terça-feira, março 26, 2013

Identidade cultural: Caso 1



Ando pensando muito sobre este assunto recentemente. Até porque, tenho dois exemplos bem próximos de mim e um mais diferente do outro. O primeiro é meu filho. O segundo, meu namorado.

Meu filho é nascido na Holanda filho de pais estrangeiros: mãe brasileira e pai inglês. E de uns tempos pra cá volta e meia me diz que não se sente holandês...verdade seja dita, desde que Liam entrou pra nova escola, a adolescência parece que vem chegando acelerada! Saiu da escola primária a agora já começa a ter mais autonomia e responsabilidades e se achar gente grande. Enfim, adolescente é assim né? E com a adolescência vem os questionamentos, a necessidade de encontrar seu lugar no mundo. E é muito interessante observar isso (sem falar que a gente também passou por isso, né?)

Então é o seguinte. Liam frequentou nos últimos cinco anos uma escola aqui chamada de "zwart school" - literalmente traduzido como "escola negra" e sim, pra quem ainda tem dúvidas, há muito racismo e discriminação aqui na Holanda (e só tem aumentado com a crise do euro, como era de se esperar). Na escola antiga, 80% dos alunos eram filhos de imigrantes. E como Liam é uma criança sociável, ele tinha amigas marroquinos, turcos e de outras nacionalidades. Alguns eram filhos de pai holandês e mãe estrangeira, como um amigo cuja mãe é da Somália. Enfim, até aí nada de novo porque a Holanda (como todos os países europeus) é uma sociedade multicultural, com gente de toda parte do mundo. E isso é ainda mais óbvio nas grandes cidades como Amsterdam, Haia, Roterdã e Utrecht. Eu até acho graça quando alguns turistas brasileiros "desavisados" chegam em Amsterdam e ficam impressionados com a quantidade de morenos e negros nas ruas! Porque eles ainda tem aquela imagem antiga de holandeses louros de olhos azuis e ficam surpresos. Mas a verdade é que aqui a população de crianças e jovens até 25 anos já chega a ser 50% de filhos de imigrantes. E isso tem gerado sérios problemas sociais, o que não é o assunto deste post (mas já comentei aqui no blog algumas vezes e certamente comentarei de novo).

Voltando ao meu filho, moramos em um bairro de estrangeiros onde ele não teve nenhum contato com crianças holandesas. A escola anterior era a mesma coisa. Ambos os pais do Liam são estrangeiros, ele foi muito à Inglaterra (e Escócia) e se apaixonou pelo Brasil em 2011...Pois na escola nova (HAVO), 70% ou mais dos alunos são holandeses. Por uma simples razão: as crianças imigrantes não conseguem o score necessário (principalmente na prova de língua holandesa) para ter acesso a este nível de ensino aqui. Na maioria, falam árabe ou outro idioma em casa e os pais tem nível baixo de instrução. Já o aluno típico de HAVO tem pais holandeses ou estrangeiros (europeus) com nível de instrução alto. E aqui na Holanda eles levam muito em consideração o nível de educação dos pais.

Enfim, no meio dessa confusão toda, o que eu quero dizer é que meu filho está vivendo uma "crise de identidade cultural". E eu já brinquei com ele que esta crise só irá aumentar a medida em que ele subir mais um degrau no sistema de ensino. É que depois do HAVO ainda tem VWO, que é a escola que prepara para o ensino universitário (sem VWO não entra na universidade). VWO são praticamente escolas de elite, em que 90% ou mais dos alunos são holandeses. E Liam tem capacidade de chegar lá, está tirando notas médias de 8 e o mentor já disse que só depende da motivação e do trabalho dele. HAVO dura cinco anos, e com o diploma, em geral é possível ir para o VWO (desde que as notas sejam acima da média). Aí são mais dois anos de estudo e ele pode ir pra universidade. Aqui não existe o vestibular, o diploma do VWO dá acesso ao ensino universitário, mas a universidade escolhe os alunos com base no perfil do currículo e das notas.

Verdade seja dita, meu filho não teria como se sentir holandês porque eu o crio para ser cidadão do mundo. Eu mesma, embora tenha adotado vários costumes daqui e fale a língua fluentemente, em alguns aspectos ainda me sinto brasileira. Mas não se iludam, tenho uma mentalidade muito semelhante a dos holandeses e crio meu filho nos mesmos padrões (compro livros, levo a museus e cinema, etc). Mas ainda assim há diferenças e de uma forma ou de outra, sempre me sentirei "estrangeira"...engraçado é que a família e amigos do Brasil me acham a "européia".

Até a comida aqui em casa é assim, comemos de tudo: cozinha chinesa, tailandesa, indiana, japonesa (amamos sushi), brasileira, italiana e sim, alguns pratos holandeses...Mas não temos uma dieta tipicamente holandesa. Algumas comidas holandesas nem entram aqui em casa, rsrsrsrs.  Outras não podem faltar! Em vez do tradicional suco de maçã, aqui em casa bebemos sucos de manga, goiaba, lichia e açaí! E Liam adora feijão com arroz e farofa. Ele odeia drop (bala típica holandesa) e não come appelmoes (uma mousse de maçã que as crianças aqui comem desde pequenas como acompanhamento da janta). E mais: Liam aprendeu a fazer brigadeiro sozinho! E sushi! Sentiram o "drama" ?

E nem vou falar nos hábitos culturais porque eu e Liam somos falantes e "entusiastas" (ele puxou a mãe) e os holandeses em geral são mais reservados e falam menos - bem menos! Quando estive no Rio, ninguém me pedia pra falar mais baixo nos restaurantes e cafés. Aqui volta e meia acontece...e isso que eu moro na Holanda há 18 anos! Eu falo alto (mas me policio) e os holandeses praticamente "cochicham" no ouvido um do outro! E sim, meu namorado também reclama.

Moral da estória, os próximos anos serão cheios de altos e baixos e novas descobertas e eu quero estar por perto para acompanhar tudo isso, e orientar na medida do possível. No próximo post, vou contar a estória do meu namorado (ele vai brigar comigo mas eu vou contar, rsrsrrs).

To be continued...

sexta-feira, março 22, 2013

O fim da inocência



Posso falar? Ando desanimada...tenho notado que as pessoas tem lido cada vez menos blogs e passado cada vez mais tempo no Facebook. E eu acho isso uma pena porque sinceramente...o conteúdo dos blogs (e não me refiro apenas ao meu) é muitas vezes superior ao conteúdo que vejo no Facebook. Eu sou suspeita pra falar porque sempre preferi e continuo preferindo a blogosfera (e fiz ótimas amizades aqui). Sem falar que o Facebook não tem ajudado em nada a promover o meu blog porque eu não sei tirar proveito de social media. Ou isso ou estou fazendo algo errado, né?

O lance é que embora o número de visitas continue em torno de 200 a 250 por dia (dependendo dos posts da semana), o número de comentários diminuiu drasticamente. E blogueiro que diz que não liga pra comentários está mentindo! São os comentários que alimentam um blog. É a dinâmica de troca entre o blogueiro e os leitores que faz um blog especial. E neste aspecto meu blog anda muito devagar (eu ainda estou "investigando" os motivos). Enfim, blogueira em crise e blog precisando urgentemente de reformulação!

Um dos motivos talvez seja a decisão que tomei há alguns meses de me expor menos aqui no blog. E vamos ser sinceros, todo mundo adora uma "fofoca" ou um desabafo (são sempre os posts mais lidos). Eu sempre fui muito aberta (leia-se naïve) e vinha aqui contar meus problemas e encucações sem pensar duas vezes. Mas ano passado foi um ano muito estranho em que perdi amizades, me decepcionei com muitas pessoas (e sim, o Facebook acelerou este processo) e acabei me fechando. No momento percebo que estou fechada e acho bom assim. Questão de auto-preservação (é com ou sem hífen, gente?)

Moral da estória: o blog Noites em Claro sempre teve um teor pessoal e sempre refletiu quem o escreve. Quem acompanha esta jornada sabe disso. Só que nos últimos tempos só tenho escrito sobre filmes e livros - e escrevo com muito prazer porque são duas grandes paixões minhas. Não penso em parar o blog porque isso aqui é uma parte importante de mim mesma. Mas também acho muito chato (e contra a minha natureza) ter de ficar me policiando e censurando o tempo todo! E é isso que tem acontecido nos últimos tempos. E eu vou dizer uma coisa: eu sinto saudade dos velhos tempos em que eu podia ser eu mesma e nem me incomodava com que os outros iam pensar! É o fim da inocência...


Enfim, se alguém estiver passando por algo parecido ou quiser dar umas dicas para esta blogueira, eu agradeço. Enquanto isso, fico aqui pensando com meus botões.


sábado, março 16, 2013

Jodie Foster e o castor





Jodie Foster é uma daquelas pérolas raras em Hollywood, uma atriz e diretora extremamente inteligente e que não tem medo de fugir dos padrões e correr atrás de seus sonhos. O filme The Beaver pode não ter sido um sucesso nos cinemas - o que não chega a surpreender por lidar com um tema tão difícil que é a depressão - mas foi o maior desafio de sua longa carreira profissional, como ela mesma afirmou em entrevistas. Percebe-se em todos os detalhes que o filme se trata de um projeto pessoal. Além de dirigir o filme, ela também atua no papel de esposa de Walter.

Walter Black (Mel Gibson) é um homem que luta com todas as armas contra a depressão. A última arma que ele encontra é um fantoche de mão (o castor do título do filme), que ele manipula como uma espécie de"alter ego" para expressar seus sentimentos. E por incrível que pareça, esta "técnica terapêutica" funciona! Walter consegue sair de um estado de inércia e profunda depressão e volta ao trabalho como diretor executivo na empresa de brinquedos que herdou de seu pai. Ele também volta a relacionar-se com seu filho pequeno através do castor em questão. E num surto criativo, cria um novo brinquedo que se revela um sucesso de vendas e salva a empresa da falência. Mas pra quem acha que se trata de mais uma comédia, eu aviso que The Beaver não é um feel good movie, e o final não é necessariamente feliz. Há muita dor e profundidade nesta estória. E quem passou por uma depressão ou tem esta doença na família certamente irá apreciar este filme. Eu digo isso por experiência própria.

De resto, sou suspeita pra falar porque sou uma grande fã de Jodie Foster, como atriz e como diretora! O que eu admiro nela é acima de tudo sua coragem e sua inteligência. Neste filme por exemplo, ela não apenas teve a coragem de lidar com um tema que não necessariamente agrada aos expectadores de cinema (o que fez com que sua distribuição acabasse sendo restrita a salas de arte) como ainda por cima decidiu trabalhar com Mel Gibson, um ator que tem sido o centro de muitas polêmicas em Hollywood (e só perde mesmo pro Charlie Sheen). Então o filme é ao mesmo tempo um ato de coragem e um gesto de amizade, pois ela escolhe (uma escolha consciente) um ator que pode colocar em risco todo seu projeto. No final das contas, Mel Gibson acaba tendo ótima atuação num papel complexo e o filme recebe algumas críticas positivas. O fato do ator ter uma vida pessoal conturbada e sofrer de depressão bipolar foi um dos fatores decisivos em sua escolha.

Além de Mel Gibson e da própria Jodie Foster, outra escolha acertada foi Jennifer Lawrence, que por um daqueles acasos do destino assisti semana passada no filme Silver Linnings Playbook (com o qual ela ganhou recentemente o Oscar de Melhor Atriz). Ela também ficou conhecida com o filme Winter's Bone (que ainda preciso conferir) e com o filme The Hunger Games, em que é a protagonista. Uma jovem e talentosa atriz com uma carreira promissora.







Trecho de uma entrevista de Jodie Foster (em inglês)

"I make personal films. When you know that you’re going to be on something for two years and it’s going to be the story of your life and you have to wake up at three in the morning and have ideas…it’s an obsession. In order to be obsessed with something, it has to be something that speaks from an incredibly primal place. I had a certain career as an actor that I think was quite personal as well, and had a lot of integrity, but I wasn’t writing my own things or directing my own movies. There was a different set of criteria for that, and I don’t have to fulfill any of it as a director. If I make two movies my entire life, and they’re two movies that—whether they make a lot of money or two people go to see them—they speak of me, then I consider them incredibly successful. I don’t need to be Steven Spielberg. It’s not the kind of movies I make, and that’s just not the order of business." (Indiewire)

terça-feira, março 12, 2013

Primavera e Páscoa



Tudo bem que a primavera aqui no hemisfério norte só começa oficialmente no dia 22 de março...mas este ano a coisa está feia! Semana passada tivemos uma ameaça de primavera, dois dias de sol e temperaturas de 15 a 18 graus em algumas regiões e lá fui eu passear no parque e fazer um piquenique improvisado (até pão pros gansos eu dei!!!). Mas desde sábado passado o inverno voltou com toda força em várias partes da Europa. Temperaturas em torno de ZERO graus ou menos a semana inteira...hoje está fazendo sol mas a temperatura lá fora é de zero graus! No sul da Holanda está nevando, assim como em partes da França, Alemanha e Bélgica. Há interrupções no transporte ferroviário, nem o Thalys está funcionando hoje no trajeto Paris-Bruxelas por causa da neve. Idem para o aeroporto de Frankfurt.

Enfim, enquanto o povo no Brasil reclama do calorão que anda fazendo, aqui ainda vamos continuar esperando a primavera. E para tentar levantar o MEU astral, decidi postar algumas das minhas fotos favoritas do Pinterest! E como primavera e Páscoa aqui na Europa andam de mãos dadas e as lojas já estão cheias de decorações de Páscoa, coelhinhos e chocolates, icam algumas dicas de decoração pra quem curte!












terça-feira, março 05, 2013

3 leituras recentes

Tenho lido muito e escrito pouco no blog. Cabeça cheia e livros como a melhor companhia no momento. Pena é que não tenho tido disposição pra escrever resenhas aqui como antigamente...então resolvi me redimir e escrever sobre os três últimos livros. Senta que lá vem estória!


The Night Circus é debut literário de Erin Morgenstern, que ficou meses nas listas de bestsellers nos EUA e Inglaterra e vai até virar filme (já em fase de pré-produção). Uma leitura imensamente agradável numa escrita fluente, que nos transporta ao mundo de sonhos do Cirque des Rêves. A cada capítulo viajamos junto com a caravana de artistas circenses, aprendemos mais sobre várias atrações do circo e sobre seus artistas. Também somos apresentados aos 'rêveurs", seguidores do circo que acompanham a caravana circense em suas temporadas internacionais ao longo dos anos.

Mas por trás de toda esta magia, existe muito mistério e uma disputa de forças antagônicas. É que os os dois personagens centrais, Celia e Marco, serão envolvidos em uma disputa feita por seus mestres. Prospero (pai de Celia e que ensina a ela truques de mágica) e seu rival, o enigmático Mr. H (que adota Marco e o educa para ser um grande mágico) fazem uma aposta. Ambos os mestres tem métodos distintos e um dia decidem usar o circo como pano de fundo para uma disputa em que seus aprendizes irão travar uma batalha em que o melhor será o vencedor. O único detalhe é que as partes envolvidas não são informadas quanto a disputa em questão e acabam se apaixonando um pelo outro. E isso acabará gerando muita confusão para os personagens, além de comprometer o futuro do próprio circo.

Alguns críticos dizem que a autora tenta conquistar os leitores de Harry Potter e Twilight mas a atmosfera do livro me lembrou muito mais Carlos Ruiz Zafón, o escritor espanhol da trilogia que começa com A Sombra do Vento (que também li e já tenho o segundo aqui na prateleira). Enfim, eu recomendo!





Este livro entra na categoria Young Adult (como Before I Fall, que não só amei como comentei aqui). E está há várias semanas no top 10 de bestsellers do New York Times (entre outros), agradando a jovens e adultos. Eu confesso que não resisti o hype" e decidi conferir a estória. Mas já aviso que o tema é pesado pois se trata de uma estória de dois adolescentes com câncer! Os protagonistas são Augustus, um rapaz de 17 anos que já teve uma perna amputada devido a um tumor maligno e Hazel, uma jovem de 16 anos e com câncer desde os 13 (em estágio terminal). Os dois se conhecem em um grupo de suporte e a partir daí surge uma amizade que aos poucos se transformará em amor.

Um amor cheio de cumplicidade porque ambos estão lutando contra o mesmo inimigo, esta doença maligna. Juntos eles compartilham suas dores, medos e questionamentos. Há momentos de crises e internações hospitalares (como era de se esperar), mas há também momentos de humor em que eles se divertem e riem juntos.

Além da cumplicidade, o que os une é o livro favorito de Hazel, que os levará a uma jornada até Amsterdam para encontrar seu autor. Depois de uma internação urgente por pneumonia em que Hazel quase morre, Augustus decide usar o desejo que havia guardado para pedir uma viagem à Amsterdam. O desejo é respondido (por uma instituição que realiza desejos de crianças e jovens com doenças terminais, tipo Make a Wish Foundation) e os dois partem rumo a Amsterdam, acompanhados da mãe de Hazel. A viagem é quase uma lua de mel para o casalzinho apaixonado, mas o autor em questão se revela uma grande decepção. Detalhe é que, como eu moro em Amsterdam, eu conseguia visualizar exatamente os lugares por onde eles passeavam!

O livro recebeu algumas críticas negativas, principalmente de pessoas que convivem com o câncer de adolescentes na família e que afirmam que ele não soube traduzir esta experiência de forma apropriada. Ao mesmo tempo, recebeu ótimas críticas de outros escritores como Jodi Picoult (My Sister's Keeper) e Markus Zusak (The Book Thief). E claro, assim como My Sister's Keeper (que aliás lida com o mesmo tema), também irá virar filme.




The Unlikely Pilgrimage of Harold Fry é outro bestseller cuja estória me surpreendeu muito mais do que eu imaginava. O personagem principal é Harold Fry, um senhor recentemente aposentado que vive com sua esposa Maureen num vilarejo da Inglaterra. Um certo dia, ele recebe uma carta de Queenie Hennessy (um amor antigo) e resolve fazer uma peregrinação a pé pela Inglaterra até chegar ao asilo onde sua amiga está morrendo de câncer. 

Sua jornada começa quando ele sai de casa numa manhã para colocar sua carta no correio e, numa decisão súbita, decide entregar a carta pessoalmente. Este é o começo de uma jornada de mais de 400km a pé por paisagens pitorescas e ao longo de vários vilarejos e cidades da Inglaterra. Uma espécie de Caminho de Santiago.

A peregrinação vai desencadear um fluxo de recordações e pensamentos que o farão avaliar, entre outras coisas, sua relação passada com seu filho e com sua esposa. Quanto mais ele caminha, mais ele vai sendo absorvido por essas recordações. Assim sendo, sua jornada passa a ser uma jornada interior, em busca de compreender seus erros e se reconciliar com seu passado.

Ao longo do caminho, ele conhece várias pessoas e muitas delas aproveitam o encontro para conversar e aliviar seus próprios fardos. Desconhecidos que se cruzam e depois seguem em frente, mas que deixam uma marca em Harold. Cada pessoa traz um aprendizado, muitos também estão tentando lidar com seus passados. Um relato comovente e humano de um homem tentando se reconciliar com seu passado, e com o qual muitos leitores certamente irão se identificar!
Tecnologia do Blogger.

Identidade cultural: Caso 1



Ando pensando muito sobre este assunto recentemente. Até porque, tenho dois exemplos bem próximos de mim e um mais diferente do outro. O primeiro é meu filho. O segundo, meu namorado.

Meu filho é nascido na Holanda filho de pais estrangeiros: mãe brasileira e pai inglês. E de uns tempos pra cá volta e meia me diz que não se sente holandês...verdade seja dita, desde que Liam entrou pra nova escola, a adolescência parece que vem chegando acelerada! Saiu da escola primária a agora já começa a ter mais autonomia e responsabilidades e se achar gente grande. Enfim, adolescente é assim né? E com a adolescência vem os questionamentos, a necessidade de encontrar seu lugar no mundo. E é muito interessante observar isso (sem falar que a gente também passou por isso, né?)

Então é o seguinte. Liam frequentou nos últimos cinco anos uma escola aqui chamada de "zwart school" - literalmente traduzido como "escola negra" e sim, pra quem ainda tem dúvidas, há muito racismo e discriminação aqui na Holanda (e só tem aumentado com a crise do euro, como era de se esperar). Na escola antiga, 80% dos alunos eram filhos de imigrantes. E como Liam é uma criança sociável, ele tinha amigas marroquinos, turcos e de outras nacionalidades. Alguns eram filhos de pai holandês e mãe estrangeira, como um amigo cuja mãe é da Somália. Enfim, até aí nada de novo porque a Holanda (como todos os países europeus) é uma sociedade multicultural, com gente de toda parte do mundo. E isso é ainda mais óbvio nas grandes cidades como Amsterdam, Haia, Roterdã e Utrecht. Eu até acho graça quando alguns turistas brasileiros "desavisados" chegam em Amsterdam e ficam impressionados com a quantidade de morenos e negros nas ruas! Porque eles ainda tem aquela imagem antiga de holandeses louros de olhos azuis e ficam surpresos. Mas a verdade é que aqui a população de crianças e jovens até 25 anos já chega a ser 50% de filhos de imigrantes. E isso tem gerado sérios problemas sociais, o que não é o assunto deste post (mas já comentei aqui no blog algumas vezes e certamente comentarei de novo).

Voltando ao meu filho, moramos em um bairro de estrangeiros onde ele não teve nenhum contato com crianças holandesas. A escola anterior era a mesma coisa. Ambos os pais do Liam são estrangeiros, ele foi muito à Inglaterra (e Escócia) e se apaixonou pelo Brasil em 2011...Pois na escola nova (HAVO), 70% ou mais dos alunos são holandeses. Por uma simples razão: as crianças imigrantes não conseguem o score necessário (principalmente na prova de língua holandesa) para ter acesso a este nível de ensino aqui. Na maioria, falam árabe ou outro idioma em casa e os pais tem nível baixo de instrução. Já o aluno típico de HAVO tem pais holandeses ou estrangeiros (europeus) com nível de instrução alto. E aqui na Holanda eles levam muito em consideração o nível de educação dos pais.

Enfim, no meio dessa confusão toda, o que eu quero dizer é que meu filho está vivendo uma "crise de identidade cultural". E eu já brinquei com ele que esta crise só irá aumentar a medida em que ele subir mais um degrau no sistema de ensino. É que depois do HAVO ainda tem VWO, que é a escola que prepara para o ensino universitário (sem VWO não entra na universidade). VWO são praticamente escolas de elite, em que 90% ou mais dos alunos são holandeses. E Liam tem capacidade de chegar lá, está tirando notas médias de 8 e o mentor já disse que só depende da motivação e do trabalho dele. HAVO dura cinco anos, e com o diploma, em geral é possível ir para o VWO (desde que as notas sejam acima da média). Aí são mais dois anos de estudo e ele pode ir pra universidade. Aqui não existe o vestibular, o diploma do VWO dá acesso ao ensino universitário, mas a universidade escolhe os alunos com base no perfil do currículo e das notas.

Verdade seja dita, meu filho não teria como se sentir holandês porque eu o crio para ser cidadão do mundo. Eu mesma, embora tenha adotado vários costumes daqui e fale a língua fluentemente, em alguns aspectos ainda me sinto brasileira. Mas não se iludam, tenho uma mentalidade muito semelhante a dos holandeses e crio meu filho nos mesmos padrões (compro livros, levo a museus e cinema, etc). Mas ainda assim há diferenças e de uma forma ou de outra, sempre me sentirei "estrangeira"...engraçado é que a família e amigos do Brasil me acham a "européia".

Até a comida aqui em casa é assim, comemos de tudo: cozinha chinesa, tailandesa, indiana, japonesa (amamos sushi), brasileira, italiana e sim, alguns pratos holandeses...Mas não temos uma dieta tipicamente holandesa. Algumas comidas holandesas nem entram aqui em casa, rsrsrsrs.  Outras não podem faltar! Em vez do tradicional suco de maçã, aqui em casa bebemos sucos de manga, goiaba, lichia e açaí! E Liam adora feijão com arroz e farofa. Ele odeia drop (bala típica holandesa) e não come appelmoes (uma mousse de maçã que as crianças aqui comem desde pequenas como acompanhamento da janta). E mais: Liam aprendeu a fazer brigadeiro sozinho! E sushi! Sentiram o "drama" ?

E nem vou falar nos hábitos culturais porque eu e Liam somos falantes e "entusiastas" (ele puxou a mãe) e os holandeses em geral são mais reservados e falam menos - bem menos! Quando estive no Rio, ninguém me pedia pra falar mais baixo nos restaurantes e cafés. Aqui volta e meia acontece...e isso que eu moro na Holanda há 18 anos! Eu falo alto (mas me policio) e os holandeses praticamente "cochicham" no ouvido um do outro! E sim, meu namorado também reclama.

Moral da estória, os próximos anos serão cheios de altos e baixos e novas descobertas e eu quero estar por perto para acompanhar tudo isso, e orientar na medida do possível. No próximo post, vou contar a estória do meu namorado (ele vai brigar comigo mas eu vou contar, rsrsrrs).

To be continued...

O fim da inocência



Posso falar? Ando desanimada...tenho notado que as pessoas tem lido cada vez menos blogs e passado cada vez mais tempo no Facebook. E eu acho isso uma pena porque sinceramente...o conteúdo dos blogs (e não me refiro apenas ao meu) é muitas vezes superior ao conteúdo que vejo no Facebook. Eu sou suspeita pra falar porque sempre preferi e continuo preferindo a blogosfera (e fiz ótimas amizades aqui). Sem falar que o Facebook não tem ajudado em nada a promover o meu blog porque eu não sei tirar proveito de social media. Ou isso ou estou fazendo algo errado, né?

O lance é que embora o número de visitas continue em torno de 200 a 250 por dia (dependendo dos posts da semana), o número de comentários diminuiu drasticamente. E blogueiro que diz que não liga pra comentários está mentindo! São os comentários que alimentam um blog. É a dinâmica de troca entre o blogueiro e os leitores que faz um blog especial. E neste aspecto meu blog anda muito devagar (eu ainda estou "investigando" os motivos). Enfim, blogueira em crise e blog precisando urgentemente de reformulação!

Um dos motivos talvez seja a decisão que tomei há alguns meses de me expor menos aqui no blog. E vamos ser sinceros, todo mundo adora uma "fofoca" ou um desabafo (são sempre os posts mais lidos). Eu sempre fui muito aberta (leia-se naïve) e vinha aqui contar meus problemas e encucações sem pensar duas vezes. Mas ano passado foi um ano muito estranho em que perdi amizades, me decepcionei com muitas pessoas (e sim, o Facebook acelerou este processo) e acabei me fechando. No momento percebo que estou fechada e acho bom assim. Questão de auto-preservação (é com ou sem hífen, gente?)

Moral da estória: o blog Noites em Claro sempre teve um teor pessoal e sempre refletiu quem o escreve. Quem acompanha esta jornada sabe disso. Só que nos últimos tempos só tenho escrito sobre filmes e livros - e escrevo com muito prazer porque são duas grandes paixões minhas. Não penso em parar o blog porque isso aqui é uma parte importante de mim mesma. Mas também acho muito chato (e contra a minha natureza) ter de ficar me policiando e censurando o tempo todo! E é isso que tem acontecido nos últimos tempos. E eu vou dizer uma coisa: eu sinto saudade dos velhos tempos em que eu podia ser eu mesma e nem me incomodava com que os outros iam pensar! É o fim da inocência...


Enfim, se alguém estiver passando por algo parecido ou quiser dar umas dicas para esta blogueira, eu agradeço. Enquanto isso, fico aqui pensando com meus botões.


Jodie Foster e o castor





Jodie Foster é uma daquelas pérolas raras em Hollywood, uma atriz e diretora extremamente inteligente e que não tem medo de fugir dos padrões e correr atrás de seus sonhos. O filme The Beaver pode não ter sido um sucesso nos cinemas - o que não chega a surpreender por lidar com um tema tão difícil que é a depressão - mas foi o maior desafio de sua longa carreira profissional, como ela mesma afirmou em entrevistas. Percebe-se em todos os detalhes que o filme se trata de um projeto pessoal. Além de dirigir o filme, ela também atua no papel de esposa de Walter.

Walter Black (Mel Gibson) é um homem que luta com todas as armas contra a depressão. A última arma que ele encontra é um fantoche de mão (o castor do título do filme), que ele manipula como uma espécie de"alter ego" para expressar seus sentimentos. E por incrível que pareça, esta "técnica terapêutica" funciona! Walter consegue sair de um estado de inércia e profunda depressão e volta ao trabalho como diretor executivo na empresa de brinquedos que herdou de seu pai. Ele também volta a relacionar-se com seu filho pequeno através do castor em questão. E num surto criativo, cria um novo brinquedo que se revela um sucesso de vendas e salva a empresa da falência. Mas pra quem acha que se trata de mais uma comédia, eu aviso que The Beaver não é um feel good movie, e o final não é necessariamente feliz. Há muita dor e profundidade nesta estória. E quem passou por uma depressão ou tem esta doença na família certamente irá apreciar este filme. Eu digo isso por experiência própria.

De resto, sou suspeita pra falar porque sou uma grande fã de Jodie Foster, como atriz e como diretora! O que eu admiro nela é acima de tudo sua coragem e sua inteligência. Neste filme por exemplo, ela não apenas teve a coragem de lidar com um tema que não necessariamente agrada aos expectadores de cinema (o que fez com que sua distribuição acabasse sendo restrita a salas de arte) como ainda por cima decidiu trabalhar com Mel Gibson, um ator que tem sido o centro de muitas polêmicas em Hollywood (e só perde mesmo pro Charlie Sheen). Então o filme é ao mesmo tempo um ato de coragem e um gesto de amizade, pois ela escolhe (uma escolha consciente) um ator que pode colocar em risco todo seu projeto. No final das contas, Mel Gibson acaba tendo ótima atuação num papel complexo e o filme recebe algumas críticas positivas. O fato do ator ter uma vida pessoal conturbada e sofrer de depressão bipolar foi um dos fatores decisivos em sua escolha.

Além de Mel Gibson e da própria Jodie Foster, outra escolha acertada foi Jennifer Lawrence, que por um daqueles acasos do destino assisti semana passada no filme Silver Linnings Playbook (com o qual ela ganhou recentemente o Oscar de Melhor Atriz). Ela também ficou conhecida com o filme Winter's Bone (que ainda preciso conferir) e com o filme The Hunger Games, em que é a protagonista. Uma jovem e talentosa atriz com uma carreira promissora.







Trecho de uma entrevista de Jodie Foster (em inglês)

"I make personal films. When you know that you’re going to be on something for two years and it’s going to be the story of your life and you have to wake up at three in the morning and have ideas…it’s an obsession. In order to be obsessed with something, it has to be something that speaks from an incredibly primal place. I had a certain career as an actor that I think was quite personal as well, and had a lot of integrity, but I wasn’t writing my own things or directing my own movies. There was a different set of criteria for that, and I don’t have to fulfill any of it as a director. If I make two movies my entire life, and they’re two movies that—whether they make a lot of money or two people go to see them—they speak of me, then I consider them incredibly successful. I don’t need to be Steven Spielberg. It’s not the kind of movies I make, and that’s just not the order of business." (Indiewire)

Primavera e Páscoa



Tudo bem que a primavera aqui no hemisfério norte só começa oficialmente no dia 22 de março...mas este ano a coisa está feia! Semana passada tivemos uma ameaça de primavera, dois dias de sol e temperaturas de 15 a 18 graus em algumas regiões e lá fui eu passear no parque e fazer um piquenique improvisado (até pão pros gansos eu dei!!!). Mas desde sábado passado o inverno voltou com toda força em várias partes da Europa. Temperaturas em torno de ZERO graus ou menos a semana inteira...hoje está fazendo sol mas a temperatura lá fora é de zero graus! No sul da Holanda está nevando, assim como em partes da França, Alemanha e Bélgica. Há interrupções no transporte ferroviário, nem o Thalys está funcionando hoje no trajeto Paris-Bruxelas por causa da neve. Idem para o aeroporto de Frankfurt.

Enfim, enquanto o povo no Brasil reclama do calorão que anda fazendo, aqui ainda vamos continuar esperando a primavera. E para tentar levantar o MEU astral, decidi postar algumas das minhas fotos favoritas do Pinterest! E como primavera e Páscoa aqui na Europa andam de mãos dadas e as lojas já estão cheias de decorações de Páscoa, coelhinhos e chocolates, icam algumas dicas de decoração pra quem curte!












3 leituras recentes

Tenho lido muito e escrito pouco no blog. Cabeça cheia e livros como a melhor companhia no momento. Pena é que não tenho tido disposição pra escrever resenhas aqui como antigamente...então resolvi me redimir e escrever sobre os três últimos livros. Senta que lá vem estória!


The Night Circus é debut literário de Erin Morgenstern, que ficou meses nas listas de bestsellers nos EUA e Inglaterra e vai até virar filme (já em fase de pré-produção). Uma leitura imensamente agradável numa escrita fluente, que nos transporta ao mundo de sonhos do Cirque des Rêves. A cada capítulo viajamos junto com a caravana de artistas circenses, aprendemos mais sobre várias atrações do circo e sobre seus artistas. Também somos apresentados aos 'rêveurs", seguidores do circo que acompanham a caravana circense em suas temporadas internacionais ao longo dos anos.

Mas por trás de toda esta magia, existe muito mistério e uma disputa de forças antagônicas. É que os os dois personagens centrais, Celia e Marco, serão envolvidos em uma disputa feita por seus mestres. Prospero (pai de Celia e que ensina a ela truques de mágica) e seu rival, o enigmático Mr. H (que adota Marco e o educa para ser um grande mágico) fazem uma aposta. Ambos os mestres tem métodos distintos e um dia decidem usar o circo como pano de fundo para uma disputa em que seus aprendizes irão travar uma batalha em que o melhor será o vencedor. O único detalhe é que as partes envolvidas não são informadas quanto a disputa em questão e acabam se apaixonando um pelo outro. E isso acabará gerando muita confusão para os personagens, além de comprometer o futuro do próprio circo.

Alguns críticos dizem que a autora tenta conquistar os leitores de Harry Potter e Twilight mas a atmosfera do livro me lembrou muito mais Carlos Ruiz Zafón, o escritor espanhol da trilogia que começa com A Sombra do Vento (que também li e já tenho o segundo aqui na prateleira). Enfim, eu recomendo!





Este livro entra na categoria Young Adult (como Before I Fall, que não só amei como comentei aqui). E está há várias semanas no top 10 de bestsellers do New York Times (entre outros), agradando a jovens e adultos. Eu confesso que não resisti o hype" e decidi conferir a estória. Mas já aviso que o tema é pesado pois se trata de uma estória de dois adolescentes com câncer! Os protagonistas são Augustus, um rapaz de 17 anos que já teve uma perna amputada devido a um tumor maligno e Hazel, uma jovem de 16 anos e com câncer desde os 13 (em estágio terminal). Os dois se conhecem em um grupo de suporte e a partir daí surge uma amizade que aos poucos se transformará em amor.

Um amor cheio de cumplicidade porque ambos estão lutando contra o mesmo inimigo, esta doença maligna. Juntos eles compartilham suas dores, medos e questionamentos. Há momentos de crises e internações hospitalares (como era de se esperar), mas há também momentos de humor em que eles se divertem e riem juntos.

Além da cumplicidade, o que os une é o livro favorito de Hazel, que os levará a uma jornada até Amsterdam para encontrar seu autor. Depois de uma internação urgente por pneumonia em que Hazel quase morre, Augustus decide usar o desejo que havia guardado para pedir uma viagem à Amsterdam. O desejo é respondido (por uma instituição que realiza desejos de crianças e jovens com doenças terminais, tipo Make a Wish Foundation) e os dois partem rumo a Amsterdam, acompanhados da mãe de Hazel. A viagem é quase uma lua de mel para o casalzinho apaixonado, mas o autor em questão se revela uma grande decepção. Detalhe é que, como eu moro em Amsterdam, eu conseguia visualizar exatamente os lugares por onde eles passeavam!

O livro recebeu algumas críticas negativas, principalmente de pessoas que convivem com o câncer de adolescentes na família e que afirmam que ele não soube traduzir esta experiência de forma apropriada. Ao mesmo tempo, recebeu ótimas críticas de outros escritores como Jodi Picoult (My Sister's Keeper) e Markus Zusak (The Book Thief). E claro, assim como My Sister's Keeper (que aliás lida com o mesmo tema), também irá virar filme.




The Unlikely Pilgrimage of Harold Fry é outro bestseller cuja estória me surpreendeu muito mais do que eu imaginava. O personagem principal é Harold Fry, um senhor recentemente aposentado que vive com sua esposa Maureen num vilarejo da Inglaterra. Um certo dia, ele recebe uma carta de Queenie Hennessy (um amor antigo) e resolve fazer uma peregrinação a pé pela Inglaterra até chegar ao asilo onde sua amiga está morrendo de câncer. 

Sua jornada começa quando ele sai de casa numa manhã para colocar sua carta no correio e, numa decisão súbita, decide entregar a carta pessoalmente. Este é o começo de uma jornada de mais de 400km a pé por paisagens pitorescas e ao longo de vários vilarejos e cidades da Inglaterra. Uma espécie de Caminho de Santiago.

A peregrinação vai desencadear um fluxo de recordações e pensamentos que o farão avaliar, entre outras coisas, sua relação passada com seu filho e com sua esposa. Quanto mais ele caminha, mais ele vai sendo absorvido por essas recordações. Assim sendo, sua jornada passa a ser uma jornada interior, em busca de compreender seus erros e se reconciliar com seu passado.

Ao longo do caminho, ele conhece várias pessoas e muitas delas aproveitam o encontro para conversar e aliviar seus próprios fardos. Desconhecidos que se cruzam e depois seguem em frente, mas que deixam uma marca em Harold. Cada pessoa traz um aprendizado, muitos também estão tentando lidar com seus passados. Um relato comovente e humano de um homem tentando se reconciliar com seu passado, e com o qual muitos leitores certamente irão se identificar!