segunda-feira, setembro 29, 2008

Deixa pra lá

A história da minha vida. Levanta, cai. Levanta, cai. Quando resolvo um problema, aparece outro. Porque a vida é fértil em nos presentear com coisas boas e coisas ruins. E se for pensar bem, quase que diariamente (a gente é que não percebe). E claro, quando a gente menos espera. A vida emocional vai bem, a vida profissional está um caos. A vida profissional está encaminhada e a gente sozinha(o), sonhando com um companheiro. Eu não sei de vocês mas na minha vida desde que me conheço por gente sempre foi assim. Quando tem uma coisa, falta outra. Tem tempo, falta dinheiro. Tem dinheiro, falta tempo. Ou falta saúde (o que é muito, mas muito pior). Tem amor, falta o resto. Tem o resto, falta amor. Pensando bem, essencial só mesmo o amor (mas a gente tem de pagar as contas) então vou calar a minha boca.

Só sei que a semana passada foi péssima, uma grana com a qual eu estava contando simplesmente não entrou (nem vai entrar) na minha conta e a consequência é que tive de cancelar um fim-de-semana em Paris. Uma viagem com a qual sonhava há tempos, três noites com a minha companhia favorita na minha cidade favorita. Fiquei muito triste mas como bem disse F.: Paris vai continuar exatamente onde está, onde sempre esteve, resolve a tua vida que outra hora a gente vai lá...E nem vou falar nas contas atrasadas...Tem dias em que páro pra pensar na minha vida depois de 14 anos na Europa - todo mundo no Brasil insistindo em achar que isso aqui é o paraíso, doce ilusão - e inevitavelmente bate aquela depressão... Então é melhor não pensar. A melhor opção atualmente é nadar e esperar a crise passar. Porque tudo passa, né?

Pra frente é que se anda, não adianta chorar o leite derramado, não deixa a peteca cair, blablablá. A verdade é que tem dias que...deixa pra lá. E assim vamos vivendo, uns dias mais, outros menos. Um dia a gente ri, no outro chora. Tudo em prol do crescimento espiritual. Porque um dia a ficha cai e a gente aprende, mas enquanto isso não acontece...a gente sofre. E muito.


PS.: E dizer que tive um fim-de-semana super relax, com direito à praia, cinema com pipoca e tudo mais. Mas foi só acordar segunda-feira na casa do namorado pra cair na real. Wake up, baby. Life is out there and it is waiting for you.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Juno, again.

Ontem à noite revi o filme Juno e gostei ainda mais do que da primeira vez. Um pequeno grande filme, sem maiores pretensões. E a protagonista é realmente one in a million. Way to Go, Girl! Aproveito para postar aqui uma das minhas cenas favoritas, entre muitas outras:

Juno: I'm losing my faith in humanity.
Dad: Think you can narrow it down for me?
Juno: I guess I wonder sometimes if people ever stay together for good.
Dad: You mean like couples?
Juno: Yeah, like people in love.
Dad: Are you having boy troubles? I gotta be honest; I don't much approve of dating in your condition, 'cause well... that's kind of messed up.
Juno: Dad, no!
Dad: Well, it's kind of skanky. Isn't that what you girls call it? Skanky? Skeevy?
Juno: Please stop now.
Dad: [persisting] Tore up from the floor up?
Juno: Dad, it's not about that. I just need to know if it's possible for two people to stay happy together forever, or at least for a few years.
Dad: It's not easy, that's for sure. Now, I may not have the best track record in the world, but I have been with your stepmother for 10 years now and I'm proud to say that we're very happy.
Dad: In my opinion, the best thing you can do is find a person who loves you for exactly what you are. Good mood, bad mood, ugly, pretty, handsome, what have you, the right person will still think the sun shines out your ass. That's the kind of person that's worth sticking with.
Juno: I sort of already have.
Dad: Well, of course! You're old D-A-D! You know I'll always be there to love and support you no matter what kind of pickle you're in... Obviously [nods to her belly]
Juno: I need to go out somewhere just for a little while. I don't have any homework and I swear I'll be back by ten.
Dad: You were talking about me right?

Dedicated to F.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Aquarobics

Caralho. Hoje tive minha primeira aula de aquarobics e é bem mais puxado do que eu imaginava - e olha que eu já tinha tido aulas de aquafitness mas isso aqui é bem diferente.Talvez porque eu nunca tenha sido o tipo de frequentar academia de ginástica então acho que demora algumas semanas para acostumar com o pique da aula. 45 minutos pulando, correndo e jogando pernas e braços pra lá e pra cá. Música a todo volume (ou quase porque piscina é lugar público) e uma professora entusiasta, até demais.

Mas gostei da aula e pretendo fazer ao menos 12 semanas consecutivas pra obter o resultado desejado. O único porém é que pra mim outono-inverno é uma época complicada (só quem mora aqui no norte da Europa pra entender a profundidade do que estou falando), então sair de casa pra ir pra piscina num dia frio e chuvoso vai ser uma GRANDE vitória. Mas eu não vou desistir. Não mesmo. To be continued...

sexta-feira, setembro 19, 2008

Swim for Your Life !


Esta semana fiz algo que não fazia há mais de dez anos: fui 3 vezes nadar na piscina! Depois de anos e mais anos sem fazer nenhuma atividade física (shame on you), comecei a nadar há cerca de três meses. Geralmente estava indo uma vez por semana e já estava bom (embora a dietista sempre insistisse que duas vezes seria melhor). Então este mês comecei a nadar duas vezes por semana...E esta semana foram três vezes - porque a semana foi mais ruim do que boa e a outra opção seria me entupir de comfort food e dormir o dia inteiro...

Em outras palavras, estou aprendendo a lidar com os problemas da vida (e não são poucos mas tudo bem, não vou entrar em detalhes por aqui) de forma mais construtiva. E vou dizer que é um aprendizado e tanto. Eu até pouco tempo comia quando estava triste ou ansiosa, ou mesmo para celebrar. Mas tenho aprendido a mudar esses hábitos e agora quando estou triste visto o maiô e vou pra piscina! São 25 min a pé até chegar, 1 hora nadando quase sem parar, 25 min a pé de volta pra casa. E faz um bem danado. Não só para a condição física (a dieta agradece), como especialmente para a condição emocional. E para a condição mental (e sexual também). Na verdade, já dá pra notar o efeito nesses primeiros três meses. E por isso decidi começar aulas de aquarobics semana que vem. As aulas são às quartas de manhã e eu ainda pretendo nadar segundas ou sextas - ou ambos os dias dependendo da semana.

Uma pequena grande vitória. Sem dúvida! Consegui transformar uma semana que tinha tudo pra ser ruim em algo bom. E mais tarde vou tomar o trem para encontrar meu namorado de coração mais leve e mais tranquila. Porque a vida continua, meus amigos. E a gente não pode deixar a peteca cair...

quarta-feira, setembro 10, 2008

Coisa de maluco

Pra variar, estou lendo um livro tão louco, mas tão louco que nem tenho palavras para descrever. Leitura divertidíssima, sem dúvida. E ainda por cima verídica (trata-se de uma autobiografia). O livro se chama Running with Scissors e embora lide com temas bastante sérios (como doenças mentais e abuso sexual, pra não dizerem que não avisei) tem partes simplesmente hilárias. É que a loucura é tanta que tem horas que só mesmo rindo. A vida do protagonista fica de pernas pro ar com as intermináveis brigas dos pais (temperadas com ameaças de morte e tudo o mais), o divórcio e a consequente piração da mãe - que se antes já era meio pirada, depois do divórcio surtou de vez, literalmente. A mãe passa quase todos os dias da semana no consultório do psiquiatra. Chega um momento em que a crise é tanta que o psiquiatra decide adotar o menino por uns tempos, até a mãe conseguir recuperar sua (precária) saúde mental. É assim que o menino de 14 anos acaba indo morar na casa do psiquiatra e de sua excêntrica família. Comparados a esta família, os Royal Tenenbaums são a família mais normal do mundo, pra vocês terem uma idéia! E não, eu não estou exagerando. De qualquer forma, a mudança de ambiente rende muitas estórias em meio a experiências boas, ruins e ...bizarras! Um livro instigante e recheado de questionamentos que lida com questões sérias de forma absurdamente hilária (rir para não chorar). E por falar em filmes, o livro (bestseller nos EUA) já foi filmado e deverá ser lançado em breve nos cinemas.

terça-feira, setembro 09, 2008

Sobre os confrontos

Estava eu aqui pensando com meus botões. Impressionante. Se tem um ponto em que mudei muito nos últimos anos (e certamente a partir da depressão) é que perdi toda a capacidade de confrontos que eu tinha (que aliás já era pouca). E por causa do namorado tenho notado isso cada vez mais nitidamente. Porque ele é a relação mais próxima e portanto aquela que nos reflete por inteiro, com nossas qualidades e defeitos a serem trabalhados. Noto, por exemplo, que preciso urgentemente aprender a estabelecer limites - para mim e para o outro. E não estou falando apenas desta relação específica mas de todas as minhas relações. Preciso aprender a ser mais direta e dizer na lata (e no momento em que ocorre) quando algo me incomoda - em vez de ficar esperando que o outro adivinhe. Parece simples mas é uma tarefa hercúlea para esta que vos escreve.

Não é de hoje que F. diz: você precisa aprender a ser mais assertiva. Abrir a boca pra reclamar quando se acha no direito, abrir a boca pra dizer o que está sentindo em vez de ficar enrolando e fingindo que não foi com você. Porque eu falo, falo e falo...mas em momentos em que deveria mesmo falar algo, eu calo! Esquisito mesmo. Pra não dizer paradoxal. Eu simplesmente evito todo e qualquer tipo de conflito, com amigos, conhecidos, vizinhos, etc. Gente que importa na minha vida e gente que não tem importância nenhuma. Eu evito tanto magoar as pessoas que acabo eu mesma sendo magoada. E a vida segue seu rumo como se nada tivesse acontecido.

Tenho percebido isso cada vez mais claramente. Como uma espécie de armadura de aço que eu visto antes de sair à rua em caso de eventuais acidentes. Porque eu já me machuquei demais (sensibilidade à flor da pele não é necessariamente uma qualidade, acreditem). Eu não quero saber de brigas e discussões, a começar porque já excedi e em muito a minha cota no meu casamento. Eu quero é paz e amor...então quando algo ou alguém me incomoda, eu fico calada e finjo que não percebi. E se um dia a pessoa fizer o mesmo de novo, eu provavelmente vou me afastar, nem que seja por um tempo. O que é um péssimo hábito, admito. Eu sei e você sabe que comunicação é tudo.

Moral da estória: da próxima vez que você ver uma pessoa falando pelos cotovelos, não se iluda. Ela pode estar falando muito mas provavelmente está dizendo menos do que se estivesse calada.

domingo, setembro 07, 2008

El Orfanato

Não tem jeito, eu gosto mesmo é de drama. E de preferência dos bons. Na vida e nas telas do cinema. Drama psicológico beirando o horror - ou neste caso, filme de horror com um toque de drama psicológico e sobrenatural então, nem se fala. Fico praticamente com falta de ar! Foi assim que assisti domingo passado ao premiado El Orfanato, que havia perdido nos cinemas daqui. Infelizmente tive de me contentar com uma telinha de tv porque o filme deve ser um show no telão. E não é pra menos, o produtor é o festejado diretor mexicano Guillermo del Toro, de Pan´s Labyrinth (além de Hell Boy e Hell Boy 2). Este último está atualmente em cartaz nos cinemas de sua cidade, mas não comento por duas simples razões: não assisti e não é a minha praia. Por outro lado, amei Pan´s Labyrinth e inclusive comentei sobre o filme aqui no blog (confira neste link).

Mas voltando ao filme em questão, El Orfanato é uma história de amor e uma história de terror. Acima de tudo, uma história de terror psicológico da melhor qualidade que faz lembrar um pouco O Sexto Sentido, The Others e, em alguns aspectos, o próprio Pan´s Labyrinth. Uma história sobre mortos, sobre vivos e sobreviventes. Como em Labirinto do Fauno, este roteiro também mistura fantasia e realidade, o consciente e o inconsciente, o aqui e o além (e neste caso, o sobrenatural é um dos principais personagens da estória). Sem falar na participação especial da Geraldine Chaplin, como uma convincente médium que visita a casa para tentar ajudar na solução do problema.

Em suma, um filme excelente, instigante e intenso...mas que eu não recomendaria a pessoas de coração fraco. Mas que vale a pena conferir, isso vale!

quinta-feira, setembro 04, 2008

Para a aniversariante

Anna (aka as Annix) é uma figura muito especial. Inteligentíssima, cinéfila, bem-informada, blogueira das antigas. Rock chick, amante dos gatos e sempre pronta para ajudar os amigos necessitados. Mas sua maior qualidade é que ela é minha amiga, embora não nos encontremos com a frequência que eu gostaria (considerando-se que moramos na mesma cidade). Felizmente ela sabe, como eu também sei, que amizade não se mede por frequência física. E que em assuntos do coração, a distância é relativa.

Enfim, uma amizade que surgiu naturalmente e que cresce naturalmente, comme il faut. Somos parecidas, somos diferentes. Temos gostos parecidos para algumas coisas e bem distintos para outras. Mas respeitamos as diferenças e aprendemos uma com a outra. Acima de tudo, somos amigas.

A ironia é que (como já disse pra ela), ela é uma espécie de versão feminina do meu namorado F. Pode soar meio estranho (não, eu não sou lésbica, rsrsrs) mas é isso mesmo! Eles curtem as mesmas músicas (ambos chamam minhas músicas de elevator music mas eu perdôo porque gosto deles), os mesmos filmes e os mesmos heróis Marvel! E eu até brinco com F. que felizmente ela é muito bem casada. Porque pelo amor de Deus, esses dois são parecidos demais! Quando a Anna comenta de um filme no blog dela (e esta menina entende da sétima arte) eu já sei que F. também vai gostar (ou não). Impressionante.

Feliz Aniversário, querida amiga!

Pequeno drama familiar

Não tenho quase ido ao cinema recentemente mas ontem revi Bee Season em DVD. Recomendado pra quem gosta de dramas familiares na tradição de Ice Storm, American Beauty, Happiness ou mesmo versões mais lights como Little Miss Sunshine. Não chega a ser um filme excepcional - e não se compara à pequena pérola que é Ice Storm de Ang Lee - mas o filme não deixa de ter seu valor. Sem falar na presença na tela de uma das minhas atrizes favoritas: Juliette Binoche. E da adorável Flora Cross, protagonista da estória. O roteiro (baseado em um livro) é de Naomi Foner, mãe dos atores Maggie e Jake Gyllenhaal (diga-se de passagem, que família mais talentosa).

Um filme sem grandes explosões de emoção mas muitas, muitas palavras. Palavras ditas e não-ditas, enfim, palavras. A estória gira em torno de uma menina que da noite para o dia demonstra ter um grande talento para a ortografia. À medida em que o filme se desenrola, ela ganha vários concursos regionais e nacionais de spelling. O que inevitavelmente nos faz lembrar dos concursos de Miss Pageant em Little Miss Sunshine com a excelente atriz Abigail Breslin (que também aparece em No Reservations e Definitely, Maybe).

O equilíbrio delicado desta família (aparentemente) tão comum é perturbado quando o pai da menina resolve pela primeira vez investir seu tempo e energia na filha cuja existência antes mal percebia...O pai (Richard Gere) é um professor universitário especializado em estudos judaicos (kabbalah etc) e fascinado pela magia das palavras. E bastante exigente com seus filhos. Antes de descobrir o talento da caçula, ele se dedicava a dar aulas de música ao filho. Trancava-se horas com o filho no seu escritório e a menina tinha de passar bilhetes por baixo da porta se quisesse comunicar algo ao pai. Com a descoberta do novo talento ocorre uma mudança de status dentro da família. O filho antes tão paparicado é abandonado (com consequências desastrosas) e o pai volta sua atenção exclusivamente para a menina (o que também traz consequências desastrosas para a já instável mãe).

Pode parecer muito drama pra pouca estória mas o filme é cheio de nuances e sutilezas. E nos faz refletir sobre nossos pequenos dramas familiares (de perto ninguém é normal). O lugar que cada um sabe ou não conquistar dentro de sua família, o valor de cada membro independente de seu talento ou da falta dele. Todas as partes do conjunto asseguram um equilíbrio que pode ser facilmente desfeito. Um equilíbrio delicado, como a própria vida.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Despedida do verão

Ou talvez o título mais apropriado para este post seja o verão que não houve. Seja como for, fim-de-semana passado fez um calor decente por aqui (atenção: 25 a 28 graus aqui é um calor decente, mas ao menos quando o sol aparece ele é bem forte). E com o calor, lá se foram os holandeses em massa pra praia...Desta vez (muito) provavelmente pra se despedir de um verão com gosto de quero mais...Porque foram poucos dias de sol e calor aqui no norte Europeu. Mas ao menos eu curti quando pude, como este fim-de-semana que passei nas praias de Haia: Scheveningen e Kijkduin. A segunda é a minha favorita, menor e menos turística. Além de ter o super relaxed beachbar People, onde bebemos umas cervejas sempre que o tempo permite!

Sábado fomos à Scheveningen e comi o Pastél de Galinha mais fajuto que comi em toda a minha vida (pastél coisa nenhuma) no Beachbar Copacabana, onde sentamos pra tomar umas cervejas e fomos ficando...Já tínhamos ido antes neste bar mas fiquei curiosa com alguns itens do menu (além de caipirinha e guaraná, eles tinham o tal pastel e outros petiscos suspeitos). O melhor mesmo foi o sushi que comemos depois no Tokyo Cafe (em Amsterdã também tem, este é o mais novo da família). Pra quem entrou no restaurante dizendo que não estava com fome, eu até que comi mais sushi do que o F. Fazer o que se eu amo sushi?

Domingo antes de ir pra Kijkduin, ainda passamos no restaurante DeLuca para um rápido brunch - o restaurante italiano que tem uma das melhores massas da cidade. E eu acabei comendo a melhor salada que comi em tempos! A combinação perfeita de ingredientes: alface italiana (não sei o nome direito mas deixa pra lá porque isso aqui não é blog de gastronomia), abacate, amêndoas tostadas, parmesão fresco, um toque de limão e azeite de oliva da melhor qualidade. Comi com muito gosto e pretendo voltar em breve pra repetir a dose. Além de deliciosa, saudável e leve!

Ou seja, este fim-de-semana não teve sessão de cinema, teve mesmo foi praia!
Tecnologia do Blogger.

Deixa pra lá

A história da minha vida. Levanta, cai. Levanta, cai. Quando resolvo um problema, aparece outro. Porque a vida é fértil em nos presentear com coisas boas e coisas ruins. E se for pensar bem, quase que diariamente (a gente é que não percebe). E claro, quando a gente menos espera. A vida emocional vai bem, a vida profissional está um caos. A vida profissional está encaminhada e a gente sozinha(o), sonhando com um companheiro. Eu não sei de vocês mas na minha vida desde que me conheço por gente sempre foi assim. Quando tem uma coisa, falta outra. Tem tempo, falta dinheiro. Tem dinheiro, falta tempo. Ou falta saúde (o que é muito, mas muito pior). Tem amor, falta o resto. Tem o resto, falta amor. Pensando bem, essencial só mesmo o amor (mas a gente tem de pagar as contas) então vou calar a minha boca.

Só sei que a semana passada foi péssima, uma grana com a qual eu estava contando simplesmente não entrou (nem vai entrar) na minha conta e a consequência é que tive de cancelar um fim-de-semana em Paris. Uma viagem com a qual sonhava há tempos, três noites com a minha companhia favorita na minha cidade favorita. Fiquei muito triste mas como bem disse F.: Paris vai continuar exatamente onde está, onde sempre esteve, resolve a tua vida que outra hora a gente vai lá...E nem vou falar nas contas atrasadas...Tem dias em que páro pra pensar na minha vida depois de 14 anos na Europa - todo mundo no Brasil insistindo em achar que isso aqui é o paraíso, doce ilusão - e inevitavelmente bate aquela depressão... Então é melhor não pensar. A melhor opção atualmente é nadar e esperar a crise passar. Porque tudo passa, né?

Pra frente é que se anda, não adianta chorar o leite derramado, não deixa a peteca cair, blablablá. A verdade é que tem dias que...deixa pra lá. E assim vamos vivendo, uns dias mais, outros menos. Um dia a gente ri, no outro chora. Tudo em prol do crescimento espiritual. Porque um dia a ficha cai e a gente aprende, mas enquanto isso não acontece...a gente sofre. E muito.


PS.: E dizer que tive um fim-de-semana super relax, com direito à praia, cinema com pipoca e tudo mais. Mas foi só acordar segunda-feira na casa do namorado pra cair na real. Wake up, baby. Life is out there and it is waiting for you.

Juno, again.

Ontem à noite revi o filme Juno e gostei ainda mais do que da primeira vez. Um pequeno grande filme, sem maiores pretensões. E a protagonista é realmente one in a million. Way to Go, Girl! Aproveito para postar aqui uma das minhas cenas favoritas, entre muitas outras:

Juno: I'm losing my faith in humanity.
Dad: Think you can narrow it down for me?
Juno: I guess I wonder sometimes if people ever stay together for good.
Dad: You mean like couples?
Juno: Yeah, like people in love.
Dad: Are you having boy troubles? I gotta be honest; I don't much approve of dating in your condition, 'cause well... that's kind of messed up.
Juno: Dad, no!
Dad: Well, it's kind of skanky. Isn't that what you girls call it? Skanky? Skeevy?
Juno: Please stop now.
Dad: [persisting] Tore up from the floor up?
Juno: Dad, it's not about that. I just need to know if it's possible for two people to stay happy together forever, or at least for a few years.
Dad: It's not easy, that's for sure. Now, I may not have the best track record in the world, but I have been with your stepmother for 10 years now and I'm proud to say that we're very happy.
Dad: In my opinion, the best thing you can do is find a person who loves you for exactly what you are. Good mood, bad mood, ugly, pretty, handsome, what have you, the right person will still think the sun shines out your ass. That's the kind of person that's worth sticking with.
Juno: I sort of already have.
Dad: Well, of course! You're old D-A-D! You know I'll always be there to love and support you no matter what kind of pickle you're in... Obviously [nods to her belly]
Juno: I need to go out somewhere just for a little while. I don't have any homework and I swear I'll be back by ten.
Dad: You were talking about me right?

Dedicated to F.

Aquarobics

Caralho. Hoje tive minha primeira aula de aquarobics e é bem mais puxado do que eu imaginava - e olha que eu já tinha tido aulas de aquafitness mas isso aqui é bem diferente.Talvez porque eu nunca tenha sido o tipo de frequentar academia de ginástica então acho que demora algumas semanas para acostumar com o pique da aula. 45 minutos pulando, correndo e jogando pernas e braços pra lá e pra cá. Música a todo volume (ou quase porque piscina é lugar público) e uma professora entusiasta, até demais.

Mas gostei da aula e pretendo fazer ao menos 12 semanas consecutivas pra obter o resultado desejado. O único porém é que pra mim outono-inverno é uma época complicada (só quem mora aqui no norte da Europa pra entender a profundidade do que estou falando), então sair de casa pra ir pra piscina num dia frio e chuvoso vai ser uma GRANDE vitória. Mas eu não vou desistir. Não mesmo. To be continued...

Swim for Your Life !


Esta semana fiz algo que não fazia há mais de dez anos: fui 3 vezes nadar na piscina! Depois de anos e mais anos sem fazer nenhuma atividade física (shame on you), comecei a nadar há cerca de três meses. Geralmente estava indo uma vez por semana e já estava bom (embora a dietista sempre insistisse que duas vezes seria melhor). Então este mês comecei a nadar duas vezes por semana...E esta semana foram três vezes - porque a semana foi mais ruim do que boa e a outra opção seria me entupir de comfort food e dormir o dia inteiro...

Em outras palavras, estou aprendendo a lidar com os problemas da vida (e não são poucos mas tudo bem, não vou entrar em detalhes por aqui) de forma mais construtiva. E vou dizer que é um aprendizado e tanto. Eu até pouco tempo comia quando estava triste ou ansiosa, ou mesmo para celebrar. Mas tenho aprendido a mudar esses hábitos e agora quando estou triste visto o maiô e vou pra piscina! São 25 min a pé até chegar, 1 hora nadando quase sem parar, 25 min a pé de volta pra casa. E faz um bem danado. Não só para a condição física (a dieta agradece), como especialmente para a condição emocional. E para a condição mental (e sexual também). Na verdade, já dá pra notar o efeito nesses primeiros três meses. E por isso decidi começar aulas de aquarobics semana que vem. As aulas são às quartas de manhã e eu ainda pretendo nadar segundas ou sextas - ou ambos os dias dependendo da semana.

Uma pequena grande vitória. Sem dúvida! Consegui transformar uma semana que tinha tudo pra ser ruim em algo bom. E mais tarde vou tomar o trem para encontrar meu namorado de coração mais leve e mais tranquila. Porque a vida continua, meus amigos. E a gente não pode deixar a peteca cair...

Coisa de maluco

Pra variar, estou lendo um livro tão louco, mas tão louco que nem tenho palavras para descrever. Leitura divertidíssima, sem dúvida. E ainda por cima verídica (trata-se de uma autobiografia). O livro se chama Running with Scissors e embora lide com temas bastante sérios (como doenças mentais e abuso sexual, pra não dizerem que não avisei) tem partes simplesmente hilárias. É que a loucura é tanta que tem horas que só mesmo rindo. A vida do protagonista fica de pernas pro ar com as intermináveis brigas dos pais (temperadas com ameaças de morte e tudo o mais), o divórcio e a consequente piração da mãe - que se antes já era meio pirada, depois do divórcio surtou de vez, literalmente. A mãe passa quase todos os dias da semana no consultório do psiquiatra. Chega um momento em que a crise é tanta que o psiquiatra decide adotar o menino por uns tempos, até a mãe conseguir recuperar sua (precária) saúde mental. É assim que o menino de 14 anos acaba indo morar na casa do psiquiatra e de sua excêntrica família. Comparados a esta família, os Royal Tenenbaums são a família mais normal do mundo, pra vocês terem uma idéia! E não, eu não estou exagerando. De qualquer forma, a mudança de ambiente rende muitas estórias em meio a experiências boas, ruins e ...bizarras! Um livro instigante e recheado de questionamentos que lida com questões sérias de forma absurdamente hilária (rir para não chorar). E por falar em filmes, o livro (bestseller nos EUA) já foi filmado e deverá ser lançado em breve nos cinemas.

Sobre os confrontos

Estava eu aqui pensando com meus botões. Impressionante. Se tem um ponto em que mudei muito nos últimos anos (e certamente a partir da depressão) é que perdi toda a capacidade de confrontos que eu tinha (que aliás já era pouca). E por causa do namorado tenho notado isso cada vez mais nitidamente. Porque ele é a relação mais próxima e portanto aquela que nos reflete por inteiro, com nossas qualidades e defeitos a serem trabalhados. Noto, por exemplo, que preciso urgentemente aprender a estabelecer limites - para mim e para o outro. E não estou falando apenas desta relação específica mas de todas as minhas relações. Preciso aprender a ser mais direta e dizer na lata (e no momento em que ocorre) quando algo me incomoda - em vez de ficar esperando que o outro adivinhe. Parece simples mas é uma tarefa hercúlea para esta que vos escreve.

Não é de hoje que F. diz: você precisa aprender a ser mais assertiva. Abrir a boca pra reclamar quando se acha no direito, abrir a boca pra dizer o que está sentindo em vez de ficar enrolando e fingindo que não foi com você. Porque eu falo, falo e falo...mas em momentos em que deveria mesmo falar algo, eu calo! Esquisito mesmo. Pra não dizer paradoxal. Eu simplesmente evito todo e qualquer tipo de conflito, com amigos, conhecidos, vizinhos, etc. Gente que importa na minha vida e gente que não tem importância nenhuma. Eu evito tanto magoar as pessoas que acabo eu mesma sendo magoada. E a vida segue seu rumo como se nada tivesse acontecido.

Tenho percebido isso cada vez mais claramente. Como uma espécie de armadura de aço que eu visto antes de sair à rua em caso de eventuais acidentes. Porque eu já me machuquei demais (sensibilidade à flor da pele não é necessariamente uma qualidade, acreditem). Eu não quero saber de brigas e discussões, a começar porque já excedi e em muito a minha cota no meu casamento. Eu quero é paz e amor...então quando algo ou alguém me incomoda, eu fico calada e finjo que não percebi. E se um dia a pessoa fizer o mesmo de novo, eu provavelmente vou me afastar, nem que seja por um tempo. O que é um péssimo hábito, admito. Eu sei e você sabe que comunicação é tudo.

Moral da estória: da próxima vez que você ver uma pessoa falando pelos cotovelos, não se iluda. Ela pode estar falando muito mas provavelmente está dizendo menos do que se estivesse calada.

El Orfanato

Não tem jeito, eu gosto mesmo é de drama. E de preferência dos bons. Na vida e nas telas do cinema. Drama psicológico beirando o horror - ou neste caso, filme de horror com um toque de drama psicológico e sobrenatural então, nem se fala. Fico praticamente com falta de ar! Foi assim que assisti domingo passado ao premiado El Orfanato, que havia perdido nos cinemas daqui. Infelizmente tive de me contentar com uma telinha de tv porque o filme deve ser um show no telão. E não é pra menos, o produtor é o festejado diretor mexicano Guillermo del Toro, de Pan´s Labyrinth (além de Hell Boy e Hell Boy 2). Este último está atualmente em cartaz nos cinemas de sua cidade, mas não comento por duas simples razões: não assisti e não é a minha praia. Por outro lado, amei Pan´s Labyrinth e inclusive comentei sobre o filme aqui no blog (confira neste link).

Mas voltando ao filme em questão, El Orfanato é uma história de amor e uma história de terror. Acima de tudo, uma história de terror psicológico da melhor qualidade que faz lembrar um pouco O Sexto Sentido, The Others e, em alguns aspectos, o próprio Pan´s Labyrinth. Uma história sobre mortos, sobre vivos e sobreviventes. Como em Labirinto do Fauno, este roteiro também mistura fantasia e realidade, o consciente e o inconsciente, o aqui e o além (e neste caso, o sobrenatural é um dos principais personagens da estória). Sem falar na participação especial da Geraldine Chaplin, como uma convincente médium que visita a casa para tentar ajudar na solução do problema.

Em suma, um filme excelente, instigante e intenso...mas que eu não recomendaria a pessoas de coração fraco. Mas que vale a pena conferir, isso vale!

Para a aniversariante

Anna (aka as Annix) é uma figura muito especial. Inteligentíssima, cinéfila, bem-informada, blogueira das antigas. Rock chick, amante dos gatos e sempre pronta para ajudar os amigos necessitados. Mas sua maior qualidade é que ela é minha amiga, embora não nos encontremos com a frequência que eu gostaria (considerando-se que moramos na mesma cidade). Felizmente ela sabe, como eu também sei, que amizade não se mede por frequência física. E que em assuntos do coração, a distância é relativa.

Enfim, uma amizade que surgiu naturalmente e que cresce naturalmente, comme il faut. Somos parecidas, somos diferentes. Temos gostos parecidos para algumas coisas e bem distintos para outras. Mas respeitamos as diferenças e aprendemos uma com a outra. Acima de tudo, somos amigas.

A ironia é que (como já disse pra ela), ela é uma espécie de versão feminina do meu namorado F. Pode soar meio estranho (não, eu não sou lésbica, rsrsrs) mas é isso mesmo! Eles curtem as mesmas músicas (ambos chamam minhas músicas de elevator music mas eu perdôo porque gosto deles), os mesmos filmes e os mesmos heróis Marvel! E eu até brinco com F. que felizmente ela é muito bem casada. Porque pelo amor de Deus, esses dois são parecidos demais! Quando a Anna comenta de um filme no blog dela (e esta menina entende da sétima arte) eu já sei que F. também vai gostar (ou não). Impressionante.

Feliz Aniversário, querida amiga!

Pequeno drama familiar

Não tenho quase ido ao cinema recentemente mas ontem revi Bee Season em DVD. Recomendado pra quem gosta de dramas familiares na tradição de Ice Storm, American Beauty, Happiness ou mesmo versões mais lights como Little Miss Sunshine. Não chega a ser um filme excepcional - e não se compara à pequena pérola que é Ice Storm de Ang Lee - mas o filme não deixa de ter seu valor. Sem falar na presença na tela de uma das minhas atrizes favoritas: Juliette Binoche. E da adorável Flora Cross, protagonista da estória. O roteiro (baseado em um livro) é de Naomi Foner, mãe dos atores Maggie e Jake Gyllenhaal (diga-se de passagem, que família mais talentosa).

Um filme sem grandes explosões de emoção mas muitas, muitas palavras. Palavras ditas e não-ditas, enfim, palavras. A estória gira em torno de uma menina que da noite para o dia demonstra ter um grande talento para a ortografia. À medida em que o filme se desenrola, ela ganha vários concursos regionais e nacionais de spelling. O que inevitavelmente nos faz lembrar dos concursos de Miss Pageant em Little Miss Sunshine com a excelente atriz Abigail Breslin (que também aparece em No Reservations e Definitely, Maybe).

O equilíbrio delicado desta família (aparentemente) tão comum é perturbado quando o pai da menina resolve pela primeira vez investir seu tempo e energia na filha cuja existência antes mal percebia...O pai (Richard Gere) é um professor universitário especializado em estudos judaicos (kabbalah etc) e fascinado pela magia das palavras. E bastante exigente com seus filhos. Antes de descobrir o talento da caçula, ele se dedicava a dar aulas de música ao filho. Trancava-se horas com o filho no seu escritório e a menina tinha de passar bilhetes por baixo da porta se quisesse comunicar algo ao pai. Com a descoberta do novo talento ocorre uma mudança de status dentro da família. O filho antes tão paparicado é abandonado (com consequências desastrosas) e o pai volta sua atenção exclusivamente para a menina (o que também traz consequências desastrosas para a já instável mãe).

Pode parecer muito drama pra pouca estória mas o filme é cheio de nuances e sutilezas. E nos faz refletir sobre nossos pequenos dramas familiares (de perto ninguém é normal). O lugar que cada um sabe ou não conquistar dentro de sua família, o valor de cada membro independente de seu talento ou da falta dele. Todas as partes do conjunto asseguram um equilíbrio que pode ser facilmente desfeito. Um equilíbrio delicado, como a própria vida.

Despedida do verão

Ou talvez o título mais apropriado para este post seja o verão que não houve. Seja como for, fim-de-semana passado fez um calor decente por aqui (atenção: 25 a 28 graus aqui é um calor decente, mas ao menos quando o sol aparece ele é bem forte). E com o calor, lá se foram os holandeses em massa pra praia...Desta vez (muito) provavelmente pra se despedir de um verão com gosto de quero mais...Porque foram poucos dias de sol e calor aqui no norte Europeu. Mas ao menos eu curti quando pude, como este fim-de-semana que passei nas praias de Haia: Scheveningen e Kijkduin. A segunda é a minha favorita, menor e menos turística. Além de ter o super relaxed beachbar People, onde bebemos umas cervejas sempre que o tempo permite!

Sábado fomos à Scheveningen e comi o Pastél de Galinha mais fajuto que comi em toda a minha vida (pastél coisa nenhuma) no Beachbar Copacabana, onde sentamos pra tomar umas cervejas e fomos ficando...Já tínhamos ido antes neste bar mas fiquei curiosa com alguns itens do menu (além de caipirinha e guaraná, eles tinham o tal pastel e outros petiscos suspeitos). O melhor mesmo foi o sushi que comemos depois no Tokyo Cafe (em Amsterdã também tem, este é o mais novo da família). Pra quem entrou no restaurante dizendo que não estava com fome, eu até que comi mais sushi do que o F. Fazer o que se eu amo sushi?

Domingo antes de ir pra Kijkduin, ainda passamos no restaurante DeLuca para um rápido brunch - o restaurante italiano que tem uma das melhores massas da cidade. E eu acabei comendo a melhor salada que comi em tempos! A combinação perfeita de ingredientes: alface italiana (não sei o nome direito mas deixa pra lá porque isso aqui não é blog de gastronomia), abacate, amêndoas tostadas, parmesão fresco, um toque de limão e azeite de oliva da melhor qualidade. Comi com muito gosto e pretendo voltar em breve pra repetir a dose. Além de deliciosa, saudável e leve!

Ou seja, este fim-de-semana não teve sessão de cinema, teve mesmo foi praia!