de errado nisso. Muito pelo contrário.

De resto, eu posso até estar errada (só o tempo dirá), mas acho que estou bem preparada para os próximos anos...a começar porque crio meu filho de uma forma bem diferente de como fui criada - e nem podia ser diferente, vivemos em outra época e em outro país! Eu e Liam conversamos sobre assuntos que eu nunca sonhei em conversar com a minha mãe. Liam tem uma criação muito mais liberal do que eu tive (e nem podia ser diferente em pleno século XXI). Eu fui muito reprimida na minha adolescência (e olha que eu nem aprontava porque não tive oportunidades para isso). Minha mãe era das antigas que ainda acreditava que uma mulher deveria casar virgem e por aí vocês já podem imaginar o que estou falando, né?


De uma coisa eu tenho certeza: não adianta proibir! Conhecem a estória do fruto proibido? Pois é assim mesmo, quanto mais se proíbe algo, mais este algo se torna interessante...aconteceu comigo (vou poupá-los dos detalhes "sórdidos"). Então ao menos nesta armadilha eu não caio!

Mas isso não significa que não existam regras! Regras existem e limites também. Mas tudo deve ser conversado e discutido, desde que haja respeito de ambas as partes. Comunicação é a base de todo e qualquer relacionamento humano e não podia ser diferente na hora de conversar com adolescentes. Mas comunicar apenas não basta, é precisa ouvir em vez de julgar e criticar (o que, convenhamos, nem sempre é fácil). Não quero de forma alguma restringir o desenvolvimento do meu filho, nem pretendo "moldá-lo" para ser como eu. Mas posso (e devo) orientá-lo em suas escolhas. Porque ele é diferente, tem desejos e sonhos diferentes dos meus quando eu era adolescente. E vive em uma época muito diferente do meu Rio de Janeiro do final dos anos 70, início dos anos 80 (agora vocês podem calcular a minha idade, né?). Ele vive em Amsterdam em pleno século XXI, em plena crise do euro em que aqui no velho continente muitas coisas também estão mudando (algumas para pior, como o racismo e a discriminação).

O que realmente me deixa preocupada hoje em dia é a quantidade de informações que nossos filhos recebem por todo lado, desde muito cedo. "Não se fazem mais crianças como antigamente", diriam os mais velhos. A infância é muito menos ingênua e, em muitos aspectos, nossos filhos amadurecem muito mais cedo do que a minha geração amadureceu. Uma verdadeira explosão de informações na net, Facebook, Twitter, What's App, etc. Sem falar nos inúmeros apps para smartphone que permitem acess 24/7 a  tudo e a todos (por falar em smartphone, adivinhem o que este garoto pediu de aniversário?).

Enfim, criar filhos requer sabedoria, paciência, respeito e acima de tudo, muito amor! Mas acompanhar o desenvolvimento de um filho, desde bebezinho até a adolescência e o início da idade adulta é uma das maiores aventuras que a vida nos proporciona! De uma coisa vocês podem ter certeza:

A gente aprende muito com nossos filhos. Basta ter ouvidos para ouvir e olhos para ver.



Cara de adolescente!







quarta-feira, abril 03, 2013

Identidade cultural: Caso 2


Borobudur Stupa, Java, Indonesia



Continuando o assunto do post anterior, este caso é ainda mais intrigante. Então senta que lá vem estória, né?

Meu namorado nasceu na Holanda fiho de imigrantes da Indonésia (Java). Seus pais vieram bem jovens pra cá, ambos antes de completarem 18 anos. E ele nunca visitou a Indonésia nem nunca teve vontade. Detalhe que ele estudou um ano na universidade em Pequim, onde conheceu uma chinesa com a qual foi casado durante 10 anos...Sem falar que ele também morou em Tokyo e conhece até Hong Kong (duas cidades que sonho em conhecer um dia). Mas nada de Indonésia!

O que mais me intriga é que F. é uma das pessoas mais holandesas que conheço, apesar de ambos os pais não serem holandeses. Por outro lado, tenho de levar em consideração o fato de que os pais dele (a mãe faleceu há pouco mais de 2 anos) viveram praticamente suas vidas inteiras aqui na Holanda. Ou seja, menos de 18 anos na Indonésia e quase 70 anos de Holanda. Mas mesmo assim, eu sempre li que a infância - e em especial os primeiros 7 anos, os anos de formação - sempre foi importante e eles foram criados na Indonésia! Complicado isso...

Só sei que quando começamos a namorar (e lá se vão quase 6 anos), eu sempre ficava perplexa com a total falta de interesse de F. em tudo que se relaciona à Indonésia. Pra terem uma idéia, embora a mãe cozinhasse regurarmente pratos da cozinha Indonésia (nos fins de semana, verdade seja dita mas ela cozinhava muito bem), ele nunca tinha ido a um restaurante Indonésio (e aqui na Holanda é o que mais tem, fora os chineses)...até começar a namorar comigo!

Tudo bem que F. já completou 50 anos (!) e isso significa que ele já vive há meio século (!) na Holanda, mas eu continuo sem entender como uma pessoa pode passar a vida inteira sem ter nenhum interesse em suas origens - ou melhor dizendo, a origem de seus pais! Liam, por exemplo, nasceu na Holanda e tem uma criação nos padrões holandeses em muitos aspectos, mas é educado por uma mãe brasileira e isso faz uma diferença enorme! Sem falar no pai inglês, claro. Enfim, Liam convive com três culturas desde que nasceu. E ele adorou conhecer o Brasil, voltou do Rio se achando "carioca" e reclama de alguns aspectos da cultura holandesa (como disse no post anterior, Liam não se sente holandês).

No caso de F., uma das prováveis explicações é que os próprios pais escolheram a Holanda. Eles emigraram ainda jovens para cá com suas respectivas famílias. E um dos principais motivos dessa imigração foi religioso: sua família é cristã num país cada vez mais muçulmano! Pra quem não sabe, a Indonésia é o país com a maior população de muçumanos do mundo. Então, se eu for refletir bem, isso certamente influiu na escolha dos pais (e avós) dele. Mas mesmo assim, você ter pais indonésios e nenhuma curiosidade em conhecer o país onde eles cresceram? Continuo tentando entender...até porque, eu mesma adoraria conhecer a Indonésia (só falta mesmo dinheiro).



Plantações de arroz na Indonésia


Tecnologia do Blogger.

A família real holandesa



O assunto do momento aqui na Holanda e também na mídia internacional é o Dia da Rainha, que será comemorado pela última vez amanhã, dia 30 de abril. Isso porque a Rainha Beatrix  (à direita na foto) finalmente decidiu abdicar do trono em favor de seu filho iWllem Alexander  (à esquerda na foto, com sua esposa e futura rainha Máxima no meio). Foram 33 anos de serviço ao povo holandês e ao passar oficialmente o trono para seu filho, o Dia da Rainha (Koninginnedag) passará a ser chamado de Dia do Rei (Koningsdag) a partir do ano que vem.  Confesso que se eu que moro na Holanda há "apenas" 18 anos já vou ter problemas pra me acostumar a falar Koningsdag em vez de Koninginnedag, imagina o povo holandês!

Enfim, amanhã é dia de festa em Amsterdam, a começar porque a cerimônia oficial de coroação do novo Rei será realizada aqui (e difundida em todos os canais de tv nacionais e internacionais). E assim sendo, a prefeitura local e o governo vem organizando há meses este evento histórico. Na verdade, o programa contém vários eventos - desde os para convidados oficiais - como festas e shows ao vivo para o público visitante. Sem falar no tradicional mercado livre espalhado pela cidade. Segundo manda a tradição, todos os anos, no Dia da Rainha,  as cidades holandesas viram mercados livres, em que todo mundo pode vender tudo (ou quase tudo!) e faturar um dinheirinho...as crianças aproveitam a oportunidade para vender seus brinquedos velhos e livros, mas muitos adultos também entram na brincadeira (seja pra vender ou para comprar, dependendo do bolso de cada um). Eu mesma já comprei muitos livros e brinquedos para o Liam a preços simbólicos, em média 1 ou 2 euros! Enfim, dia de festa, com certeza.


Palácio na praça Dam


No programa oficial, o Rijksmuseum (que acaba de ser reaberto após 10 anos de renovação) estará fechado hoje para o público devido ao jantar que será realizado no local com a Rainha e convidados oficiais. Após o jantar, ela irá passar a noite no Palácio Real na praça Dam (onde contrariamente ao que muitos pensam, ela não mora). É que amanhã ela fará seu Discurso de Despedida na varanda do Palácio, para a multidão reunida na praça. E pelo que dizem as más línguas, será uma massa enorme...Se num ano comum, Amsterdam já recebe em média 80.000 visitantes nesta data, imaginem agora com a troca do trono! Eu vou ficar mesmo é em casa porque será um caos entrar e sair do centro (muitas mudanças no transporte público e equipes da polícia espalhadas por toda cidade, como em qualquer evento oficial).

A festa terá vários eventos, entre eles concertos ao ar livre para os visitantes, que virão de todas as partes da Holanda e também muitos alemães, franceses e outros europeus, além de americanos e japoneses que curtem eventos do gênero. Eu mesma já comemorei muito o Dia da Rainha, mais para participar desta grande festa popular do que em homenagem à monarquia holandesa propriamente dita,...Pra ser sincera, nunca fui de monarquias (nem da holandesa, nem da inglesa nem de nenhuma outra). Acho que as verbas investidas para suportar este regime não compensam os serviços fornecidos, digamos assim. Esta semana mesmo uma notícia publicada na mídia causou furor entre os leitores: após receber oficialmente a denominação de Rei da coroa holandesa, Willem Alexander receberá mensalmente cerca de 70.000 reais isentos de impostos, com base em uma renda anual de 850.000 euros (o que pode ser pouca coisa para os políticos corruptos em certos países do continente sul-americano mas é muito, mas muito dinheiro). .Agora convenhamos, em tempos de crise do euro, recessão e cortes de verbas governamentais, eu acho que essas verbas poderiam ser (muito) melhor utilizadas. A começar nos setores de Saúde e Educação, onde tem sido feitos cortes anuais...Não só eu como 20.000 pessoas que assinaram esta semana uma medida pedindo redução drástica do salário real (leia aqui em holandês)


E eu sei que política e religião não se discute...mas o mais interessante nesta estória toda é que, apesar de vivermos no século XXI em que o continente europeu inteiro (alguns mais do que outros) está vivendo um período de crise, ainda assim a maioria dos holandeses apoia a manutenção da Família Real (fora os salários, que diga-se de passagem, raramente são questionados). Por outro lado, os holandeses já reclamaram quando Willem Alexander quis mudar esta data histórica (feriado nacional) para 27 de abril (o dia do seu aniversário). E também reclamaram da Canção Oficial encomendada especialmente para a coroação do novo Rei - primeiro por ela estar cheia de erros (mais de estilo do que gramaticais, pelo que li em um certo jornal) e também por conter um trecho de rap  no meio da canção (de doer os ouvidos, e olha que eu não sou conservadora em termos musicais). Enfim, pequenos detalhes...

Pra quem quiser mais informações sobre a data, o site abaixo oferece informações completas (em inglês):
http://www.koninginnedagamsterdam.nl/queensday.html 


Máxima e Willem Alexander

Reabertura dos museus em Amsterdam


Festa de reabertura do Rijksmuseum

Dizer o que? O país pode estar em crise mas este mês tivemos dois eventos dignos de nota. O primeiro foi a reabertura do maravilhoso Rijksmuseum, que esteve parcialmente fechado para o público para renovação durante 10 anos (os visitantes neste período só tiveram acesso a uma ala do museu e um acervo restrito). A data foi comemorada com presença oficial da rainha da Holanda e sua guarda, show de fogos de artifício e tudo mais. Foram vendidos antecipadamente mais de 80.000 ingresso online e as filas nas primeiras semanas tem sido enormes mas mesmo assim uma amiga que esteve aqui na semana da abertura conseguiu entrar!

E o segundo evento foi a reabertura do Museu Van Gogh para o grande público, que desde o ano passado teve de se conformar com um acerto restrito de pinturas em outro museu da cidade, o Hermitage. Bem verdade que esta renovação durou muito menos do que a renovação do Rijksmuseum mas mesmo assim, é sempre bom saber que os museus agora estão abertos em todo o seu esplendor para os visitantes de todas as partes do mundo.

Diga-se de passagem, em abril a cidade já anda lotada de turistas, muitos chineses, japoneses e...brasileiros! E claro, franceses e ingleses, que sempre curtiram a cidade, por motivos (bem) diferentes, Os franceses curtem os aspectos históricos e culturais (e lotam os museus da cidade), os ingleses são famosos por tomarem altos porres celebrando Despedidas de Solteiro... Alguém aí viu o filme The Hangover? Pois é assim mesmo, para desespero dos moradores da cidade e da polícia que sempre tem de ficar de olho nestes turistas.


O belo Rijksmusem

Rainha Beatrix diante da famosa pintura de Rembrandt

Criando adolescentes




Impressionante como as crianças crescem de uma hora pra outra. Seu filho adorável se transforma subitamente numa pessoa cheia de opiniões e sempre pronta a questionar as suas! Sim, tudo isso faz parte da passagem para a adolescência. Mas a gente leva cada susto! É preciso tempo pra nos acostumarmos com esta nova pessoa dentro de nossa casa. E haja paciência, viu?

Meu filho nunca foi uma criança "difícil" - fora a via crucis que foi o período de testes e exames, diagnóstico de autismo (PPD-NOS) e mudança para a escola especial que já contei aqui no blog (interessados no assunto, leiam o marcador Autismo aqui à direita). Mas agora prestes a completar 13 anos tenho percebido algumas mudanças inevitáveis. E isso por um lado é bom e natural. Por outro lado, haja saco para aturar tanta discussão acalorada e mudanças de humor (e nem vou falar na batalha de todas as manhãs em que mal consigo fazer o menino sair da cama pra ir pra escola). Pensando bem, das mudanças de humor eu nem tenho o direito de reclamar pois eu mesma mudo de humor várias vezes no mesmo dia! Então quem sou eu pra reclamar, né?

Só sei que muito se fala e se escreve sobre a adolescência e apesar de tudo, ela nem me assusta tanto assim ...Verdade seja dita, adolescente pode ser uma criatura irritante e teimosa, com uma grande capacidade de nos tirar do sério a qualquer hora do dia ou da noite. Mas se pararmos pra pensar, um dia nós também fomos assim. Sem falar que a adolescência também é um dos períodos mais ricos e férteis do ser humano, onde descobrimos e criamos pouco a pouco nossa identidade (tudo aquilo que nos diferencia de nossos pais e dos outros). E convenhamos, não há nada de errado nisso. Muito pelo contrário.

De resto, eu posso até estar errada (só o tempo dirá), mas acho que estou bem preparada para os próximos anos...a começar porque crio meu filho de uma forma bem diferente de como fui criada - e nem podia ser diferente, vivemos em outra época e em outro país! Eu e Liam conversamos sobre assuntos que eu nunca sonhei em conversar com a minha mãe. Liam tem uma criação muito mais liberal do que eu tive (e nem podia ser diferente em pleno século XXI). Eu fui muito reprimida na minha adolescência (e olha que eu nem aprontava porque não tive oportunidades para isso). Minha mãe era das antigas que ainda acreditava que uma mulher deveria casar virgem e por aí vocês já podem imaginar o que estou falando, né?


De uma coisa eu tenho certeza: não adianta proibir! Conhecem a estória do fruto proibido? Pois é assim mesmo, quanto mais se proíbe algo, mais este algo se torna interessante...aconteceu comigo (vou poupá-los dos detalhes "sórdidos"). Então ao menos nesta armadilha eu não caio!

Mas isso não significa que não existam regras! Regras existem e limites também. Mas tudo deve ser conversado e discutido, desde que haja respeito de ambas as partes. Comunicação é a base de todo e qualquer relacionamento humano e não podia ser diferente na hora de conversar com adolescentes. Mas comunicar apenas não basta, é precisa ouvir em vez de julgar e criticar (o que, convenhamos, nem sempre é fácil). Não quero de forma alguma restringir o desenvolvimento do meu filho, nem pretendo "moldá-lo" para ser como eu. Mas posso (e devo) orientá-lo em suas escolhas. Porque ele é diferente, tem desejos e sonhos diferentes dos meus quando eu era adolescente. E vive em uma época muito diferente do meu Rio de Janeiro do final dos anos 70, início dos anos 80 (agora vocês podem calcular a minha idade, né?). Ele vive em Amsterdam em pleno século XXI, em plena crise do euro em que aqui no velho continente muitas coisas também estão mudando (algumas para pior, como o racismo e a discriminação).

O que realmente me deixa preocupada hoje em dia é a quantidade de informações que nossos filhos recebem por todo lado, desde muito cedo. "Não se fazem mais crianças como antigamente", diriam os mais velhos. A infância é muito menos ingênua e, em muitos aspectos, nossos filhos amadurecem muito mais cedo do que a minha geração amadureceu. Uma verdadeira explosão de informações na net, Facebook, Twitter, What's App, etc. Sem falar nos inúmeros apps para smartphone que permitem acess 24/7 a  tudo e a todos (por falar em smartphone, adivinhem o que este garoto pediu de aniversário?).

Enfim, criar filhos requer sabedoria, paciência, respeito e acima de tudo, muito amor! Mas acompanhar o desenvolvimento de um filho, desde bebezinho até a adolescência e o início da idade adulta é uma das maiores aventuras que a vida nos proporciona! De uma coisa vocês podem ter certeza:

A gente aprende muito com nossos filhos. Basta ter ouvidos para ouvir e olhos para ver.



Cara de adolescente!







Identidade cultural: Caso 2


Borobudur Stupa, Java, Indonesia



Continuando o assunto do post anterior, este caso é ainda mais intrigante. Então senta que lá vem estória, né?

Meu namorado nasceu na Holanda fiho de imigrantes da Indonésia (Java). Seus pais vieram bem jovens pra cá, ambos antes de completarem 18 anos. E ele nunca visitou a Indonésia nem nunca teve vontade. Detalhe que ele estudou um ano na universidade em Pequim, onde conheceu uma chinesa com a qual foi casado durante 10 anos...Sem falar que ele também morou em Tokyo e conhece até Hong Kong (duas cidades que sonho em conhecer um dia). Mas nada de Indonésia!

O que mais me intriga é que F. é uma das pessoas mais holandesas que conheço, apesar de ambos os pais não serem holandeses. Por outro lado, tenho de levar em consideração o fato de que os pais dele (a mãe faleceu há pouco mais de 2 anos) viveram praticamente suas vidas inteiras aqui na Holanda. Ou seja, menos de 18 anos na Indonésia e quase 70 anos de Holanda. Mas mesmo assim, eu sempre li que a infância - e em especial os primeiros 7 anos, os anos de formação - sempre foi importante e eles foram criados na Indonésia! Complicado isso...

Só sei que quando começamos a namorar (e lá se vão quase 6 anos), eu sempre ficava perplexa com a total falta de interesse de F. em tudo que se relaciona à Indonésia. Pra terem uma idéia, embora a mãe cozinhasse regurarmente pratos da cozinha Indonésia (nos fins de semana, verdade seja dita mas ela cozinhava muito bem), ele nunca tinha ido a um restaurante Indonésio (e aqui na Holanda é o que mais tem, fora os chineses)...até começar a namorar comigo!

Tudo bem que F. já completou 50 anos (!) e isso significa que ele já vive há meio século (!) na Holanda, mas eu continuo sem entender como uma pessoa pode passar a vida inteira sem ter nenhum interesse em suas origens - ou melhor dizendo, a origem de seus pais! Liam, por exemplo, nasceu na Holanda e tem uma criação nos padrões holandeses em muitos aspectos, mas é educado por uma mãe brasileira e isso faz uma diferença enorme! Sem falar no pai inglês, claro. Enfim, Liam convive com três culturas desde que nasceu. E ele adorou conhecer o Brasil, voltou do Rio se achando "carioca" e reclama de alguns aspectos da cultura holandesa (como disse no post anterior, Liam não se sente holandês).

No caso de F., uma das prováveis explicações é que os próprios pais escolheram a Holanda. Eles emigraram ainda jovens para cá com suas respectivas famílias. E um dos principais motivos dessa imigração foi religioso: sua família é cristã num país cada vez mais muçulmano! Pra quem não sabe, a Indonésia é o país com a maior população de muçumanos do mundo. Então, se eu for refletir bem, isso certamente influiu na escolha dos pais (e avós) dele. Mas mesmo assim, você ter pais indonésios e nenhuma curiosidade em conhecer o país onde eles cresceram? Continuo tentando entender...até porque, eu mesma adoraria conhecer a Indonésia (só falta mesmo dinheiro).



Plantações de arroz na Indonésia