segunda-feira, agosto 30, 2010

Leitura que faz pensar...muito!

Pra quem gosta de livros que fazem a gente pensar, cujos personagens praticamente pulam das páginas do livro pra povoar nossas vidas, eu indico The Post-Birthday World. Mais um livro instigante de Lionel Shriver, autora de We Need to Talk About Kevin (que aliás foi outro livro que me marcou muito, como comentei aqui).

Uma estória com a qual muitos se identificarão e que pode ser resumida em duas palavras: escolhas e renúncias. Literalmente. O livro é composto de duas histórias intercaladas (paralelas caberia melhor neste contexto). Ou seja: uma personagem e duas escolhas. Uma bifurcação no caminho, um momento crucial em que uma escolha é feita e dali em diante nada mais será como antes. Uma escolha que afetará vários aspectos da sua vida. Enfim, uma daquelas grandes escolhas que a vida às vezes nos obriga a fazer e da qual algumas vezes nos arrependemos.

Neste caso, a escolha é entre dois homens que ela ama - de formas bem diferentes. Um com quem ela tem há 10 anos uma relação estável e produtiva. Lawrence é um intelectual renomado pelo seu conhecimento em relações internacionais e terrorismo. Um homen sério, leal, ótimo companheiro e que a ajuda a se estabelecer profissionalmente. Ramsey, por sua vez, é um jogador de sinuca profissional, um homem impulsivo e emocional e que a faz se sentir viva. Com ele Irina descobre uma química como nunca antes havia (sen)tido. Uma estória de amor e sexualidade. Uma mulher dividida entre um amor leal e o desejo carnal - porque nem sempre os dois vem juntos no mesmo pacote! Com descrições impecáveis dos personagens e de suas emoções, o livro nos faz pensar...e muito. Porque se o companheiro ideal seria aquele em que as duas coisas se combinam, nem sempre isso acontece na vida real. Aquela estória de sexo sem amor ou amor sem sexo. Mais ou menos, porque obviamente a questão é bem mais complexa.

Depois do primeiro capítulo, todos os capítulos seguintes são, na verdade, dois capítulos (um para cada versão da estória). Muito original e instigante para o leitor que acompanha de perto as consequências das escolhas que ela faz. Eu simplesmente fiquei com o livro na cabeça durante dias...Confiram!



PS: Os livros da autora foram traduzidos no Brasil como O Mundo Pós-Aniversário e Precisamos falar sobre o Kevin. Ambos recomendados!

quarta-feira, agosto 25, 2010

Cartoons inteligentes


Sem comentários, por favor....mas tão verdadeiro! Ah, e desculpem o palavrão (mas cabe tão perfeitamente aqui que a gente até perdoa).




O dia em que descobrimos o que o sucesso realmente significa pra gente, é o dia em que descobrimos que a felicidade é uma questão pessoal. Você e mais ninguém decide o que te faz feliz - ou não! Em suma: não se esquente com o que os outros vão pensar ou deixar de pensar. Nem muito menos com o que os vizinhos irão dizer. Seja feliz à sua maneira.




Esta é certamente uma das maiores lições a serem aprendidas nesta vida - mais cedo ou mais tarde. Se você não pode derrotar o inimigo, junte-se a ele! Me lembrou até o filme Where the Wild Things Are, que comentei aqui recentemente. Em outras palavras: aceite seus monstros e aprenda a (con)viver com eles.




Agora vou confessar uma coisa: eu me incluo humildemente entre essas pessoas. Já me perdi muito por esta vida afora, mas tenho me encontrado cada dia mais. Se é que isso faz algum sentido. Só sei que gente certinha e que planeja tudo me deixa surtada. Sério!





Este é pra fechar o post com chave de ouro. Porque eu preciso aprender de uma vez por todas que o sentimento de culpa não vai mudar em nada os erros do passado. E mais, que eu não teria me tornado a pessoa que sou hoje se não fossem esses mesmos erros! Vivendo e aprendendo.




PS. O trabalho é do Alex, cartunista de 29 anos que mora em Barcelona. Tem mais aqui.

terça-feira, agosto 24, 2010

As estações



Silmara Franco é mais do que uma blogueira, ela é daquelas que já nasceu escritora! Só falta agora ser descoberta. Confiram o texto abaixo (eu morro de inveja de gente que escreve tão bem, mas é inveja branca, viu!!!)

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As Estações
O rapaz bem que tentou. Mas não conseguiu alcançar o ônibus. Correu o mais que pôde, segurando com uma das mãos o bolso da camisa e com a outra, a mochila. De nada adiantou. O motorista não o viu. Se o visse, talvez sua vida, em plena primavera, mudasse de itinerário.

Se alcançasse o ônibus, talvez visse a moça com camiseta de flor sentada no penúltimo banco. Ela é linda, e talvez eles se apaixonassem.

Se eles se apaixonassem, talvez fossem morar juntos no próximo verão.

Se eles fossem morar juntos, provavelmente já teriam montado um apartamento do jeitinho deles, com varanda para a montanha e tudo, até o outono.

Se eles montassem um apartamento do jeitinho deles, é certo que pensariam, no inverno, como seria bom ter um filho.

Que nasceria na primavera, junto com os primeiros botões de rosa da varanda.

Daria seus primeiros passos num verão.

Balbuciaria as primeiras palavras num outono.

E seria batizado num inverno.

Muitas primaveras depois, os dois voltariam ao ponto de partida: não se (re)conheceriam. E, num verão, estariam prontos para seguir novos itinerários. Cada um, o seu. Se renovariam a cada estação, sucessivamente. Assim como as plantas e os bichos.

Mas o rapaz não alcançou aquele ônibus. Que partiu levando uma das possibilidades da sua vida.

Não faz mal: dali vinte minutos chegou outra.

domingo, agosto 22, 2010

Sail Amsterdam


Liam mal chegou da Escócia sexta à noite (depois conto mais em outro post) e ontem já fomos  visitar o grande evento da semana - e um dos mais visitados eventos do ano. Sail Amsterdam é um evento organizado a cada 5 anos, na última vez que fomos Liam tinha 5 anos, agora ele tem 10.

O evento foi inaugurado com muita festa nesta quinta-feira, e encerra na segunda, dia 23. Uma procissão infindável de barcos e navios de várias partes do mundo, Portugal, Itália, Alemanha, Noruega, Suécia, Dinamarca, Rússia, Oman, Indonésia, etc. Enfim, um verdadeiro desfile de carnaval...dentro d´água!

Quase 500.000 visitantes no fim-de-semana, fogos de artifício todas as noites, shows de música espalhados por diversos pódiums, atividades para as crianças. Barraquinhas vendendo batata frita e os tradicionais kibbeling (peixe frito) e haring (arenque) tão adorados pelos locais e muito mais. Festa em Amsterdã, quem estiver por aqui não perca!



PS. Mais fotos no site do jornal Parool, aqui.

quinta-feira, agosto 19, 2010

Introspecção x Extroversão



Estava aqui pensando com meus botões, e antes que este se tornasse mais um daqueles posts mentais, decidi abrir uma nova postagem. Porque o que eu mais tenho escrito ultimamente são posts mentais (leia-se: o ócio é um perigo).

Eu sempre me considerei uma pessoa extrovertida - com crises agudas de introspecção. Sempre pronta pra bater papo horas a fim, pra encarar uma festa ou programa legal. Só que nos últimos anos tenho percebido uma mudança (nem tão sutil assim) no meu comportamento social.

Não sei de quem é a culpa - se é que pode-se usar a palavra culpa neste contexto - se foram circunstâncias da vida (aquelas decepções que todo mundo tem) ou se, com o passar dos anos, minha necessidade de estímulos externos tem se tornado cada dia menor.

Outra hipótese é que depois de 16 anos de Holanda, finalmente estou me tornando holandesa...Porque uma coisa deve ficar bem clara: os holandeses são, acima de tudo, um povo introspectivo. Poucas palavras e poucos amigos bem selecionados. O clima certamente influi no caráter deste povo, que passa a maior parte do ano dentro de casa - ou no escritório. O que torna os surtos de extroversão no verão (ou em viagens ao exterior) algo impressionante de se presenciar...É só o termômetro registrar temperaturas mais elevadas e fazer sol pras pessoas assumirem outra personalidade! Quem mora aqui sabe que não estou exagerando.

Então basta observar a natureza pra chegarmos à conclusão de que outono e inverno são propícios aos períodos de introspecção, enquanto que na primavera e no verão as pessoas tiram as manguinhas pra fora e saem a desfilar pelas ruas da cidade buscando contatos. Como as quatro estações do ano, precisamos respeitar nossas estações. Elas fazem parte de um processo pessoal. Cada coisa a seu tempo. Momentos de introspecção e isolamento intercalados com momentos de extroversão e intensos contatos sociais.

Mas confesso que tenho aprendido cada dia mais a ser feliz com a minha companhia (e não sei se isso é bom ou ruim). Aprendi a curtir minha solidão sem precisar dar satisfação a ninguém. Respeitar meus ritmos internos sem cobranças. Antigamente eu até forçava a barra e saía pra rua assim mesmo, hoje em dia não estou nem aí: se eu quero ficar em casa lendo, eu simplesmente fico em casa lendo, oras bolas!!! Parece óbvio mas tanta gente passa grande parte de suas vidas tentando ignorar seu ritmo e suas fases.

E eu preciso ficar sozinha, nem que seja pra recarregar as baterias. Duas de minhas atividades favoritas são um ode à introspecção: ler e escrever. Nesses momentos entro em contato com o mais íntimo de mim mesma - um confronto nem sempre dos mais agradáveis, admito. É quando ouço aquela vozinha que muitas vezes mal consigo distinguir no meio de tanto barulho lá fora. Um exercício aliás que todos deveriam praticar vez ou outra.

Não obstante (e com meu filho de férias), tenho sentido falta dos alunos e colegas do estágio, quando meus dias eram recheados de contatos sociais e eu chegava em casa cansada mas feliz. Ou seja, introspectivo ou extrovertido, a verdade é que ninguém pode viver sozinho! E na correria dos dias de hoje, as relações estão se tornando cada vez mais virtuais. Sem falar que as amizades hoje em dia moram em várias cidades e países e nem sempre o contato real é possível. Um mal da modernidade (e assunto para outro post).

Enfim, é preciso equilíbrio. Um equilíbrio que busco até hoje...um dia eu chego lá.

sábado, agosto 14, 2010

Selinho mágico



Este selinho eu recebi da Line, do blog Meias Palavras. Com o selinho vem a pergunta: o que é mágico para você? Então vamos lá, deixa ver se eu consigo escrever algo que faça sentido...nem que seja só pra mim mesma!

  • Mágico é saber que muitos passam pela vida da gente, mas que os amigos de verdade ficam, apesar do tempo e da distância. Mágica é a amizade verdadeira, que faz de amigos irmãos.
  • Mágico é quando a gente finalmente aprende a viver um dia depois do outro, sem olhar pra trás e sem temer o futuro.
  • Mágico é um dia entender que a felicidade está nas pequenas coisas. Numa conversa agradável, numa boa xícara de café, numa boa leitura (melhor ainda se for um dia chuvoso), num filme que nos faz chorar e nos sentir vivos. Pequenos detalhes do dia-a-dia, que muitas vezes passam despercebidos em nossas vidas atarefadas.
  • Mágico é encontrar o amor quando a gente já tinha desistido de amar...e descobrir que apesar de tudo e de todos, a gente ainda é capaz deste sentimento. E mais, se entregar a ele apesar do medo e das (inevitáveis) cicatrizes do passado.
  • Mágico é acompanhar o crescimento de um filho, desde aquela barriga grávida e pelos anos afora. Olhar praquela criança enorme e pensar: dizer que ele veio de dentro de mim! Um dos maiores milagres da vida, pura magia.
  • Mágico é encontrar a si mesmo, depois de ter se perdido. É encontrar o caminho de volta, mesmo que para isso seja preciso atravessar sozinho a escuridão.
  • Mágico é começar tudo de novo, se permitir uma nova chance de ser feliz, depois de um longo e tenebroso inverno. Seguir em frente apesar do medo. Porque estar vivo é correr riscos.
  • Mágico é saber que nunca estamos sós...


Repasso o selo para as amigas blogueiras:




sexta-feira, agosto 13, 2010

Agora, de Alejandro Amenábar

Esta semana fui ao cinema assistir Agora, do diretor espanhol Alejandro Amenábar (Abre los Ojos, Mar Adentro, The Others).

Agora é um romance de época e se passa na antiguidade romana, ano 391 D.C. A estória retrata um período conturbado de lutas e perseguições religiosas que muito nos fazem lembrar a história contemporânea...No filme vemos a expansão do fundamentalismo cristão, em que primeiro os ateus politeístas e mais tarde, os judeus, são massacrados. Uma das cenas mais fortes do filme, a destruição da Biblioteca de Alexandria, é um divisor de águas e marca o início de uma nova era.

A protagonista da trama (Rachel Weisz, uma atriz que tenho acompanhado bastante) é uma filósofa e professora de física e astronomia na Biblioteca de Alexandria. Como se não bastasse sua sede de conhecimento em uma época em que a mulher devia mais era ficar calada e aceitar sua posição inferior,  Hypatia se recusa terminantemente a se converter ao cristianismo, com consequências deploráveis. Não demora muito e ela passa a ser perseguida por ser pagã (sendo até acusada de bruxaria, como era costume).

Outro personagem-chave em vários momentos da trama (inclusive no desfecho) é o escravo Davus. Ele nutre sentimentos pela sua mestra até o dia em que decide se converter ao cristianismo. A partir desse momento, Hypatia perde um de seus maiores admiradores. Ele é ainda uma das melhores atuações no filme, um ator capaz de transmitir emoções fortes apenas através de sua expressão, com poucas palavras. Qualidade teatral.

Filme épico com direito a final trágico, vale a pena pelo capricho das imagens e pelo drama envolvente. Qualquer semelhança com o fundamentalismo na história contemporânea não é mera coincidência...Pra quem ficou curioso, o trailer está aqui:



Coffee addicts, united!




Momento fútil porque ninguém é de ferro e eu queria dar uma dica de tumblr para as viciadas em cafeína como eu!!! Já comentei recentemente como o tumblr vem virando um vício na minha vida (como se não bastasse os blogs que tanto gosto). É lá que roubo des-ca-ra-da-men-te grande parte das imagens que aparecem por aqui. No mais, nada como um bom tumblr num dia de chuva: eye candy. E sim, hoje está chovendo aqui em Amsterdã...

Pois este aqui é pra fazer o dia dos amantes de um bom café (ou chá). Acompanhado ou não de um biscoitinho, tortinha, muffin...já fiquei com água na boca.  E agora com licença que vou lá preparar um cafezinho...Pena que os biscoitos já tenham acabado.


quarta-feira, agosto 11, 2010

A guarda alternada, 5 anos depois

Depois que instalei o Feedjit, percebi que diariamente aparece alguém com uma pesquisa no google sobre guarda alternada, sendo este um dos posts mais visitados aqui no blog. Então como não tenho mesmo nada pra fazer, e como sei que falta informação sobre o assunto, resolvi fazer um update.

Já se foram quase 5 anos de guarda alternada, meu filho tinha cinco anos quando nos separamos e começamos o novo projeto. E confesso que tem dado mais certo do que errado. E como não deu mesmo pra ficar junto (às vezes não dá mesmo, né?), ao menos não preciso me sentir culpada por ter tirado o pai dele. Muito pelo contrário, com a guarda alternada ele hoje tem mais contato com o pai do que teria se estivéssemos morando os três sob o mesmo teto - uma daquelas ironias da vida. Sim, porque a gente divide os cuidados muito melhor do que antes.

Também é um grande alívio saber que o fato de ser divorciada não é necessariamente sinônimo de ser mãe solteira...Pelo menos não no meu caso mas admito que tive sorte (senão na escolha do parceiro, na escolha do pai do meu filho). E hoje tenho o grande luxo de ter tempo pra mim mesma, já que revezamos o cuidado do menino: uma semana aqui, outra lá (moramos no mesmo bairro, o que facilita muito). E quem é mãe sabe o LUXO que é ter tempo pra si mesma, principalmente nos primeiros anos de maternidade. Ainda mais quando não há família por perto pra ajudar nem grana pra creche ou coisa parecida.

No mais, o divórcio não deveria ser a primeira solução em uma crise - acho que deve-se tentar outras soluções antes de desistir - mas é preciso saber a hora de desistir (largar o osso, como dizia uma amiga). Pior do que o divórcio é viver um inferno dentro de casa. Ninguém merece: nem você, nem o parceiro e muito menos os filhos que não escolheram essa situação. E num mundo ideal, os casais viveriam felizes para sempre em casas bonitas e limpas e decoradas com muito bom gosto. Num mundo ideal, os filhos seriam felizes o tempo todo, não teriam problemas em casa nem na escola, e nunca ficariam doentes! Infelizmente, este mundo ideal só existe nos contos de fadas...isso até aparecer uma bruxa malvada pra estragar tudo!
 
Só sei que cinco anos depois do divórcio, hoje sou uma pessoa muito mais feliz e uma mãe muito melhor do que seria se tivesse mantido o que não podia mais ser mantido. Sofri muito nos últimos anos do meu casamento e verdade seja dita: nenhum filho merece uma mãe deprimida. E nem adianta querer procurar a culpa porque quando uma mãe fica deprimida é porque muita coisa já estava errada há muito tempo - experiência que vivi e não desejo a ninguém. E nem adianta culpar a mãe porque depressão é doença - quem ainda não sabe disso deve se informar urgentemente.

Enfim, entre mortos e feridos, sobrevivemos. E o que tinha tudo pra acabar mal, acabou melhor do que eu poderia imaginar. Não digo que seja uma situação ideal criar um filho em duas casas, mas hoje ele é feliz porque tem uma mãe e um pai inteiros e em condição de dar o melhor de si mesmos, individualmente. Não é pouca coisa, acreditem! Basta olhar à minha volta...

E o post acabou ficando (bem) mais longo do que eu planejava.

segunda-feira, agosto 09, 2010

4 anos de blog!




Lá se foram 4 anos de blog! Aventuras e desventuras, dúvidas e certezas, ganhos e perdas. Especulações, divagações e escrivinhações. Livros, filmes e mais livros. Dias de sol intercalados com dias de chuva, no sentido literal e figurado porque assim é a vida. Muita coisa ficou registrada por aqui, um outro tanto ficou nas entrelinhas. Alguns posts mentais (e não foram poucos, admito) nem chegaram a ser publicados. Ou por não serem dignos, ou por serem inapropriados! No mais, as palavras tem poder então é preciso cautela  - e sim, sabedoria para não se expor demais.

O melhor de tudo foram as novas amizades que fiz graças a este espaço, devagar e sempre porque não há pressa quando se trata de sentimentos genuínos. O melhor foi descobrir que não estou sozinha neste mundo afora. Encontrar afinidades aqui e ali faz a gente se sentir menos só. E embora as possibilidades de encontro no mundo de hoje sejam inúmeras, um encontro de almas é sempre motivo de profunda alegria. Porque muitos passam, alguns ficam. E esses poucos já fazem a vida valer a pena! Pessoas que passam a fazer parte de nossas vidas sem nunca sequer termos nos encontrado fisicamente.

Hoje quero fazer um brinde às novas e velhas amizades, um brinde a mim e a você!

quinta-feira, agosto 05, 2010

Escócia: Whale Watching



Meu filho não apenas está curtindo as férias na Escócia como já ligou duas vezes - a primeira anteontem pra dizer que mal estavam no barco indo pra Shetland e já vislumbraram uma minke whale!!! Não é de se surpreender: esta é a melhor época do ano pra ser ver baleias e o lugar não poderia ter sido melhor. As ilhas Shetland e Orkney são um dos melhores lugares para se ver baleias, assim como a Noruega (onde eles infelizmente ainda fazem caça às baleias e por isso meu filho se recusa a pisar os pés lá).

Pra quem não sabe, a Escócia é um dos 10 melhores lugares do mundo para ver BALEIAS.  Os outros são Alasca e Califórnia nos EUA, Ilhas Açores e África do Sul na África, Noruega, Islândia, Vancouver Island e Espanha. Para mais informações, leia aqui.

E pra quem ficou curioso, tem fotos das ilhas aqui: islands of Scotland.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Me rendi ao Twitter!

Pura falta do que fazer, claro. Chove em Amsterdã, meu filho está de férias na Escócia e meu estágio acabou há semanas...Resultado, além de devorar Petite Anglaise (que rendeu uns bons posts por aqui), mexi aqui e ali nas configurações do blog, dei uma lida nos blogs dos amigos pra me atualizar e li as manchetes dos jornais online.

E quando me dei conta, lá estava eu criando uma conta no Twitter...que obviamente ainda nem sei usar então qualquer dica será mais do que bem-vinda!!! Sim, mordi a língua mais uma vez, caros amigos. Logo eu que sempre disse que não gosto deste negócio de Facebook nem vejo a razão de ser de sites como o Twitter.

Verdade seja dita: é preciso manter-se atualizado. Não dá mesmo pra fugir de certas ferramentas de comunicação hoje em dia. Só me pergunto se vou aguentar esta nova avalanche de informações...sem falar que sou muito prolixa e 144 caracteres me parecem uma grande sacanagem! Quem sabe assim aprendo a ser mais direta, rsrsrsrs.

Então a gente se vê por aí. E agora vou lá assistir Third Rock from the Sun, uma das séries que descobri nos últimos tempos e com a qual tenho dado ótimas risadas.



PS. O pássaro azul da ilustração é da artista Geninne, que descobri há temos e continuo adorando.

terça-feira, agosto 03, 2010

Overexposure

Continuando o post anterior sobre a Petite Anglaise, acabei de devorar o livro e quem gosta de chick-lit vai adorar (sim, ela escreve muito bem). Ao mesmo tempo, me vi divagando quanto à necessidade um tanto autodestrutiva de expor tanto drama e tanta emoção à flor da pele de forma tão inconsequente. Isso foi o que mais me impressionou no livro - justamente por ser uma estória verídica e não apenas mais uma chick lit. Fiquei perplexa (e irritada) ao ver alguém tão articulado e inteligente se expôr de forma tão imatura e ingênua... quase adolescente! E sim, como não poderia deixar de ser, mais cedo ou mais tarde o sonho acabou (mais cedo do que tarde) e ela teve de lidar sozinha com as consequências de tanta exposição. No mundo dos blogs (e creio também das redes sociais) é assim: quem estabelece os limites é você. Você é que decide até que ponto deseja ou não se expor...depois não venha reclamar!


To cut a long story short, Petite Anglaise não apenas traiu o parceiro e pai de sua filha (e a questão que eu quero levantar aqui nem é essa porque existem situações e situações e quem sou eu pra atirar a primeira pedra) como descreveu em detalhes o caso no seu blog, pra quem quiser ler - e dar sua opinião! No blog (e no livro baseado nele) ela descreve todos os encontros com seu Lover, fala mal do ex-marido mesmo enquanto ainda vivem sobre o mesmo teto e por ai vai. Como se não bastasse, ainda tem a santa ingenuidade de fazer planos tipo mudar de cidade e morar no campo com o amor da sua vida em menos de 6 meses de uma relação a distância, em que eles mais escrevem um para o outro do que se encontram (ela mora em Paris e ele em Rennes, a três horas de trem).

Tenho de confessar uma coisa, quanto mais eu lia, mais irritada ficava com tanta ingenuidade (se o amor é cego, a paixão então nem se fala) e acima de tudo, com a necessidade de exposição beirando o exibicionismo (daí o título deste post). Cada encontro, cada briga, tudo é postado religiosamente no blog. Petite Anglaise toma as rédeas da relação, com todas as consequências envolvidas. E as consequências não são poucos quando a pessoa deixa sua persona definir sua vida. Não fiquei nada admirada quando menos de um ano depois do início de uma relação turbulenta, o tal Lover terminou tudo com a desculpa de que a amava, mas não o bastante. Se eu estivesse no lugar dele, teria pulado fora na primeira oportunidade também!!!

Enfim, o livro mexeu comigo porque como blogueira entendo mais do que ninguém a necessidade que alguns tem de escrever para tentar entender melhor o que está acontecendo à nossa volta e principalmente, dentro de nós (eu mesma já me expus muito, mas aprendi a tempo de me salvar). A constante necessidade de ser o centro do universo, o hábito de viver olhando pro próprio umbigo e esquecer de tudo que não se relaciona direto aos seus próprios dramas. Felizmente tenho aprendido a mudar isso porque a gente um dia amadurece...

E tem mais, já vivi o bastante pra saber que todo relacionamento passa por crises - algumas incontornáveis - por períodos difíceis em que damos dois ou mais passos pra trás antes de prosseguir. Sem falar nas brigas em que ninguém ganha e a relação só perde. Casal que diz que nunca briga ou está mentindo ou não briga porque há tempos já perdeu o interesse no outro e não está nem aí pro que o parceiro pensa ou deixa de pensar. Muitos casais vivem vidas paralelas onde a tolerância beira a indiferença, e onde a rotina é a única que mantém tudo em movimento. E se eles acham que podem ser felizes assim, melhor pra eles. Minha idéia de relacionamento ideal passa beeeeeeem longe disso. Por outro lado, insistir em querer uma relação só de paixão como nos primeiros tempos é imaturidade emocional. Porque na sequência natural dos acontecimentos, a paixão morre e vira amor...ou não. É assim em todo relacionamento.

Enfim, um livro que me fez pensar, ainda mais pra quem é blogueiro e passou por experiências semelhantes. Tanto que há tempos não escrevo um post tão longo quanto este!

Ela mesma admite

ATENÇÃO: SPOILER.  Extraído do livro Petite Anglaise.

When James feel in love with petite anglaise and came into our lives, I willingly clambered on to a rollercoaster. There were moments when I doubted the wisdom of my actions. Moments when I worried that the blog was living my life for me, or pushing me to reveal more than I should to satisfy my thirst - and my readers´thirst - for drama, for material, so that the show must go on. Petite anglaise looked on with interested detachment, using me as a guinea pig, a lab rat, placing me in ever more unexpected situations to see how I would react. All the while furiously scribbling, documenting my emotions, recording my every move.

Maybe it wasn´t really James I fell in love with, I think to myself with a sudden blinding flash of clarity. Would it not be fair to say that I fell for my own words, or the image of myself that he reflected back at me, the carefully constructed, larger than life version of me: petite anglaise? Everything she wrote was in some way calculated to charm and seduce, and hadn´t James been the most tangible proof of her success?

segunda-feira, agosto 02, 2010

Petite Anglaise, o blog e o livro

Semana passada esbarrei na biblioteca central em um livro cuja capa me chamou a atenção (e não apenas por ser cor-de-rosa mas por conter a palavra mágica Paris). Qual não foi a minha surpresa ao ler na contracapa que o livro se originou de um blog de uma expat inglesa em Paris (o que me remeteu ao livro e filme Julie & Julia, que comentei aqui antes). Desnecessário dizer, foi o suficiente pra eu decidir levar o livro pra casa. E desde então ando submersa nas aventuras e desventuras de uma certa inglesa na minha cidade favorita.

Como eu também sou blogueira, o livro acaba tendo um sabor especial...tanto que ele inevitavelmente me levou ao famoso blog da autora (lamento informar mas o blog é em inglês). E lendo uns posts aqui e ali me deparei com uma descrição de uma visita dela a um souk em Marrakesh e me vi novamente naquela Medina de Sousse na Tunísia, que comentei recentemente aqui!!! Admito que estas palavras poderiam ter sido escritas por mim - mas vou simplesmente copiar e colar o texto dela aqui porque afinal de contas, ela é a escritora:


As I plunge into the narrow passageways my nostrils are assaulted by a million unfamiliar odours. Leather, scented wood and incense, sewerage, donkey droppings and spices. The heat and blinding light of the open alleyways give way to cool dimness; light filters through the woven ceilings in dusty diagonal stripes. The stalls are covered with a profusion of goods of all colours, shapes and sizes. They are grouped by trade, and I pass through the slipper souk, the jeweller’s souk, the tanner’s souk and a square where spices are sold and chameleons and tiny tortoises roam in cages. Through doorways I can see woodcarvers, blacksmiths and dyers at work, a man deftly gripping a chair leg with his toes while he files with his hands. It’s a sensory overload, a fascinating glimpse into a world which seems to have changed little through the centuries. If only I felt comfortable enough to linger, take pictures and soak up the atmosphere.

Sadly, I don’t. I move quickly, eyes hidden behind my sunglasses to avoid eye contact with the stall owners. “Some vendors are aggressive to the brink of assault”, claims the Lonely Planet. I wouldn’t go that far, but the constant onslaught of attention is exhausting, intimidating. As a tourist, and as a lone woman I am seen as a soft target, an easy prey. I can’t move an inch without someone trying to solicit my attention. The catcalls vary from friendly to impatient to annoyed if I don’t deign to stop.


Agora com licença que eu vou lá ler mais um pouco...Depois eu volto com mais dicas e novidades!


PS. Para os curiosos, o blog dela está aqui, embora ela tenha escrito no penúltimo post que decidiu parar de blogar por escolha pessoal. Parece que agora ela só quer dedicar seu tempo a escrever livros e substituiu as postagens no blog pelo Facebook e Twitter...Uma pena.
Tecnologia do Blogger.

Leitura que faz pensar...muito!

Pra quem gosta de livros que fazem a gente pensar, cujos personagens praticamente pulam das páginas do livro pra povoar nossas vidas, eu indico The Post-Birthday World. Mais um livro instigante de Lionel Shriver, autora de We Need to Talk About Kevin (que aliás foi outro livro que me marcou muito, como comentei aqui).

Uma estória com a qual muitos se identificarão e que pode ser resumida em duas palavras: escolhas e renúncias. Literalmente. O livro é composto de duas histórias intercaladas (paralelas caberia melhor neste contexto). Ou seja: uma personagem e duas escolhas. Uma bifurcação no caminho, um momento crucial em que uma escolha é feita e dali em diante nada mais será como antes. Uma escolha que afetará vários aspectos da sua vida. Enfim, uma daquelas grandes escolhas que a vida às vezes nos obriga a fazer e da qual algumas vezes nos arrependemos.

Neste caso, a escolha é entre dois homens que ela ama - de formas bem diferentes. Um com quem ela tem há 10 anos uma relação estável e produtiva. Lawrence é um intelectual renomado pelo seu conhecimento em relações internacionais e terrorismo. Um homen sério, leal, ótimo companheiro e que a ajuda a se estabelecer profissionalmente. Ramsey, por sua vez, é um jogador de sinuca profissional, um homem impulsivo e emocional e que a faz se sentir viva. Com ele Irina descobre uma química como nunca antes havia (sen)tido. Uma estória de amor e sexualidade. Uma mulher dividida entre um amor leal e o desejo carnal - porque nem sempre os dois vem juntos no mesmo pacote! Com descrições impecáveis dos personagens e de suas emoções, o livro nos faz pensar...e muito. Porque se o companheiro ideal seria aquele em que as duas coisas se combinam, nem sempre isso acontece na vida real. Aquela estória de sexo sem amor ou amor sem sexo. Mais ou menos, porque obviamente a questão é bem mais complexa.

Depois do primeiro capítulo, todos os capítulos seguintes são, na verdade, dois capítulos (um para cada versão da estória). Muito original e instigante para o leitor que acompanha de perto as consequências das escolhas que ela faz. Eu simplesmente fiquei com o livro na cabeça durante dias...Confiram!



PS: Os livros da autora foram traduzidos no Brasil como O Mundo Pós-Aniversário e Precisamos falar sobre o Kevin. Ambos recomendados!

Cartoons inteligentes


Sem comentários, por favor....mas tão verdadeiro! Ah, e desculpem o palavrão (mas cabe tão perfeitamente aqui que a gente até perdoa).




O dia em que descobrimos o que o sucesso realmente significa pra gente, é o dia em que descobrimos que a felicidade é uma questão pessoal. Você e mais ninguém decide o que te faz feliz - ou não! Em suma: não se esquente com o que os outros vão pensar ou deixar de pensar. Nem muito menos com o que os vizinhos irão dizer. Seja feliz à sua maneira.




Esta é certamente uma das maiores lições a serem aprendidas nesta vida - mais cedo ou mais tarde. Se você não pode derrotar o inimigo, junte-se a ele! Me lembrou até o filme Where the Wild Things Are, que comentei aqui recentemente. Em outras palavras: aceite seus monstros e aprenda a (con)viver com eles.




Agora vou confessar uma coisa: eu me incluo humildemente entre essas pessoas. Já me perdi muito por esta vida afora, mas tenho me encontrado cada dia mais. Se é que isso faz algum sentido. Só sei que gente certinha e que planeja tudo me deixa surtada. Sério!





Este é pra fechar o post com chave de ouro. Porque eu preciso aprender de uma vez por todas que o sentimento de culpa não vai mudar em nada os erros do passado. E mais, que eu não teria me tornado a pessoa que sou hoje se não fossem esses mesmos erros! Vivendo e aprendendo.




PS. O trabalho é do Alex, cartunista de 29 anos que mora em Barcelona. Tem mais aqui.

As estações



Silmara Franco é mais do que uma blogueira, ela é daquelas que já nasceu escritora! Só falta agora ser descoberta. Confiram o texto abaixo (eu morro de inveja de gente que escreve tão bem, mas é inveja branca, viu!!!)

---------------------------------------------------------------

As Estações
O rapaz bem que tentou. Mas não conseguiu alcançar o ônibus. Correu o mais que pôde, segurando com uma das mãos o bolso da camisa e com a outra, a mochila. De nada adiantou. O motorista não o viu. Se o visse, talvez sua vida, em plena primavera, mudasse de itinerário.

Se alcançasse o ônibus, talvez visse a moça com camiseta de flor sentada no penúltimo banco. Ela é linda, e talvez eles se apaixonassem.

Se eles se apaixonassem, talvez fossem morar juntos no próximo verão.

Se eles fossem morar juntos, provavelmente já teriam montado um apartamento do jeitinho deles, com varanda para a montanha e tudo, até o outono.

Se eles montassem um apartamento do jeitinho deles, é certo que pensariam, no inverno, como seria bom ter um filho.

Que nasceria na primavera, junto com os primeiros botões de rosa da varanda.

Daria seus primeiros passos num verão.

Balbuciaria as primeiras palavras num outono.

E seria batizado num inverno.

Muitas primaveras depois, os dois voltariam ao ponto de partida: não se (re)conheceriam. E, num verão, estariam prontos para seguir novos itinerários. Cada um, o seu. Se renovariam a cada estação, sucessivamente. Assim como as plantas e os bichos.

Mas o rapaz não alcançou aquele ônibus. Que partiu levando uma das possibilidades da sua vida.

Não faz mal: dali vinte minutos chegou outra.

Sail Amsterdam


Liam mal chegou da Escócia sexta à noite (depois conto mais em outro post) e ontem já fomos  visitar o grande evento da semana - e um dos mais visitados eventos do ano. Sail Amsterdam é um evento organizado a cada 5 anos, na última vez que fomos Liam tinha 5 anos, agora ele tem 10.

O evento foi inaugurado com muita festa nesta quinta-feira, e encerra na segunda, dia 23. Uma procissão infindável de barcos e navios de várias partes do mundo, Portugal, Itália, Alemanha, Noruega, Suécia, Dinamarca, Rússia, Oman, Indonésia, etc. Enfim, um verdadeiro desfile de carnaval...dentro d´água!

Quase 500.000 visitantes no fim-de-semana, fogos de artifício todas as noites, shows de música espalhados por diversos pódiums, atividades para as crianças. Barraquinhas vendendo batata frita e os tradicionais kibbeling (peixe frito) e haring (arenque) tão adorados pelos locais e muito mais. Festa em Amsterdã, quem estiver por aqui não perca!



PS. Mais fotos no site do jornal Parool, aqui.

Introspecção x Extroversão



Estava aqui pensando com meus botões, e antes que este se tornasse mais um daqueles posts mentais, decidi abrir uma nova postagem. Porque o que eu mais tenho escrito ultimamente são posts mentais (leia-se: o ócio é um perigo).

Eu sempre me considerei uma pessoa extrovertida - com crises agudas de introspecção. Sempre pronta pra bater papo horas a fim, pra encarar uma festa ou programa legal. Só que nos últimos anos tenho percebido uma mudança (nem tão sutil assim) no meu comportamento social.

Não sei de quem é a culpa - se é que pode-se usar a palavra culpa neste contexto - se foram circunstâncias da vida (aquelas decepções que todo mundo tem) ou se, com o passar dos anos, minha necessidade de estímulos externos tem se tornado cada dia menor.

Outra hipótese é que depois de 16 anos de Holanda, finalmente estou me tornando holandesa...Porque uma coisa deve ficar bem clara: os holandeses são, acima de tudo, um povo introspectivo. Poucas palavras e poucos amigos bem selecionados. O clima certamente influi no caráter deste povo, que passa a maior parte do ano dentro de casa - ou no escritório. O que torna os surtos de extroversão no verão (ou em viagens ao exterior) algo impressionante de se presenciar...É só o termômetro registrar temperaturas mais elevadas e fazer sol pras pessoas assumirem outra personalidade! Quem mora aqui sabe que não estou exagerando.

Então basta observar a natureza pra chegarmos à conclusão de que outono e inverno são propícios aos períodos de introspecção, enquanto que na primavera e no verão as pessoas tiram as manguinhas pra fora e saem a desfilar pelas ruas da cidade buscando contatos. Como as quatro estações do ano, precisamos respeitar nossas estações. Elas fazem parte de um processo pessoal. Cada coisa a seu tempo. Momentos de introspecção e isolamento intercalados com momentos de extroversão e intensos contatos sociais.

Mas confesso que tenho aprendido cada dia mais a ser feliz com a minha companhia (e não sei se isso é bom ou ruim). Aprendi a curtir minha solidão sem precisar dar satisfação a ninguém. Respeitar meus ritmos internos sem cobranças. Antigamente eu até forçava a barra e saía pra rua assim mesmo, hoje em dia não estou nem aí: se eu quero ficar em casa lendo, eu simplesmente fico em casa lendo, oras bolas!!! Parece óbvio mas tanta gente passa grande parte de suas vidas tentando ignorar seu ritmo e suas fases.

E eu preciso ficar sozinha, nem que seja pra recarregar as baterias. Duas de minhas atividades favoritas são um ode à introspecção: ler e escrever. Nesses momentos entro em contato com o mais íntimo de mim mesma - um confronto nem sempre dos mais agradáveis, admito. É quando ouço aquela vozinha que muitas vezes mal consigo distinguir no meio de tanto barulho lá fora. Um exercício aliás que todos deveriam praticar vez ou outra.

Não obstante (e com meu filho de férias), tenho sentido falta dos alunos e colegas do estágio, quando meus dias eram recheados de contatos sociais e eu chegava em casa cansada mas feliz. Ou seja, introspectivo ou extrovertido, a verdade é que ninguém pode viver sozinho! E na correria dos dias de hoje, as relações estão se tornando cada vez mais virtuais. Sem falar que as amizades hoje em dia moram em várias cidades e países e nem sempre o contato real é possível. Um mal da modernidade (e assunto para outro post).

Enfim, é preciso equilíbrio. Um equilíbrio que busco até hoje...um dia eu chego lá.

Selinho mágico



Este selinho eu recebi da Line, do blog Meias Palavras. Com o selinho vem a pergunta: o que é mágico para você? Então vamos lá, deixa ver se eu consigo escrever algo que faça sentido...nem que seja só pra mim mesma!

  • Mágico é saber que muitos passam pela vida da gente, mas que os amigos de verdade ficam, apesar do tempo e da distância. Mágica é a amizade verdadeira, que faz de amigos irmãos.
  • Mágico é quando a gente finalmente aprende a viver um dia depois do outro, sem olhar pra trás e sem temer o futuro.
  • Mágico é um dia entender que a felicidade está nas pequenas coisas. Numa conversa agradável, numa boa xícara de café, numa boa leitura (melhor ainda se for um dia chuvoso), num filme que nos faz chorar e nos sentir vivos. Pequenos detalhes do dia-a-dia, que muitas vezes passam despercebidos em nossas vidas atarefadas.
  • Mágico é encontrar o amor quando a gente já tinha desistido de amar...e descobrir que apesar de tudo e de todos, a gente ainda é capaz deste sentimento. E mais, se entregar a ele apesar do medo e das (inevitáveis) cicatrizes do passado.
  • Mágico é acompanhar o crescimento de um filho, desde aquela barriga grávida e pelos anos afora. Olhar praquela criança enorme e pensar: dizer que ele veio de dentro de mim! Um dos maiores milagres da vida, pura magia.
  • Mágico é encontrar a si mesmo, depois de ter se perdido. É encontrar o caminho de volta, mesmo que para isso seja preciso atravessar sozinho a escuridão.
  • Mágico é começar tudo de novo, se permitir uma nova chance de ser feliz, depois de um longo e tenebroso inverno. Seguir em frente apesar do medo. Porque estar vivo é correr riscos.
  • Mágico é saber que nunca estamos sós...


Repasso o selo para as amigas blogueiras:




Agora, de Alejandro Amenábar

Esta semana fui ao cinema assistir Agora, do diretor espanhol Alejandro Amenábar (Abre los Ojos, Mar Adentro, The Others).

Agora é um romance de época e se passa na antiguidade romana, ano 391 D.C. A estória retrata um período conturbado de lutas e perseguições religiosas que muito nos fazem lembrar a história contemporânea...No filme vemos a expansão do fundamentalismo cristão, em que primeiro os ateus politeístas e mais tarde, os judeus, são massacrados. Uma das cenas mais fortes do filme, a destruição da Biblioteca de Alexandria, é um divisor de águas e marca o início de uma nova era.

A protagonista da trama (Rachel Weisz, uma atriz que tenho acompanhado bastante) é uma filósofa e professora de física e astronomia na Biblioteca de Alexandria. Como se não bastasse sua sede de conhecimento em uma época em que a mulher devia mais era ficar calada e aceitar sua posição inferior,  Hypatia se recusa terminantemente a se converter ao cristianismo, com consequências deploráveis. Não demora muito e ela passa a ser perseguida por ser pagã (sendo até acusada de bruxaria, como era costume).

Outro personagem-chave em vários momentos da trama (inclusive no desfecho) é o escravo Davus. Ele nutre sentimentos pela sua mestra até o dia em que decide se converter ao cristianismo. A partir desse momento, Hypatia perde um de seus maiores admiradores. Ele é ainda uma das melhores atuações no filme, um ator capaz de transmitir emoções fortes apenas através de sua expressão, com poucas palavras. Qualidade teatral.

Filme épico com direito a final trágico, vale a pena pelo capricho das imagens e pelo drama envolvente. Qualquer semelhança com o fundamentalismo na história contemporânea não é mera coincidência...Pra quem ficou curioso, o trailer está aqui:



Coffee addicts, united!




Momento fútil porque ninguém é de ferro e eu queria dar uma dica de tumblr para as viciadas em cafeína como eu!!! Já comentei recentemente como o tumblr vem virando um vício na minha vida (como se não bastasse os blogs que tanto gosto). É lá que roubo des-ca-ra-da-men-te grande parte das imagens que aparecem por aqui. No mais, nada como um bom tumblr num dia de chuva: eye candy. E sim, hoje está chovendo aqui em Amsterdã...

Pois este aqui é pra fazer o dia dos amantes de um bom café (ou chá). Acompanhado ou não de um biscoitinho, tortinha, muffin...já fiquei com água na boca.  E agora com licença que vou lá preparar um cafezinho...Pena que os biscoitos já tenham acabado.


A guarda alternada, 5 anos depois

Depois que instalei o Feedjit, percebi que diariamente aparece alguém com uma pesquisa no google sobre guarda alternada, sendo este um dos posts mais visitados aqui no blog. Então como não tenho mesmo nada pra fazer, e como sei que falta informação sobre o assunto, resolvi fazer um update.

Já se foram quase 5 anos de guarda alternada, meu filho tinha cinco anos quando nos separamos e começamos o novo projeto. E confesso que tem dado mais certo do que errado. E como não deu mesmo pra ficar junto (às vezes não dá mesmo, né?), ao menos não preciso me sentir culpada por ter tirado o pai dele. Muito pelo contrário, com a guarda alternada ele hoje tem mais contato com o pai do que teria se estivéssemos morando os três sob o mesmo teto - uma daquelas ironias da vida. Sim, porque a gente divide os cuidados muito melhor do que antes.

Também é um grande alívio saber que o fato de ser divorciada não é necessariamente sinônimo de ser mãe solteira...Pelo menos não no meu caso mas admito que tive sorte (senão na escolha do parceiro, na escolha do pai do meu filho). E hoje tenho o grande luxo de ter tempo pra mim mesma, já que revezamos o cuidado do menino: uma semana aqui, outra lá (moramos no mesmo bairro, o que facilita muito). E quem é mãe sabe o LUXO que é ter tempo pra si mesma, principalmente nos primeiros anos de maternidade. Ainda mais quando não há família por perto pra ajudar nem grana pra creche ou coisa parecida.

No mais, o divórcio não deveria ser a primeira solução em uma crise - acho que deve-se tentar outras soluções antes de desistir - mas é preciso saber a hora de desistir (largar o osso, como dizia uma amiga). Pior do que o divórcio é viver um inferno dentro de casa. Ninguém merece: nem você, nem o parceiro e muito menos os filhos que não escolheram essa situação. E num mundo ideal, os casais viveriam felizes para sempre em casas bonitas e limpas e decoradas com muito bom gosto. Num mundo ideal, os filhos seriam felizes o tempo todo, não teriam problemas em casa nem na escola, e nunca ficariam doentes! Infelizmente, este mundo ideal só existe nos contos de fadas...isso até aparecer uma bruxa malvada pra estragar tudo!
 
Só sei que cinco anos depois do divórcio, hoje sou uma pessoa muito mais feliz e uma mãe muito melhor do que seria se tivesse mantido o que não podia mais ser mantido. Sofri muito nos últimos anos do meu casamento e verdade seja dita: nenhum filho merece uma mãe deprimida. E nem adianta querer procurar a culpa porque quando uma mãe fica deprimida é porque muita coisa já estava errada há muito tempo - experiência que vivi e não desejo a ninguém. E nem adianta culpar a mãe porque depressão é doença - quem ainda não sabe disso deve se informar urgentemente.

Enfim, entre mortos e feridos, sobrevivemos. E o que tinha tudo pra acabar mal, acabou melhor do que eu poderia imaginar. Não digo que seja uma situação ideal criar um filho em duas casas, mas hoje ele é feliz porque tem uma mãe e um pai inteiros e em condição de dar o melhor de si mesmos, individualmente. Não é pouca coisa, acreditem! Basta olhar à minha volta...

E o post acabou ficando (bem) mais longo do que eu planejava.

4 anos de blog!




Lá se foram 4 anos de blog! Aventuras e desventuras, dúvidas e certezas, ganhos e perdas. Especulações, divagações e escrivinhações. Livros, filmes e mais livros. Dias de sol intercalados com dias de chuva, no sentido literal e figurado porque assim é a vida. Muita coisa ficou registrada por aqui, um outro tanto ficou nas entrelinhas. Alguns posts mentais (e não foram poucos, admito) nem chegaram a ser publicados. Ou por não serem dignos, ou por serem inapropriados! No mais, as palavras tem poder então é preciso cautela  - e sim, sabedoria para não se expor demais.

O melhor de tudo foram as novas amizades que fiz graças a este espaço, devagar e sempre porque não há pressa quando se trata de sentimentos genuínos. O melhor foi descobrir que não estou sozinha neste mundo afora. Encontrar afinidades aqui e ali faz a gente se sentir menos só. E embora as possibilidades de encontro no mundo de hoje sejam inúmeras, um encontro de almas é sempre motivo de profunda alegria. Porque muitos passam, alguns ficam. E esses poucos já fazem a vida valer a pena! Pessoas que passam a fazer parte de nossas vidas sem nunca sequer termos nos encontrado fisicamente.

Hoje quero fazer um brinde às novas e velhas amizades, um brinde a mim e a você!

Escócia: Whale Watching



Meu filho não apenas está curtindo as férias na Escócia como já ligou duas vezes - a primeira anteontem pra dizer que mal estavam no barco indo pra Shetland e já vislumbraram uma minke whale!!! Não é de se surpreender: esta é a melhor época do ano pra ser ver baleias e o lugar não poderia ter sido melhor. As ilhas Shetland e Orkney são um dos melhores lugares para se ver baleias, assim como a Noruega (onde eles infelizmente ainda fazem caça às baleias e por isso meu filho se recusa a pisar os pés lá).

Pra quem não sabe, a Escócia é um dos 10 melhores lugares do mundo para ver BALEIAS.  Os outros são Alasca e Califórnia nos EUA, Ilhas Açores e África do Sul na África, Noruega, Islândia, Vancouver Island e Espanha. Para mais informações, leia aqui.

E pra quem ficou curioso, tem fotos das ilhas aqui: islands of Scotland.

Me rendi ao Twitter!

Pura falta do que fazer, claro. Chove em Amsterdã, meu filho está de férias na Escócia e meu estágio acabou há semanas...Resultado, além de devorar Petite Anglaise (que rendeu uns bons posts por aqui), mexi aqui e ali nas configurações do blog, dei uma lida nos blogs dos amigos pra me atualizar e li as manchetes dos jornais online.

E quando me dei conta, lá estava eu criando uma conta no Twitter...que obviamente ainda nem sei usar então qualquer dica será mais do que bem-vinda!!! Sim, mordi a língua mais uma vez, caros amigos. Logo eu que sempre disse que não gosto deste negócio de Facebook nem vejo a razão de ser de sites como o Twitter.

Verdade seja dita: é preciso manter-se atualizado. Não dá mesmo pra fugir de certas ferramentas de comunicação hoje em dia. Só me pergunto se vou aguentar esta nova avalanche de informações...sem falar que sou muito prolixa e 144 caracteres me parecem uma grande sacanagem! Quem sabe assim aprendo a ser mais direta, rsrsrsrs.

Então a gente se vê por aí. E agora vou lá assistir Third Rock from the Sun, uma das séries que descobri nos últimos tempos e com a qual tenho dado ótimas risadas.



PS. O pássaro azul da ilustração é da artista Geninne, que descobri há temos e continuo adorando.

Overexposure

Continuando o post anterior sobre a Petite Anglaise, acabei de devorar o livro e quem gosta de chick-lit vai adorar (sim, ela escreve muito bem). Ao mesmo tempo, me vi divagando quanto à necessidade um tanto autodestrutiva de expor tanto drama e tanta emoção à flor da pele de forma tão inconsequente. Isso foi o que mais me impressionou no livro - justamente por ser uma estória verídica e não apenas mais uma chick lit. Fiquei perplexa (e irritada) ao ver alguém tão articulado e inteligente se expôr de forma tão imatura e ingênua... quase adolescente! E sim, como não poderia deixar de ser, mais cedo ou mais tarde o sonho acabou (mais cedo do que tarde) e ela teve de lidar sozinha com as consequências de tanta exposição. No mundo dos blogs (e creio também das redes sociais) é assim: quem estabelece os limites é você. Você é que decide até que ponto deseja ou não se expor...depois não venha reclamar!


To cut a long story short, Petite Anglaise não apenas traiu o parceiro e pai de sua filha (e a questão que eu quero levantar aqui nem é essa porque existem situações e situações e quem sou eu pra atirar a primeira pedra) como descreveu em detalhes o caso no seu blog, pra quem quiser ler - e dar sua opinião! No blog (e no livro baseado nele) ela descreve todos os encontros com seu Lover, fala mal do ex-marido mesmo enquanto ainda vivem sobre o mesmo teto e por ai vai. Como se não bastasse, ainda tem a santa ingenuidade de fazer planos tipo mudar de cidade e morar no campo com o amor da sua vida em menos de 6 meses de uma relação a distância, em que eles mais escrevem um para o outro do que se encontram (ela mora em Paris e ele em Rennes, a três horas de trem).

Tenho de confessar uma coisa, quanto mais eu lia, mais irritada ficava com tanta ingenuidade (se o amor é cego, a paixão então nem se fala) e acima de tudo, com a necessidade de exposição beirando o exibicionismo (daí o título deste post). Cada encontro, cada briga, tudo é postado religiosamente no blog. Petite Anglaise toma as rédeas da relação, com todas as consequências envolvidas. E as consequências não são poucos quando a pessoa deixa sua persona definir sua vida. Não fiquei nada admirada quando menos de um ano depois do início de uma relação turbulenta, o tal Lover terminou tudo com a desculpa de que a amava, mas não o bastante. Se eu estivesse no lugar dele, teria pulado fora na primeira oportunidade também!!!

Enfim, o livro mexeu comigo porque como blogueira entendo mais do que ninguém a necessidade que alguns tem de escrever para tentar entender melhor o que está acontecendo à nossa volta e principalmente, dentro de nós (eu mesma já me expus muito, mas aprendi a tempo de me salvar). A constante necessidade de ser o centro do universo, o hábito de viver olhando pro próprio umbigo e esquecer de tudo que não se relaciona direto aos seus próprios dramas. Felizmente tenho aprendido a mudar isso porque a gente um dia amadurece...

E tem mais, já vivi o bastante pra saber que todo relacionamento passa por crises - algumas incontornáveis - por períodos difíceis em que damos dois ou mais passos pra trás antes de prosseguir. Sem falar nas brigas em que ninguém ganha e a relação só perde. Casal que diz que nunca briga ou está mentindo ou não briga porque há tempos já perdeu o interesse no outro e não está nem aí pro que o parceiro pensa ou deixa de pensar. Muitos casais vivem vidas paralelas onde a tolerância beira a indiferença, e onde a rotina é a única que mantém tudo em movimento. E se eles acham que podem ser felizes assim, melhor pra eles. Minha idéia de relacionamento ideal passa beeeeeeem longe disso. Por outro lado, insistir em querer uma relação só de paixão como nos primeiros tempos é imaturidade emocional. Porque na sequência natural dos acontecimentos, a paixão morre e vira amor...ou não. É assim em todo relacionamento.

Enfim, um livro que me fez pensar, ainda mais pra quem é blogueiro e passou por experiências semelhantes. Tanto que há tempos não escrevo um post tão longo quanto este!

Ela mesma admite

ATENÇÃO: SPOILER.  Extraído do livro Petite Anglaise.

When James feel in love with petite anglaise and came into our lives, I willingly clambered on to a rollercoaster. There were moments when I doubted the wisdom of my actions. Moments when I worried that the blog was living my life for me, or pushing me to reveal more than I should to satisfy my thirst - and my readers´thirst - for drama, for material, so that the show must go on. Petite anglaise looked on with interested detachment, using me as a guinea pig, a lab rat, placing me in ever more unexpected situations to see how I would react. All the while furiously scribbling, documenting my emotions, recording my every move.

Maybe it wasn´t really James I fell in love with, I think to myself with a sudden blinding flash of clarity. Would it not be fair to say that I fell for my own words, or the image of myself that he reflected back at me, the carefully constructed, larger than life version of me: petite anglaise? Everything she wrote was in some way calculated to charm and seduce, and hadn´t James been the most tangible proof of her success?

Petite Anglaise, o blog e o livro

Semana passada esbarrei na biblioteca central em um livro cuja capa me chamou a atenção (e não apenas por ser cor-de-rosa mas por conter a palavra mágica Paris). Qual não foi a minha surpresa ao ler na contracapa que o livro se originou de um blog de uma expat inglesa em Paris (o que me remeteu ao livro e filme Julie & Julia, que comentei aqui antes). Desnecessário dizer, foi o suficiente pra eu decidir levar o livro pra casa. E desde então ando submersa nas aventuras e desventuras de uma certa inglesa na minha cidade favorita.

Como eu também sou blogueira, o livro acaba tendo um sabor especial...tanto que ele inevitavelmente me levou ao famoso blog da autora (lamento informar mas o blog é em inglês). E lendo uns posts aqui e ali me deparei com uma descrição de uma visita dela a um souk em Marrakesh e me vi novamente naquela Medina de Sousse na Tunísia, que comentei recentemente aqui!!! Admito que estas palavras poderiam ter sido escritas por mim - mas vou simplesmente copiar e colar o texto dela aqui porque afinal de contas, ela é a escritora:


As I plunge into the narrow passageways my nostrils are assaulted by a million unfamiliar odours. Leather, scented wood and incense, sewerage, donkey droppings and spices. The heat and blinding light of the open alleyways give way to cool dimness; light filters through the woven ceilings in dusty diagonal stripes. The stalls are covered with a profusion of goods of all colours, shapes and sizes. They are grouped by trade, and I pass through the slipper souk, the jeweller’s souk, the tanner’s souk and a square where spices are sold and chameleons and tiny tortoises roam in cages. Through doorways I can see woodcarvers, blacksmiths and dyers at work, a man deftly gripping a chair leg with his toes while he files with his hands. It’s a sensory overload, a fascinating glimpse into a world which seems to have changed little through the centuries. If only I felt comfortable enough to linger, take pictures and soak up the atmosphere.

Sadly, I don’t. I move quickly, eyes hidden behind my sunglasses to avoid eye contact with the stall owners. “Some vendors are aggressive to the brink of assault”, claims the Lonely Planet. I wouldn’t go that far, but the constant onslaught of attention is exhausting, intimidating. As a tourist, and as a lone woman I am seen as a soft target, an easy prey. I can’t move an inch without someone trying to solicit my attention. The catcalls vary from friendly to impatient to annoyed if I don’t deign to stop.


Agora com licença que eu vou lá ler mais um pouco...Depois eu volto com mais dicas e novidades!


PS. Para os curiosos, o blog dela está aqui, embora ela tenha escrito no penúltimo post que decidiu parar de blogar por escolha pessoal. Parece que agora ela só quer dedicar seu tempo a escrever livros e substituiu as postagens no blog pelo Facebook e Twitter...Uma pena.