sexta-feira, julho 29, 2011

O Rio de Janeiro continua lindo...

Postando diretamente do Rio! Estou há 6 dias curtindo um inverno carioca com muito sol e temperaturas amenas entre 25 e 29 graus (que eu considero ideal pois odeio aquele calorão do verão).

Redescobrindo a cidade, agora com os olhos de quem vem de fora. E me apaixonando de novo por esta cidade maravilhosa. Liam está amando tudo, também nem podia ser diferente: muito verde, pássaros, micos e até jacarés o menino viu ontem, numa reserva ecológica no Recreio dos Bandeirantes.

Já fomos ao Jardim Botânico, Corcovado, Pão de Açúcar e Ipanema (praia e a maravilhosa Livraria da Travessa que eu ainda não conhecia e me apaixonei)...E ontem visitamos a Prainha e o Museu Casa do Pontal, com uma coleção excepcional de arte popular brasileira. Amanhã seguimos para Ilha Grande e Parati.

Em menos de uma semana de Rio, já não quero mais voltar pra Holanda! E prometi a mim mesma que nunca mais ficarei tanto tempo sem pisar os pés no Brasil...é que estou me sentindo a própria turista depois de ficar 12 anos sem vir aqui. Muita coisa mudou!

E claro: comendo feijão com arroz e farofa quase todo dia. E muito pão de queijo (a dieta fica pra volta). Já comi empadão de frango, strogonoff, escondidinho de camarão (amo), aipim frito, quindim, quindão e outros quitutes tipicamente brasileiros.

Enfim, é muito bom estar de volta...

sábado, julho 16, 2011

Modern Family

Já que o post anterior não fez sucesso por aqui (ninguém quer saber de crise de euro e pensando bem, nem eu), voltei com um post light. Até porque, acabei de assistir a primeira temporada de Modern Family. Ao todo, 24 episódios.

Pra início de conversa, vou dizer que gostei mas não morri de amores (sou chata mesmo). É que alguns episódios são (bem) melhores do que os outros e alguns personagens ficaram "caricatura" demais. Certamente a personagem mais irritante da série é Gloria, a jovem e bela esposa do patriarca da família. Ela é um estereótipo da mulher latina, como costuma ser vista pelos gringos (felizmente há excessões). Leia-se: bonita, sensual, emotiva mas também estourada (daquelas que não levam recado pra casa). Pra completar o quadro, ela fala sempre aos berros e ainda um inglês com sotaque horroroso! Na vida real, a atriz fala inglês perfeito, embora tenha nascido na Colômbia, como a personagem que interpreta. Dito isso, confesso que Gloria simplesmente me irrita. Pelo fato de ser tão monocromática (essa eu inventei agora mas espero que me entendam). Na série inteira você só verá uma faceta da tal mulher.

Quando eu acompanho uma série de tv, eu gosto de personagens com alguma profundidade, que vão mudando e amadurecendo ao longo dos episódios (como as pessoas normais). Gosto de acompanhar os personagens  em suas aventuras e desventuras na tela, tanto que quando a série acaba chega a bater uma tristeza...Querem um exemplo genérico? Friends. Uma das séries mais famosas da tv americana, em que todos os personagens tem vida própria e a gente sempre acaba se identificando com um ou outro. Como exemplo pessoal, eu não poderia deixar de citar Erica (leia mais aqui). E Frasier, a série que é um clássico dos anos 90 (leia aqui). E se eu achei Modern Family apenas bom, é culpa de Frasier - em que todos os episódios são excelentes (e mesmo os fracos são bons). Algo assim como os filmes de Woody Allen, cujos filmes até quando são ruins são bons...se comparados com um monte de porcaria que vemos por ai!

Mas não me entendam mal, Modern Family não é uma série ruim. A idéia original é muito interessante, retratar as famílias como elas são hoje. Não apenas as famílias tradicionais como famílias de pais separados (e com filhos) que já estão no segundo casamento. E até mesmo um casal gay que decide adotar um bebê do Vietnã. Diga-se de passagem, o casal gay é um dos melhores! Nem que seja pra mostrar que gay também é neurótico, rsrsrs. Quem pensa que só mulher dá ataque de nervos, assista! Outro personagem hilário é Phil, o pai "cool", que quer porque quer ser companheiro dos filhos a todo custo. O personagem me lembra muito o Ben Stiller nos filmes Meet the Parents e Meet the Fockers, pra terem uma idéia. Ou seja, desajeitado e hilário.

Já estou baixando a segunda temporada e espero que desta vez haja um desenvolvimento maior dos personagens..De qualquer forma, fica a dica pra quem ainda não assistiu. Vale a pena conferir!

sexta-feira, julho 15, 2011

A crise do euro



Lá vai o euro
O assunto do momento em todas as manchetes internacionais é, sem dúvida, a crise do euro e mais especificamente a situação da Grécia, prestes a falir...Os outros membros da comunidade européia tem se reunido e discutido várias possibilidades para tentar evitar o desastre eminente. Mas a verdade é que a Grécia já faliu há tempos (um país com problemas de terceiro mundo encravado na Europa). Com a Grécia oficialmente falida, lá se vai mais uma vez a credibilidade da moeda européia.

No meio de toda esta confusão, eu estou de viagem para o Brasil  semana que vem, portanto tenho acompanhado as notícias de perto - como já vendo acompanhando nos últimos tempos. O euro está mais desvalorizado do que nunca e ainda pode cair mais nas próximas semanas dependendo de vários fatores. Entre eles, a óbvia falência da Grécia, a crise subsequente na Itália (cujo governo esta semana já anunciou às presas medidas de austeridade, bem fazem eles). E nem vou falar de outras economias fracas como a Espanha e Portugal porque todo mundo já sabe!

Enfim, qualquer leigo pode ver que a Europa está longe de sair da crise mundial iniciada em 2008. Pelos indicadores atuais, a crise na Europa ainda se aprofundará antes de haver alguma recuperação. Hora de apertar os cintos, com medidas de austeridade em praticamente todos os governos europeus. Aqui mesmo na Holanda, este ano está sendo difícil pra muita gente.

Embora a Holanda ainda seja uma das economias mais fortes, junto com a Alemanha (o país que mais cresceu este ano) e a França, a crise também chegou aqui. Em menor escala do que a crise nos países do sul da Europa, mas chegou. Altas taxas de desemprego, maior aumento de pedidos de seguro-desemprego em anos, queda nas produções da indústria e por ai vai (não sou economista pra me estender no assunto mas vivo esta crise no meu dia-a-dia).

Ironia das ironias
No meio a um cenário de crise aguda (e pânico nos mercados de ação) pelo mundo afora, a economia do Brasil vai muito bem, obrigado. O país está vivendo o maior booming em 25 anos. E sinceramente, eu fico muito feliz pelo Brasil - não tinha como não ficar, né? Tem horas que dá até vontade de fazer as malas e voltar. Como aliás, fizeram duas brasileiras que conheço, uma retornou da Grécia (sintomático) e outra voltou da Inglaterra em maio para morar no Brasil - com o marido inglês! Enfim, parece que agora está sendo feito o caminho contrário.

No meu caso específico, isso significa que a minha viagem ao Brasil sairá mais cara do que há alguns anos atrás (isso que eu chamo de bad timing mas tudo bem).  Porque com o euro em queda, agora chegou a vez dos brasileiros curtirem férias (merecidas) na Europa!

Como brasileira vivendo na Europa (literalmente no meio do furacão), eu me sinto muito dividida no momento. Por um lado torço pelo Brasil para que o país se estabilize de uma vez por todas como uma das maiores economias do mundo (e porque não?). Por outro lado, moro na Europa e meu filho vai crescer aqui...e eu gostaria de um futuro legal para ele.

Minha situação na Holanda tem me deixado muito desanimada. Com formação universitária mas desempregada porque afinal das contas, sou estrangeira aqui. Pra complicar, com 45 anos já não é tão fácil arrumar emprego. E com a recessão, as possibilidades de arrumar emprego este ano são, digamos assim, mínimas. Não, não é impossível mas difícil. Bastante difícil (estou sendo realista).

A verdade é que eu (provavelmente) conseguiria um bom emprego aí no Brasil mas as despesas seriam altas demais..A começar pelo drama do aluguel (eu não tenho casa própria no Brasil, como uma amiga que mora aqui e acabou de herdar o apartamento da falecida mãe). E tem ainda o drama das escolas, eu iria pagar uma fortuna pra dar uma educação decente em escolas privadas pro meu filho.

Confesso que se eu não tivesse filho pra criar, eu tentaria a sorte (novamente) e voltaria pro Brasil. Mas a minha realidade é que tenho filho pra criar, o pai dele me ajuda muito e eu não poderia tirar o pai desta criança e simplesmente emigrar pro outro lado do mundo (como muitas mães fazem). Enfim, cada um com sua estória.

Se não fosse pelos fatores acima citados, eu talvez voltasse mesmo. Ou vai ver a chuva ininterrupta dos últimos dias aqui na Holanda me enlouqueceu de vez! Hoje temos um dia de sol mas no fim-de-semana há mais previsão de (fortes) chuvas.

Meu conselho praqueles que ainda sonham em vir para a Europa? Fiquem por aí mesmo.




PS. Vou aproveitar o comentário da Glenda aqui embaixo e não deixar passar em branco, a questão de quem vai e quem fica foi discutida recentemente no blog dela, leia aqui.

quinta-feira, julho 14, 2011

Pinterest, meu novo vício






Facebook que nada! Depois do Flickr e do Tumblr, só faltava mesmo eu ficar viciada no Pinterest! Até porque, o site é simplesmente irresistível. Quem ainda não conhece, fique avisado.

Descobri o que provavelmente muita gente já sabia (né, Bebete?). O Pinterest é a melhor opção de procrastinação para dias chuvosos...e como chove ininterruptamente aqui em Amsterdã há três dias, não podia dar em outra. Uma coleção maravilhosa de imagens para todos os gostos. O mais legal do site é que ele permite criar galerias pessoais com suas imagens favoritas de toda a internet (isso mesmo: você pode adicionar imagens de qualquer site para o seu Pinterest).

Os curiosos podem conferir  aqui o meu novo vício. E depois não digam que eu não avisei. Because sometimes images say a lot more than words.







 


terça-feira, julho 12, 2011

Preocupações de viagem

Saara, Rio de Janeiro


Ou melhor dizendo, pânico mesmo. Não necessariamente meu mas do namorado holandês que hoje ao telefone já repetiu pela enésima vez dos cuidados ao andar pelas ruas do Rio. Ele disse que a criminalidade aumentou muito desde a última vez que fui ao Brasil e que não estou mais acostumada com esse tipo de coisa. Provavelmente ele está certo, pois Amsterdã comparado com Rio continua sendo uma vila de pescadores. No mais, todo mundo está careca de saber que criminalidade é um dos maiores problemas do Brasil e de qualquer outro país em desenvolvimento.

Claro que me desacostumei com algumas coisas, eu hoje ando despreocupadamente pelas ruas de noite sem olhar pra trás a cada minuto. Mas gente, eu morei no Rio de Janeiro 23 anos então acho que (ainda) sei como me comportar na cidade.

Enfim, é isso que dá a gente ficar muito tempo sem voltar pra terrinha e decidir um belo dia (com patrocínio de um generoso tio) dar uma de turista e levar o filhote pra conhecer a Cidade Maravilhosa.

Pra piorar, vem o ex-marido contar estórias de taxi pro meu filho. E o menino de repente me vem com a seguinte: mãe, nós não vamos andar de taxi no Rio, né? Resumindo, ex-marido e namorado apreensivos e eu só querendo curtir minhas férias! Verdade que com uma criança louríssima (e branca azeda) do meu lado que não fala português eu tenho de prestar mais atenção...como aprendi na Tunísia ano passado! Fui muito assediada nas medinas (leia mais aqui) porque criança européia chama muita atenção por lá. E mulher sozinha é presa fácil, ainda mais com crianças. Pra terem uma idéia, as pessoas não só olhavam como passavam as mãos no cabelo dele, juro por Deus! Mas não quero nem saber, eu vou passear na Feira de São Cristóvão (Feira Nordestina) no Rio com o meu gringo sim! Só não sei se encaro as ruas do Saara (sozinha eu iria na boa).


Medina de Sousse, Tunísia
Quando eu fui, essas ruelas estavam super movimentadas!


Pra terminar este post pré-viagem, deixo a pergunta pro pessoal do Rio: alguma dica pra quem vem de um vilarejo europeu e desacostumou com a vida nas grandes cidades brasileiras? Porque para padrões brasileiros, Amsterdã é um vilarejo, acreditem.





PS. Daqui a pouco não poderei mais me denominar cidadã do mundo, rsrsrs.

segunda-feira, julho 11, 2011

Eye Candy: Owls

Cuddly Owls
Cute Owl


Owl  Cupcakes
Paper Owls
Papercraft
All different owls

Beautiful Bowl
Baby Owls
More Baby Owls
Owls in Love
Most Famous Owl Ever

sexta-feira, julho 08, 2011

A velha mania de comparar

Foto tirada por mim há uns 3 anos

Uma coisa que tenho percebido naqueles que se mudaram recentemente do Brasil para a Europa é a (velha) mania de comparar Brasil e Europa! Na maioria dos casos, eles ficam deslumbrados com tudo à sua volta. É a grande descoberta do novo, o início de uma longa e rica jornada para alguns (porque muitos acabam voltando). Verdade seja dita, o ser humano tem por hábito comparar o que já conhece com o desconhecido, é quase um instinto natural.

Essa mania de comparar gera dois fenômenos bem distintos que vejo à minha volta: o deslumbramento (os recém-chegados que acham que aqui tudo é melhor) e o seu oposto,  a revolta ou inconformismo. Ambos fazem parte do processo de adaptação. Pensando em algumas pessoas que conheço, não sei dizer qual dessas posturas me irrita mais (sim, eu já passei pelas duas). Mas acho que o segundo tipo, os eternos revoltados e saudosistas. Já tive muita vontade de dizer (e já disse algumas vezes) pra essas pessoas: se aqui é tão ruim assim, porque não volta pro Brasil? A resposta geralmente é o silêncio...

Já o povo que acabou de chegar fresquinho do Brasil acha tudo lindo e maravilhoso. Afinal de contas, começar vida nova (e ainda mais na Europa) é sempre uma coisa bacana - e é mesmo! Esses ainda tem muita estrada pra percorrer até o dia em que descobrirão que aqui não é o paraíso sonhado e que a vida de imigrante não é para todo mundo (e não é mesmo, disso vocês podem ter certeza). Ser imigrante requer mais do que o otimismo de quem acha que tirou a sorte grande e tudo vai dar certo daqui em diante (porque nem sempre dá, viu?). Há muitas provações no caminho que requerem mais do que o bom e velho otimismo. Elas requerem um certo grau de bom senso para lidar com situações novas, uma enorme capacidade de adaptação e muita paciência. A grande vantagem dos "verdinhos" (como decidi apelidá-los carinhosamente) é a mente aberta e sem preconceitos de quem ainda não viu muita coisa e está começando a formar suas próprias opiniões.

Aí tem aqueles que passam anos e anos e continuam tendo enormes dificuldades de se adaptar (não foi o meu caso). São aqueles típicos brasileiros que você encontrará em toda parte do mundo (e sim, brasileiro tem em toda parte, juro que vi). Aqueles que moram por exemplo aqui na Holanda e fazem questão de conviver só com brasileiros, falar só português com os filhos e comer só feijão com arroz e farofa (que eu adoro!!!). Quando observo essas pessoas, eu inevitavelmente me pergunto: qual a vantagem de cruzar um oceano se é pra viver do mesmo jeito que se vivia lá? Qual a vantagem de conhecer uma cultura nova quando tudo que se faz é comparar com a sua cultura e morrer de saudades do Brasil?

Uma terceira categoria são aqueles que como eu, já vivem muitos anos fora do Brasil (10 anos ou mais). E esses já fizeram bagagem suficiente, já tiveram muitas surpresas agradáveis e outras nem tanto assim. Eu mesma sempre digo que aqui em Amsterdã vivi os melhores e piores momentos da minha vida. E não estou exagerando. Eu vivi 23 anos no Rio de Janeiro e agora já se vão 17 anos de Amsterdã. E percebi que os estrangeiros (não apenas os brasileiros) que vivem aqui há muito tempo acabam incorporando um hábito local: o hábito de reclamar daqui!!! Enfim, o ser humano é um eterno insatisfeito.

Porque eu não comparo Brasil x Holanda. Eu comparo Holanda x Holanda. Ou seja, a Holanda de 17 anos atrás quando desembarquei aqui de mala e cuia e a Holanda dos dias de hoje. Sem querer ser arrogante, acho que é algo comum entre os veteranos que moram muitos anos fora. No meu caso, isso se agrava porque não vou ao Brasil há 12 anos então perdi a referência de como as coisas são por lá.

Não sei se todo mundo está entendendo onde quero chegar (nem eu me entendo às vezes), mas o que eu quero dizer é que existem várias formas de se comparar. Se por um lado é ótimo ter uma visão crítica do mundo, por outro é preciso ter cautela pra não exagerar e tornar-se o eterno insatisfeito.

Um exemplo, no último post eu disse que a Holanda piorou muito nos últimos anos. Mas eu disse isso em relaçào à própria Holanda (e à Comunidade Européia). Porque se for usar o Brasil como parâmetro de comparação, a Holanda ainda é um país bom de se viver, por várias razões (quem mora aqui sabe disso). As diferenças socias estão aumentando sim, os ricos e os pobres, brancos e negros vivendo em bairros separados e crianças em escolas separadas...As escolas aqui em Amsterdã são brancas ou pretas, o que é assunto para outro post...Mas o governo ainda ajuda (menos mas ajuda) e existem possibilidades (mas é preciso buscá-las).

Em suma, apenas mais uma das minhas inúmeras reflexões nos últimos tempos.


I am indeed...



PS. Sim, eu continuo amando a cidade onde decidi morar. Amo de outra forma que amei quando aqui cheguei mas meu lar é aqui, é aqui que me sinto em casa. E é aqui que decidi criar o meu filho, porque acredito que aqui ele tenha mais oportunidades de futuro. Até porque, ele nasceu na Holanda filho de pai inglês e é portanto europeu, com todos os direitos e privilégios que isso lhe assegura. Pois é, tem gente que já nasce com o c* virado pra lua, rsrsrs.

terça-feira, julho 05, 2011

Choque cultural reverso

The World is My Shell

O termo pode até não existir, mas eu já ouvi falar e muito neste fenômeno social. Sim, me refiro ao choque cultural não de quem tenta se adaptar a um país novo mas de quem mora há muitos anos fora. Um choque que aumenta proporcionalmente aos anos vividos no exílio (no meu caso, auto-exílio).

Pois estou me preparando para viver este choque daqui a umas 2 semanas! Sim, estou na contagem regressiva para viajar para a terrinha, depois de 12 anos sem ir ao Brasil. Eu não conheço ninguém que tenha ficado tanto tempo sem ir ao Brasil como eu, mas a estória é longa demais pra contar aqui. Só vou dizer que o principal motivo é que a minha mãe faleceu há 12 anos (pra bom entendedor meia palavra basta), eu não tenho irmãos e o contato com meu pai é mais do que precário. Imaginem que ele se mudou ano passado e nem sei onde ele mora...Mas deixa pra lá que não vim aqui pra chorar miséria.

Mas atenção: quando falo de choque cultural reverso, por favor não pensem que sou mais uma daquelas deslumbradas que mora na Europa e acha que aqui tudo é melhor - já passei por essa fase e ela nem durou tanto assim! Eu amo o Brasil e sinto saudades do meu país (mas não necessariamente pegaria as malas hoje e voltaria para morar lá). E a Holanda está longe de ser o paraíso nesta terra...Tá, algumas coisa até funcionam mas isso aqui já foi muito melhor, quem chegou há pouco tempo não sabe do que estou falando.

Acho que o choque cultural reverso é uma consequência inevitável (para alguns mais do que para outros) de uma estadia prolongada no exterior. Pra começar porque somos confrontados com uma nova cultura e acabamos assimilando alguns hábitos locais (os bons hábitos, espero). O mais interessante é que alguns desses hábitos a gente vai assimilando sem perceber, com o passar dos anos. Eu percebo isso quando amigos me visitam e dizem que fiquei "européia". Verdade seja dita: eu já me sentia estrangeira em minha própria terra. Nunca me encaixei nos padrões locais, sempre pensei diferente. Uma ovelha negra no meio do rebanho. Sempre fui uma cidadã do mundo, mesmo antes de sair do Brasil. Meu lugar é aqui e em lugar nenhum.

É que tem dois aspectos da cultura brasileira que eu sempre tive uma dificuldade enorme de conviver. O primeiro se refere à obsessão pela beleza (bunda durinha, peitos idem, corpo "sarado"). A tão discutida ditadura da magreza, que comentei recentemente aqui (porque ser gorda no Brasil é pecado). Em suma, a incansável busca de mulheres e homens pelo corpo perfeito, cabelos sedosos e brilhantes, pele maravilhosa. E a quantidade absurda de grana gasta (cirurgias plásticas, cosméticos importados, aplicações de botox e sei lá mais o quê) para se alcançar um ideal inalcançável pela maioria de nós mortais . Eu simplesmente não consigo entender porque as pessoas valorizam tanto o exterior em detrimento do interior. Pra mim isso é pobreza espiritual mas quem quiser discordar, fique à vontade.


Are you a Barbie girl?

O segundo aspecto que sempre me incomodou e ainda me incomoda é a obsessão pelo status. A mania de querer ter a roupa mais exclusiva, o carro mais caro, a casa maior do bairro, o perfume francês mais caro, as viagens mais maravilhosas etc etc etc (vocês sabem do que estou falando). As pessoas fazem qualquer coisa por dinheiro (claro que isso não é um problema exclusivamente brasileiro mas universal). E haja cartão de crédito, pagamento parcelado e cheques pra se (tentar) manter um padrão de vida muito acima da renda que se tem. Esta é a realidade de uma grande parcela da população brasileira. Porque convenhamos, na cultura brasileira, o importante nunca foi SER mas TER. Desconfio até que a gente tenha importado este estilo de vida dos EUA. The American Way of Life. Corrijam-me se eu estiver errada.


My Other Car is a Porsche



Só sei que apesar desses dois aspectos aí encima, eu quero curtir muito a Cidade Maravilhosa. Vou dar uma de turista e levar meu filho pra conhecer o Pão de Açúcar, o Corcovado, o Jardim Botânico e as praias da orla carioca. Vou matar a vontade de tomar água de coco, mate leão, biscoito de polvilho e todos aqueles salgadinhos brasileiros que a gente MORRE de vontade de comer quando mora fora. Também vou tomar muito suco de frutas. E vou curtir a natureza exuberante da Ilha Grande (com direito a golfinhos e tartarugas marinhas) e o clima de montanhas de Visconde de Mauá (um dos meus refúgios preferidos). E o mais importante, vou rever a família (tios, tias, primos) que não vejo há muitos e muitos anos. E vou mostrar pro meu filho o LADO BOM do Brasil e dos brasileiros.

O choque cultural reverso pode até ser inevitável mas isso não significa que eu não vá curtir (e muito) esta merecida viagem. Não vejo a hora de arrumar as malas e embarcar nesta aventura. Lá vou eu ser turista no meu próprio país, rsrsrs.


Life is a Beach



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Nota da autora: Saí do Brasil em dezembro de 1993 e desde então o Brasil e a Holanda passaram por enormes mudanças. Quanto ao Brasil, só tenho ouvido notícias boas (apesar de tudo), e espero que o país esteja mesmo vivendo o tal boom econômico que tantos anunciam (basta considerarmos a desvalorização do dólar e do euro) . E espero que a situação econômica esteja melhorando para todos e não apenas para aquela velha minoria privilegiada que sempre soube se garantir. Já aqui na Holanda é tempo de crise política, desemprego e muita insegurança quanto ao futuro. A Europa está vivendo uma crise braba, quem lê os jornais sabe disso. A Irlanda quebrou, a Grécia está no buraco e Portugal, Espanha e Itália estão indo pelo mesmo caminho. E embora a Holanda ainda seja umas das economias mais fortes, aqui também os problemas sociais se agravam a cada ano (e eu digo isso por experiência própria, moro num bairro de famílias de imigrantes).

sexta-feira, julho 01, 2011

Cerveja sabor de ...banana!

Cerveja exótica



Esta eu tinha que vim aqui contar pra vocês! Ontem fui com F. a um restaurante de comida eritréia em Haia e decidimos provar uma cerveja africana...porque eu gosto de uma cerveja e já provei quase todas as cervejas holandesas e belgas disponíveis por aqui (anotem ai: são as melhores cervejas do mercado).

A dona do restaurante sugeriu a Mongozo e ainda tivemos de escolher entre três sabores que ela tinha. Acabamos pedindo uma Quinua e uma de Banana...A banana era uma delícia, cremosa e adocicada...Brinquei até com F. que era cerveja pra criança, talvez o Liam goste, rsrsrs.

Enfim, esta foi sem dúvida a cerveja mais exótica que eu provei na minha vida...fiquei até com vontade de provar os outros sabores: côco e manga!!! É muita imaginação mesmo, né? E ainda bebemos como manda a tradição, no côco (foto abaixo).


Servida no côco!





PS. A comida, diga-se de passagem, estava deliciosa.
Tecnologia do Blogger.

O Rio de Janeiro continua lindo...

Postando diretamente do Rio! Estou há 6 dias curtindo um inverno carioca com muito sol e temperaturas amenas entre 25 e 29 graus (que eu considero ideal pois odeio aquele calorão do verão).

Redescobrindo a cidade, agora com os olhos de quem vem de fora. E me apaixonando de novo por esta cidade maravilhosa. Liam está amando tudo, também nem podia ser diferente: muito verde, pássaros, micos e até jacarés o menino viu ontem, numa reserva ecológica no Recreio dos Bandeirantes.

Já fomos ao Jardim Botânico, Corcovado, Pão de Açúcar e Ipanema (praia e a maravilhosa Livraria da Travessa que eu ainda não conhecia e me apaixonei)...E ontem visitamos a Prainha e o Museu Casa do Pontal, com uma coleção excepcional de arte popular brasileira. Amanhã seguimos para Ilha Grande e Parati.

Em menos de uma semana de Rio, já não quero mais voltar pra Holanda! E prometi a mim mesma que nunca mais ficarei tanto tempo sem pisar os pés no Brasil...é que estou me sentindo a própria turista depois de ficar 12 anos sem vir aqui. Muita coisa mudou!

E claro: comendo feijão com arroz e farofa quase todo dia. E muito pão de queijo (a dieta fica pra volta). Já comi empadão de frango, strogonoff, escondidinho de camarão (amo), aipim frito, quindim, quindão e outros quitutes tipicamente brasileiros.

Enfim, é muito bom estar de volta...

Modern Family

Já que o post anterior não fez sucesso por aqui (ninguém quer saber de crise de euro e pensando bem, nem eu), voltei com um post light. Até porque, acabei de assistir a primeira temporada de Modern Family. Ao todo, 24 episódios.

Pra início de conversa, vou dizer que gostei mas não morri de amores (sou chata mesmo). É que alguns episódios são (bem) melhores do que os outros e alguns personagens ficaram "caricatura" demais. Certamente a personagem mais irritante da série é Gloria, a jovem e bela esposa do patriarca da família. Ela é um estereótipo da mulher latina, como costuma ser vista pelos gringos (felizmente há excessões). Leia-se: bonita, sensual, emotiva mas também estourada (daquelas que não levam recado pra casa). Pra completar o quadro, ela fala sempre aos berros e ainda um inglês com sotaque horroroso! Na vida real, a atriz fala inglês perfeito, embora tenha nascido na Colômbia, como a personagem que interpreta. Dito isso, confesso que Gloria simplesmente me irrita. Pelo fato de ser tão monocromática (essa eu inventei agora mas espero que me entendam). Na série inteira você só verá uma faceta da tal mulher.

Quando eu acompanho uma série de tv, eu gosto de personagens com alguma profundidade, que vão mudando e amadurecendo ao longo dos episódios (como as pessoas normais). Gosto de acompanhar os personagens  em suas aventuras e desventuras na tela, tanto que quando a série acaba chega a bater uma tristeza...Querem um exemplo genérico? Friends. Uma das séries mais famosas da tv americana, em que todos os personagens tem vida própria e a gente sempre acaba se identificando com um ou outro. Como exemplo pessoal, eu não poderia deixar de citar Erica (leia mais aqui). E Frasier, a série que é um clássico dos anos 90 (leia aqui). E se eu achei Modern Family apenas bom, é culpa de Frasier - em que todos os episódios são excelentes (e mesmo os fracos são bons). Algo assim como os filmes de Woody Allen, cujos filmes até quando são ruins são bons...se comparados com um monte de porcaria que vemos por ai!

Mas não me entendam mal, Modern Family não é uma série ruim. A idéia original é muito interessante, retratar as famílias como elas são hoje. Não apenas as famílias tradicionais como famílias de pais separados (e com filhos) que já estão no segundo casamento. E até mesmo um casal gay que decide adotar um bebê do Vietnã. Diga-se de passagem, o casal gay é um dos melhores! Nem que seja pra mostrar que gay também é neurótico, rsrsrs. Quem pensa que só mulher dá ataque de nervos, assista! Outro personagem hilário é Phil, o pai "cool", que quer porque quer ser companheiro dos filhos a todo custo. O personagem me lembra muito o Ben Stiller nos filmes Meet the Parents e Meet the Fockers, pra terem uma idéia. Ou seja, desajeitado e hilário.

Já estou baixando a segunda temporada e espero que desta vez haja um desenvolvimento maior dos personagens..De qualquer forma, fica a dica pra quem ainda não assistiu. Vale a pena conferir!

A crise do euro



Lá vai o euro
O assunto do momento em todas as manchetes internacionais é, sem dúvida, a crise do euro e mais especificamente a situação da Grécia, prestes a falir...Os outros membros da comunidade européia tem se reunido e discutido várias possibilidades para tentar evitar o desastre eminente. Mas a verdade é que a Grécia já faliu há tempos (um país com problemas de terceiro mundo encravado na Europa). Com a Grécia oficialmente falida, lá se vai mais uma vez a credibilidade da moeda européia.

No meio de toda esta confusão, eu estou de viagem para o Brasil  semana que vem, portanto tenho acompanhado as notícias de perto - como já vendo acompanhando nos últimos tempos. O euro está mais desvalorizado do que nunca e ainda pode cair mais nas próximas semanas dependendo de vários fatores. Entre eles, a óbvia falência da Grécia, a crise subsequente na Itália (cujo governo esta semana já anunciou às presas medidas de austeridade, bem fazem eles). E nem vou falar de outras economias fracas como a Espanha e Portugal porque todo mundo já sabe!

Enfim, qualquer leigo pode ver que a Europa está longe de sair da crise mundial iniciada em 2008. Pelos indicadores atuais, a crise na Europa ainda se aprofundará antes de haver alguma recuperação. Hora de apertar os cintos, com medidas de austeridade em praticamente todos os governos europeus. Aqui mesmo na Holanda, este ano está sendo difícil pra muita gente.

Embora a Holanda ainda seja uma das economias mais fortes, junto com a Alemanha (o país que mais cresceu este ano) e a França, a crise também chegou aqui. Em menor escala do que a crise nos países do sul da Europa, mas chegou. Altas taxas de desemprego, maior aumento de pedidos de seguro-desemprego em anos, queda nas produções da indústria e por ai vai (não sou economista pra me estender no assunto mas vivo esta crise no meu dia-a-dia).

Ironia das ironias
No meio a um cenário de crise aguda (e pânico nos mercados de ação) pelo mundo afora, a economia do Brasil vai muito bem, obrigado. O país está vivendo o maior booming em 25 anos. E sinceramente, eu fico muito feliz pelo Brasil - não tinha como não ficar, né? Tem horas que dá até vontade de fazer as malas e voltar. Como aliás, fizeram duas brasileiras que conheço, uma retornou da Grécia (sintomático) e outra voltou da Inglaterra em maio para morar no Brasil - com o marido inglês! Enfim, parece que agora está sendo feito o caminho contrário.

No meu caso específico, isso significa que a minha viagem ao Brasil sairá mais cara do que há alguns anos atrás (isso que eu chamo de bad timing mas tudo bem).  Porque com o euro em queda, agora chegou a vez dos brasileiros curtirem férias (merecidas) na Europa!

Como brasileira vivendo na Europa (literalmente no meio do furacão), eu me sinto muito dividida no momento. Por um lado torço pelo Brasil para que o país se estabilize de uma vez por todas como uma das maiores economias do mundo (e porque não?). Por outro lado, moro na Europa e meu filho vai crescer aqui...e eu gostaria de um futuro legal para ele.

Minha situação na Holanda tem me deixado muito desanimada. Com formação universitária mas desempregada porque afinal das contas, sou estrangeira aqui. Pra complicar, com 45 anos já não é tão fácil arrumar emprego. E com a recessão, as possibilidades de arrumar emprego este ano são, digamos assim, mínimas. Não, não é impossível mas difícil. Bastante difícil (estou sendo realista).

A verdade é que eu (provavelmente) conseguiria um bom emprego aí no Brasil mas as despesas seriam altas demais..A começar pelo drama do aluguel (eu não tenho casa própria no Brasil, como uma amiga que mora aqui e acabou de herdar o apartamento da falecida mãe). E tem ainda o drama das escolas, eu iria pagar uma fortuna pra dar uma educação decente em escolas privadas pro meu filho.

Confesso que se eu não tivesse filho pra criar, eu tentaria a sorte (novamente) e voltaria pro Brasil. Mas a minha realidade é que tenho filho pra criar, o pai dele me ajuda muito e eu não poderia tirar o pai desta criança e simplesmente emigrar pro outro lado do mundo (como muitas mães fazem). Enfim, cada um com sua estória.

Se não fosse pelos fatores acima citados, eu talvez voltasse mesmo. Ou vai ver a chuva ininterrupta dos últimos dias aqui na Holanda me enlouqueceu de vez! Hoje temos um dia de sol mas no fim-de-semana há mais previsão de (fortes) chuvas.

Meu conselho praqueles que ainda sonham em vir para a Europa? Fiquem por aí mesmo.




PS. Vou aproveitar o comentário da Glenda aqui embaixo e não deixar passar em branco, a questão de quem vai e quem fica foi discutida recentemente no blog dela, leia aqui.

Pinterest, meu novo vício






Facebook que nada! Depois do Flickr e do Tumblr, só faltava mesmo eu ficar viciada no Pinterest! Até porque, o site é simplesmente irresistível. Quem ainda não conhece, fique avisado.

Descobri o que provavelmente muita gente já sabia (né, Bebete?). O Pinterest é a melhor opção de procrastinação para dias chuvosos...e como chove ininterruptamente aqui em Amsterdã há três dias, não podia dar em outra. Uma coleção maravilhosa de imagens para todos os gostos. O mais legal do site é que ele permite criar galerias pessoais com suas imagens favoritas de toda a internet (isso mesmo: você pode adicionar imagens de qualquer site para o seu Pinterest).

Os curiosos podem conferir  aqui o meu novo vício. E depois não digam que eu não avisei. Because sometimes images say a lot more than words.







 


Preocupações de viagem

Saara, Rio de Janeiro


Ou melhor dizendo, pânico mesmo. Não necessariamente meu mas do namorado holandês que hoje ao telefone já repetiu pela enésima vez dos cuidados ao andar pelas ruas do Rio. Ele disse que a criminalidade aumentou muito desde a última vez que fui ao Brasil e que não estou mais acostumada com esse tipo de coisa. Provavelmente ele está certo, pois Amsterdã comparado com Rio continua sendo uma vila de pescadores. No mais, todo mundo está careca de saber que criminalidade é um dos maiores problemas do Brasil e de qualquer outro país em desenvolvimento.

Claro que me desacostumei com algumas coisas, eu hoje ando despreocupadamente pelas ruas de noite sem olhar pra trás a cada minuto. Mas gente, eu morei no Rio de Janeiro 23 anos então acho que (ainda) sei como me comportar na cidade.

Enfim, é isso que dá a gente ficar muito tempo sem voltar pra terrinha e decidir um belo dia (com patrocínio de um generoso tio) dar uma de turista e levar o filhote pra conhecer a Cidade Maravilhosa.

Pra piorar, vem o ex-marido contar estórias de taxi pro meu filho. E o menino de repente me vem com a seguinte: mãe, nós não vamos andar de taxi no Rio, né? Resumindo, ex-marido e namorado apreensivos e eu só querendo curtir minhas férias! Verdade que com uma criança louríssima (e branca azeda) do meu lado que não fala português eu tenho de prestar mais atenção...como aprendi na Tunísia ano passado! Fui muito assediada nas medinas (leia mais aqui) porque criança européia chama muita atenção por lá. E mulher sozinha é presa fácil, ainda mais com crianças. Pra terem uma idéia, as pessoas não só olhavam como passavam as mãos no cabelo dele, juro por Deus! Mas não quero nem saber, eu vou passear na Feira de São Cristóvão (Feira Nordestina) no Rio com o meu gringo sim! Só não sei se encaro as ruas do Saara (sozinha eu iria na boa).


Medina de Sousse, Tunísia
Quando eu fui, essas ruelas estavam super movimentadas!


Pra terminar este post pré-viagem, deixo a pergunta pro pessoal do Rio: alguma dica pra quem vem de um vilarejo europeu e desacostumou com a vida nas grandes cidades brasileiras? Porque para padrões brasileiros, Amsterdã é um vilarejo, acreditem.





PS. Daqui a pouco não poderei mais me denominar cidadã do mundo, rsrsrs.

Eye Candy: Owls

Cuddly Owls
Cute Owl


Owl  Cupcakes
Paper Owls
Papercraft
All different owls

Beautiful Bowl
Baby Owls
More Baby Owls
Owls in Love
Most Famous Owl Ever

A velha mania de comparar

Foto tirada por mim há uns 3 anos

Uma coisa que tenho percebido naqueles que se mudaram recentemente do Brasil para a Europa é a (velha) mania de comparar Brasil e Europa! Na maioria dos casos, eles ficam deslumbrados com tudo à sua volta. É a grande descoberta do novo, o início de uma longa e rica jornada para alguns (porque muitos acabam voltando). Verdade seja dita, o ser humano tem por hábito comparar o que já conhece com o desconhecido, é quase um instinto natural.

Essa mania de comparar gera dois fenômenos bem distintos que vejo à minha volta: o deslumbramento (os recém-chegados que acham que aqui tudo é melhor) e o seu oposto,  a revolta ou inconformismo. Ambos fazem parte do processo de adaptação. Pensando em algumas pessoas que conheço, não sei dizer qual dessas posturas me irrita mais (sim, eu já passei pelas duas). Mas acho que o segundo tipo, os eternos revoltados e saudosistas. Já tive muita vontade de dizer (e já disse algumas vezes) pra essas pessoas: se aqui é tão ruim assim, porque não volta pro Brasil? A resposta geralmente é o silêncio...

Já o povo que acabou de chegar fresquinho do Brasil acha tudo lindo e maravilhoso. Afinal de contas, começar vida nova (e ainda mais na Europa) é sempre uma coisa bacana - e é mesmo! Esses ainda tem muita estrada pra percorrer até o dia em que descobrirão que aqui não é o paraíso sonhado e que a vida de imigrante não é para todo mundo (e não é mesmo, disso vocês podem ter certeza). Ser imigrante requer mais do que o otimismo de quem acha que tirou a sorte grande e tudo vai dar certo daqui em diante (porque nem sempre dá, viu?). Há muitas provações no caminho que requerem mais do que o bom e velho otimismo. Elas requerem um certo grau de bom senso para lidar com situações novas, uma enorme capacidade de adaptação e muita paciência. A grande vantagem dos "verdinhos" (como decidi apelidá-los carinhosamente) é a mente aberta e sem preconceitos de quem ainda não viu muita coisa e está começando a formar suas próprias opiniões.

Aí tem aqueles que passam anos e anos e continuam tendo enormes dificuldades de se adaptar (não foi o meu caso). São aqueles típicos brasileiros que você encontrará em toda parte do mundo (e sim, brasileiro tem em toda parte, juro que vi). Aqueles que moram por exemplo aqui na Holanda e fazem questão de conviver só com brasileiros, falar só português com os filhos e comer só feijão com arroz e farofa (que eu adoro!!!). Quando observo essas pessoas, eu inevitavelmente me pergunto: qual a vantagem de cruzar um oceano se é pra viver do mesmo jeito que se vivia lá? Qual a vantagem de conhecer uma cultura nova quando tudo que se faz é comparar com a sua cultura e morrer de saudades do Brasil?

Uma terceira categoria são aqueles que como eu, já vivem muitos anos fora do Brasil (10 anos ou mais). E esses já fizeram bagagem suficiente, já tiveram muitas surpresas agradáveis e outras nem tanto assim. Eu mesma sempre digo que aqui em Amsterdã vivi os melhores e piores momentos da minha vida. E não estou exagerando. Eu vivi 23 anos no Rio de Janeiro e agora já se vão 17 anos de Amsterdã. E percebi que os estrangeiros (não apenas os brasileiros) que vivem aqui há muito tempo acabam incorporando um hábito local: o hábito de reclamar daqui!!! Enfim, o ser humano é um eterno insatisfeito.

Porque eu não comparo Brasil x Holanda. Eu comparo Holanda x Holanda. Ou seja, a Holanda de 17 anos atrás quando desembarquei aqui de mala e cuia e a Holanda dos dias de hoje. Sem querer ser arrogante, acho que é algo comum entre os veteranos que moram muitos anos fora. No meu caso, isso se agrava porque não vou ao Brasil há 12 anos então perdi a referência de como as coisas são por lá.

Não sei se todo mundo está entendendo onde quero chegar (nem eu me entendo às vezes), mas o que eu quero dizer é que existem várias formas de se comparar. Se por um lado é ótimo ter uma visão crítica do mundo, por outro é preciso ter cautela pra não exagerar e tornar-se o eterno insatisfeito.

Um exemplo, no último post eu disse que a Holanda piorou muito nos últimos anos. Mas eu disse isso em relaçào à própria Holanda (e à Comunidade Européia). Porque se for usar o Brasil como parâmetro de comparação, a Holanda ainda é um país bom de se viver, por várias razões (quem mora aqui sabe disso). As diferenças socias estão aumentando sim, os ricos e os pobres, brancos e negros vivendo em bairros separados e crianças em escolas separadas...As escolas aqui em Amsterdã são brancas ou pretas, o que é assunto para outro post...Mas o governo ainda ajuda (menos mas ajuda) e existem possibilidades (mas é preciso buscá-las).

Em suma, apenas mais uma das minhas inúmeras reflexões nos últimos tempos.


I am indeed...



PS. Sim, eu continuo amando a cidade onde decidi morar. Amo de outra forma que amei quando aqui cheguei mas meu lar é aqui, é aqui que me sinto em casa. E é aqui que decidi criar o meu filho, porque acredito que aqui ele tenha mais oportunidades de futuro. Até porque, ele nasceu na Holanda filho de pai inglês e é portanto europeu, com todos os direitos e privilégios que isso lhe assegura. Pois é, tem gente que já nasce com o c* virado pra lua, rsrsrs.

Choque cultural reverso

The World is My Shell

O termo pode até não existir, mas eu já ouvi falar e muito neste fenômeno social. Sim, me refiro ao choque cultural não de quem tenta se adaptar a um país novo mas de quem mora há muitos anos fora. Um choque que aumenta proporcionalmente aos anos vividos no exílio (no meu caso, auto-exílio).

Pois estou me preparando para viver este choque daqui a umas 2 semanas! Sim, estou na contagem regressiva para viajar para a terrinha, depois de 12 anos sem ir ao Brasil. Eu não conheço ninguém que tenha ficado tanto tempo sem ir ao Brasil como eu, mas a estória é longa demais pra contar aqui. Só vou dizer que o principal motivo é que a minha mãe faleceu há 12 anos (pra bom entendedor meia palavra basta), eu não tenho irmãos e o contato com meu pai é mais do que precário. Imaginem que ele se mudou ano passado e nem sei onde ele mora...Mas deixa pra lá que não vim aqui pra chorar miséria.

Mas atenção: quando falo de choque cultural reverso, por favor não pensem que sou mais uma daquelas deslumbradas que mora na Europa e acha que aqui tudo é melhor - já passei por essa fase e ela nem durou tanto assim! Eu amo o Brasil e sinto saudades do meu país (mas não necessariamente pegaria as malas hoje e voltaria para morar lá). E a Holanda está longe de ser o paraíso nesta terra...Tá, algumas coisa até funcionam mas isso aqui já foi muito melhor, quem chegou há pouco tempo não sabe do que estou falando.

Acho que o choque cultural reverso é uma consequência inevitável (para alguns mais do que para outros) de uma estadia prolongada no exterior. Pra começar porque somos confrontados com uma nova cultura e acabamos assimilando alguns hábitos locais (os bons hábitos, espero). O mais interessante é que alguns desses hábitos a gente vai assimilando sem perceber, com o passar dos anos. Eu percebo isso quando amigos me visitam e dizem que fiquei "européia". Verdade seja dita: eu já me sentia estrangeira em minha própria terra. Nunca me encaixei nos padrões locais, sempre pensei diferente. Uma ovelha negra no meio do rebanho. Sempre fui uma cidadã do mundo, mesmo antes de sair do Brasil. Meu lugar é aqui e em lugar nenhum.

É que tem dois aspectos da cultura brasileira que eu sempre tive uma dificuldade enorme de conviver. O primeiro se refere à obsessão pela beleza (bunda durinha, peitos idem, corpo "sarado"). A tão discutida ditadura da magreza, que comentei recentemente aqui (porque ser gorda no Brasil é pecado). Em suma, a incansável busca de mulheres e homens pelo corpo perfeito, cabelos sedosos e brilhantes, pele maravilhosa. E a quantidade absurda de grana gasta (cirurgias plásticas, cosméticos importados, aplicações de botox e sei lá mais o quê) para se alcançar um ideal inalcançável pela maioria de nós mortais . Eu simplesmente não consigo entender porque as pessoas valorizam tanto o exterior em detrimento do interior. Pra mim isso é pobreza espiritual mas quem quiser discordar, fique à vontade.


Are you a Barbie girl?

O segundo aspecto que sempre me incomodou e ainda me incomoda é a obsessão pelo status. A mania de querer ter a roupa mais exclusiva, o carro mais caro, a casa maior do bairro, o perfume francês mais caro, as viagens mais maravilhosas etc etc etc (vocês sabem do que estou falando). As pessoas fazem qualquer coisa por dinheiro (claro que isso não é um problema exclusivamente brasileiro mas universal). E haja cartão de crédito, pagamento parcelado e cheques pra se (tentar) manter um padrão de vida muito acima da renda que se tem. Esta é a realidade de uma grande parcela da população brasileira. Porque convenhamos, na cultura brasileira, o importante nunca foi SER mas TER. Desconfio até que a gente tenha importado este estilo de vida dos EUA. The American Way of Life. Corrijam-me se eu estiver errada.


My Other Car is a Porsche



Só sei que apesar desses dois aspectos aí encima, eu quero curtir muito a Cidade Maravilhosa. Vou dar uma de turista e levar meu filho pra conhecer o Pão de Açúcar, o Corcovado, o Jardim Botânico e as praias da orla carioca. Vou matar a vontade de tomar água de coco, mate leão, biscoito de polvilho e todos aqueles salgadinhos brasileiros que a gente MORRE de vontade de comer quando mora fora. Também vou tomar muito suco de frutas. E vou curtir a natureza exuberante da Ilha Grande (com direito a golfinhos e tartarugas marinhas) e o clima de montanhas de Visconde de Mauá (um dos meus refúgios preferidos). E o mais importante, vou rever a família (tios, tias, primos) que não vejo há muitos e muitos anos. E vou mostrar pro meu filho o LADO BOM do Brasil e dos brasileiros.

O choque cultural reverso pode até ser inevitável mas isso não significa que eu não vá curtir (e muito) esta merecida viagem. Não vejo a hora de arrumar as malas e embarcar nesta aventura. Lá vou eu ser turista no meu próprio país, rsrsrs.


Life is a Beach



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Nota da autora: Saí do Brasil em dezembro de 1993 e desde então o Brasil e a Holanda passaram por enormes mudanças. Quanto ao Brasil, só tenho ouvido notícias boas (apesar de tudo), e espero que o país esteja mesmo vivendo o tal boom econômico que tantos anunciam (basta considerarmos a desvalorização do dólar e do euro) . E espero que a situação econômica esteja melhorando para todos e não apenas para aquela velha minoria privilegiada que sempre soube se garantir. Já aqui na Holanda é tempo de crise política, desemprego e muita insegurança quanto ao futuro. A Europa está vivendo uma crise braba, quem lê os jornais sabe disso. A Irlanda quebrou, a Grécia está no buraco e Portugal, Espanha e Itália estão indo pelo mesmo caminho. E embora a Holanda ainda seja umas das economias mais fortes, aqui também os problemas sociais se agravam a cada ano (e eu digo isso por experiência própria, moro num bairro de famílias de imigrantes).

Cerveja sabor de ...banana!

Cerveja exótica



Esta eu tinha que vim aqui contar pra vocês! Ontem fui com F. a um restaurante de comida eritréia em Haia e decidimos provar uma cerveja africana...porque eu gosto de uma cerveja e já provei quase todas as cervejas holandesas e belgas disponíveis por aqui (anotem ai: são as melhores cervejas do mercado).

A dona do restaurante sugeriu a Mongozo e ainda tivemos de escolher entre três sabores que ela tinha. Acabamos pedindo uma Quinua e uma de Banana...A banana era uma delícia, cremosa e adocicada...Brinquei até com F. que era cerveja pra criança, talvez o Liam goste, rsrsrs.

Enfim, esta foi sem dúvida a cerveja mais exótica que eu provei na minha vida...fiquei até com vontade de provar os outros sabores: côco e manga!!! É muita imaginação mesmo, né? E ainda bebemos como manda a tradição, no côco (foto abaixo).


Servida no côco!





PS. A comida, diga-se de passagem, estava deliciosa.