segunda-feira, abril 28, 2008

Happy Birthday Liam

Mais um ano que passou voando, hoje meu filho completou 8 anos! Como ele sempre faz aniversário no meio das férias de maio, a festa será comemorada com os amiguinhos 17 de maio (aqui na Holanda as férias são espalhadas por todo ano letivo, bem diferente do Brasil em que temos as férias de verão e algumas semanas em julho). Mas criança é criança, não podíamos simplesmente deixar o dia passar em branco! O pai comprou uma slagroomtaart (a torta favorita de 9 entre 10 crianças holandesas) e comemoramos em família: mãe, pai, tio (irmão do pai) e a babá e amiga brasileira que conhece o Liam desde que ele era bebê.

F. veio ontem de Haia especialmente para comemorar o aniversário do menino. Desta vez o aniversariante escolheu o programa então fomos ao cinema assistir Draken Jaggers (Chasseurs de dragon, porque o filme é francês) e depois fomos lanchar no Kentucky Fried Chicken. E Liam ganhou ainda mais um Playmobil pra sua coleção! Na verdade, o que ele mais ganhou este aniversário foi Playmobil, foram ao todo três sets da série Guarda Florestal. É bicho que não acaba mais! Como Playmobil é muito caro, ele só ganha mesmo de natal ou aniversário. E como no natal passado ele ganhou livros e LEGO (outro favorito aqui em casa), acabei me empolgando e comprei dois sets grandes desta vez (com ajuda do F., claro). Só sei dizer que eu também viro criança na hora de tirar o Playmobil da embalagem. Não tem como resistir a esses brinquedos!




terça-feira, abril 22, 2008

Enfim, a primavera

Fim-de-semana muito bom, apesar de uma briga de casal domingo à tarde - agora me digam qual o casal que não briga vez ou outra? porque casal que nunca briga não é casal, né? Sexta à noite nos encontramos na Estação Central e fomos jantar no Floow, uma de nossas recentes descobertas no circuito culinário de Haia. Depois acabei tomando um porre com F. (ele não, eu porque como todo control freak o danado nunca fica bêbado). Tive a audácia de misturar vinho branco, caipirinha, mojito, piña colada e (muita) cerveja (até em pub irlandês estivemos). Falando assim parece até coisa de adolescente que não sabe beber! Só sei que passei a manhã e boa parte da tarde de sábado na cama me refazendo do porre. Só saí mesmo pra ir ao supermercado. Aproveitei que ficamos em casa e preparei uma comidinha básica. Porque eu não sou o que se poderia chamar de Domestic Goddess, muito pelo contrário. Mas que eu invejo gente que sabe preparar um jantar decente, ah isso eu invejo! A culinária é uma arte (minha amiga Anna que o diga).

Sábado à noite ficamos em casa assistindo Good Will Hunting. O filme é bastante conhecido (e premiado) e não sei porque cargas d´água nenhum dos dois havia assistido ainda (o filme aliás é muito bom). O diretor é Gus Van Sant, o mesmo do menos brilhante Paranoid Park e de Elephant (este último eu recomendo, nem que seja pela fotografia).

Domingo fez sol então não resistimos e fomos passear no centro da cidade. Até porque aqui no hemisfério norte quando faz sol você sai de casa e não tem discussão (leia-se programa obrigatório). Depois de algumas lojas, um delicioso Ice Cappuccino no Coffee Company e uma discussão inóspita, fui no café Boterwaag (foto acima) beber umas cervejas. Fui sozinha e decidida a tomar outro porre, mas F. veio atrás de mim e conversa vai, conversa vem, fizemos as pazes (e bebemos juntos, o que convenhamos é bem mais divertido). A verdade é que nos comunicamos muito bem e eu acredito que comunicação é tudo num relacionamento. Tá bom, sexo também é importante mas sem comunicação não tem kamasutra que salve um relacionamento, acreditem! Só sei que a briga não conseguiu estragar nosso primeiro fim-de-semana de primavera por estas bandas. E depois de fazer as pazes, ainda fomos jantar num dos meus restaurantes favoritos, o Little V. Pra fechar o fim-de-semana com chave de ouro, tomamos um bonde (tram) a tempo de assistir o pôr-do-sol em Scheveningen. A praia fica em Haia, como já comentei aqui antes.

Vida dura, né? (mais um post da série O amor é lindo).

sexta-feira, abril 18, 2008

Meu sonho de consumo

Então fica combinado assim: um dia ainda compro uma dessas Blythes. E de preferência ruiva - como esta aqui ainda na embalagem - ou de cabelos castanhos porque não sou tão fã das louras assim (and since when blondes have more fun? Besides, brunettes are more intelligent, really.)

O lance é que essas bonecas são pra quem tem dinheiro sobrando pra essas coisas. E eu infelizmente ando correndo atrás das contas então nunca sobra nada no final do mês (nem no início, se é pra ser sincera). Mas não há de ser nada, um dia eu ganho na loto e compro logo uma dúzia de Blythes! No mais, estou tentando juntar um dinheirinho pras férias de agosto com o meu filho. Que eu vou, isso eu vou. Só não conto pra onde (xô olho gordo)!

E assim vamos vivendo e sonhando...

quarta-feira, abril 16, 2008

Minha vida sem o Orkut



O título deste post bem poderia ser: Há vida depois do Orkut ou algo assim. É que relendo uns posts antigos, acabei de me dar conta de que saí do Orkut há pouco mais de um ano, em abril de 2007. E confesso que não sinto a menor falta daquilo ali. Até porque, meus amigos sempre souberam onde me encontrar, nem que seja aqui no blog.

De qualquer forma, devo admitir que aquilo ali dá muito pano pra manga e acontecem coisas que se eu falar ninguém acredita...Alguém já ouviu falar de linchamento virtual? Pois eu juro que já presenciei este fenômeno mais de uma vez em certas comunidades do orkut (só não vou dar nome aos bois). É tanto babado forte que uma amiga até decidiu escrever uma espécie de tese antropológica sobre o assunto (juro que é verdade, rssrsrs).

No final das contas, o Orkut nada mais é do que um reflexo do mundo em que vivemos. Uma espécie de microcosmos do macrocosmos lá fora (sad but oh so true). E como a Internet, um instrumento para o bem ou para o mal (a escolha é do cliente). E assim na vida como no Orkut, mais cedo ou mais tarde as pessoas acabam se revelando. Daí que a gente volta e meia se desilude com uns e decepciona uns tantos outros. Eu mesma fiz inimizades e nem sei dizer como (logo eu que nunca fui de ter inimigos nesta vida). Talvez por ser o tipo de pessoa que se expõe demais e que tem o mau hábito de não seguir as regras do jogo. Eu simplesmente não jogo e pronto. Odeio fofocas e intrigas, odeio me fazer de paisagem e fingir aparências (e as aparências até enganam mas nem tanto assim).

Enfim, prefiro me dedicar a coisas (e pessoas) que realmente acrescentem algo à minha vida. E o blog sem dúvida é uma delas (uma tremenda egotrip admito, mas é ótimo). E já que falei em teses, a minha é a seguinte: os bichos são (muito) mais humanos do que o ser humano. Falando sério. Rir para não chorar, queridos amigos.

segunda-feira, abril 14, 2008

A vida entrando nos eixos

Cabeça a mil e coração batendo forte, pra variar. Só sei dizer que os dias e semanas têm voado (e lá se vão 3 meses e meio de um ano que parece ter começado ontem), o que segundo as más línguas é sempre bom sinal. Não tem coisa pior do que ficar dando voltas e mais voltas sem chegar a lugar nenhum (Sísifo que o diga, o coitado). Bom mesmo é sentir a vida em movimento - e de preferência pra frente porque pra frente é que se anda, caros amigos. Bom mesmo é poder colher os frutos depois da labuta. Bom mesmo é o tímido raio de sol depois da tempestade. Hoje só sei dizer que a vida definitivamente parece estar entrando nos eixos.

Sabe aquelas raras épocas na vida da gente em que temos a (nítida) sensação de estarmos indo na direção certa? Em que temos a (nítida) sensação de termos finalmente retomado o fio da meada, depois de muito tempo e sono perdido? O alívio é enorme, obviamente (depois de tantos erros, alguns acertos, o principal é que bem ou mal sobrevivemos). E eu vou fazendo as pazes com um passado nem tão distante assim. O processo é demorado (e dolorido, não se iludam) e tem dia que dá vontade de enfiar a cabeça debaixo das cobertas e dormir. Mas a cada dia me distancio um pouco mais do passado. E aprendo a viver o presente sem medo.

É, estou aprendendo a ser feliz de novo.

Greetings from Amsterdam

terça-feira, abril 08, 2008

Viva a MPB !

Ando numa correria danada mas não podia deixar de passar por aqui pra comentar sobre este show. Sexta passada fomos eu e F. ao show Gil Luminoso em Roterdã. Eu já havia visto o Gilberto Gil por aqui há cerca de 6 anos mas não fui ao show que ele deu há dois anos atrás. Por coincidência, F. foi a este show com uns amigos que como ele, também são amantes da boa música. A verdade é que F. gosta de música e pronto: do Jazz à Bossa Nova, passando pelos gigantes do rock, rock progressivo, trilhas sonoras e bandas obscuras dos anos 80 (fase que na Inglaterra foi chamada de New Wave, no Brasil éramos os darks...sim eu já fui dark mas isso é outra estória!). E música clássica, muita música clássica (de Wagner a Vivaldi).

Mas voltando ao Giberto Gil (é F. pra cá, F. pra lá hehehe) depois de uma festejada tournée nos EUA em 2007, ele decidiu dar as caras aqui no velho continente. E fiquem sabendo que o show que ele trouxe desta vez é simplesmente demais! Super intimista, no estilo banquinho e violão (e convenhamos: precisa mais?). Repertório impecável recheado de números clássicos como Se eu Quiser Falar com Deus, Toda Menina Baiana, Não Chore Mais, Expresso 222, Drão, Aquele Abraço (o Rio de Janeiro continua lindo...), etc etc etc.

E a alegria não acaba aí, mês que vem tem mais: Milton Nascimento toca em Amsterdã no dia 8 de maio. Eu admiro muito a obra dele mas confesso que nunca vi show do mineiro. E estou pensando seriamente em aproveitar esta oportunidade. Apesar de já ter ouvido dizer que ele anda mal das pernas...pra dizer o mínimo. Mas não deixa de ser um músico excepcional.

sexta-feira, abril 04, 2008

Síndrome de Asperger

Ainda sobre autismo - mais especificamente, a Síndrome de Asperger - decidi colocar aqui um extrato muito elucidativo do livro Martian in the Playground, de Clare Sainsbury. PS. Lamento o texto em inglês mas eu não tenho o menor tempo pra traduzir isso aqui.


Here is one of my most vivid memories of school: I am standing in a corner of the playground as usual, as far away as possible from people who might bump into me or shout, gazing into the sky and absorbed in my own thoughts. I am eight or nine years old and have begun to realize that I am different in some nameless but all-pervasive way.

I don´t understand the children around me. They frighten and confuse me. They don´t want to talk about things that are interesting. I used to think that they were silly, but now I am beginning to understand that I am the one who is all wrong. I try so hard to do what I am told, but just when I think I am being most helpful and good, the teachers tell me off and I don´t know why. It´s as if everybody is playing some complicated game and I am the only one who hasn´t been told the rules. But no-one will admit that it´s a game or that there are rules, let alone explain them to me. Maybe it´s a joke being played on me, I know about jokes. I would be happy if they left me alone to think my thoughts, but they won´t.

I think that I might be an alien who has been put on this planet by mistake; I hope that this is so, because this means that there might be other people out there in the universe like me. I dream that one day a spaceship will fall from the sky onto the tarmac in front of me, and the people who step out of the spaceship will tell me: It´s all been a dreadful mistake. You were never meant to be here. We are your people and now we´ve come to take you home.

In the next few years, I would work out that the spaceship was never going to come and rescue me, but it wasn´t until I was twenty that I finally found a name for my differences, when I was diagnosed with Asperger´s Syndrome, a mild form of autism. Five years later, looking back at my schooldays, I feel regret and anger for the needless pain I went through and for the energy that I and my teachers wasted pointlessly. If the right people had only been given the right information, more than a decade of my life might have gone very differently.

quarta-feira, abril 02, 2008

Você sabe o que é autismo?

Aproveito que a Isabella (do blog Tem quem goste) está fazendo uma postagem coletiva sobre autismo pra deixar aqui um pouco da minha experiência nesses últimos tempos. Não que eu seja especialista no assunto mas provavelmente sei mais do que muitas mães costumam saber, ainda mais agora que comecei a frequentar um grupo de pais de crianças no espectro do autismo. Isso porque meu filho foi diagnosticado por uma equipe multidisciplinar aqui na Holanda (psicólogos infantis, pedagogos, psiquiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos etc) como estando no espectro do autismo há cerca de um ano, depois de muitos testes e especulações. Uma verdadeira via crucis, só quem passou por isso pra entender...

Se eu pudesse resumir em poucas palavras o que aprendi até agora é que o autismo não é o que a maioria das pessoas costumam pensar (o que não falta é gente desinformada) e muito menos fácil de ser diagnosticado, a menos em casos mais óbvios. Crianças autistas não costumam ser tão diferentes daquelas outras crianças brincando no pátio da escola, algumas apresentam inteligência acima da média e excelente desempenho escolar-acadêmico (como por exemplo em cálculo e matemática). O maior desafio para uma criança autista é no campo social e emocional, na formação de vínculos afetivos. Porque a criança tipicamente autista não sabe ler sinais, costuma interpretar tudo que é dito ao pé-da-letra (sem nuances) e tem dificuldades em interpretar reações que as pessoas normalmente costumam identificar como tristeza, raiva, etc. Outra característica (que vejo aqui em casa há muito tempo) é que essas crianças têm mais interesse por coisas (objetos) do que por pessoas. A começar porque objetos são mais prevísiveis!

Meu filho frequentou 3 anos uma escola normal e só no terceiro ano escolar, na classe de alfabetização, foi que o alarme soou definitivamente: há algo errado. Daí até a mudança para uma escola de ensino especial foram seis meses de muitas dúvidas e angústias. Ele frequenta a nova escola desde setembro (início do ano escolar aqui na Holanda) e só tenho a dizer que melhorou muito em todos os aspectos: não apenas no desempenho escolar como no aspecto emocional - o que, como toda mãe que se preze, considero até mais importante! Hoje Liam é uma criança mais calma e menos insegura, com maior capacidade de concentração graças a uma classe reduzida de 12 alunos (antes eram 30 alunos em sala de aula, um caos absoluto para uma criança especial, como costumam ser rotuladas essas crianças). Ele desenha muito bem, faz inúmeros desenhos de ônibus, trens e bondes cada dia mais sofisticados e detalhados (e juro que não é só papo de mãe coruja, até desenhos por encomenda ele faz pras crianças na escola, rsrsrsrs). Tem uma percepção visual acima da média para detalhes e perspectiva e é uma pequena enciclopédia ambulante de fatos relacionados a bichos em geral e dinossauros em particular. Isso sem citar a paixão por planetas, tempos atrás ele me surpreendeu perguntando se eu sabia que Júpiter também tinha anéis (os anéis de Saturno todo mundo sabe).

Pelo que tenho lido recentemente, desconfio que grande parte das crianças vem sendo diagnosticadas como estando no espectro do autismo, que inclui por exemplo a Síndrome de Asperger, problemas no desenvolvimento motor e da fala, distúrbios de concentração (ADHD), entre outros. Pra finalizar, deixo a dica de um ótimo livro pra quem deseja se aprofundar no assunto: Kids in the Syndrome Mix of ADHD, LD, Asperger´s, Tourette´s, Bipolar and more! de Martin L. Kutscher.
Tecnologia do Blogger.

Happy Birthday Liam

Mais um ano que passou voando, hoje meu filho completou 8 anos! Como ele sempre faz aniversário no meio das férias de maio, a festa será comemorada com os amiguinhos 17 de maio (aqui na Holanda as férias são espalhadas por todo ano letivo, bem diferente do Brasil em que temos as férias de verão e algumas semanas em julho). Mas criança é criança, não podíamos simplesmente deixar o dia passar em branco! O pai comprou uma slagroomtaart (a torta favorita de 9 entre 10 crianças holandesas) e comemoramos em família: mãe, pai, tio (irmão do pai) e a babá e amiga brasileira que conhece o Liam desde que ele era bebê.

F. veio ontem de Haia especialmente para comemorar o aniversário do menino. Desta vez o aniversariante escolheu o programa então fomos ao cinema assistir Draken Jaggers (Chasseurs de dragon, porque o filme é francês) e depois fomos lanchar no Kentucky Fried Chicken. E Liam ganhou ainda mais um Playmobil pra sua coleção! Na verdade, o que ele mais ganhou este aniversário foi Playmobil, foram ao todo três sets da série Guarda Florestal. É bicho que não acaba mais! Como Playmobil é muito caro, ele só ganha mesmo de natal ou aniversário. E como no natal passado ele ganhou livros e LEGO (outro favorito aqui em casa), acabei me empolgando e comprei dois sets grandes desta vez (com ajuda do F., claro). Só sei dizer que eu também viro criança na hora de tirar o Playmobil da embalagem. Não tem como resistir a esses brinquedos!





Enfim, a primavera

Fim-de-semana muito bom, apesar de uma briga de casal domingo à tarde - agora me digam qual o casal que não briga vez ou outra? porque casal que nunca briga não é casal, né? Sexta à noite nos encontramos na Estação Central e fomos jantar no Floow, uma de nossas recentes descobertas no circuito culinário de Haia. Depois acabei tomando um porre com F. (ele não, eu porque como todo control freak o danado nunca fica bêbado). Tive a audácia de misturar vinho branco, caipirinha, mojito, piña colada e (muita) cerveja (até em pub irlandês estivemos). Falando assim parece até coisa de adolescente que não sabe beber! Só sei que passei a manhã e boa parte da tarde de sábado na cama me refazendo do porre. Só saí mesmo pra ir ao supermercado. Aproveitei que ficamos em casa e preparei uma comidinha básica. Porque eu não sou o que se poderia chamar de Domestic Goddess, muito pelo contrário. Mas que eu invejo gente que sabe preparar um jantar decente, ah isso eu invejo! A culinária é uma arte (minha amiga Anna que o diga).

Sábado à noite ficamos em casa assistindo Good Will Hunting. O filme é bastante conhecido (e premiado) e não sei porque cargas d´água nenhum dos dois havia assistido ainda (o filme aliás é muito bom). O diretor é Gus Van Sant, o mesmo do menos brilhante Paranoid Park e de Elephant (este último eu recomendo, nem que seja pela fotografia).

Domingo fez sol então não resistimos e fomos passear no centro da cidade. Até porque aqui no hemisfério norte quando faz sol você sai de casa e não tem discussão (leia-se programa obrigatório). Depois de algumas lojas, um delicioso Ice Cappuccino no Coffee Company e uma discussão inóspita, fui no café Boterwaag (foto acima) beber umas cervejas. Fui sozinha e decidida a tomar outro porre, mas F. veio atrás de mim e conversa vai, conversa vem, fizemos as pazes (e bebemos juntos, o que convenhamos é bem mais divertido). A verdade é que nos comunicamos muito bem e eu acredito que comunicação é tudo num relacionamento. Tá bom, sexo também é importante mas sem comunicação não tem kamasutra que salve um relacionamento, acreditem! Só sei que a briga não conseguiu estragar nosso primeiro fim-de-semana de primavera por estas bandas. E depois de fazer as pazes, ainda fomos jantar num dos meus restaurantes favoritos, o Little V. Pra fechar o fim-de-semana com chave de ouro, tomamos um bonde (tram) a tempo de assistir o pôr-do-sol em Scheveningen. A praia fica em Haia, como já comentei aqui antes.

Vida dura, né? (mais um post da série O amor é lindo).

Meu sonho de consumo

Então fica combinado assim: um dia ainda compro uma dessas Blythes. E de preferência ruiva - como esta aqui ainda na embalagem - ou de cabelos castanhos porque não sou tão fã das louras assim (and since when blondes have more fun? Besides, brunettes are more intelligent, really.)

O lance é que essas bonecas são pra quem tem dinheiro sobrando pra essas coisas. E eu infelizmente ando correndo atrás das contas então nunca sobra nada no final do mês (nem no início, se é pra ser sincera). Mas não há de ser nada, um dia eu ganho na loto e compro logo uma dúzia de Blythes! No mais, estou tentando juntar um dinheirinho pras férias de agosto com o meu filho. Que eu vou, isso eu vou. Só não conto pra onde (xô olho gordo)!

E assim vamos vivendo e sonhando...

Minha vida sem o Orkut



O título deste post bem poderia ser: Há vida depois do Orkut ou algo assim. É que relendo uns posts antigos, acabei de me dar conta de que saí do Orkut há pouco mais de um ano, em abril de 2007. E confesso que não sinto a menor falta daquilo ali. Até porque, meus amigos sempre souberam onde me encontrar, nem que seja aqui no blog.

De qualquer forma, devo admitir que aquilo ali dá muito pano pra manga e acontecem coisas que se eu falar ninguém acredita...Alguém já ouviu falar de linchamento virtual? Pois eu juro que já presenciei este fenômeno mais de uma vez em certas comunidades do orkut (só não vou dar nome aos bois). É tanto babado forte que uma amiga até decidiu escrever uma espécie de tese antropológica sobre o assunto (juro que é verdade, rssrsrs).

No final das contas, o Orkut nada mais é do que um reflexo do mundo em que vivemos. Uma espécie de microcosmos do macrocosmos lá fora (sad but oh so true). E como a Internet, um instrumento para o bem ou para o mal (a escolha é do cliente). E assim na vida como no Orkut, mais cedo ou mais tarde as pessoas acabam se revelando. Daí que a gente volta e meia se desilude com uns e decepciona uns tantos outros. Eu mesma fiz inimizades e nem sei dizer como (logo eu que nunca fui de ter inimigos nesta vida). Talvez por ser o tipo de pessoa que se expõe demais e que tem o mau hábito de não seguir as regras do jogo. Eu simplesmente não jogo e pronto. Odeio fofocas e intrigas, odeio me fazer de paisagem e fingir aparências (e as aparências até enganam mas nem tanto assim).

Enfim, prefiro me dedicar a coisas (e pessoas) que realmente acrescentem algo à minha vida. E o blog sem dúvida é uma delas (uma tremenda egotrip admito, mas é ótimo). E já que falei em teses, a minha é a seguinte: os bichos são (muito) mais humanos do que o ser humano. Falando sério. Rir para não chorar, queridos amigos.

A vida entrando nos eixos

Cabeça a mil e coração batendo forte, pra variar. Só sei dizer que os dias e semanas têm voado (e lá se vão 3 meses e meio de um ano que parece ter começado ontem), o que segundo as más línguas é sempre bom sinal. Não tem coisa pior do que ficar dando voltas e mais voltas sem chegar a lugar nenhum (Sísifo que o diga, o coitado). Bom mesmo é sentir a vida em movimento - e de preferência pra frente porque pra frente é que se anda, caros amigos. Bom mesmo é poder colher os frutos depois da labuta. Bom mesmo é o tímido raio de sol depois da tempestade. Hoje só sei dizer que a vida definitivamente parece estar entrando nos eixos.

Sabe aquelas raras épocas na vida da gente em que temos a (nítida) sensação de estarmos indo na direção certa? Em que temos a (nítida) sensação de termos finalmente retomado o fio da meada, depois de muito tempo e sono perdido? O alívio é enorme, obviamente (depois de tantos erros, alguns acertos, o principal é que bem ou mal sobrevivemos). E eu vou fazendo as pazes com um passado nem tão distante assim. O processo é demorado (e dolorido, não se iludam) e tem dia que dá vontade de enfiar a cabeça debaixo das cobertas e dormir. Mas a cada dia me distancio um pouco mais do passado. E aprendo a viver o presente sem medo.

É, estou aprendendo a ser feliz de novo.

Greetings from Amsterdam

Viva a MPB !

Ando numa correria danada mas não podia deixar de passar por aqui pra comentar sobre este show. Sexta passada fomos eu e F. ao show Gil Luminoso em Roterdã. Eu já havia visto o Gilberto Gil por aqui há cerca de 6 anos mas não fui ao show que ele deu há dois anos atrás. Por coincidência, F. foi a este show com uns amigos que como ele, também são amantes da boa música. A verdade é que F. gosta de música e pronto: do Jazz à Bossa Nova, passando pelos gigantes do rock, rock progressivo, trilhas sonoras e bandas obscuras dos anos 80 (fase que na Inglaterra foi chamada de New Wave, no Brasil éramos os darks...sim eu já fui dark mas isso é outra estória!). E música clássica, muita música clássica (de Wagner a Vivaldi).

Mas voltando ao Giberto Gil (é F. pra cá, F. pra lá hehehe) depois de uma festejada tournée nos EUA em 2007, ele decidiu dar as caras aqui no velho continente. E fiquem sabendo que o show que ele trouxe desta vez é simplesmente demais! Super intimista, no estilo banquinho e violão (e convenhamos: precisa mais?). Repertório impecável recheado de números clássicos como Se eu Quiser Falar com Deus, Toda Menina Baiana, Não Chore Mais, Expresso 222, Drão, Aquele Abraço (o Rio de Janeiro continua lindo...), etc etc etc.

E a alegria não acaba aí, mês que vem tem mais: Milton Nascimento toca em Amsterdã no dia 8 de maio. Eu admiro muito a obra dele mas confesso que nunca vi show do mineiro. E estou pensando seriamente em aproveitar esta oportunidade. Apesar de já ter ouvido dizer que ele anda mal das pernas...pra dizer o mínimo. Mas não deixa de ser um músico excepcional.

Síndrome de Asperger

Ainda sobre autismo - mais especificamente, a Síndrome de Asperger - decidi colocar aqui um extrato muito elucidativo do livro Martian in the Playground, de Clare Sainsbury. PS. Lamento o texto em inglês mas eu não tenho o menor tempo pra traduzir isso aqui.


Here is one of my most vivid memories of school: I am standing in a corner of the playground as usual, as far away as possible from people who might bump into me or shout, gazing into the sky and absorbed in my own thoughts. I am eight or nine years old and have begun to realize that I am different in some nameless but all-pervasive way.

I don´t understand the children around me. They frighten and confuse me. They don´t want to talk about things that are interesting. I used to think that they were silly, but now I am beginning to understand that I am the one who is all wrong. I try so hard to do what I am told, but just when I think I am being most helpful and good, the teachers tell me off and I don´t know why. It´s as if everybody is playing some complicated game and I am the only one who hasn´t been told the rules. But no-one will admit that it´s a game or that there are rules, let alone explain them to me. Maybe it´s a joke being played on me, I know about jokes. I would be happy if they left me alone to think my thoughts, but they won´t.

I think that I might be an alien who has been put on this planet by mistake; I hope that this is so, because this means that there might be other people out there in the universe like me. I dream that one day a spaceship will fall from the sky onto the tarmac in front of me, and the people who step out of the spaceship will tell me: It´s all been a dreadful mistake. You were never meant to be here. We are your people and now we´ve come to take you home.

In the next few years, I would work out that the spaceship was never going to come and rescue me, but it wasn´t until I was twenty that I finally found a name for my differences, when I was diagnosed with Asperger´s Syndrome, a mild form of autism. Five years later, looking back at my schooldays, I feel regret and anger for the needless pain I went through and for the energy that I and my teachers wasted pointlessly. If the right people had only been given the right information, more than a decade of my life might have gone very differently.

Você sabe o que é autismo?

Aproveito que a Isabella (do blog Tem quem goste) está fazendo uma postagem coletiva sobre autismo pra deixar aqui um pouco da minha experiência nesses últimos tempos. Não que eu seja especialista no assunto mas provavelmente sei mais do que muitas mães costumam saber, ainda mais agora que comecei a frequentar um grupo de pais de crianças no espectro do autismo. Isso porque meu filho foi diagnosticado por uma equipe multidisciplinar aqui na Holanda (psicólogos infantis, pedagogos, psiquiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos etc) como estando no espectro do autismo há cerca de um ano, depois de muitos testes e especulações. Uma verdadeira via crucis, só quem passou por isso pra entender...

Se eu pudesse resumir em poucas palavras o que aprendi até agora é que o autismo não é o que a maioria das pessoas costumam pensar (o que não falta é gente desinformada) e muito menos fácil de ser diagnosticado, a menos em casos mais óbvios. Crianças autistas não costumam ser tão diferentes daquelas outras crianças brincando no pátio da escola, algumas apresentam inteligência acima da média e excelente desempenho escolar-acadêmico (como por exemplo em cálculo e matemática). O maior desafio para uma criança autista é no campo social e emocional, na formação de vínculos afetivos. Porque a criança tipicamente autista não sabe ler sinais, costuma interpretar tudo que é dito ao pé-da-letra (sem nuances) e tem dificuldades em interpretar reações que as pessoas normalmente costumam identificar como tristeza, raiva, etc. Outra característica (que vejo aqui em casa há muito tempo) é que essas crianças têm mais interesse por coisas (objetos) do que por pessoas. A começar porque objetos são mais prevísiveis!

Meu filho frequentou 3 anos uma escola normal e só no terceiro ano escolar, na classe de alfabetização, foi que o alarme soou definitivamente: há algo errado. Daí até a mudança para uma escola de ensino especial foram seis meses de muitas dúvidas e angústias. Ele frequenta a nova escola desde setembro (início do ano escolar aqui na Holanda) e só tenho a dizer que melhorou muito em todos os aspectos: não apenas no desempenho escolar como no aspecto emocional - o que, como toda mãe que se preze, considero até mais importante! Hoje Liam é uma criança mais calma e menos insegura, com maior capacidade de concentração graças a uma classe reduzida de 12 alunos (antes eram 30 alunos em sala de aula, um caos absoluto para uma criança especial, como costumam ser rotuladas essas crianças). Ele desenha muito bem, faz inúmeros desenhos de ônibus, trens e bondes cada dia mais sofisticados e detalhados (e juro que não é só papo de mãe coruja, até desenhos por encomenda ele faz pras crianças na escola, rsrsrsrs). Tem uma percepção visual acima da média para detalhes e perspectiva e é uma pequena enciclopédia ambulante de fatos relacionados a bichos em geral e dinossauros em particular. Isso sem citar a paixão por planetas, tempos atrás ele me surpreendeu perguntando se eu sabia que Júpiter também tinha anéis (os anéis de Saturno todo mundo sabe).

Pelo que tenho lido recentemente, desconfio que grande parte das crianças vem sendo diagnosticadas como estando no espectro do autismo, que inclui por exemplo a Síndrome de Asperger, problemas no desenvolvimento motor e da fala, distúrbios de concentração (ADHD), entre outros. Pra finalizar, deixo a dica de um ótimo livro pra quem deseja se aprofundar no assunto: Kids in the Syndrome Mix of ADHD, LD, Asperger´s, Tourette´s, Bipolar and more! de Martin L. Kutscher.