Este post foi inspirado por um texto que o meu querido amigo Antônio escreveu recentemente no Facebook dele. Como vocês já devem ter percebido (a menos que vivam em outro planeta), o Facebook dá panos pra manga. Se for pensar bem, aquilo ali daria um bom estudo antropológico (quem se anima? Tânia?).
Antônio descreveu uma questão que tem me incomodado muito no Facebook. E que eu sei que incomoda muita gente...enfim, posso ser louca mas sei que não estou sozinha! Muita gente comenta que o Facebook é um reflexo da realidade lá fora, então eu só posso chegar às seguintes conclusões:
A. Todo mundo vive feliz da vida, com ótimos empregos, viagens maravilhosas, filhos e maridos perfeitos. Enfim, um mundo cor-de-rosa que nem nas telas de cinema a gente vê mais.
B. Todo mundo (ou grande parte) vive em eterno processo de negação (
denial), eternamente brincando de
Polyanna e se esforçando pra mostrar uma realidade que na verdade está muito longe de ser real.
Eu como não sou boba nem nada, sei muito bem que a opção
B é a mais provável, pra não dizer correta mesmo . Basta ler as notícias que vem sendo divulgadas recentemente sobre o Facebook, entre elas uma que afirma que o risco de depressão aumenta em proporção ao número de horas que se passa vendo aquelas fotos maravilhosas dos amigos felizes no Facebook. E não é pra menos né, gente? É felicidade demais pra nós "meros mortais" que tentamos viver um dia de cada vez.
Mas antes que me chamem de mal-amada (felizmente não é o caso) ou ranzinza (isso eu sou mesmo), eu vou logo dizer que sim:
a felicidade é possível. E deve ser buscada no nosso dia-a-dia. Mas ela está longe de ser aquela felicidade retratada nos álbuns do Facebook. E no dia que você descobre isso, você pode finalmente começar a ser feliz - à sua maneira!
Vejam o meu caso. Eu tenho trabalho mas não tenho emprego (uma espécie de estágio de um ano mas deixa pra lá, eu sinceramente acho que trabalho é trabalho e pronto). Adoro o que faço, é bem verdade mas financeiramente não mudou nada. Sempre falta dinheiro depois de pagar as contas do mês. Viagens maravilhosas para continentes exóticos não fazem parte da minha realidade (e nem da sua, provavelmente). Sim, fui ao Brasil ano passado (patrocinada pelo meu tio querido). E desde que voltei estou economizando com dificuldades pra poder ir ao Brasil ano que vem. Porque ir ao Brasil a cada dois anos pra mim é um LUXO.
A boa notícia é que quanto mais os anos passam, mais eu percebo que a felicidade está nas pequenas coisas. Como hoje por exemplo: neve, chocolate quente, um bom livro...e eu sou feliz! Quando a gente entende de uma vez por todas que a felicidade é feita desses pequenos momentos, a gente deixa de se incomodar com as fantásticas aventuras dos outros no Facebook. Porque a verdade é que ninguém pode enganar todo mundo o tempo todo. E longe de mim ser
urubu mas quem vive brincando de
Polyanna mais cedo ou mais tarde seu mundinho cor-de-rosa desmorona...E a pessoa adoece ou cai na real (o que dói pra caramba, convenhamos).
Então vamos combinar de buscar a verdadeira felicidade, aquela que começa dentro de nós mesmos e que está nas pequenas alegrias e prazeres desta vida. A felicidade que está nas pessoas e não nas coisas. Nas amizades que ganhamos de presente nesta vida (e tem presente melhor do que a amizade?). Felizmente, esta felicidade independe da quantidade de dinheiro na sua conta bancária (eu que o diga).
Abaixo um trecho do texto brilhante do Antônio:
Outro dia aconteceu de novo. Eu havia escrito um comentário aqui no Facebook, que para mim não tinha absolutamente nada de errado, maligno ou incoveniente, apenas um comentário, um pensamento, uma divagação sem mais nem menos... e lá veio, sem ser pedido, mais um agente do que eu chamo agora a "patrulha do bom humor" para me policiar, dizendo que o meu comentário era negativo (tem coisa mais irritante, quando você está de mau humor, e alguém vem reclamar que você está sendo "negativo demais"?), que estava preocupado comigo, que eu tinha que ser mais positivo, que eu tenho que mudar de perspectiva, e blá blá blá blá blá. Puxa, que saco isso! Deixa eu curtir o meu mau humor e colocar pra fora por favor?? Desde quando a gente perdeu o direito de reclamar? Desde quando nós passamos a ser todos um monte de monges budistas cheios de sabedoria, paciência e estoicismo? Todo mundo cheio de lições de vida pra dar. Quanta gente bem equilibrada e bem resolvida nesse mundo, puxa! Desde quando nós nos chamamos todos Poliana? Desde quando nós todos viramos Annette Benning em "American Beauty" dizendo para nós mesmos que hoje "nós vamos vender uma casa"? Desde quando nós todos passamos a acreditar que a vida tem que ter um final feliz todos os dias para que nós possamos dormir tranquilamente à noite? Será que nós todos perdemos o discernimento e o espírito crítico? Perdemos a capacidade de enxergar a realidade?
PS. Post dedicado a todos os meus amigos do Facebook que como eu, sabem que nem tudo na vida são flores.