quarta-feira, agosto 28, 2013

Começo das aulas: escolas na Holanda



Nesta segunda-feira Liam voltou às aulas, depois de 7 (longas) semanas de férias. Infelizmente este ano não rolou viagem ao Brasil, mas ano que vem rola (se Deus quiser).

Este segundo ano do HAVO promete ser bem mais puxado pois ele terá três matérias novas: física, alemão e economia. Fora o alemão, ele ainda tem aulas de holandês, inglês e espanhol desde o primeiro ano (e tira notas acima da média em idiomas, acho que puxou à mãe hehehe).

Mas deixa eu explicar como funciona o ensino secundário aqui na Holanda...Aqui as escolas são públicas mas o ensino é bastante elitista. Ou seja, as escolas são para todos mas são divididas em três tipos: VMBO (formação técnica profissionalizante), HAVO (formação teórica que prepara para a escola superior (Hoge School), VWO (formação teórica e única que oferece acesso direto à universidade). Pra vocês terem uma idéia, 60 % de todos os estudantes vai para o VMBO.  Os 40 % restantes vão para o HAVO (20%) e VWO (20%). A maioria esmagadora dos filhos de imigrantes vai para o VMBO simplesmente porque o nível de holandês e matemática é baixo demais para os outros níveis. Moral da estória, no HAVO-VWO a maioria dos alunos são holandeses, com uns poucos filhos de imigrantes cujos pais tem alto nível de educação. Quanto mais alto o nível de ensino, mais alunos louros de olhos azuis...eu avisei que o sistema aqui era elitista, né? Pois é.

Complicado mas é assim que as escolas funcionam aqui. Enquanto no Brasil todos cursam o mesmo segundo grau (e quem tem grana garante uma boa escola particular), aqui a trajetória escolar é definida com 12 anos...é possível terminar o HAVO e fazer mais dois anos de VWO (o que é o plano aqui em casa) mas quem faz VMBO raramente consegue ir para o HAVO porque as aulas são de caráter prático e profissionalizante, eles não tem história, geografia e muito menos aulas de física, química e economia!

Apesar deste sistema elitista que literalmente "bloqueia" o acesso de alunos de meios menos privilegiados, ao menos quem consegue ir para o HAVO-VWO recebe uma boa formação. Nas escolas daqui, os alunos aprendem no mínimo quatro idiomas (holandês, inglês e alemão são obrigatórios, as escolas decidem ainda se darão francês ou espanhol). Imagina quanto uma escola dessas custaria no Brasil! Uma amiga me disse que no Rio eu teria de "desembolsar" uns 1000 reais de mensalidade para uma boa escola particular! E eles mal aprendem inglês nas escolas...

Moral da estória, a Holanda mudou muito nos últimos 19 anos desde que cheguei aqui, mas ainda está anos luz na frente do Brasil em termos de educação, por exemplo. O ensino pode ser elitista mas ao menos é público! Contraditório mas enfim...


PS: Esqueci de dizer que o VMBO dura 3 ou 4 anos, o HAVO dura 5 anos e o VWO dura 6 anos...Ou seja, o ensino secundário na Holanda dura de 4 a 6 anos, dependendo do tipo de escola.


quarta-feira, agosto 21, 2013

A dieta: aspecto emocional



A dieta vai bem, obrigada. E espero que eles estejam certos quando dizem que as primeiras duas semanas (eu diria o primeiro mês) são as mais difíceis. Porque estas primeiras duas semanas foram tranquilas e eu perdi os primeiros 3 kgs (quase 4 kgs). Agora convenhamos, não é uma questão de "fechar a boca" como alguns pensam e sim redescobrir (recriar) sua relação com a comida. Especialmente no meu caso, porque há anos adquiri o hábito de comer para me consolar:  comida = conforto. Nos períodos difíceis da minha vida, como nos dois anos antes de (finalmente) me divorciar mas também recentemente, a comida era o meu maior conforto.

E eu não tenho vergonha de admitir que tenho um problema com comida (sou "viciada" mesmo)...e digo mais, acho que a maioria das pessoas que sofre de excesso de peso (certamente aquelas que estão mais de 10, 20 kgs acima do peso) geralmente tem problemas emocionais. E ao invés de lidar com eles (haja terapia, né?), elas tentam "tapar o sol com a peneira" atacando a geladeira! E sofrem com as consequências.

Para alguns, estar ciente deste aspecto emocional já é meio caminho andado...Aprender a lidar com emoções desconfortáveis sem recorrer a uma torta ou barra de chocolate como consolo. Identificar seus "catalizadores": você come quando está triste? ansioso? ou simplesmente entediado? (sem falar que depressão e distúrbios de comida andam de mãos dadas: algumas mulheres emagrecem, muitas engordam). Então é preciso adestrar seus "monstros" antes que eles façam um estrago ainda maior do que já fizeram. Simples e ao mesmo tempo, difícil pra caramba.

O segundo aspecto essencial pra perder peso é a motivação. Sem motivação de verdade, não adianta nem começar. É aquele momento da sua vida em que você diz: chega, eu não quero mais isso. Eu não quero mais ser esta pessoa. Eu mereço uma vida saudável, melhor qualidade de vida. É hora de cuidar de mim mesma! E não se iludam: esta motivação vem de dentro - e não porque seu namorado ou amiga ou mãe disse que você está gorda. E quando ela finalmente chega, você tem de se agarrar a ela com toda força.

Engraçado é que eu ia escrever um post com dicas rápidas pra quem quer começar uma dieta e acabei falando de outro aspecto - na verdade, muito mais importante. Porque quem conhece esta blogueira sabe que eu não fujo de tabus, eu falo quando muitos calam, eu digo o que muitos pensam mas não tem coragem de dizer...enfim, esta sou eu!

As dicas de dieta (que tem funcionado comigo) ficam para o próximo post!


quinta-feira, agosto 15, 2013

A dieta





Pois então...depois de quase 5 anos sem fazer dieta de espécie alguma (shame on you), chegou o grande momento. Porque existe um momento em que você decide realmente mudar. Um momento em que diz: chega, cansei de ser gorda. Pois este momento chegou. É agora ou nunca (comigo é assim).

Há cinco anos atrás, eu fui a uma dietista e fiz uma reeducação alimentar (porque acreditem: dieta não funciona e dietas milagrosas não existem). Em quatro meses, emagreci cerca de 12 kgs - sem passar fome e comendo refeições saudáveis - e baixei um tamanho de roupas (de 48 para 46). Bem verdade que era apenas o começo de um longo processo...Consegui manter o novo peso por cerca de um ano e tudo estava dando certo, eu nadando 3x por semana, até que tive uma hérnia de disco. Fui obrigada a ficar de repouso ANTES e DEPOIS da operação, foram meses até a (maldita) dor na coluna realmente "sumir".


Desde então, recuperei todo o peso perdido e ainda ganhei uns 5 kgs na viagem ao Brasil em 2011 (que ainda não perdi porque ganhar peso é fácil, perder é que são elas). Enfim, tem muito trabalho pela frente. A boa notícia é que se eu fiz uma vez e deu certo (e deu mesmo), agora vou fazer de novo e vai dar certo também. Estou praticamente revendo a dieta de 2008, usando um caderno para anotar tudo que como e bebo (ótima dica da dietista para se ter controle do consumo, e não necessariamente de calorias mas de alimentos mesmo).

Semana passada tive a primeira consulta com a nova dietista e agora acabei de voltar da segunda consulta. Os primeiros 2kgs já se foram até porque, pra quem está muito acima do peso como eu (preciso perder uns 30 kgs mas até com 20 kgs hoje em dia eu já fico feliz da vida), os primeiros 5 kgs a gente perde sem muito esforço. É a tal retenção de líquidos, né? Claro que só de pensar em 30kgs a gente surta então dividi em metas menores: primeiro 10kgs, depois mais 10kgs e assim vamos seguindo. Tudo com muita calma, porque não é indicado perder peso muito rápido, 1kg por semana (4 kgs por mês) é ideal. Assim sendo, marquei uma data no meu calendário: meu aniversário em dezembro! Até lá pretendo perder no mínimo 10 kgs, talvez até uns 12kgs se eu entrar numa rotina de atividade física.

Então agora é andar mais de bicicleta (e aqui na Holanda as ciclovias são ótimas então esta desculpa eu não tenho) e o mais importante no quesito atividade física: voltar a nadar! Porque nadar é praticamente o único esporte que eu realmente curto...e eu parei há mais de 2 anos!

Enfim, só pra deixar registrado. Torçam por mim porque a estrada é longa mas eu consigo...um dia de cada vez!


domingo, agosto 04, 2013

(In)feliz por comparação



Engraçado como as coisas funcionam dentro da cabeça da gente e como alguns hábitos são duros de se mudar! O hábito de comparar a nossa felicidade com a dos outros, por exemplo. Provavelmente um dos piores hábitos que existe. Sabem aquela estória de "a grama do vizinho sempre é mais verde"? Pois é.

Em determinadas fases da vida em que as coisas parecem não querer "desandar" e a gente continua esperando aquela virada de maré, é difícil a gente não se comparar com pessoas que parecem ter tudo "sob controle" (nem que seja apenas superficialmente, o que também acontece). Em alguns aspectos da minha vida - certamente no aspecto profissional - eu fico pensando porque tudo pra mim é tão difícil enquanto outras pessoas estão lá acordando cedo, tomando café e indo trabalhar todo dia sem precisar pensar duas vezes no significado de suas vidas. Eu fico pensando porque algumas pessoas tem mais sorte do que as outras - e claro que determinação e esforço próprio também contam (já estou ouvindo até as vozes de algumas pessoas). Mas a verdade é que a sorte também é um fator que muitos ignoram. Geralmente são os mais jovens e inexperientes, que acham que a vida pode ser 100% construída, o que é uma meia verdade e quem acumulou experiências pela vida afora sabe muito bem disso. Porque é possível sim construir nossos destinos até um certo grau - mas muita coisa independe do nosso controle (e como a vida seria mais fácil se pudessemos controlar tudo que acontece com a gente). São fatores externos pelos quais não temos o menor controle. E quem passou ou passa por isso, sabe exatamente do que estou falando. Sem falar que até os trinta e poucos anos, temos um amplo leque de oportunidades, e com o passar dos anos elas vão se tornando mais escassas. É aquela velha estória: ter filhos e fazer carreira a gente faz lá pelos trinta anos. Depois ainda é possível mas fica bem mais difícil. Já vi por exemplo mulheres que decidiram investir na carreira e acabaram tendo filhos depois dos 40 anos. Ou pior, mulheres que chegaram nesta idade e descobriram que não podiam mais engravidar. Enfim, problema todo mundo tem, né?

Mas vamos ao que interessa. Eu fiz uma descoberta nos últimos tempos. Existem duas maneiras bem distintas de encararmos nossas vidas: a gente pode comparar com quem está melhor e se sentir infeliz (e existe muita gente em situação melhor). Ou pode comparar com quem está pior e se sentir feliz (e existe muita gente em situação pior). Escrevendo assim parece tão óbvio (e para algumas pessoas é mesmo) mas este tem sido um exercício árduo nos últimos tempos. Porque ainda existem pedras no meu caminho. Sem falar que alguns problemas parecem insistir em não ir embora (a gente pode até tentar ignorá-los mas eles sempre voltam). Enfim, a luta continua. O que me faz lembrar de outro velho ditado: o que não me mata, me fortalece. Sim, eu adoro um clichê.

Recentemente tive um grande insight ao assistir um documentário sobre jovens prostitutas nas Filipinas, o tal turismo sexual (provavelmente o maior setor da economia local). No programa, duas estudantes universitárias holandesas foram enviadas para passar uma semana convivendo com jovens prostitutas (muitas delas menores de idade). E isso resultou em cenas comoventes, que me levaram às lágrimas. Porque sim, caros leitores, ainda há muita injustiça por este mundo afora e muita gente não tem mesmo sorte. Claro que se trata de uma "situação extrema" mas por outro lado, este problema é comum em vários países pobres, até mesmo no nosso Brasil com seu tão proclamado "booming econômico". O que me lembra outro documentário que vi na tv holandesa alguns anos atrás sobre prostitutas em Recife, muitas delas jovens de 14 anos (ou menos). Dá vontade de chorar mesmo - e de bater nesses homens que se acham no direito de tratar essas mulheres como uma espécie de boneca inflável, sem sentimentos e vontade própria.

Enfim, depois do documentário nas Filipinas, inevitavelmente comparei a minha vida com a dessas jovens mulheres sem perspectiva de futuro (algumas mães solteiras) e de repente todos os meus problemas se tornaram relativos! Sim, meus problemas ainda existem mas a verdade é que poderia ser muito pior.

Pra encurtar a estória, fiz uma promessa a mim mesma: toda vez que eu estiver triste com algumas circunstâncias da minha vida, eu vou me lembrar dessas meninas. Acho que era isso que eu queria dizer hoje.
Tecnologia do Blogger.

Começo das aulas: escolas na Holanda



Nesta segunda-feira Liam voltou às aulas, depois de 7 (longas) semanas de férias. Infelizmente este ano não rolou viagem ao Brasil, mas ano que vem rola (se Deus quiser).

Este segundo ano do HAVO promete ser bem mais puxado pois ele terá três matérias novas: física, alemão e economia. Fora o alemão, ele ainda tem aulas de holandês, inglês e espanhol desde o primeiro ano (e tira notas acima da média em idiomas, acho que puxou à mãe hehehe).

Mas deixa eu explicar como funciona o ensino secundário aqui na Holanda...Aqui as escolas são públicas mas o ensino é bastante elitista. Ou seja, as escolas são para todos mas são divididas em três tipos: VMBO (formação técnica profissionalizante), HAVO (formação teórica que prepara para a escola superior (Hoge School), VWO (formação teórica e única que oferece acesso direto à universidade). Pra vocês terem uma idéia, 60 % de todos os estudantes vai para o VMBO.  Os 40 % restantes vão para o HAVO (20%) e VWO (20%). A maioria esmagadora dos filhos de imigrantes vai para o VMBO simplesmente porque o nível de holandês e matemática é baixo demais para os outros níveis. Moral da estória, no HAVO-VWO a maioria dos alunos são holandeses, com uns poucos filhos de imigrantes cujos pais tem alto nível de educação. Quanto mais alto o nível de ensino, mais alunos louros de olhos azuis...eu avisei que o sistema aqui era elitista, né? Pois é.

Complicado mas é assim que as escolas funcionam aqui. Enquanto no Brasil todos cursam o mesmo segundo grau (e quem tem grana garante uma boa escola particular), aqui a trajetória escolar é definida com 12 anos...é possível terminar o HAVO e fazer mais dois anos de VWO (o que é o plano aqui em casa) mas quem faz VMBO raramente consegue ir para o HAVO porque as aulas são de caráter prático e profissionalizante, eles não tem história, geografia e muito menos aulas de física, química e economia!

Apesar deste sistema elitista que literalmente "bloqueia" o acesso de alunos de meios menos privilegiados, ao menos quem consegue ir para o HAVO-VWO recebe uma boa formação. Nas escolas daqui, os alunos aprendem no mínimo quatro idiomas (holandês, inglês e alemão são obrigatórios, as escolas decidem ainda se darão francês ou espanhol). Imagina quanto uma escola dessas custaria no Brasil! Uma amiga me disse que no Rio eu teria de "desembolsar" uns 1000 reais de mensalidade para uma boa escola particular! E eles mal aprendem inglês nas escolas...

Moral da estória, a Holanda mudou muito nos últimos 19 anos desde que cheguei aqui, mas ainda está anos luz na frente do Brasil em termos de educação, por exemplo. O ensino pode ser elitista mas ao menos é público! Contraditório mas enfim...


PS: Esqueci de dizer que o VMBO dura 3 ou 4 anos, o HAVO dura 5 anos e o VWO dura 6 anos...Ou seja, o ensino secundário na Holanda dura de 4 a 6 anos, dependendo do tipo de escola.


A dieta: aspecto emocional



A dieta vai bem, obrigada. E espero que eles estejam certos quando dizem que as primeiras duas semanas (eu diria o primeiro mês) são as mais difíceis. Porque estas primeiras duas semanas foram tranquilas e eu perdi os primeiros 3 kgs (quase 4 kgs). Agora convenhamos, não é uma questão de "fechar a boca" como alguns pensam e sim redescobrir (recriar) sua relação com a comida. Especialmente no meu caso, porque há anos adquiri o hábito de comer para me consolar:  comida = conforto. Nos períodos difíceis da minha vida, como nos dois anos antes de (finalmente) me divorciar mas também recentemente, a comida era o meu maior conforto.

E eu não tenho vergonha de admitir que tenho um problema com comida (sou "viciada" mesmo)...e digo mais, acho que a maioria das pessoas que sofre de excesso de peso (certamente aquelas que estão mais de 10, 20 kgs acima do peso) geralmente tem problemas emocionais. E ao invés de lidar com eles (haja terapia, né?), elas tentam "tapar o sol com a peneira" atacando a geladeira! E sofrem com as consequências.

Para alguns, estar ciente deste aspecto emocional já é meio caminho andado...Aprender a lidar com emoções desconfortáveis sem recorrer a uma torta ou barra de chocolate como consolo. Identificar seus "catalizadores": você come quando está triste? ansioso? ou simplesmente entediado? (sem falar que depressão e distúrbios de comida andam de mãos dadas: algumas mulheres emagrecem, muitas engordam). Então é preciso adestrar seus "monstros" antes que eles façam um estrago ainda maior do que já fizeram. Simples e ao mesmo tempo, difícil pra caramba.

O segundo aspecto essencial pra perder peso é a motivação. Sem motivação de verdade, não adianta nem começar. É aquele momento da sua vida em que você diz: chega, eu não quero mais isso. Eu não quero mais ser esta pessoa. Eu mereço uma vida saudável, melhor qualidade de vida. É hora de cuidar de mim mesma! E não se iludam: esta motivação vem de dentro - e não porque seu namorado ou amiga ou mãe disse que você está gorda. E quando ela finalmente chega, você tem de se agarrar a ela com toda força.

Engraçado é que eu ia escrever um post com dicas rápidas pra quem quer começar uma dieta e acabei falando de outro aspecto - na verdade, muito mais importante. Porque quem conhece esta blogueira sabe que eu não fujo de tabus, eu falo quando muitos calam, eu digo o que muitos pensam mas não tem coragem de dizer...enfim, esta sou eu!

As dicas de dieta (que tem funcionado comigo) ficam para o próximo post!


A dieta





Pois então...depois de quase 5 anos sem fazer dieta de espécie alguma (shame on you), chegou o grande momento. Porque existe um momento em que você decide realmente mudar. Um momento em que diz: chega, cansei de ser gorda. Pois este momento chegou. É agora ou nunca (comigo é assim).

Há cinco anos atrás, eu fui a uma dietista e fiz uma reeducação alimentar (porque acreditem: dieta não funciona e dietas milagrosas não existem). Em quatro meses, emagreci cerca de 12 kgs - sem passar fome e comendo refeições saudáveis - e baixei um tamanho de roupas (de 48 para 46). Bem verdade que era apenas o começo de um longo processo...Consegui manter o novo peso por cerca de um ano e tudo estava dando certo, eu nadando 3x por semana, até que tive uma hérnia de disco. Fui obrigada a ficar de repouso ANTES e DEPOIS da operação, foram meses até a (maldita) dor na coluna realmente "sumir".


Desde então, recuperei todo o peso perdido e ainda ganhei uns 5 kgs na viagem ao Brasil em 2011 (que ainda não perdi porque ganhar peso é fácil, perder é que são elas). Enfim, tem muito trabalho pela frente. A boa notícia é que se eu fiz uma vez e deu certo (e deu mesmo), agora vou fazer de novo e vai dar certo também. Estou praticamente revendo a dieta de 2008, usando um caderno para anotar tudo que como e bebo (ótima dica da dietista para se ter controle do consumo, e não necessariamente de calorias mas de alimentos mesmo).

Semana passada tive a primeira consulta com a nova dietista e agora acabei de voltar da segunda consulta. Os primeiros 2kgs já se foram até porque, pra quem está muito acima do peso como eu (preciso perder uns 30 kgs mas até com 20 kgs hoje em dia eu já fico feliz da vida), os primeiros 5 kgs a gente perde sem muito esforço. É a tal retenção de líquidos, né? Claro que só de pensar em 30kgs a gente surta então dividi em metas menores: primeiro 10kgs, depois mais 10kgs e assim vamos seguindo. Tudo com muita calma, porque não é indicado perder peso muito rápido, 1kg por semana (4 kgs por mês) é ideal. Assim sendo, marquei uma data no meu calendário: meu aniversário em dezembro! Até lá pretendo perder no mínimo 10 kgs, talvez até uns 12kgs se eu entrar numa rotina de atividade física.

Então agora é andar mais de bicicleta (e aqui na Holanda as ciclovias são ótimas então esta desculpa eu não tenho) e o mais importante no quesito atividade física: voltar a nadar! Porque nadar é praticamente o único esporte que eu realmente curto...e eu parei há mais de 2 anos!

Enfim, só pra deixar registrado. Torçam por mim porque a estrada é longa mas eu consigo...um dia de cada vez!


(In)feliz por comparação



Engraçado como as coisas funcionam dentro da cabeça da gente e como alguns hábitos são duros de se mudar! O hábito de comparar a nossa felicidade com a dos outros, por exemplo. Provavelmente um dos piores hábitos que existe. Sabem aquela estória de "a grama do vizinho sempre é mais verde"? Pois é.

Em determinadas fases da vida em que as coisas parecem não querer "desandar" e a gente continua esperando aquela virada de maré, é difícil a gente não se comparar com pessoas que parecem ter tudo "sob controle" (nem que seja apenas superficialmente, o que também acontece). Em alguns aspectos da minha vida - certamente no aspecto profissional - eu fico pensando porque tudo pra mim é tão difícil enquanto outras pessoas estão lá acordando cedo, tomando café e indo trabalhar todo dia sem precisar pensar duas vezes no significado de suas vidas. Eu fico pensando porque algumas pessoas tem mais sorte do que as outras - e claro que determinação e esforço próprio também contam (já estou ouvindo até as vozes de algumas pessoas). Mas a verdade é que a sorte também é um fator que muitos ignoram. Geralmente são os mais jovens e inexperientes, que acham que a vida pode ser 100% construída, o que é uma meia verdade e quem acumulou experiências pela vida afora sabe muito bem disso. Porque é possível sim construir nossos destinos até um certo grau - mas muita coisa independe do nosso controle (e como a vida seria mais fácil se pudessemos controlar tudo que acontece com a gente). São fatores externos pelos quais não temos o menor controle. E quem passou ou passa por isso, sabe exatamente do que estou falando. Sem falar que até os trinta e poucos anos, temos um amplo leque de oportunidades, e com o passar dos anos elas vão se tornando mais escassas. É aquela velha estória: ter filhos e fazer carreira a gente faz lá pelos trinta anos. Depois ainda é possível mas fica bem mais difícil. Já vi por exemplo mulheres que decidiram investir na carreira e acabaram tendo filhos depois dos 40 anos. Ou pior, mulheres que chegaram nesta idade e descobriram que não podiam mais engravidar. Enfim, problema todo mundo tem, né?

Mas vamos ao que interessa. Eu fiz uma descoberta nos últimos tempos. Existem duas maneiras bem distintas de encararmos nossas vidas: a gente pode comparar com quem está melhor e se sentir infeliz (e existe muita gente em situação melhor). Ou pode comparar com quem está pior e se sentir feliz (e existe muita gente em situação pior). Escrevendo assim parece tão óbvio (e para algumas pessoas é mesmo) mas este tem sido um exercício árduo nos últimos tempos. Porque ainda existem pedras no meu caminho. Sem falar que alguns problemas parecem insistir em não ir embora (a gente pode até tentar ignorá-los mas eles sempre voltam). Enfim, a luta continua. O que me faz lembrar de outro velho ditado: o que não me mata, me fortalece. Sim, eu adoro um clichê.

Recentemente tive um grande insight ao assistir um documentário sobre jovens prostitutas nas Filipinas, o tal turismo sexual (provavelmente o maior setor da economia local). No programa, duas estudantes universitárias holandesas foram enviadas para passar uma semana convivendo com jovens prostitutas (muitas delas menores de idade). E isso resultou em cenas comoventes, que me levaram às lágrimas. Porque sim, caros leitores, ainda há muita injustiça por este mundo afora e muita gente não tem mesmo sorte. Claro que se trata de uma "situação extrema" mas por outro lado, este problema é comum em vários países pobres, até mesmo no nosso Brasil com seu tão proclamado "booming econômico". O que me lembra outro documentário que vi na tv holandesa alguns anos atrás sobre prostitutas em Recife, muitas delas jovens de 14 anos (ou menos). Dá vontade de chorar mesmo - e de bater nesses homens que se acham no direito de tratar essas mulheres como uma espécie de boneca inflável, sem sentimentos e vontade própria.

Enfim, depois do documentário nas Filipinas, inevitavelmente comparei a minha vida com a dessas jovens mulheres sem perspectiva de futuro (algumas mães solteiras) e de repente todos os meus problemas se tornaram relativos! Sim, meus problemas ainda existem mas a verdade é que poderia ser muito pior.

Pra encurtar a estória, fiz uma promessa a mim mesma: toda vez que eu estiver triste com algumas circunstâncias da minha vida, eu vou me lembrar dessas meninas. Acho que era isso que eu queria dizer hoje.