domingo, janeiro 30, 2011

1 guerra, 2 livros

Uma das páginas mais negras na história da humanidade - a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. Dois livros: The Book Thief e The Boy in the Striped Pyjamas (traduzidos no Brasil respectivamente como A Menina que Roubava Livros O Menino do Pijama Listrado). Uma guerra, duas crianças, que por acaso ainda tem a mesma idade. Uma menina (Liesel) e um menino (Bruno). Após ler A Menina que Roubava Livros, me lembrei de outro livro que tinha visto por toda parte tempos atrás. E claro, fui logo procurar (e achei) no meu sebo.  Já aviso que AMBOS são bestsellers, um mais merecidamente do que outro. De qualquer forma, devorei ambos em menos de uma semana.

The Book Thief é uma história sobre a humanidade em suas duas facetas: a bondade (aqui representada por alguns moradores de um subúrbio pobre de Munique) e a crueldade (a Guerra propriamente dita e todos aqueles que a apoiaram). Ele conta a história de Liesel, uma menina de 9 anos que adora livros (e cedo descobre o poder das palavras). A história de Max, o judeu que encontra refúgio na casa de Liesel durante a guerra. A história dos pais que a adotaram e de muitos outros personagens. O narrador do livro é nada menos do que A Morte. Uma senhora de respeito. Sim, ela mesma.

O que mais admirei neste livro é como ele consegue combinar humanidade com crueldade. E você (quase) chega a acreditar na bondade dos homens, apesar de tudo. Uma história de amizade inesquecível, num período da história que não podemos (nem devemos) esquecer. Enfim, o autor consegue contar uma estória cativante, em que atos de bondade contrastam com a caça aos judeus e o Holocausto. Um contraste que certamente ficará na memória dos leitores por muito tempo. Em suma, leitura obrigatória.


O Menino do Pijama Listrado também conta a estória de uma amizade inesquecível, mas já vou avisando que as semelhanças param aí! Dessa vez os protagonistas são dois meninos: um alemão e um judeu polonês. O pano de fundo é o campo de concentração em Auschwitz (acho que não precisa dizer mais nada, né?). Cada um vive de um lado da cerca: Bruno é filho de um alto-comandante nazista, Shmuel é uma das inúmeras vítimas do Holocausto.

A estória é contada através dos olhos de Bruno em uma linguagem simples. O que mais impressiona (e incomoda) é a sua total ingenuidade, que acaba levando a um confronto extremamente doloroso - como não podia deixar de ser - com a realidade dos fatos. Esta mesma ingenuidade é também a minha maior crítica ao livro. Porque eu não consigo imaginar um menino de 9 anos na Alemanha nazista de 1943 que nunca tinha ouvido falar de judeus e que não tem a menor idéia do que está acontecendo à sua volta...achei simplesmente inverossímel (e eu tenho um menino de 10 anos em casa então sei do que estou falando). Porque uma coisa é a inocência da infância, outra coisa é a ignorância. Ou pior, a alienação.



Bem verdade que como ainda não assisti ao filme, o impacto da leitura foi bem maior.  De qualquer forma, uma estória que tinha tudo pra dar certo mas cujo personagem principal lamentavelmente não convence.


Em suma, leiam A Menina que Roubava Livros. Vale muito mais a pena!

7 comentários:

Leticiabon disse...

Nossa eu só vi o filme do Menino do pijama listrado e fiquei aterrorizada. Mas não pensei na ingenuidade não...só que agora faz sentido seu comentário porque tenho um irmão de 8 anos, até bastante calado, mas soltou uma sobre o morro do alemão que eu me assustei, portanto, se o garoto estava totalmente inserido no contexto (que não era por notícias de tv), naõ faz sentido mesmo! Ótima observação. Mudando de assunto, adorei a árvore dos desejos. bjs

Fran disse...

Bom... Como você disse:
"Porque eu não consigo imaginar um menino de 9 anos na Alemanha nazista de 1943 que nunca tinha ouvido falar de judeus e que não tem a menor idéia do que está acontecendo à sua volta...achei simplesmente inverossímil (e eu tenho um menino de 10 anos em casa então sei do que estou falando)".

A história se passa em 1943, na Alemanha Nazista... Tem noção de como era a educação de uma criança?
Claro que hoje 2011 as crianças brasileiras estão cada dia mais atentas a tudo que acontecem... Tem acesso a televisão (o que não é grandes coisas... enfim) computadores e etc., agora em 1943...
Só olhar para os mais velhos hoje... Veja o comportamento deles, minha mãe diz (ela nasceu em 1953) que naquela época filho não se metia em coisas de adulto, não podia perguntar nada que era considerado uma afronta...
Enfim, acho bem possível sim haver várias crianças naquela época sem "a noção" do que estava ocorrendo... Não é a primeira vez que esse contexto ocorre, lembre do filme A vida é bela... A criança da história imagina que o campo de concentração era um jogo.
Várias crianças... Pelo que narraram a história sediam a câmara de gás pela chamada para o banho;
Ouvi em algum lugar (acredito que no próprio filme) que os nazistas passavam nas televisões comerciais mostrando que o campo de concentração era uma espécie de colônia de férias...
Enfim... Em tempo de guerra e caos, muitos podem estar desinformados, como você mesma disse, alienados... Visto que o controle de informação, do que realmente ocorre está na mão de poucos.
PS: Olhe no Brasil... Em plena ditadura militar, pergunte aos mais velhos quem entende mesmo o que estava ocorrendo? Meu pai um dia elogiou os militares... Disse que naquela época nem sabia que eles torturavam estudantes...

Anita disse...

Cruzes, to passada com essa estoria.

Vivia disse...

Vou anotar na minha lista. Por enquanto tenho algumas dezenas de livros para ler e tenho que me conter, mas com certeza irei compra-los! Adorei as dicas.

Um abraço!

Pri S. disse...

"A menina que roubava livros" é realmente leitura obrigatória. Amei, me emocionei e também indico com certeza.

Já "O menino do pijama listrado" eu apenas assisti a versão pro cinema. E não considerei o garota tão ingênuo para a idade. Mas filmes são diferentes de livros, então não posso avaliar. Mas acho que eu sofreria lendo o livro - porque sofri assistindo ao filme...

Adoro suas avaliações de livros! :-)

Bjos!

Beth Blue disse...

Oi Fran, antes de mais nada, bem-vinda ao blog! (não me lembro de ter lido comentários seus aqui antes).

Quanto ao seu comentário: A história se passa em 1943, na Alemanha Nazista... Tem noção de como era a educação de uma criança?
Claro que hoje 2011 as crianças brasileiras estão cada dia mais atentas a tudo que acontecem...

Concordo em partes, porque é óbvio que hoje em dia as crianças têm informação demais e por toda parte. Mas o que me impressionou no menino foi a total falta de EMPATIA mesmo, nenhuma capacidade de questionamento, de tentar entender o que estava acontecendo à sua volta.

O fato de uma criança não receber informações (como sem dúvida foi o caso dele e de muitas crianças naquele período histórico) não significa que as crianças não sejam capazes de PERCEBER quando há algo (muito) errado. No caso do livro, Bruno convive dias e dias com um menino magro e faminto e nem percebe que o menino está praticamente morrendo de fome?!!

Continuo achando inverossímel mas cada um tem direito à sua opinião!

Anônimo disse...

Adoro ler e estava morrendo de vontade de ler esse livro, agora vou com certeza comprar! =)

bjusss

Tecnologia do Blogger.

1 guerra, 2 livros

Uma das páginas mais negras na história da humanidade - a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. Dois livros: The Book Thief e The Boy in the Striped Pyjamas (traduzidos no Brasil respectivamente como A Menina que Roubava Livros O Menino do Pijama Listrado). Uma guerra, duas crianças, que por acaso ainda tem a mesma idade. Uma menina (Liesel) e um menino (Bruno). Após ler A Menina que Roubava Livros, me lembrei de outro livro que tinha visto por toda parte tempos atrás. E claro, fui logo procurar (e achei) no meu sebo.  Já aviso que AMBOS são bestsellers, um mais merecidamente do que outro. De qualquer forma, devorei ambos em menos de uma semana.

The Book Thief é uma história sobre a humanidade em suas duas facetas: a bondade (aqui representada por alguns moradores de um subúrbio pobre de Munique) e a crueldade (a Guerra propriamente dita e todos aqueles que a apoiaram). Ele conta a história de Liesel, uma menina de 9 anos que adora livros (e cedo descobre o poder das palavras). A história de Max, o judeu que encontra refúgio na casa de Liesel durante a guerra. A história dos pais que a adotaram e de muitos outros personagens. O narrador do livro é nada menos do que A Morte. Uma senhora de respeito. Sim, ela mesma.

O que mais admirei neste livro é como ele consegue combinar humanidade com crueldade. E você (quase) chega a acreditar na bondade dos homens, apesar de tudo. Uma história de amizade inesquecível, num período da história que não podemos (nem devemos) esquecer. Enfim, o autor consegue contar uma estória cativante, em que atos de bondade contrastam com a caça aos judeus e o Holocausto. Um contraste que certamente ficará na memória dos leitores por muito tempo. Em suma, leitura obrigatória.


O Menino do Pijama Listrado também conta a estória de uma amizade inesquecível, mas já vou avisando que as semelhanças param aí! Dessa vez os protagonistas são dois meninos: um alemão e um judeu polonês. O pano de fundo é o campo de concentração em Auschwitz (acho que não precisa dizer mais nada, né?). Cada um vive de um lado da cerca: Bruno é filho de um alto-comandante nazista, Shmuel é uma das inúmeras vítimas do Holocausto.

A estória é contada através dos olhos de Bruno em uma linguagem simples. O que mais impressiona (e incomoda) é a sua total ingenuidade, que acaba levando a um confronto extremamente doloroso - como não podia deixar de ser - com a realidade dos fatos. Esta mesma ingenuidade é também a minha maior crítica ao livro. Porque eu não consigo imaginar um menino de 9 anos na Alemanha nazista de 1943 que nunca tinha ouvido falar de judeus e que não tem a menor idéia do que está acontecendo à sua volta...achei simplesmente inverossímel (e eu tenho um menino de 10 anos em casa então sei do que estou falando). Porque uma coisa é a inocência da infância, outra coisa é a ignorância. Ou pior, a alienação.



Bem verdade que como ainda não assisti ao filme, o impacto da leitura foi bem maior.  De qualquer forma, uma estória que tinha tudo pra dar certo mas cujo personagem principal lamentavelmente não convence.


Em suma, leiam A Menina que Roubava Livros. Vale muito mais a pena!

7 comentários:

Leticiabon disse...

Nossa eu só vi o filme do Menino do pijama listrado e fiquei aterrorizada. Mas não pensei na ingenuidade não...só que agora faz sentido seu comentário porque tenho um irmão de 8 anos, até bastante calado, mas soltou uma sobre o morro do alemão que eu me assustei, portanto, se o garoto estava totalmente inserido no contexto (que não era por notícias de tv), naõ faz sentido mesmo! Ótima observação. Mudando de assunto, adorei a árvore dos desejos. bjs

Fran disse...

Bom... Como você disse:
"Porque eu não consigo imaginar um menino de 9 anos na Alemanha nazista de 1943 que nunca tinha ouvido falar de judeus e que não tem a menor idéia do que está acontecendo à sua volta...achei simplesmente inverossímil (e eu tenho um menino de 10 anos em casa então sei do que estou falando)".

A história se passa em 1943, na Alemanha Nazista... Tem noção de como era a educação de uma criança?
Claro que hoje 2011 as crianças brasileiras estão cada dia mais atentas a tudo que acontecem... Tem acesso a televisão (o que não é grandes coisas... enfim) computadores e etc., agora em 1943...
Só olhar para os mais velhos hoje... Veja o comportamento deles, minha mãe diz (ela nasceu em 1953) que naquela época filho não se metia em coisas de adulto, não podia perguntar nada que era considerado uma afronta...
Enfim, acho bem possível sim haver várias crianças naquela época sem "a noção" do que estava ocorrendo... Não é a primeira vez que esse contexto ocorre, lembre do filme A vida é bela... A criança da história imagina que o campo de concentração era um jogo.
Várias crianças... Pelo que narraram a história sediam a câmara de gás pela chamada para o banho;
Ouvi em algum lugar (acredito que no próprio filme) que os nazistas passavam nas televisões comerciais mostrando que o campo de concentração era uma espécie de colônia de férias...
Enfim... Em tempo de guerra e caos, muitos podem estar desinformados, como você mesma disse, alienados... Visto que o controle de informação, do que realmente ocorre está na mão de poucos.
PS: Olhe no Brasil... Em plena ditadura militar, pergunte aos mais velhos quem entende mesmo o que estava ocorrendo? Meu pai um dia elogiou os militares... Disse que naquela época nem sabia que eles torturavam estudantes...

Anita disse...

Cruzes, to passada com essa estoria.

Vivia disse...

Vou anotar na minha lista. Por enquanto tenho algumas dezenas de livros para ler e tenho que me conter, mas com certeza irei compra-los! Adorei as dicas.

Um abraço!

Pri S. disse...

"A menina que roubava livros" é realmente leitura obrigatória. Amei, me emocionei e também indico com certeza.

Já "O menino do pijama listrado" eu apenas assisti a versão pro cinema. E não considerei o garota tão ingênuo para a idade. Mas filmes são diferentes de livros, então não posso avaliar. Mas acho que eu sofreria lendo o livro - porque sofri assistindo ao filme...

Adoro suas avaliações de livros! :-)

Bjos!

Beth Blue disse...

Oi Fran, antes de mais nada, bem-vinda ao blog! (não me lembro de ter lido comentários seus aqui antes).

Quanto ao seu comentário: A história se passa em 1943, na Alemanha Nazista... Tem noção de como era a educação de uma criança?
Claro que hoje 2011 as crianças brasileiras estão cada dia mais atentas a tudo que acontecem...

Concordo em partes, porque é óbvio que hoje em dia as crianças têm informação demais e por toda parte. Mas o que me impressionou no menino foi a total falta de EMPATIA mesmo, nenhuma capacidade de questionamento, de tentar entender o que estava acontecendo à sua volta.

O fato de uma criança não receber informações (como sem dúvida foi o caso dele e de muitas crianças naquele período histórico) não significa que as crianças não sejam capazes de PERCEBER quando há algo (muito) errado. No caso do livro, Bruno convive dias e dias com um menino magro e faminto e nem percebe que o menino está praticamente morrendo de fome?!!

Continuo achando inverossímel mas cada um tem direito à sua opinião!

Anônimo disse...

Adoro ler e estava morrendo de vontade de ler esse livro, agora vou com certeza comprar! =)

bjusss