sábado, outubro 31, 2009

It´s Halloween


Hoje comemora-se oficialmente o Dia das Bruxas (Halloween). Pelo menos é assim nos EUA e na Inglaterra porque aqui na Holanda a data passa praticamente despercebida (umas poucas lojas vendem guloseimas especiais, por ex.). Uma pena porque eu acho uma das festas mais legais do ano...e meu filho então, nem se fala! Como todo menino de 9 anos, ele é fissurado em fantasminhas, vampiros, lobisomen e outras assombrações (e sim, adora Harry Potter). Mas as escolas daqui não fazem nada especial para este dia tão comemorado nos países de língua inglesa. Até porque, a maior comemoração do ano para as crianças aqui na Holanda é, sem dúvida, Sinterklaas, como já comentei aqui no blog. Talvez eu deva procurar a comunidade britânica (expats) aqui da cidade...

Mas pra não dizer que a data passou em branco, este ano F. veio com uma ótima idéia! Hoje à tarde ele chega carregado de filmes com o tema Halloween para assistirmos os três aqui em casa. Our Own Private Halloween! Filmes como Beetlejuice (Tim Burton) e The Nightmare Before Christmas (de Henry Coraline Selick, com produção e roteiro de Tim Burton). The Great Pumpkin com Charlie Brown e sua turma, vários episódios de halloween dos Simpsons etc. Não vamos morrer de medo - porque Liam ainda é pequeno demais pra assistir filmes como Blair Witch Project, Rosemary´s Baby e The Haunting!!! Mas vamos nos divertir muito. E depois que Liam for dormir, nós dois podemos assistir alguns filmes de terror. Se eu aguentar assistir, claro! Porque não sou criança mas também morro de medo, hehehe.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Outono-inverno

Impressionante como a mudança das estações afeta o ser humano - pelo menos comigo é assim! Entra ano, sai ano e a cada outono preciso me acostumar novamente aos dias mais curtos e às noites mais longas (esta semana acabou o horário de verão). Eu não tenho o menor problema com dias frios (eu gosto de frio e no mais, é só se agasalhar bem, oras bolas!!!). Já dias cinzentos e chuvosos, como fez hoje aqui em Amsterdã...Sim, porque hoje foi um daqueles típicos dias de outono - embora eu seja a primeira a dizer que alguns dias de outono sejam de uma beleza incomparável.

Eu só sei que quanto mais tempo eu moro na Europa, mais eu percebo como as estações do ano influenciam o temperamento humano. É assim comigo e eu acredito que seja assim com muita gente (mesmo aqueles que juram de pé junto que o clima lá fora não os afeta). No verão é tudo alegria, sorrisos e gargalhadas soltas no ar, muita cerveja e conversa jogada fora nos terraços e cafés da cidade. Os holandeses adoram o verão e você percebe como eles ficam mais extrovertidos nesta estação do ano. Uma estação em que reina a leveza, os contatos superficiais e rápidos. A vida é aqui e agora. A insustentável leveza do ser.

Mas aí chega o outono e muda tudo. O tempo começa a esfriar, os dias ficam mais chuvosos e as pessoas decidem ficar mais tempo dentro de casa. É a estação em que a gente procura (intuitivamente) o aconchego do lar. Época de tirar as cobertas quentinhas do armário, de acender velas pra tornar a casa mais aconchegante (e os holandeses adoram velas na decoração). Época de reflexão e introspecção, depois de um movimentado verão. O outono (e o inverno também) é a estação ideal para curtir uma boa sessão de cinema em casa e colocar a leitura em dia. Pra relaxar na poltrona e beber muito café, chá ou chocolate quente. Acima de tudo, uma estação em que acabamos nos voltando para dentro, quer a gente queira ou não. Principalmente quando aprendemos a apreciar (ou melhor seria dizer: respeitar) os ritmos da natureza. Porque na vida tudo tem seu tempo. Primavera. Verão. Outono. Inverno.

sábado, outubro 24, 2009

Os livros da minha vida

A house without books is like a room without windows.

Tive há pouco uma discussão bastante animada com F. Mais animada ainda porque ele apostou comigo que estou errada! Sim, porque F. tem mania de fazer apostas, vai tentar entender...O engraçado é que - como bons sagitarianos - nós dois somos teimosos e costumamos ter opinião formada sobre quase tudo...porque convenhamos, ter opinião formada sobre tudo é o fim!!! É, F. tem o (mau)hábito de se achar o dono da verdade. Mais ou menos como eu, né? Pensando bem, é incrível como conseguimos conviver em paz a maior parte do tempo! Ah, o amor...

Mas voltando ao tema da discussão. Livros. Sim, uma das maiores paixões da minha vida, desde que me entendo por gente. Ou pelo menos, desde que comecei a ler. Mas vamos com calma: me refiro ao livro tradicional ou seja, sua versão impressa. Livro como objeto de desejo, livro que a gente lê e depois guarda com carinho na estante de livros, junto com todos os outros que passaram a fazer parte de nossa vida (alguns mais imprescindíveis do que outros mas todos importantes em um determinado momento de nossas vidas).

Foi aí que entrou a questão dos e-books, versão eletrônica que tem se tornado popular graças, entre outros, a sites como Amazon.com, que comercializa seu kindle há anos (aparentemente com sucesso). Segundo a profecia de F., daqui a uns 15 anos o mundo inteiro estará lendo e-books. Mais ou menos como o fenômeno atual dos i-Pods e i-Phones da vida (nem vou citar os celulares porque a essas alturas eles já deixaram de ser tema de discussão)...Ele pode até estar certo mas eu jurei de pés juntos que vou continuar comprando meus livros nas livrarias e sebos da cidade - comme il faut. Podem me chamar de nostálgica (leia-se jurássica).

Enquanto viver quero continuar lendo meus livros como sempre li. Quero sentir o cheiro de papel, folhear as páginas, marcar passagens inteiras a lápis pra reler depois (claro que você também pode incluir marcas de edição em um e-book mas sei lá, não é a mesma coisa). Melhor ainda, quero ter o prazer de entrar em um sebo, fuçar as prateleiras e encontrar aquele livro especial. Um livro que muitas vezes eu nem estava procurando. O que convenhamos é bem diferente do que fuçar livros em um site na internet - o que eu até faço, mas geralmente pra ler os comentários de outros leitores sobre os livros na minha lista de desejos. Se eu já comprei livros via internet? Sim, mas eles constituem menos de 5% da minha biblioteca atual.

E por falar em livros e estantes...eu tenho a mania de espiar nas prateleiras de livros sempre que visito alguém, seja amigo ou conhecido. Funciona como uma espécie de imã...quando me dou conta, lá estou eu postada na frente da prateleira fuçando os títulos! E sim, já entrei em casas em que não havia sequer um livro à vista. E vou confessar uma coisa (desculpem se ofendo alguém)...uma casa sem livros pra mim é uma casa sem alma! Talvez porque eu tenha crescido cercada de livros, não posso imaginar uma casa sem eles. Minha mãe era rata de livraria como eu, o que certamente teve mais influência na minha paixão pelos livros do que eu gostaria de admitir.

Enfim, discussão interessante. E vocês, o que acham?

NÃO, não e não!

Impressionante como algumas pessoas dizem não de cara lavada, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Elas dizem não e seguem fazendo o que estavam fazendo, como se nada tivesse acontecido. Já outras têm enorme dificuldade de usar esta palavrinha mágica. Infelizmente, faço parte desse último grupo. E com o passar dos anos, isso tem se tornado cada dia mais óbvio. Sem falar que sou constantemente lembrada pela minha cara-metade que preciso aprender a ser mais brutal, a definir melhor meus limites. Em suma, preciso deixar de ser boazinha e aprender a dizer não!

Não sei porquê - mas tenho minhas teorias que prefiro não expor aqui - muitas vezes me sinto obrigada a dizer SIM quando na verdade o que eu queria era dizer NÃO! E pelo jeito não estou sozinha, porque só este mês já li exatamente sobre esse assunto em duas revistas daqui. Ao que parece, as mulheres têm ainda mais dificuldade em dizer não do que os homens. Elas têm mania de querer ser simpáticas e agradar a todo mundo (ser mulher não é fácil, viu?) Só que como diz o bom e velho ditado: não se pode agradar a gregos e troianos. E eu tenho vivido isso na pele.

Semana passada aconteceu algo típico. Depois do ocorrido, fiquei tão chateada que até agora venho digerindo a questão...Chateada com a pessoa que me pediu o favor e mais chateada ainda comigo mesma por ter aceitado! Porque cá entre nós, ninguém obriga ninguém a fazer nada...No final das contas, fiquei furiosa foi comigo mesma! Por não ter sabido definir limites e dizer não. Por esta mania de querer ser boazinha, de querer ajudar os outros e resolver os problemas dos outros...que, diga-se de passagem, não são MEUS problemas mas problemas deles. E pensando bem, raramente alguém me ajuda a resolver os meus problemas (em muitos momentos antes e depois do divórcio tive de me virar sozinha, o que nem é tão ruim assim porque o que não mata fortalece).

Enfim, só sei dizer que preciso urgentemente rever meus valores e prioridades. Nem que seja por uma mera questão de autopreservação. Sobrevivência na selva das relações humanas. Porque ser boazinha é uma coisa, ser boba é bem outra. E foi assim que me senti: uma grande boba. Tanto que prometi a mim mesma não deixar isso acontecer mais. Vamos ver...

segunda-feira, outubro 19, 2009

Where the Wild Things Are...



Tem épocas que não apenas pouca coisa me atrai no cinema como os únicos filmes que eu realmente tenho vontade de assistir ainda não entraram em cartaz! Um exemplo - além do já citado Alice - é Where the Wild Things Are, que acaba de ser lançado nos EUA e já estourou todas as bilheterias no primeiro fim-de-semana! Não é pra menos, é a versão filmada de mais um daqueles clássicos favoritos que fizeram parte da infância de todo mundo. Ou pelo menos, de toda criança americana ou inglesa...não sei se o livro é tão conhecido assim no Brasil, embora ele já tenha sido traduzido em vários idiomas. O lançamento nos cinemas holandeses está previsto para janeiro então até lá vou ter de me contentar com este trailer.

Pra quem ainda não percebeu, eu A-M-O literatura infantil (desde Alice no País das Maravilhas até Harry Potter, passando por Coraline entre muitos outros). E claro, sou apaixonada por filmes infantis, ainda mais se forem bem feitos. E com criança em casa, a gente nem precisa arrumar desculpa pra se esbaldar nas matinês. Hoje por exemplo, fomos ao cinema assistir Up - a nova aventura da turma da Pixar (Disney Studios). Sou fã incondicional deles, assisti a TODOS os filmes da Pixar mas admito que o meu favorito continua sendo Toy Story (1 e 2)! Então qual não foi a minha felicidade ao assistir o trailer de Toy Story 3 hoje no cinema!!! Up tem um roteiro interessante, mas a estória se perde um pouco, sei lá...Mas ruim ele não é.




PS. Acho que estou vivendo uma Segunda Infância. Ou talvez esteja entrando na Terceira Idade e nem percebi, rsrsrs. Só sei que ser criança é bom demais, não é não?!!

sábado, outubro 10, 2009

Wise Advice

Tanta coisa

Tanta coisa acontecendo, tanto pensamento vagando solto, tão pouco tempo pra organizar meu tempo e minhas idéias. A vida lá fora anda me chamando mas não se iludam: isso é muito bom. Só que ando sentindo falta de tempo pra mim mesma no meio de tanta novidade. A verdade é que antes eu tinha tempo sobrando pra pensar besteira (o que não é nada bom). Mas agora falta tempo pra organizar as idéias e colocar a casa em ordem - no sentido figurado claro, pois quem me conhece sabe que odeio as tarefas domésticas!

Só sei que estou curtindo muito esta nova fase de trabalhar fora de casa. Tenho uma natureza acima de tudo comunicativa (leia-se extrovertida) e às vezes me surpreendo pensando em como consegui passar os últimos quinze anos trabalhando em casa! Claro que vida de freelance tem suas vantagens - e a liberdade é sem dúvida a maior delas, senão não teria trabalhado como freelance quase toda a minha vida adulta. Mas a vida do tradutor freelance é uma vida de reclusão. Desconfio que um pouco como a vida dos escritores e artistas em geral. O trabalho solitário não propicia contatos sociais e se você não se cuidar isolamento vira solidão. E como vocês bem sabem (ou deveriam saber), isolamento e solidão são duas coisas bem diferentes. Pra complicar, moro num país em que as pessoas costumam passar meses dentro de casa...as estações de outono e inverno são propícias à introspecção, isso eu percebo claramente no meu próprio ritmo.

Desde que comecei meu estágio há três semanas já conheci muita gente, contatos ricos e uma rotina variada. E eu mal tive tempo de postar aqui no blog. Infelizmente, acho que esta será a tendência nos próximos meses, já vou avisando. Sem falar que não pego no meu material de scrapbooking há semanas. Blog e scrapbooking são duas atividades solitárias mas não posso viver sem elas! É o meu lado esquizofrênico (aguardem próximo post). Uma parte da minha personalidade precisa estar com os outros, outra não apenas sabe o valor da solidão com se acostumou à ela. É, eu preciso estar sozinha. Eu adoro estar com as pessoas, amigos, conhecidos ou simplesmente no meio da multidão pelas ruas da cidade. Mas eu também adoro estar sozinha. Sozinha com meus pensamentos, minhas emoções. Meus livros, meus filmes e projetos de scrapbooking. E aí eu me pego pensando: será que todo mundo é assim ou eu é que sou esquizofrênica?!!

Apenas alguns pensamentos dispersos...Eu por mim mesma.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Uma Noite na Ópera



Ontem assisti minha primeira ópera. E obviamente, não podia deixar esta data especial passar em branco. Até porque, não se trata de uma ópera qualquer mas da ópera favorita de F. Madame Butterfly de Giacomo Puccini. Desde que estamos juntos - e em dezembro já completamos 2 anos e meio de namoro - a ópera já esteve 3 vezes por aqui (Amsterdã e Haia), então dessa vez ele não pensou duas vezes e foi logo comprar dois ingressos. É que nas outras duas vezes, ele perguntou se eu queria ir e eu fiquei enrolando...shame on me!

Enfim: eu que já havia assistido a inúmeros espetáculos de teatro e ballet, ontem assisti pela primeira vez a um espetáculo de ópera. E que espetáculo! Confesso que fiquei (muito) emocionada, como não podia deixar de ser. A famosa e trágica estória de uma jovem japonesa abandonada ao destino pelo marido (oficial da marinha americana) que retorna aos EUA e a deixa com a promessa de que um dia voltará. Produção muito bem-cuidada da Companhia de Ópera da República de Tartaristão (Federação Russa). Voltei pra casa de coração apertado (que drama!) e com o programa devidamente guardado na bolsa. Em suma, belíssimo!

domingo, outubro 04, 2009

Terra dos moinhos



Como se não bastasse o tempo escasso, F. tinha ficado com a memory card com as fotos que eu queria publicar então vamos lá. Duas semanas atrás ficamos hospedados em um moinho em Kinderdijk. São ao todo 19 moinhos que, diga-se de passagem, estão na lista de patrimônios da humanidade da UNESCO. Nos meus 15 anos de Holanda, foi a primeira vez que tive a chance não apenas de visitar mas também de dormir em um moinho! Liam foi com a gente e claro, adorou a aventura. Além do moinho propriamente dito, o que ele mais gostou (além do adorável cãozinho chamado Stitch) foi a canoa, onde passou boa parte do fim-de-semana. E não é que o menino sabe remar...

O tempo estava ótimo. Tivemos sorte, considerando-se que já era final de verão. Aproveitamos pra fazer as refeições ao ar livre, sentados em uma mesa no deck de madeira. Vista muito agradável...tipicamente holandesa! Na noite de sábado aproveitamos o bom tempo pra acender uma fogueira e tomar um bom vinho, enquanto F. e seu amigo de tempos de escola (nosso anfitrião) tocavam seus violões. Enfim, uma daquelas noites inesquecíveis. Uma espécie de luau holandês, hehehe.

Pra quem não sabe, Kinderdijk é uma das principais atrações turísticas da Holanda, depois de Amsterdam (distrito da luz vermelha, casa de Anne Frank, Museu Van Gogh, etc.) e do famoso jardim de tulipas Keukenhof. Dicas imperdíveis pra quem visita a Holanda, sendo que Kinderdijk costuma atrair ordas de turistas japoneses, no verão então nem se fala!



Tecnologia do Blogger.

It´s Halloween


Hoje comemora-se oficialmente o Dia das Bruxas (Halloween). Pelo menos é assim nos EUA e na Inglaterra porque aqui na Holanda a data passa praticamente despercebida (umas poucas lojas vendem guloseimas especiais, por ex.). Uma pena porque eu acho uma das festas mais legais do ano...e meu filho então, nem se fala! Como todo menino de 9 anos, ele é fissurado em fantasminhas, vampiros, lobisomen e outras assombrações (e sim, adora Harry Potter). Mas as escolas daqui não fazem nada especial para este dia tão comemorado nos países de língua inglesa. Até porque, a maior comemoração do ano para as crianças aqui na Holanda é, sem dúvida, Sinterklaas, como já comentei aqui no blog. Talvez eu deva procurar a comunidade britânica (expats) aqui da cidade...

Mas pra não dizer que a data passou em branco, este ano F. veio com uma ótima idéia! Hoje à tarde ele chega carregado de filmes com o tema Halloween para assistirmos os três aqui em casa. Our Own Private Halloween! Filmes como Beetlejuice (Tim Burton) e The Nightmare Before Christmas (de Henry Coraline Selick, com produção e roteiro de Tim Burton). The Great Pumpkin com Charlie Brown e sua turma, vários episódios de halloween dos Simpsons etc. Não vamos morrer de medo - porque Liam ainda é pequeno demais pra assistir filmes como Blair Witch Project, Rosemary´s Baby e The Haunting!!! Mas vamos nos divertir muito. E depois que Liam for dormir, nós dois podemos assistir alguns filmes de terror. Se eu aguentar assistir, claro! Porque não sou criança mas também morro de medo, hehehe.

Outono-inverno

Impressionante como a mudança das estações afeta o ser humano - pelo menos comigo é assim! Entra ano, sai ano e a cada outono preciso me acostumar novamente aos dias mais curtos e às noites mais longas (esta semana acabou o horário de verão). Eu não tenho o menor problema com dias frios (eu gosto de frio e no mais, é só se agasalhar bem, oras bolas!!!). Já dias cinzentos e chuvosos, como fez hoje aqui em Amsterdã...Sim, porque hoje foi um daqueles típicos dias de outono - embora eu seja a primeira a dizer que alguns dias de outono sejam de uma beleza incomparável.

Eu só sei que quanto mais tempo eu moro na Europa, mais eu percebo como as estações do ano influenciam o temperamento humano. É assim comigo e eu acredito que seja assim com muita gente (mesmo aqueles que juram de pé junto que o clima lá fora não os afeta). No verão é tudo alegria, sorrisos e gargalhadas soltas no ar, muita cerveja e conversa jogada fora nos terraços e cafés da cidade. Os holandeses adoram o verão e você percebe como eles ficam mais extrovertidos nesta estação do ano. Uma estação em que reina a leveza, os contatos superficiais e rápidos. A vida é aqui e agora. A insustentável leveza do ser.

Mas aí chega o outono e muda tudo. O tempo começa a esfriar, os dias ficam mais chuvosos e as pessoas decidem ficar mais tempo dentro de casa. É a estação em que a gente procura (intuitivamente) o aconchego do lar. Época de tirar as cobertas quentinhas do armário, de acender velas pra tornar a casa mais aconchegante (e os holandeses adoram velas na decoração). Época de reflexão e introspecção, depois de um movimentado verão. O outono (e o inverno também) é a estação ideal para curtir uma boa sessão de cinema em casa e colocar a leitura em dia. Pra relaxar na poltrona e beber muito café, chá ou chocolate quente. Acima de tudo, uma estação em que acabamos nos voltando para dentro, quer a gente queira ou não. Principalmente quando aprendemos a apreciar (ou melhor seria dizer: respeitar) os ritmos da natureza. Porque na vida tudo tem seu tempo. Primavera. Verão. Outono. Inverno.

Os livros da minha vida

A house without books is like a room without windows.

Tive há pouco uma discussão bastante animada com F. Mais animada ainda porque ele apostou comigo que estou errada! Sim, porque F. tem mania de fazer apostas, vai tentar entender...O engraçado é que - como bons sagitarianos - nós dois somos teimosos e costumamos ter opinião formada sobre quase tudo...porque convenhamos, ter opinião formada sobre tudo é o fim!!! É, F. tem o (mau)hábito de se achar o dono da verdade. Mais ou menos como eu, né? Pensando bem, é incrível como conseguimos conviver em paz a maior parte do tempo! Ah, o amor...

Mas voltando ao tema da discussão. Livros. Sim, uma das maiores paixões da minha vida, desde que me entendo por gente. Ou pelo menos, desde que comecei a ler. Mas vamos com calma: me refiro ao livro tradicional ou seja, sua versão impressa. Livro como objeto de desejo, livro que a gente lê e depois guarda com carinho na estante de livros, junto com todos os outros que passaram a fazer parte de nossa vida (alguns mais imprescindíveis do que outros mas todos importantes em um determinado momento de nossas vidas).

Foi aí que entrou a questão dos e-books, versão eletrônica que tem se tornado popular graças, entre outros, a sites como Amazon.com, que comercializa seu kindle há anos (aparentemente com sucesso). Segundo a profecia de F., daqui a uns 15 anos o mundo inteiro estará lendo e-books. Mais ou menos como o fenômeno atual dos i-Pods e i-Phones da vida (nem vou citar os celulares porque a essas alturas eles já deixaram de ser tema de discussão)...Ele pode até estar certo mas eu jurei de pés juntos que vou continuar comprando meus livros nas livrarias e sebos da cidade - comme il faut. Podem me chamar de nostálgica (leia-se jurássica).

Enquanto viver quero continuar lendo meus livros como sempre li. Quero sentir o cheiro de papel, folhear as páginas, marcar passagens inteiras a lápis pra reler depois (claro que você também pode incluir marcas de edição em um e-book mas sei lá, não é a mesma coisa). Melhor ainda, quero ter o prazer de entrar em um sebo, fuçar as prateleiras e encontrar aquele livro especial. Um livro que muitas vezes eu nem estava procurando. O que convenhamos é bem diferente do que fuçar livros em um site na internet - o que eu até faço, mas geralmente pra ler os comentários de outros leitores sobre os livros na minha lista de desejos. Se eu já comprei livros via internet? Sim, mas eles constituem menos de 5% da minha biblioteca atual.

E por falar em livros e estantes...eu tenho a mania de espiar nas prateleiras de livros sempre que visito alguém, seja amigo ou conhecido. Funciona como uma espécie de imã...quando me dou conta, lá estou eu postada na frente da prateleira fuçando os títulos! E sim, já entrei em casas em que não havia sequer um livro à vista. E vou confessar uma coisa (desculpem se ofendo alguém)...uma casa sem livros pra mim é uma casa sem alma! Talvez porque eu tenha crescido cercada de livros, não posso imaginar uma casa sem eles. Minha mãe era rata de livraria como eu, o que certamente teve mais influência na minha paixão pelos livros do que eu gostaria de admitir.

Enfim, discussão interessante. E vocês, o que acham?

NÃO, não e não!

Impressionante como algumas pessoas dizem não de cara lavada, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Elas dizem não e seguem fazendo o que estavam fazendo, como se nada tivesse acontecido. Já outras têm enorme dificuldade de usar esta palavrinha mágica. Infelizmente, faço parte desse último grupo. E com o passar dos anos, isso tem se tornado cada dia mais óbvio. Sem falar que sou constantemente lembrada pela minha cara-metade que preciso aprender a ser mais brutal, a definir melhor meus limites. Em suma, preciso deixar de ser boazinha e aprender a dizer não!

Não sei porquê - mas tenho minhas teorias que prefiro não expor aqui - muitas vezes me sinto obrigada a dizer SIM quando na verdade o que eu queria era dizer NÃO! E pelo jeito não estou sozinha, porque só este mês já li exatamente sobre esse assunto em duas revistas daqui. Ao que parece, as mulheres têm ainda mais dificuldade em dizer não do que os homens. Elas têm mania de querer ser simpáticas e agradar a todo mundo (ser mulher não é fácil, viu?) Só que como diz o bom e velho ditado: não se pode agradar a gregos e troianos. E eu tenho vivido isso na pele.

Semana passada aconteceu algo típico. Depois do ocorrido, fiquei tão chateada que até agora venho digerindo a questão...Chateada com a pessoa que me pediu o favor e mais chateada ainda comigo mesma por ter aceitado! Porque cá entre nós, ninguém obriga ninguém a fazer nada...No final das contas, fiquei furiosa foi comigo mesma! Por não ter sabido definir limites e dizer não. Por esta mania de querer ser boazinha, de querer ajudar os outros e resolver os problemas dos outros...que, diga-se de passagem, não são MEUS problemas mas problemas deles. E pensando bem, raramente alguém me ajuda a resolver os meus problemas (em muitos momentos antes e depois do divórcio tive de me virar sozinha, o que nem é tão ruim assim porque o que não mata fortalece).

Enfim, só sei dizer que preciso urgentemente rever meus valores e prioridades. Nem que seja por uma mera questão de autopreservação. Sobrevivência na selva das relações humanas. Porque ser boazinha é uma coisa, ser boba é bem outra. E foi assim que me senti: uma grande boba. Tanto que prometi a mim mesma não deixar isso acontecer mais. Vamos ver...

Where the Wild Things Are...



Tem épocas que não apenas pouca coisa me atrai no cinema como os únicos filmes que eu realmente tenho vontade de assistir ainda não entraram em cartaz! Um exemplo - além do já citado Alice - é Where the Wild Things Are, que acaba de ser lançado nos EUA e já estourou todas as bilheterias no primeiro fim-de-semana! Não é pra menos, é a versão filmada de mais um daqueles clássicos favoritos que fizeram parte da infância de todo mundo. Ou pelo menos, de toda criança americana ou inglesa...não sei se o livro é tão conhecido assim no Brasil, embora ele já tenha sido traduzido em vários idiomas. O lançamento nos cinemas holandeses está previsto para janeiro então até lá vou ter de me contentar com este trailer.

Pra quem ainda não percebeu, eu A-M-O literatura infantil (desde Alice no País das Maravilhas até Harry Potter, passando por Coraline entre muitos outros). E claro, sou apaixonada por filmes infantis, ainda mais se forem bem feitos. E com criança em casa, a gente nem precisa arrumar desculpa pra se esbaldar nas matinês. Hoje por exemplo, fomos ao cinema assistir Up - a nova aventura da turma da Pixar (Disney Studios). Sou fã incondicional deles, assisti a TODOS os filmes da Pixar mas admito que o meu favorito continua sendo Toy Story (1 e 2)! Então qual não foi a minha felicidade ao assistir o trailer de Toy Story 3 hoje no cinema!!! Up tem um roteiro interessante, mas a estória se perde um pouco, sei lá...Mas ruim ele não é.




PS. Acho que estou vivendo uma Segunda Infância. Ou talvez esteja entrando na Terceira Idade e nem percebi, rsrsrs. Só sei que ser criança é bom demais, não é não?!!

Wise Advice

Tanta coisa

Tanta coisa acontecendo, tanto pensamento vagando solto, tão pouco tempo pra organizar meu tempo e minhas idéias. A vida lá fora anda me chamando mas não se iludam: isso é muito bom. Só que ando sentindo falta de tempo pra mim mesma no meio de tanta novidade. A verdade é que antes eu tinha tempo sobrando pra pensar besteira (o que não é nada bom). Mas agora falta tempo pra organizar as idéias e colocar a casa em ordem - no sentido figurado claro, pois quem me conhece sabe que odeio as tarefas domésticas!

Só sei que estou curtindo muito esta nova fase de trabalhar fora de casa. Tenho uma natureza acima de tudo comunicativa (leia-se extrovertida) e às vezes me surpreendo pensando em como consegui passar os últimos quinze anos trabalhando em casa! Claro que vida de freelance tem suas vantagens - e a liberdade é sem dúvida a maior delas, senão não teria trabalhado como freelance quase toda a minha vida adulta. Mas a vida do tradutor freelance é uma vida de reclusão. Desconfio que um pouco como a vida dos escritores e artistas em geral. O trabalho solitário não propicia contatos sociais e se você não se cuidar isolamento vira solidão. E como vocês bem sabem (ou deveriam saber), isolamento e solidão são duas coisas bem diferentes. Pra complicar, moro num país em que as pessoas costumam passar meses dentro de casa...as estações de outono e inverno são propícias à introspecção, isso eu percebo claramente no meu próprio ritmo.

Desde que comecei meu estágio há três semanas já conheci muita gente, contatos ricos e uma rotina variada. E eu mal tive tempo de postar aqui no blog. Infelizmente, acho que esta será a tendência nos próximos meses, já vou avisando. Sem falar que não pego no meu material de scrapbooking há semanas. Blog e scrapbooking são duas atividades solitárias mas não posso viver sem elas! É o meu lado esquizofrênico (aguardem próximo post). Uma parte da minha personalidade precisa estar com os outros, outra não apenas sabe o valor da solidão com se acostumou à ela. É, eu preciso estar sozinha. Eu adoro estar com as pessoas, amigos, conhecidos ou simplesmente no meio da multidão pelas ruas da cidade. Mas eu também adoro estar sozinha. Sozinha com meus pensamentos, minhas emoções. Meus livros, meus filmes e projetos de scrapbooking. E aí eu me pego pensando: será que todo mundo é assim ou eu é que sou esquizofrênica?!!

Apenas alguns pensamentos dispersos...Eu por mim mesma.

Uma Noite na Ópera



Ontem assisti minha primeira ópera. E obviamente, não podia deixar esta data especial passar em branco. Até porque, não se trata de uma ópera qualquer mas da ópera favorita de F. Madame Butterfly de Giacomo Puccini. Desde que estamos juntos - e em dezembro já completamos 2 anos e meio de namoro - a ópera já esteve 3 vezes por aqui (Amsterdã e Haia), então dessa vez ele não pensou duas vezes e foi logo comprar dois ingressos. É que nas outras duas vezes, ele perguntou se eu queria ir e eu fiquei enrolando...shame on me!

Enfim: eu que já havia assistido a inúmeros espetáculos de teatro e ballet, ontem assisti pela primeira vez a um espetáculo de ópera. E que espetáculo! Confesso que fiquei (muito) emocionada, como não podia deixar de ser. A famosa e trágica estória de uma jovem japonesa abandonada ao destino pelo marido (oficial da marinha americana) que retorna aos EUA e a deixa com a promessa de que um dia voltará. Produção muito bem-cuidada da Companhia de Ópera da República de Tartaristão (Federação Russa). Voltei pra casa de coração apertado (que drama!) e com o programa devidamente guardado na bolsa. Em suma, belíssimo!

Terra dos moinhos



Como se não bastasse o tempo escasso, F. tinha ficado com a memory card com as fotos que eu queria publicar então vamos lá. Duas semanas atrás ficamos hospedados em um moinho em Kinderdijk. São ao todo 19 moinhos que, diga-se de passagem, estão na lista de patrimônios da humanidade da UNESCO. Nos meus 15 anos de Holanda, foi a primeira vez que tive a chance não apenas de visitar mas também de dormir em um moinho! Liam foi com a gente e claro, adorou a aventura. Além do moinho propriamente dito, o que ele mais gostou (além do adorável cãozinho chamado Stitch) foi a canoa, onde passou boa parte do fim-de-semana. E não é que o menino sabe remar...

O tempo estava ótimo. Tivemos sorte, considerando-se que já era final de verão. Aproveitamos pra fazer as refeições ao ar livre, sentados em uma mesa no deck de madeira. Vista muito agradável...tipicamente holandesa! Na noite de sábado aproveitamos o bom tempo pra acender uma fogueira e tomar um bom vinho, enquanto F. e seu amigo de tempos de escola (nosso anfitrião) tocavam seus violões. Enfim, uma daquelas noites inesquecíveis. Uma espécie de luau holandês, hehehe.

Pra quem não sabe, Kinderdijk é uma das principais atrações turísticas da Holanda, depois de Amsterdam (distrito da luz vermelha, casa de Anne Frank, Museu Van Gogh, etc.) e do famoso jardim de tulipas Keukenhof. Dicas imperdíveis pra quem visita a Holanda, sendo que Kinderdijk costuma atrair ordas de turistas japoneses, no verão então nem se fala!