terça-feira, outubro 30, 2007

Gothic Fair



Domingo passado foi como se eu tivesse entrado numa Máquina do Tempo (ao estilo daquele seriado cult da minha infância, quem se lembra do Dr. Smith?) e voltado uns 20 anos atrás...É que fui com F. numa feira gótica realizada duas vezes por ano perto de Haia (onde ele mora e onde eu moro nos fins-de-semana, pra quem ainda não percebeu). E há muito tempo que não via tanta gente de preto em um mesmo lugar! Era gótico pra todo lado, muita roupa preta, botas e coturnos, saias rendadas, corsetes justíssimos e meias-arrastão, cabelos bem transados (e aqui a regra de ouro é: quanto mais esquisito melhor). Em suma, muita gente bonita!

Na feira tinha de tudo pra todos os gostos, eram cerca de 500 barraquinhas vendendo desde roupas no estilo gótico, muita bijoux de prata, bolsas da Emily the Strange e Corpse Bride, até barracas vendendo CDs e DVDs de bandas goth metal etc, espadas e facas artesanais (o F. se empolgou e comprou uma espada japonesa autêntica e eu acho que daqui em diante vou me comportar muito bem, hehehe). Além de barracas vendendo coisas que não podem faltar em um ritual tradicional de bruxaria (leia-se Wicca) e uma barraca solitária onde se podia fazer uma consulta de tarô (eu como faço minhas próprias consultas em casa não entrei na fila, estou falando sério). Teve ainda show ao vivo de duas bandas no domingo, a segunda assistimos um pouco e gostei muito, uma mistura de sons da Idade Média com música tradicional irlandesa (celta), no estilo pagan folk. A banda alemã se chama Faun, têm vários álbuns lançados e vou pedir pro F. baixar umas músicas deles da net pra mim. Principalmente porque me fez lembrar uma de minhas bandas favoritas de todos os tempos, Dead Can Dance.

Com todo este clima, inevitavelmente me lembrei dos tempos em que eu era gótica, ou melhor dizendo dark (termo infeliz criado pela mídia no início dos anos 80, ai como a gente odiava aquele termo, hehehe). É que aquilo não era apenas uma questão de gosto musical mas acima de tudo, de estilo de vida...e eu levava tudo muito a sério, claro! Tempos em que passava os fins-de-semana inteiros no Crepúsculo de Cubatão (saudades daquela pista de dança e daquele bar escuro onde tomei muitos porres de kamikaze com minha amiga V.). Tempos em que eu só tinha roupas pretas no meu guarda-roupa, pintava meus cabelos de preto e em dias de profunda depressão (ou mau-humor) saía na noite de batom preto (porque batom preto de dia também é demais!!!). Tempos em que me trancava no quarto pra ouvir Bauhaus, Joy Division, Siouxsie e The Cure para desespero da minha mãe...Falando assim pode até parecer engraçado (e de certa forma é...essas fases da vida da gente), mas hoje posso afirmar que foi uma das épocas mais marcantes da minha vida. Basta dizer que dois dos meus melhores amigos, que conheço há mais de 20 anos, conheci naquela época!

segunda-feira, outubro 22, 2007

Dedicated to You (2)



Because I hate seeing you sad.
(I hope you feel better now)



Hope you don´t mind
I hope you don´t mind

that I put down in words
how wonderful life is
now you´re in the world
(Your Song)

quinta-feira, outubro 18, 2007

Os ratinhos de novo!


Com a vida dupla que venho levando nos últimos tempos (isso que dá ser mãe dia de semana e namorada no fim-de-semana), me vi obrigada a assistir o mesmo filme duas vezes. É que semanas atrás, como comentei por aqui, assisti Ratatouille com o F. e meu filho ficou chateado porque não fui assistir com ele. Então pra evitar uma crise aguda de ciúme, prometi assistir o filme de novo. Tem horas que é preciso rebolar muito para agradar a gregos e troianos (leia-se: filho, ex-marido e namorado). Por sorte sou fã de carteirinha dos filmes da Pixar, então não chegou a ser um sacrifício rever Ratatouille, muito pelo contrário.

Aproveitei a semana de férias escolares - aqui tem férias o ano todo, nem queiram saber - e fui pro cinema com o Liam hoje. Desta vez assisti não a versão original mas a versão dublada, numa sala cheia de crianças!!! E confesso que, apesar de purista (pra não dizer ranzinza mesmo), a essas alturas do campeonato já me acostumei a assistir filmes dublados (em holandês) e até que as vozes não são tão ruins assim. Podia ser pior, muito pior.

E verdade seja dita, sou fã de filmes infantis...tanto que não vejo a hora de assistir Meet the Robinsons! Já combinei com F. de irmos com Liam daqui a 2 semanas quando tomei coragem e decidi levar meu filho a tiracolo pra dormir uma noite na casa do namorado..Eles já se conheceram mas meu filho ainda não foi na casa dele.

E hoje vi o trailer de um filme que fiquei com vontade de assistir (porque eu também fui criança um dia). Mister Magorius´s Wonder Emporium é um daqueles típicos filmes lançados na temporada de natal (como The Polar Express, que vi ano retrasado com Liam no cinema) e me fez lembrar dois filmes que gostei muito: A Fantástica Fábrica de Chocolate (me refiro à versão clássica da minha infância, que me desculpem os fãs do Tim Burton) e Toys. E já que estou falando de filmes infantis, fim-de-semana passado aproveitei que fiquei de cama e assisti Bridge to Terabithia na casa do F. O filme é legal(zinho), embora o enredo seja bem diferente do que eu tinha imaginado.

Mas agora chega de filmes, né? Acho que me empolguei.

terça-feira, outubro 16, 2007

Há males que vem para o bem

Pela quantidade de comentários, estou começando a desconfiar que o post anterior incomodou mais do que eu imaginava ou gostaria. Mas juro que é apenas minha opinião, não tenho culpa se sempre acabo criando polêmicas por onde vou. E quem me conhece sabe que tenho o mau hábito de falar (neste caso, escrever) exatamente o que penso. No mais, quem sou eu pra saber o que é melhor pros outros...Como diz um ditado holandês: een vrouw is de andere niet.

Mudando radicalmente de assunto - porque vim aqui pra falar de outra coisa e vou falar logo antes que me arrependa e decida ficar calada para sempre - sábado tive um acidente que me fez tomar uma decisão que vinha adiando há tempos (leia-se: anos). Torci o pé (o que já tinha acontecido várias vezes antes, desde meus tempos de Brasil) e literalmente caí de uma escada, mas desta vez a dor foi tão grande, mas tão grande, que desmaiei...Fiquei mais de meia hora inconsciente e o gerente do bar, sem saber o que fazer, acabou chamando uma ambulância...eles vieram, foi um estardalhaço (não, eu não estava bêbada apesar de estarmos saindo de um bar e essa ter sido sem dúvida a primeira impressão dos passantes, pra minha humilhação e do meu namorado), mediram minha pressão, açúcar no sangue, enfaixaram meu pé e quando viram que era mesmo um entorse, me mandaram pra casa e recomendaram descanso total nos próximos 3 ou 4 dias. Passei o domingo na cama do namorado (infelizmente não foi tão divertido quanto a frase parece sugerir então fica para a próxima, hehehe...) e voltei segunda pra casa.

Hoje de manhã fui à minha médica pra ela avaliar o estrago com a intenção de dizer a ela que esta foi a gota d´água pra mim. A verdade é que estou (no mínimo) uns 30kg acima do meu peso e isso não ajudou em nada na hora da queda, muito pelo contrário...Resumindo, decidi que agora é hora de tomar uma atitude na vida e tentar perder algum peso! Não vai ser fácil...pra início de conversa porque ela se recusou a me dar um moderador de apetite (e está certíssima), e em vez disso me encomendou uns exames de sangue e vai me encaminhar pra uma dietista.

E já que nessas horas o melhor é rir do que chorar, eu estava aqui pensando e não pude deixar de vislumbrar uma certa dose de ironia nesta história toda. É que as pessoas costumam querer emagrecer pra arrumar namorado e eu fui arrumar namorado pra querer emagrecer, rsrsrsrs. E cá entre nós, minha grande sorte é que o amor é (realmente) cego e ele gosta de mim assim mesmo. E digo mais, hoje somos mais apaixonados do que há 13 anos atrás quando eu era magra! F. já disse que está disposto a me dar todo o apoio porque quer me ver saudável, sem complicações de saúde daqui a uns tempos e acima de tudo, feliz comigo mesma.

Então agora é momento de decisão (há males que vem para o bem) até porque, hoje não tenho mais desculpas pra continuar carregando este excesso de peso por toda parte! Engordei muito na época em que estive deprimida quando comer, mais do que uma fuga, era uma espécie de consolo (acontece nas melhores famílias, não se iludam). Mas hoje quero aproveitar que estou feliz e que a vida está entrando nos eixos (e está mesmo) pra mudar meus hábitos alimentares de uma vez por todas e curtir a vida ainda mais.

Agora ou vai ou racha. Torçam por mim!

terça-feira, outubro 09, 2007

O melhor de dois mundos

As casadas que me desculpem...mas casamento pra mim já era (sem falar que papel assinado nunca foi garantia de nada nesta vida, sorry girls). É que depois de ter sido casada 10 anos, ter me divorciado e ter encontrado um novo amor sem sequer estar procurando (e vocês que lêem isso aqui já sabem a estória de cor), cheguei à conclusão de que para mim o melhor tipo de relação é mesmo a LAT (Living Apart Together). Diga-se de passagem, um tipo de relação que vem deixando de ser a exceção para se tornar cada vez mais a regra aqui na Holanda e nos países escandinavos (até porque a situação econômica nesses países oferece essa opção, no Brasil a coisa tende a ser mais complicada).

Pra quem não tem idéia do que estou falando, a idéia básica é duas pessoas terem um relacionamento (favor não confundir com relacionamento aberto), mas cada um morando em sua casa. Ou seja, namora-se muito mas nada de juntar os trapos! É bem verdade que a pessoa vive transitando pra lá e pra cá e, dependendo das agendas, dorme-se várias noites consecutivas na casa do parceiro - eu mesma tenho passado metade da semana em Amsterdã e a outra metade em Haia e não apenas me acostumei com este esquema como já acho a coisa mais normal do mundo! E no final das contas, um dia a gente acorda e se dá conta de que ficou com o melhor de dois mundos. Porque não precisa abrir mão da vida que levava antes (amigos, hobbies, etc), não precisa pedir licença pra ficar sozinho quando está de mau humor ou precisa repensar a vida e ainda pode curtir mágicos momentos a dois sem se estressar com detalhes como a rotina das obrigações domésticas, contas atrasadas, o que fazer para o jantar, etc etc etc (been there, done that). Porque cá entre nós, rotina é a morte (pelo menos pra mim sempre foi assim).

No mais, casamento nunca foi mesmo a minha cara, nem nunca sonhei em casar em igreja com véu e grinalda...sou sagitariana demais para isso! Me lembro muito bem de um momento em minha vida em que me vi casada, trocando fraldas de um bebê e pensei: a vida então é isso?!! E me surpreendo ao ver as pessoas insistirem tanto em uma instituição falida. E me surpreendo ainda mais ao ver pessoas que já foram casadas uma vez se casarem de novo! Porque basta olhar os índices de divórcio pra ver que casamento hoje em dia é igual ganhar na loteria. E provavelmente as chances de se ganhar na loteria são maiores do que de se manter um casamento por 10 anos. Que me desculpem as românticas de plantão mas não é falta de romantismo não, é excesso de realismo mesmo (mas se quiserem me chamar de ranzinza eu deixo).

Agora, pelo amor de Deus...não pensem que vim aqui fazer a apologia do divórcio! Eu não acho que as pessoas devam se separar nas primeiras dificuldades (eu mesma tenho certeza de ter tentado tudo o que podia e mais um pouco antes de decidir me divorciar, inclusive terapia conjugal), mas sacrificar sua felicidade uma vida inteira também não dá, né?!! Como pessoas adultas, acredito que a gente deva sim tentar até onde for (humanamente) possível, mas dali pra frente é burrice...ou teimosia, medo do desconhecido, medo de ficar sozinho ou sabe-se lá o quê. Porque se errar é humano, insistir no erro é burrice (por outro lado, quem sou eu pra julgar os outros).

Pronto, falei e disse (podem concordar ou discordar à vontade).

Food for thought


There are lots of ways of being miserable, but there's only one way of being comfortable, and that is to stop running round after happiness. If you make up your mind not to be happy there's no reason why you shouldn't have a fairly good time. (Edith Wharton)

quarta-feira, outubro 03, 2007

Prova de humanidade

...acho que briga de casal é tão comum que não é exposição não, é prova de humanidade.

Foram essas as palavras da minha querida amiga Anna no blog de outro amigo especial, o Antônio. Sim, esta interação entre blogueiros gera mesmo uma dinâmica curiosa e a troca de idéias é uma constante (o que seria de mim sem vocês?). E eu acabei me inspirando e decidi me alongar no tema do post anterior...Porque como bem disse a Anna (e essa mulher tem cada tirada genial, confiram só no blog dela): briga de casal é mesmo prova de humanidade!

E digo mais, eu acredito que casal que nunca brigou ou está mentindo ou algo está muito errado. E no dia em que tiver a primeira briga de verdade, é pra separar - já vi casais tidos como exemplares viverem anos juntos e subitamente decidirem se separar, para assombro de amigos e familiares. Porque brigas fazem parte de qualquer relacionamento saudável em que exista uma troca sincera de idéias, sentimentos ou opiniões. Brigas em família, brigas entre amigos de infância, entre namorados. Enfim, brigas.

Mas a melhor parte das brigas é quando a gente aprende a lição pra não repetir a briga mais adiante e acabar criando um padrão destrutivo no relacionamento (o que infelizmente acontece com regularidade, outra prova inegável da nossa humanidade). Eu acredito que a briga em si não é o problema, o problema surge apenas quando as pessoas envolvidas não conseguem resolver o conflito. Porque quando o conflito é resolvido, o relacionamento só tem a ganhar. E cada briga é uma oportunidade de conhecer o outro ainda melhor (e quiçá não cometer o mesmo erro da próxima vez).

Só não me perguntem se gosto de brigas...porque eu não gosto mesmo! (haja coração)

terça-feira, outubro 02, 2007

To be continued...

O susto foi grande, bem grande. Porque as pessoas falam, falam, mas nem sempre se entendem. Porque elas se comunicam, mas existem falhas de comunicação. E porque a gente tem de prestar atenção não apenas no que foi dito mas principalmente no não dito! E a gente precisa ter cuidado pra não se precipitar e tomar tudo ao pé da letra. Pra não se precipitar e tomar decisões imaturas. Porque a gente fala sem pensar quando está com raiva e depois se arrepende do estrago. Felizmente alguns estragos ainda têm conserto...e passado o susto, a gente segue em frente mais forte. Sim, o coração ficou apertado mas desta vez as lágrimas não vieram. Porque no fundo ambos sabiam que ainda não era a hora de ir embora - porque ambos sabem que ainda há muito a viver e a aprender um com o outro. E enquanto estes dois corações continuarem batendo forte, ainda há muita estrada pela frente.

No mais, é como diz o poeta: que seja infinito enquanto dure.
Tecnologia do Blogger.

Gothic Fair



Domingo passado foi como se eu tivesse entrado numa Máquina do Tempo (ao estilo daquele seriado cult da minha infância, quem se lembra do Dr. Smith?) e voltado uns 20 anos atrás...É que fui com F. numa feira gótica realizada duas vezes por ano perto de Haia (onde ele mora e onde eu moro nos fins-de-semana, pra quem ainda não percebeu). E há muito tempo que não via tanta gente de preto em um mesmo lugar! Era gótico pra todo lado, muita roupa preta, botas e coturnos, saias rendadas, corsetes justíssimos e meias-arrastão, cabelos bem transados (e aqui a regra de ouro é: quanto mais esquisito melhor). Em suma, muita gente bonita!

Na feira tinha de tudo pra todos os gostos, eram cerca de 500 barraquinhas vendendo desde roupas no estilo gótico, muita bijoux de prata, bolsas da Emily the Strange e Corpse Bride, até barracas vendendo CDs e DVDs de bandas goth metal etc, espadas e facas artesanais (o F. se empolgou e comprou uma espada japonesa autêntica e eu acho que daqui em diante vou me comportar muito bem, hehehe). Além de barracas vendendo coisas que não podem faltar em um ritual tradicional de bruxaria (leia-se Wicca) e uma barraca solitária onde se podia fazer uma consulta de tarô (eu como faço minhas próprias consultas em casa não entrei na fila, estou falando sério). Teve ainda show ao vivo de duas bandas no domingo, a segunda assistimos um pouco e gostei muito, uma mistura de sons da Idade Média com música tradicional irlandesa (celta), no estilo pagan folk. A banda alemã se chama Faun, têm vários álbuns lançados e vou pedir pro F. baixar umas músicas deles da net pra mim. Principalmente porque me fez lembrar uma de minhas bandas favoritas de todos os tempos, Dead Can Dance.

Com todo este clima, inevitavelmente me lembrei dos tempos em que eu era gótica, ou melhor dizendo dark (termo infeliz criado pela mídia no início dos anos 80, ai como a gente odiava aquele termo, hehehe). É que aquilo não era apenas uma questão de gosto musical mas acima de tudo, de estilo de vida...e eu levava tudo muito a sério, claro! Tempos em que passava os fins-de-semana inteiros no Crepúsculo de Cubatão (saudades daquela pista de dança e daquele bar escuro onde tomei muitos porres de kamikaze com minha amiga V.). Tempos em que eu só tinha roupas pretas no meu guarda-roupa, pintava meus cabelos de preto e em dias de profunda depressão (ou mau-humor) saía na noite de batom preto (porque batom preto de dia também é demais!!!). Tempos em que me trancava no quarto pra ouvir Bauhaus, Joy Division, Siouxsie e The Cure para desespero da minha mãe...Falando assim pode até parecer engraçado (e de certa forma é...essas fases da vida da gente), mas hoje posso afirmar que foi uma das épocas mais marcantes da minha vida. Basta dizer que dois dos meus melhores amigos, que conheço há mais de 20 anos, conheci naquela época!

Dedicated to You (2)



Because I hate seeing you sad.
(I hope you feel better now)



Hope you don´t mind
I hope you don´t mind

that I put down in words
how wonderful life is
now you´re in the world
(Your Song)

Os ratinhos de novo!


Com a vida dupla que venho levando nos últimos tempos (isso que dá ser mãe dia de semana e namorada no fim-de-semana), me vi obrigada a assistir o mesmo filme duas vezes. É que semanas atrás, como comentei por aqui, assisti Ratatouille com o F. e meu filho ficou chateado porque não fui assistir com ele. Então pra evitar uma crise aguda de ciúme, prometi assistir o filme de novo. Tem horas que é preciso rebolar muito para agradar a gregos e troianos (leia-se: filho, ex-marido e namorado). Por sorte sou fã de carteirinha dos filmes da Pixar, então não chegou a ser um sacrifício rever Ratatouille, muito pelo contrário.

Aproveitei a semana de férias escolares - aqui tem férias o ano todo, nem queiram saber - e fui pro cinema com o Liam hoje. Desta vez assisti não a versão original mas a versão dublada, numa sala cheia de crianças!!! E confesso que, apesar de purista (pra não dizer ranzinza mesmo), a essas alturas do campeonato já me acostumei a assistir filmes dublados (em holandês) e até que as vozes não são tão ruins assim. Podia ser pior, muito pior.

E verdade seja dita, sou fã de filmes infantis...tanto que não vejo a hora de assistir Meet the Robinsons! Já combinei com F. de irmos com Liam daqui a 2 semanas quando tomei coragem e decidi levar meu filho a tiracolo pra dormir uma noite na casa do namorado..Eles já se conheceram mas meu filho ainda não foi na casa dele.

E hoje vi o trailer de um filme que fiquei com vontade de assistir (porque eu também fui criança um dia). Mister Magorius´s Wonder Emporium é um daqueles típicos filmes lançados na temporada de natal (como The Polar Express, que vi ano retrasado com Liam no cinema) e me fez lembrar dois filmes que gostei muito: A Fantástica Fábrica de Chocolate (me refiro à versão clássica da minha infância, que me desculpem os fãs do Tim Burton) e Toys. E já que estou falando de filmes infantis, fim-de-semana passado aproveitei que fiquei de cama e assisti Bridge to Terabithia na casa do F. O filme é legal(zinho), embora o enredo seja bem diferente do que eu tinha imaginado.

Mas agora chega de filmes, né? Acho que me empolguei.

Há males que vem para o bem

Pela quantidade de comentários, estou começando a desconfiar que o post anterior incomodou mais do que eu imaginava ou gostaria. Mas juro que é apenas minha opinião, não tenho culpa se sempre acabo criando polêmicas por onde vou. E quem me conhece sabe que tenho o mau hábito de falar (neste caso, escrever) exatamente o que penso. No mais, quem sou eu pra saber o que é melhor pros outros...Como diz um ditado holandês: een vrouw is de andere niet.

Mudando radicalmente de assunto - porque vim aqui pra falar de outra coisa e vou falar logo antes que me arrependa e decida ficar calada para sempre - sábado tive um acidente que me fez tomar uma decisão que vinha adiando há tempos (leia-se: anos). Torci o pé (o que já tinha acontecido várias vezes antes, desde meus tempos de Brasil) e literalmente caí de uma escada, mas desta vez a dor foi tão grande, mas tão grande, que desmaiei...Fiquei mais de meia hora inconsciente e o gerente do bar, sem saber o que fazer, acabou chamando uma ambulância...eles vieram, foi um estardalhaço (não, eu não estava bêbada apesar de estarmos saindo de um bar e essa ter sido sem dúvida a primeira impressão dos passantes, pra minha humilhação e do meu namorado), mediram minha pressão, açúcar no sangue, enfaixaram meu pé e quando viram que era mesmo um entorse, me mandaram pra casa e recomendaram descanso total nos próximos 3 ou 4 dias. Passei o domingo na cama do namorado (infelizmente não foi tão divertido quanto a frase parece sugerir então fica para a próxima, hehehe...) e voltei segunda pra casa.

Hoje de manhã fui à minha médica pra ela avaliar o estrago com a intenção de dizer a ela que esta foi a gota d´água pra mim. A verdade é que estou (no mínimo) uns 30kg acima do meu peso e isso não ajudou em nada na hora da queda, muito pelo contrário...Resumindo, decidi que agora é hora de tomar uma atitude na vida e tentar perder algum peso! Não vai ser fácil...pra início de conversa porque ela se recusou a me dar um moderador de apetite (e está certíssima), e em vez disso me encomendou uns exames de sangue e vai me encaminhar pra uma dietista.

E já que nessas horas o melhor é rir do que chorar, eu estava aqui pensando e não pude deixar de vislumbrar uma certa dose de ironia nesta história toda. É que as pessoas costumam querer emagrecer pra arrumar namorado e eu fui arrumar namorado pra querer emagrecer, rsrsrsrs. E cá entre nós, minha grande sorte é que o amor é (realmente) cego e ele gosta de mim assim mesmo. E digo mais, hoje somos mais apaixonados do que há 13 anos atrás quando eu era magra! F. já disse que está disposto a me dar todo o apoio porque quer me ver saudável, sem complicações de saúde daqui a uns tempos e acima de tudo, feliz comigo mesma.

Então agora é momento de decisão (há males que vem para o bem) até porque, hoje não tenho mais desculpas pra continuar carregando este excesso de peso por toda parte! Engordei muito na época em que estive deprimida quando comer, mais do que uma fuga, era uma espécie de consolo (acontece nas melhores famílias, não se iludam). Mas hoje quero aproveitar que estou feliz e que a vida está entrando nos eixos (e está mesmo) pra mudar meus hábitos alimentares de uma vez por todas e curtir a vida ainda mais.

Agora ou vai ou racha. Torçam por mim!

O melhor de dois mundos

As casadas que me desculpem...mas casamento pra mim já era (sem falar que papel assinado nunca foi garantia de nada nesta vida, sorry girls). É que depois de ter sido casada 10 anos, ter me divorciado e ter encontrado um novo amor sem sequer estar procurando (e vocês que lêem isso aqui já sabem a estória de cor), cheguei à conclusão de que para mim o melhor tipo de relação é mesmo a LAT (Living Apart Together). Diga-se de passagem, um tipo de relação que vem deixando de ser a exceção para se tornar cada vez mais a regra aqui na Holanda e nos países escandinavos (até porque a situação econômica nesses países oferece essa opção, no Brasil a coisa tende a ser mais complicada).

Pra quem não tem idéia do que estou falando, a idéia básica é duas pessoas terem um relacionamento (favor não confundir com relacionamento aberto), mas cada um morando em sua casa. Ou seja, namora-se muito mas nada de juntar os trapos! É bem verdade que a pessoa vive transitando pra lá e pra cá e, dependendo das agendas, dorme-se várias noites consecutivas na casa do parceiro - eu mesma tenho passado metade da semana em Amsterdã e a outra metade em Haia e não apenas me acostumei com este esquema como já acho a coisa mais normal do mundo! E no final das contas, um dia a gente acorda e se dá conta de que ficou com o melhor de dois mundos. Porque não precisa abrir mão da vida que levava antes (amigos, hobbies, etc), não precisa pedir licença pra ficar sozinho quando está de mau humor ou precisa repensar a vida e ainda pode curtir mágicos momentos a dois sem se estressar com detalhes como a rotina das obrigações domésticas, contas atrasadas, o que fazer para o jantar, etc etc etc (been there, done that). Porque cá entre nós, rotina é a morte (pelo menos pra mim sempre foi assim).

No mais, casamento nunca foi mesmo a minha cara, nem nunca sonhei em casar em igreja com véu e grinalda...sou sagitariana demais para isso! Me lembro muito bem de um momento em minha vida em que me vi casada, trocando fraldas de um bebê e pensei: a vida então é isso?!! E me surpreendo ao ver as pessoas insistirem tanto em uma instituição falida. E me surpreendo ainda mais ao ver pessoas que já foram casadas uma vez se casarem de novo! Porque basta olhar os índices de divórcio pra ver que casamento hoje em dia é igual ganhar na loteria. E provavelmente as chances de se ganhar na loteria são maiores do que de se manter um casamento por 10 anos. Que me desculpem as românticas de plantão mas não é falta de romantismo não, é excesso de realismo mesmo (mas se quiserem me chamar de ranzinza eu deixo).

Agora, pelo amor de Deus...não pensem que vim aqui fazer a apologia do divórcio! Eu não acho que as pessoas devam se separar nas primeiras dificuldades (eu mesma tenho certeza de ter tentado tudo o que podia e mais um pouco antes de decidir me divorciar, inclusive terapia conjugal), mas sacrificar sua felicidade uma vida inteira também não dá, né?!! Como pessoas adultas, acredito que a gente deva sim tentar até onde for (humanamente) possível, mas dali pra frente é burrice...ou teimosia, medo do desconhecido, medo de ficar sozinho ou sabe-se lá o quê. Porque se errar é humano, insistir no erro é burrice (por outro lado, quem sou eu pra julgar os outros).

Pronto, falei e disse (podem concordar ou discordar à vontade).

Food for thought


There are lots of ways of being miserable, but there's only one way of being comfortable, and that is to stop running round after happiness. If you make up your mind not to be happy there's no reason why you shouldn't have a fairly good time. (Edith Wharton)

Prova de humanidade

...acho que briga de casal é tão comum que não é exposição não, é prova de humanidade.

Foram essas as palavras da minha querida amiga Anna no blog de outro amigo especial, o Antônio. Sim, esta interação entre blogueiros gera mesmo uma dinâmica curiosa e a troca de idéias é uma constante (o que seria de mim sem vocês?). E eu acabei me inspirando e decidi me alongar no tema do post anterior...Porque como bem disse a Anna (e essa mulher tem cada tirada genial, confiram só no blog dela): briga de casal é mesmo prova de humanidade!

E digo mais, eu acredito que casal que nunca brigou ou está mentindo ou algo está muito errado. E no dia em que tiver a primeira briga de verdade, é pra separar - já vi casais tidos como exemplares viverem anos juntos e subitamente decidirem se separar, para assombro de amigos e familiares. Porque brigas fazem parte de qualquer relacionamento saudável em que exista uma troca sincera de idéias, sentimentos ou opiniões. Brigas em família, brigas entre amigos de infância, entre namorados. Enfim, brigas.

Mas a melhor parte das brigas é quando a gente aprende a lição pra não repetir a briga mais adiante e acabar criando um padrão destrutivo no relacionamento (o que infelizmente acontece com regularidade, outra prova inegável da nossa humanidade). Eu acredito que a briga em si não é o problema, o problema surge apenas quando as pessoas envolvidas não conseguem resolver o conflito. Porque quando o conflito é resolvido, o relacionamento só tem a ganhar. E cada briga é uma oportunidade de conhecer o outro ainda melhor (e quiçá não cometer o mesmo erro da próxima vez).

Só não me perguntem se gosto de brigas...porque eu não gosto mesmo! (haja coração)

To be continued...

O susto foi grande, bem grande. Porque as pessoas falam, falam, mas nem sempre se entendem. Porque elas se comunicam, mas existem falhas de comunicação. E porque a gente tem de prestar atenção não apenas no que foi dito mas principalmente no não dito! E a gente precisa ter cuidado pra não se precipitar e tomar tudo ao pé da letra. Pra não se precipitar e tomar decisões imaturas. Porque a gente fala sem pensar quando está com raiva e depois se arrepende do estrago. Felizmente alguns estragos ainda têm conserto...e passado o susto, a gente segue em frente mais forte. Sim, o coração ficou apertado mas desta vez as lágrimas não vieram. Porque no fundo ambos sabiam que ainda não era a hora de ir embora - porque ambos sabem que ainda há muito a viver e a aprender um com o outro. E enquanto estes dois corações continuarem batendo forte, ainda há muita estrada pela frente.

No mais, é como diz o poeta: que seja infinito enquanto dure.