sexta-feira, julho 15, 2011
A crise do euro
Lá vai o euro
O assunto do momento em todas as manchetes internacionais é, sem dúvida, a crise do euro e mais especificamente a situação da Grécia, prestes a falir...Os outros membros da comunidade européia tem se reunido e discutido várias possibilidades para tentar evitar o desastre eminente. Mas a verdade é que a Grécia já faliu há tempos (um país com problemas de terceiro mundo encravado na Europa). Com a Grécia oficialmente falida, lá se vai mais uma vez a credibilidade da moeda européia.
No meio de toda esta confusão, eu estou de viagem para o Brasil semana que vem, portanto tenho acompanhado as notícias de perto - como já vendo acompanhando nos últimos tempos. O euro está mais desvalorizado do que nunca e ainda pode cair mais nas próximas semanas dependendo de vários fatores. Entre eles, a óbvia falência da Grécia, a crise subsequente na Itália (cujo governo esta semana já anunciou às presas medidas de austeridade, bem fazem eles). E nem vou falar de outras economias fracas como a Espanha e Portugal porque todo mundo já sabe!
Enfim, qualquer leigo pode ver que a Europa está longe de sair da crise mundial iniciada em 2008. Pelos indicadores atuais, a crise na Europa ainda se aprofundará antes de haver alguma recuperação. Hora de apertar os cintos, com medidas de austeridade em praticamente todos os governos europeus. Aqui mesmo na Holanda, este ano está sendo difícil pra muita gente.
Embora a Holanda ainda seja uma das economias mais fortes, junto com a Alemanha (o país que mais cresceu este ano) e a França, a crise também chegou aqui. Em menor escala do que a crise nos países do sul da Europa, mas chegou. Altas taxas de desemprego, maior aumento de pedidos de seguro-desemprego em anos, queda nas produções da indústria e por ai vai (não sou economista pra me estender no assunto mas vivo esta crise no meu dia-a-dia).
Ironia das ironias
No meio a um cenário de crise aguda (e pânico nos mercados de ação) pelo mundo afora, a economia do Brasil vai muito bem, obrigado. O país está vivendo o maior booming em 25 anos. E sinceramente, eu fico muito feliz pelo Brasil - não tinha como não ficar, né? Tem horas que dá até vontade de fazer as malas e voltar. Como aliás, fizeram duas brasileiras que conheço, uma retornou da Grécia (sintomático) e outra voltou da Inglaterra em maio para morar no Brasil - com o marido inglês! Enfim, parece que agora está sendo feito o caminho contrário.
No meu caso específico, isso significa que a minha viagem ao Brasil sairá mais cara do que há alguns anos atrás (isso que eu chamo de bad timing mas tudo bem). Porque com o euro em queda, agora chegou a vez dos brasileiros curtirem férias (merecidas) na Europa!
Como brasileira vivendo na Europa (literalmente no meio do furacão), eu me sinto muito dividida no momento. Por um lado torço pelo Brasil para que o país se estabilize de uma vez por todas como uma das maiores economias do mundo (e porque não?). Por outro lado, moro na Europa e meu filho vai crescer aqui...e eu gostaria de um futuro legal para ele.
Minha situação na Holanda tem me deixado muito desanimada. Com formação universitária mas desempregada porque afinal das contas, sou estrangeira aqui. Pra complicar, com 45 anos já não é tão fácil arrumar emprego. E com a recessão, as possibilidades de arrumar emprego este ano são, digamos assim, mínimas. Não, não é impossível mas difícil. Bastante difícil (estou sendo realista).
A verdade é que eu (provavelmente) conseguiria um bom emprego aí no Brasil mas as despesas seriam altas demais..A começar pelo drama do aluguel (eu não tenho casa própria no Brasil, como uma amiga que mora aqui e acabou de herdar o apartamento da falecida mãe). E tem ainda o drama das escolas, eu iria pagar uma fortuna pra dar uma educação decente em escolas privadas pro meu filho.
Confesso que se eu não tivesse filho pra criar, eu tentaria a sorte (novamente) e voltaria pro Brasil. Mas a minha realidade é que tenho filho pra criar, o pai dele me ajuda muito e eu não poderia tirar o pai desta criança e simplesmente emigrar pro outro lado do mundo (como muitas mães fazem). Enfim, cada um com sua estória.
Se não fosse pelos fatores acima citados, eu talvez voltasse mesmo. Ou vai ver a chuva ininterrupta dos últimos dias aqui na Holanda me enlouqueceu de vez! Hoje temos um dia de sol mas no fim-de-semana há mais previsão de (fortes) chuvas.
Meu conselho praqueles que ainda sonham em vir para a Europa? Fiquem por aí mesmo.
PS. Vou aproveitar o comentário da Glenda aqui embaixo e não deixar passar em branco, a questão de quem vai e quem fica foi discutida recentemente no blog dela, leia aqui.
A crise do euro
Lá vai o euro
O assunto do momento em todas as manchetes internacionais é, sem dúvida, a crise do euro e mais especificamente a situação da Grécia, prestes a falir...Os outros membros da comunidade européia tem se reunido e discutido várias possibilidades para tentar evitar o desastre eminente. Mas a verdade é que a Grécia já faliu há tempos (um país com problemas de terceiro mundo encravado na Europa). Com a Grécia oficialmente falida, lá se vai mais uma vez a credibilidade da moeda européia.
No meio de toda esta confusão, eu estou de viagem para o Brasil semana que vem, portanto tenho acompanhado as notícias de perto - como já vendo acompanhando nos últimos tempos. O euro está mais desvalorizado do que nunca e ainda pode cair mais nas próximas semanas dependendo de vários fatores. Entre eles, a óbvia falência da Grécia, a crise subsequente na Itália (cujo governo esta semana já anunciou às presas medidas de austeridade, bem fazem eles). E nem vou falar de outras economias fracas como a Espanha e Portugal porque todo mundo já sabe!
Enfim, qualquer leigo pode ver que a Europa está longe de sair da crise mundial iniciada em 2008. Pelos indicadores atuais, a crise na Europa ainda se aprofundará antes de haver alguma recuperação. Hora de apertar os cintos, com medidas de austeridade em praticamente todos os governos europeus. Aqui mesmo na Holanda, este ano está sendo difícil pra muita gente.
Embora a Holanda ainda seja uma das economias mais fortes, junto com a Alemanha (o país que mais cresceu este ano) e a França, a crise também chegou aqui. Em menor escala do que a crise nos países do sul da Europa, mas chegou. Altas taxas de desemprego, maior aumento de pedidos de seguro-desemprego em anos, queda nas produções da indústria e por ai vai (não sou economista pra me estender no assunto mas vivo esta crise no meu dia-a-dia).
Ironia das ironias
No meio a um cenário de crise aguda (e pânico nos mercados de ação) pelo mundo afora, a economia do Brasil vai muito bem, obrigado. O país está vivendo o maior booming em 25 anos. E sinceramente, eu fico muito feliz pelo Brasil - não tinha como não ficar, né? Tem horas que dá até vontade de fazer as malas e voltar. Como aliás, fizeram duas brasileiras que conheço, uma retornou da Grécia (sintomático) e outra voltou da Inglaterra em maio para morar no Brasil - com o marido inglês! Enfim, parece que agora está sendo feito o caminho contrário.
No meu caso específico, isso significa que a minha viagem ao Brasil sairá mais cara do que há alguns anos atrás (isso que eu chamo de bad timing mas tudo bem). Porque com o euro em queda, agora chegou a vez dos brasileiros curtirem férias (merecidas) na Europa!
Como brasileira vivendo na Europa (literalmente no meio do furacão), eu me sinto muito dividida no momento. Por um lado torço pelo Brasil para que o país se estabilize de uma vez por todas como uma das maiores economias do mundo (e porque não?). Por outro lado, moro na Europa e meu filho vai crescer aqui...e eu gostaria de um futuro legal para ele.
Minha situação na Holanda tem me deixado muito desanimada. Com formação universitária mas desempregada porque afinal das contas, sou estrangeira aqui. Pra complicar, com 45 anos já não é tão fácil arrumar emprego. E com a recessão, as possibilidades de arrumar emprego este ano são, digamos assim, mínimas. Não, não é impossível mas difícil. Bastante difícil (estou sendo realista).
A verdade é que eu (provavelmente) conseguiria um bom emprego aí no Brasil mas as despesas seriam altas demais..A começar pelo drama do aluguel (eu não tenho casa própria no Brasil, como uma amiga que mora aqui e acabou de herdar o apartamento da falecida mãe). E tem ainda o drama das escolas, eu iria pagar uma fortuna pra dar uma educação decente em escolas privadas pro meu filho.
Confesso que se eu não tivesse filho pra criar, eu tentaria a sorte (novamente) e voltaria pro Brasil. Mas a minha realidade é que tenho filho pra criar, o pai dele me ajuda muito e eu não poderia tirar o pai desta criança e simplesmente emigrar pro outro lado do mundo (como muitas mães fazem). Enfim, cada um com sua estória.
Se não fosse pelos fatores acima citados, eu talvez voltasse mesmo. Ou vai ver a chuva ininterrupta dos últimos dias aqui na Holanda me enlouqueceu de vez! Hoje temos um dia de sol mas no fim-de-semana há mais previsão de (fortes) chuvas.
Meu conselho praqueles que ainda sonham em vir para a Europa? Fiquem por aí mesmo.
PS. Vou aproveitar o comentário da Glenda aqui embaixo e não deixar passar em branco, a questão de quem vai e quem fica foi discutida recentemente no blog dela, leia aqui.
1:49 PM
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7 comentários:
- Unknown disse...
-
Ser a gente pensar única e exclusivamente do dinheiro, pode até ser que voltar ao Brasil seja uma boa opção... mas pense em todo o resto que acompanha a vida no Brasil. Essas últimas semanas o debate foi intenso, tanto no meu blog pessoal quanto no Brasil com Z, e o pessoal que mroa do lado de cá foi quase unánime em dizer que preferem ganhar menos e ter uma vida tranquila na Europa que larga tudo e virar escravo do trabalho, do medo, e da falta de políticas sociais que existe no Brasil...
Será que o Euro vai acabar? Não sei, mas deveria... economias desiguais não podem ter a mesma moeda. O Euro só facilitou a vida das grandes multinacionais, de países que já eram ricos (como a Alemanha, por exemplo), prova disso é que economias mais fracas (como sempre foram Portugal, Espanha, Grecia) agora estão literalmente afundadas... veremos o que o futuro nos guarda. - 2:17 PM
- Beth Blue disse...
-
...e o pessoal que mroa do lado de cá foi quase unánime em dizer que preferem ganhar menos e ter uma vida tranquila na Europa que larga tudo e virar escravo do trabalho, do medo, e da falta de políticas sociais que existe no Brasil...
Glenda, concordo e gênero, número e grau. E é por isso que ainda não arrumei as minhas malas. Apesar de tudo, a Europa com sua crise ainda é uma opção melhor para mim e para o meu filho.
Tudo é relativo, li em matéria recente que 2 em 3 mulheres brasileiras vivem estressadas! A corrida pelo dinheiro e pelo status numca foi uma meta na minha vida. - 2:21 PM
- Eve disse...
-
Né por nada, nao, mas a Alemanha vai bem, obrigada! Alto índice de emprego, aumento de salários e outras coisas mais. =P
Tem coisas ruins, claro. Mas, em outros países está bem pior.
=P - 8:06 PM
- Pat Ferret disse...
-
Eu entendi direito o comentário da Glenda? Pq não me sinto "escrava" de nada, aqui no Brasil. Claro que me assusto com a violência, mas aí me lembro que, aqui, não corremos risco de sair de casa e morrer em um ataque terrorista. Será que a vida, em outras paragens, é tão mais tranquila assim?... Tenho sérias dúvidas.
Anyway, daqui a dois meses vou ter minha primeira experiência internacional; maridão diz que voltarei com a cabeça mexida, mas não tenho tanta certeza. Vamos ver... ;-) - 3:01 AM
- tania disse...
-
Todo mundo exagera nesses debates, porque não se trata somente de apresentar "fatos" (que, aliás, podem ser manipulados à vontade pelo ponto de vista, sempre ideológico, de quem fala, pelos discursos). Trata-se sempre, antes de tudo, de dar validação à escolha pessoal que foi feita, e aí as pessoas pesam a mão nos argumentos. Ninguém é escravo de nada no Brasil (exceto talvez os muito pobres/sem estudo) e não existe isso de "drama" dos aluguéis também. Existe escola de todo preço de boa qualidade, inclusive públicas, com a Pedro II no Rio ou aquelas ligadas às universidades (colégios de aplicação). Existem cidades pequenas e médias com qualidade de vida melhor e custo de vida menor.
E, por outro lado, na Europa, casadas ou não com nativo do país, seremos sempre cidadãos de segunda classe, discriminados pela cor de pele, sotaque, pelo simples fato de sermos estrangeiros. Ainda mais na Europa cada vez mais xenófoba (ainda mais em crise).
Enquanto isso, os europeus continuam 'invadindo' nossas praias, especialmente aqui no nordeste, loucos pra fugir dos altos impostos e da burocracia, da crise econômica, dos invernos rigorosos, do racismo e sectarismo religioso.
Cada um vai atrás do que não tem (claro, né?). Nós, deslumbrados com os edifícios antigos e eles sufocados com tanto passado pra carregar nas costas (como dizia um grande amigo meu, italiano, já falecido), tanta "história" (como gostam de dizer os brasileiros que acham que história = antiguidade).
Acho que as pessoas escolhem o que querem saber/enxergar e o que preferem ignorar. Só isso explica a visão idealizada (negativa/positiva) que continuam a ter tanto do Brasil como da Europa, seja morando lá, seja aqui. Nem o Brasil é esse inferno (ou paraíso) nem a Europa é esse paraíso (ou inferno). Como te disse outro dia no Twitter, dispensei a oportunidade de morar nos Estados Unidos pra fazer o doutorado lá, embora tivesse convite pra isso. Preferi vir (do Rio de Janeiro) pro nordeste e permanecer aqui pra consolidar uma experiência profissional que todos achavam duvidosa (sair de um centro de excelência no Rio pra uma universidade que não tinha tradição nenhuma na área em que me formei). Dizem que perdi uma experiência ao recusar viver fora do Brasil por cinco anos (pode chegar a seis o doutorado lá). Sem dúvida. Mas, também teria perdido a experiência de morar no nordeste e participar da construção de um departamento novo com mais - apenas - cinco outros professores e, depois, um Programa de Pós-Graduação, que também começamos do zero e já tem cinco anos. Lá, eu teria sido só mais um mosquitinho na multidão. Foi isso que considerei pra fazer minha escolha. Agora estou de novo no dilema se vou ou fico, porque está perto da licença de pós-doutorado. E ainda estou pensando...
Desculpa se me alonguei demais... E, nunca é demais lembrar: trata-se somente de pontos de vista pessoais, sem maiores pretensões.
Espero que tudo saia bem na tua visita ao Brasil e ainda torço por conseguir te rever no Rio. Quem sabe no CCBB? Me diz que dia pensa ir por lá, caso esteja pensando em ir... (centro do Rio)
Beijos - 10:12 PM
- Anna Karine disse...
-
Oi Tudo bem? é a primeira vez que participo do seu blog. O encontrei em um outro blog que vc deixou um comenterario e vim aqui conhecer seu espaço.
Escrevi um post tratando do mesmo assunto no meu blog. Eu acho que a decisao de voltar é muito pessoal. Cada um de nos esta vivendo uma situaçao diferente por isso enxergamos a crise e o crescimento do Brasil por diferente angulos.
Tem gente que so volta para o Br se tiver o mesmo poder de compra que tem no pais onde se encontra. Nao estao dispostas a fazer um sacrificio no inicio para depois crescer. Existem pessoas que nao querem abrir mao do "glamour" de viver na Europa. E existem tambem aquelas que estao preocupadas com a violencia,a injustiça,a corruçao, a qualidade da saude que encontrarao no Brasil etc etc etc
Bem, eu penso em voltar sim. O que me faz pensar em voltar é meu futuro, nao o meu presente. Ja tenho 35 anos e começo a pensar em construir algo para minha velhice. Como sera que vou estar daqui a 20 anos? Sera que ganho bastante para juntar uns trocados e viver tranquila? Nao terei a certeza se no Brasil vou encontrar condiçoes favoraveis para meus objetivos mas certamente , na situaçao atual da Italia, eu nao encontrarei tao cedo! O problema é que nao irei so. Meu marido ira tambem. E nao sei ele ira se adaptar, se conseguira encontrar algo que o satisfaça profissionalmente. Por enquanto, vamos refletindo e vendo os pros e contras. - 1:35 PM
- Rita disse...
-
Ola Beth, que bom que vc esta gostando das suas ferias.
12 anos sem voltar, puxa que emocao. Eu moro/trabalho na Belgica mas tento passar o maximo de tempo que consigo no Brasil, onde alias nunca me senti escrava de coisa nenhuma, se me sinto pressa eh somente ao carinho da minha familia e dos meus amigos.
Adorei ler o comentario da Tania. - 8:30 AM
7 comentários:
Ser a gente pensar única e exclusivamente do dinheiro, pode até ser que voltar ao Brasil seja uma boa opção... mas pense em todo o resto que acompanha a vida no Brasil. Essas últimas semanas o debate foi intenso, tanto no meu blog pessoal quanto no Brasil com Z, e o pessoal que mroa do lado de cá foi quase unánime em dizer que preferem ganhar menos e ter uma vida tranquila na Europa que larga tudo e virar escravo do trabalho, do medo, e da falta de políticas sociais que existe no Brasil...
Será que o Euro vai acabar? Não sei, mas deveria... economias desiguais não podem ter a mesma moeda. O Euro só facilitou a vida das grandes multinacionais, de países que já eram ricos (como a Alemanha, por exemplo), prova disso é que economias mais fracas (como sempre foram Portugal, Espanha, Grecia) agora estão literalmente afundadas... veremos o que o futuro nos guarda.
...e o pessoal que mroa do lado de cá foi quase unánime em dizer que preferem ganhar menos e ter uma vida tranquila na Europa que larga tudo e virar escravo do trabalho, do medo, e da falta de políticas sociais que existe no Brasil...
Glenda, concordo e gênero, número e grau. E é por isso que ainda não arrumei as minhas malas. Apesar de tudo, a Europa com sua crise ainda é uma opção melhor para mim e para o meu filho.
Tudo é relativo, li em matéria recente que 2 em 3 mulheres brasileiras vivem estressadas! A corrida pelo dinheiro e pelo status numca foi uma meta na minha vida.
Né por nada, nao, mas a Alemanha vai bem, obrigada! Alto índice de emprego, aumento de salários e outras coisas mais. =P
Tem coisas ruins, claro. Mas, em outros países está bem pior.
=P
Eu entendi direito o comentário da Glenda? Pq não me sinto "escrava" de nada, aqui no Brasil. Claro que me assusto com a violência, mas aí me lembro que, aqui, não corremos risco de sair de casa e morrer em um ataque terrorista. Será que a vida, em outras paragens, é tão mais tranquila assim?... Tenho sérias dúvidas.
Anyway, daqui a dois meses vou ter minha primeira experiência internacional; maridão diz que voltarei com a cabeça mexida, mas não tenho tanta certeza. Vamos ver... ;-)
Todo mundo exagera nesses debates, porque não se trata somente de apresentar "fatos" (que, aliás, podem ser manipulados à vontade pelo ponto de vista, sempre ideológico, de quem fala, pelos discursos). Trata-se sempre, antes de tudo, de dar validação à escolha pessoal que foi feita, e aí as pessoas pesam a mão nos argumentos. Ninguém é escravo de nada no Brasil (exceto talvez os muito pobres/sem estudo) e não existe isso de "drama" dos aluguéis também. Existe escola de todo preço de boa qualidade, inclusive públicas, com a Pedro II no Rio ou aquelas ligadas às universidades (colégios de aplicação). Existem cidades pequenas e médias com qualidade de vida melhor e custo de vida menor.
E, por outro lado, na Europa, casadas ou não com nativo do país, seremos sempre cidadãos de segunda classe, discriminados pela cor de pele, sotaque, pelo simples fato de sermos estrangeiros. Ainda mais na Europa cada vez mais xenófoba (ainda mais em crise).
Enquanto isso, os europeus continuam 'invadindo' nossas praias, especialmente aqui no nordeste, loucos pra fugir dos altos impostos e da burocracia, da crise econômica, dos invernos rigorosos, do racismo e sectarismo religioso.
Cada um vai atrás do que não tem (claro, né?). Nós, deslumbrados com os edifícios antigos e eles sufocados com tanto passado pra carregar nas costas (como dizia um grande amigo meu, italiano, já falecido), tanta "história" (como gostam de dizer os brasileiros que acham que história = antiguidade).
Acho que as pessoas escolhem o que querem saber/enxergar e o que preferem ignorar. Só isso explica a visão idealizada (negativa/positiva) que continuam a ter tanto do Brasil como da Europa, seja morando lá, seja aqui. Nem o Brasil é esse inferno (ou paraíso) nem a Europa é esse paraíso (ou inferno). Como te disse outro dia no Twitter, dispensei a oportunidade de morar nos Estados Unidos pra fazer o doutorado lá, embora tivesse convite pra isso. Preferi vir (do Rio de Janeiro) pro nordeste e permanecer aqui pra consolidar uma experiência profissional que todos achavam duvidosa (sair de um centro de excelência no Rio pra uma universidade que não tinha tradição nenhuma na área em que me formei). Dizem que perdi uma experiência ao recusar viver fora do Brasil por cinco anos (pode chegar a seis o doutorado lá). Sem dúvida. Mas, também teria perdido a experiência de morar no nordeste e participar da construção de um departamento novo com mais - apenas - cinco outros professores e, depois, um Programa de Pós-Graduação, que também começamos do zero e já tem cinco anos. Lá, eu teria sido só mais um mosquitinho na multidão. Foi isso que considerei pra fazer minha escolha. Agora estou de novo no dilema se vou ou fico, porque está perto da licença de pós-doutorado. E ainda estou pensando...
Desculpa se me alonguei demais... E, nunca é demais lembrar: trata-se somente de pontos de vista pessoais, sem maiores pretensões.
Espero que tudo saia bem na tua visita ao Brasil e ainda torço por conseguir te rever no Rio. Quem sabe no CCBB? Me diz que dia pensa ir por lá, caso esteja pensando em ir... (centro do Rio)
Beijos
Oi Tudo bem? é a primeira vez que participo do seu blog. O encontrei em um outro blog que vc deixou um comenterario e vim aqui conhecer seu espaço.
Escrevi um post tratando do mesmo assunto no meu blog. Eu acho que a decisao de voltar é muito pessoal. Cada um de nos esta vivendo uma situaçao diferente por isso enxergamos a crise e o crescimento do Brasil por diferente angulos.
Tem gente que so volta para o Br se tiver o mesmo poder de compra que tem no pais onde se encontra. Nao estao dispostas a fazer um sacrificio no inicio para depois crescer. Existem pessoas que nao querem abrir mao do "glamour" de viver na Europa. E existem tambem aquelas que estao preocupadas com a violencia,a injustiça,a corruçao, a qualidade da saude que encontrarao no Brasil etc etc etc
Bem, eu penso em voltar sim. O que me faz pensar em voltar é meu futuro, nao o meu presente. Ja tenho 35 anos e começo a pensar em construir algo para minha velhice. Como sera que vou estar daqui a 20 anos? Sera que ganho bastante para juntar uns trocados e viver tranquila? Nao terei a certeza se no Brasil vou encontrar condiçoes favoraveis para meus objetivos mas certamente , na situaçao atual da Italia, eu nao encontrarei tao cedo! O problema é que nao irei so. Meu marido ira tambem. E nao sei ele ira se adaptar, se conseguira encontrar algo que o satisfaça profissionalmente. Por enquanto, vamos refletindo e vendo os pros e contras.
Ola Beth, que bom que vc esta gostando das suas ferias.
12 anos sem voltar, puxa que emocao. Eu moro/trabalho na Belgica mas tento passar o maximo de tempo que consigo no Brasil, onde alias nunca me senti escrava de coisa nenhuma, se me sinto pressa eh somente ao carinho da minha familia e dos meus amigos.
Adorei ler o comentario da Tania.
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