domingo, março 23, 2008

Coisas de mulher

O Dia Internacional da Mulher já passou (mas se querem mesmo saber, Dia da Mulher pra mim é todo dia, assim como Dia dos Namorados, Dia das Mães e por ai vai). Hoje é Domingo de Páscoa e eu não estou nem ai. Odeio falar de assuntos específicos em dias predeterminados sabe-se lá por quem ou porquê (sempre fui assim meio anárquica e avessa a tradições e odeio receber ordens). Odeio datas em que, por uma razão ou outra, somos obrigados a ser felizes. O Natal é o maior exemplo e pra quem não sabe, a época do ano em que índices de suicídio aumentam assustadoramente.... Então meus caros leitores, hoje não vou falar de Páscoa nem de chocolates e sim destes seres divinos e complicados que somos nós- as mulheres.

E como não sou a favor de roubar textos dos outros, já aviso que o texto a seguir é de autoria de Flávia Brito, do blog Sabe de uma coisa?.




Há quem faça uso da expressão “coisa de mulher” como se a coisa em questão fosse algo tão tenebroso e incompreensível que realizá-las, ou pensá-las, ou dizê-las, ou querê-las, ou conjugá-las sob qualquer outro verbo só poderia mesmo ser exclusividade da ininteligível condição feminina. Medo de barata? Coisa de mulher. Demorar no banho? Coisa de mulher. Experimentar todas as roupas do armário e sair justamente com a primeira? Coisa de mulher. Assistir ao mesmo filme água-com-açúcar pela centésima nonagésima sétima vez e chorar copiosamente como se fosse a avant premiére? Coisa de mulher. Ok, mulheres realmente fazem isso – o que não quer dizer que alguns homens também não o façam, mas isso não vem ao caso (por enquanto). O que realmente interessa são as coisas de mulher que costumam passar despercebidas, ou nem tanto. E que todas as mulheres gostariam que fossem lembradas como genuínas coisas de mulher.

Coisa de mulher é ter peito, muito além do volume delimitado pelo sutiã. E mangas, arregaçadas diariamente na lavra da parte que lhes cabe no latifúndio da vida. Foi-se o tempo em que coisa de mulher era esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque. Embora muitas vezes ainda façam esse percurso, esse não é mais o único caminho a seguir: mulheres têm a liberdade de pavimentar seu chão com suas próprias escolhas e conquistas.

Casar talvez ainda seja coisa de mulher. Mas, muito mais do que casar, coisa de mulher é amar e ser feliz. Coisa de mulher é beijar, abraçar, fazer amor ou sexo segundo sua vontade. Gozar. Curtir seu corpo e sua feminilidade. Orgulhar-se de sua sexualidade. Porque ser mulher nada tem a ver com orientação sexual, assim como passa longe de ser dependente da genética – a fêmea vem ao mundo e se faz mulher à proporção de suas vivências. Construir-se – e reconstruir-se – é coisa de mulher.

Chorar é coisa de mulher. E mulher chora fácil, e por tudo – pois, para um coração de mulher, nada há que não mereça pelo menos uma lágrima (até prova em contrário). Mas coisa de mulher, mesmo, é sorrir. O meio sorriso de Monalisa, o riso escancarado de Joana, a gargalhada cristalina de Carolina... as risadas todas, de todos os timbres, com e sem motivo. Coisa de mulher é parir. Filhos, sonhos, idéias, pensamentos, tendências – e alimentar esses frutos com o leite de seu corpo e de sua alma. Estar a postos para vê-los crescer, se agigantar, frutificar – e, dia após dia, se surpreender, orgulhosa, a lamber a cria que concebeu.

Coisas de mulher são aquelas coisinhas peculiares e encantadoras que fazem das mulheres criaturas ímpares. O encanto, a sedução, a imprevisibilidade, a altivez, o endurecer sem perder a ternura. Coisa de mulher é entender que homens e mulheres são diferentes, e que as diferenças aproximam e engrandecem as semelhanças entre ambos. Coisas de mulher não se entendem, não se enumeram, não se questionam – é sentir, e o resto flui. Ser mulher é coisa que vem do útero. Ah, benditas coisas de mulher.

4 comentários:

A que está escrita. disse...

Oi, Beth! Li esse texto lá no blog da Flávia e também o achei muito bom! Coisa boa é assim, tem que ser compartilhada!
Não moro em Paris, mas adoraria. Estou em Dijon desde o dia 31 de dezembro do ano passado e vou a Paris sempre que posso. Pena que meu tempo aqui já está no final...
Beijos muitos!

Flávia disse...

Ah, Beth, que legal! Fiquei lisonjeada com a sua visita e com a reprodução do texto aqui no seu espaço... gostei muito das suas Noites em Claro! O dia hoje está corrido, mas fique sabendo que eu volto, sim outras vezes por aqui. E deixo o convite pra voltar lá no sabe quando quiser.

Beijo, beijo, beijo.

Andrea Drewanz disse...

Muito bom este texto.
E pensar que somos tudo isso, mesmo!
:)
Bj

Anônimo disse...

Que legal reproduzir o texto dela aqui!
Sabe de uma coisa?
A Flavinha é show!
Beijos,
Paola.

Tecnologia do Blogger.

Coisas de mulher

O Dia Internacional da Mulher já passou (mas se querem mesmo saber, Dia da Mulher pra mim é todo dia, assim como Dia dos Namorados, Dia das Mães e por ai vai). Hoje é Domingo de Páscoa e eu não estou nem ai. Odeio falar de assuntos específicos em dias predeterminados sabe-se lá por quem ou porquê (sempre fui assim meio anárquica e avessa a tradições e odeio receber ordens). Odeio datas em que, por uma razão ou outra, somos obrigados a ser felizes. O Natal é o maior exemplo e pra quem não sabe, a época do ano em que índices de suicídio aumentam assustadoramente.... Então meus caros leitores, hoje não vou falar de Páscoa nem de chocolates e sim destes seres divinos e complicados que somos nós- as mulheres.

E como não sou a favor de roubar textos dos outros, já aviso que o texto a seguir é de autoria de Flávia Brito, do blog Sabe de uma coisa?.




Há quem faça uso da expressão “coisa de mulher” como se a coisa em questão fosse algo tão tenebroso e incompreensível que realizá-las, ou pensá-las, ou dizê-las, ou querê-las, ou conjugá-las sob qualquer outro verbo só poderia mesmo ser exclusividade da ininteligível condição feminina. Medo de barata? Coisa de mulher. Demorar no banho? Coisa de mulher. Experimentar todas as roupas do armário e sair justamente com a primeira? Coisa de mulher. Assistir ao mesmo filme água-com-açúcar pela centésima nonagésima sétima vez e chorar copiosamente como se fosse a avant premiére? Coisa de mulher. Ok, mulheres realmente fazem isso – o que não quer dizer que alguns homens também não o façam, mas isso não vem ao caso (por enquanto). O que realmente interessa são as coisas de mulher que costumam passar despercebidas, ou nem tanto. E que todas as mulheres gostariam que fossem lembradas como genuínas coisas de mulher.

Coisa de mulher é ter peito, muito além do volume delimitado pelo sutiã. E mangas, arregaçadas diariamente na lavra da parte que lhes cabe no latifúndio da vida. Foi-se o tempo em que coisa de mulher era esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque. Embora muitas vezes ainda façam esse percurso, esse não é mais o único caminho a seguir: mulheres têm a liberdade de pavimentar seu chão com suas próprias escolhas e conquistas.

Casar talvez ainda seja coisa de mulher. Mas, muito mais do que casar, coisa de mulher é amar e ser feliz. Coisa de mulher é beijar, abraçar, fazer amor ou sexo segundo sua vontade. Gozar. Curtir seu corpo e sua feminilidade. Orgulhar-se de sua sexualidade. Porque ser mulher nada tem a ver com orientação sexual, assim como passa longe de ser dependente da genética – a fêmea vem ao mundo e se faz mulher à proporção de suas vivências. Construir-se – e reconstruir-se – é coisa de mulher.

Chorar é coisa de mulher. E mulher chora fácil, e por tudo – pois, para um coração de mulher, nada há que não mereça pelo menos uma lágrima (até prova em contrário). Mas coisa de mulher, mesmo, é sorrir. O meio sorriso de Monalisa, o riso escancarado de Joana, a gargalhada cristalina de Carolina... as risadas todas, de todos os timbres, com e sem motivo. Coisa de mulher é parir. Filhos, sonhos, idéias, pensamentos, tendências – e alimentar esses frutos com o leite de seu corpo e de sua alma. Estar a postos para vê-los crescer, se agigantar, frutificar – e, dia após dia, se surpreender, orgulhosa, a lamber a cria que concebeu.

Coisas de mulher são aquelas coisinhas peculiares e encantadoras que fazem das mulheres criaturas ímpares. O encanto, a sedução, a imprevisibilidade, a altivez, o endurecer sem perder a ternura. Coisa de mulher é entender que homens e mulheres são diferentes, e que as diferenças aproximam e engrandecem as semelhanças entre ambos. Coisas de mulher não se entendem, não se enumeram, não se questionam – é sentir, e o resto flui. Ser mulher é coisa que vem do útero. Ah, benditas coisas de mulher.

4 comentários:

A que está escrita. disse...

Oi, Beth! Li esse texto lá no blog da Flávia e também o achei muito bom! Coisa boa é assim, tem que ser compartilhada!
Não moro em Paris, mas adoraria. Estou em Dijon desde o dia 31 de dezembro do ano passado e vou a Paris sempre que posso. Pena que meu tempo aqui já está no final...
Beijos muitos!

Flávia disse...

Ah, Beth, que legal! Fiquei lisonjeada com a sua visita e com a reprodução do texto aqui no seu espaço... gostei muito das suas Noites em Claro! O dia hoje está corrido, mas fique sabendo que eu volto, sim outras vezes por aqui. E deixo o convite pra voltar lá no sabe quando quiser.

Beijo, beijo, beijo.

Andrea Drewanz disse...

Muito bom este texto.
E pensar que somos tudo isso, mesmo!
:)
Bj

Anônimo disse...

Que legal reproduzir o texto dela aqui!
Sabe de uma coisa?
A Flavinha é show!
Beijos,
Paola.