quinta-feira, agosto 28, 2008

Se curiosidade matasse...

...eu já tinha morrido há tempos!!! Desde que comecei a ler nunca mais parei. Eu leio livros, revistas, jornais, quadrinhos, enciclopédias, dicionários e até bulas de remédio. Chega a ser irritante (para alguns, não para mim). Isso sem falar nos sites da internet, embora atualmente eu venha me restringindo a sites de notícias e blogs - porque senão é informação demais para uma simples mortal. E o meu dia não tem 48 horas.

Quando tive depressão (que durou anos e só começou a melhorar a partir do momento em que me divorciei...sintomático), li muito sobre o assunto (não apenas por mera curiosidade mas por questões de sobrevivência mesmo). Quando tive meu filho, li vários livros sobre como cuidar de bebês e criar filhos. Ser mãe não é pouca coisa, e mãe de primeira viagem então, nem se fala! (eu hoje acredito que a maternidade é a função mais árdua e importante que um ser humano pode exercer). Sem falar nos livros sobre espiritualidade que nunca faltaram nas minhas prateleiras. Thomas Moore, Deepak Chopra, Eckhart Tolle, entre muitos outros. Manuais de tarô por toda parte. Livros sobre aromaterapia, florais de bach, medicina chinesa, medicina alternativa. E nem vou começar a falar dos livros de literatura inglesa, americana e brasileira...Livros, livros e mais livros.

Pois minha nova mania são os livros sobre dietas...por razões óbvias! Tenho o hábito de buscar informações sobre tudo o que ocupa minha mente em um dado momento (e não é pouca coisa, acreditem). É que emagreci 11 kg mas há uns 5 meses que não emagreço mais nada! Os primeiros 10 kgs foram moleza, agora é que a porca torce o rabo como diria minha mãe. Por outro lado não engordei de novo, o que já é uma grande vitória. E a principal vantagem de se fazer reeducação alimentar em vez de dietas milagrosas - daquelas que você faz, emagrece e depois engorda tudo e mais um pouco!

Voltando aos livros, comprei dois: o primeiro é The Ultimate Weight Solution do Dr. Phil. Sim, o guru da Oprah Winfrey, ele mesmo!!! O outro é um bestseller nos EUA cujo título me deixou bastante curiosa: Ultrametabolism, do Dr. Mark Hyman. Este comecei a ler (ou melhor devorar) ontem à noite e já aviso que, embora seja um bom manual de instruções (ou algo assim), ele é bem menos inovador do que proclama ser...mas isso eu comento no próximo post.

Agora é só ler os livros e...emagrecer! Porque não tem jeito, você é o que você come.

sexta-feira, agosto 22, 2008

Mulheres...

terça-feira, agosto 19, 2008

Autobiografia

Totalmente absorvida na leitura do livro Eat, Pray, Love: One Woman´s Search for Everything, de Elizabeth Gilbert (sucesso de vendas em vários países, traduzido para não sei quantos idiomas e por ai vai). Descobri que não apenas temos o mesmo nome, como também somos muito parecidas em alguns aspectos. Me identifiquei profundamente com a autora do livro. Juro por Deus! Sua eterna busca espiritual, a mente curiosa e inquieta (a eterna estudante e rata de biblioteca), momentos de crise e crescimento. A sensação de não pertencer a lugar nenhum ou a todos os lugares (the world is my shell). A sensação de não se ajustar a nenhum padrão pré-estabelecido de como viver uma vida decente - aqueles padrões que a sociedade impõe e que alguns adotam com uma facilidade de dar inveja em pessoas como eu. A verdade é que a minha vida seria muito mais fácil se eu fosse daquelas mulheres pra quem felicidade é sinônimo de marido, filhos e casa bonita. Eu fui casada, tive meu filho e entrei em parafuso. Exatamente como a Elizabeth deste livro - com a diferença que ela entrou em parafuso antes de engravidar - o que acreditem, já facilita muito! Só sei que num belo momento de sua vida, ela decide se divorciar e começar tudo de novo. Exatamente como eu fiz há cerca de 2 anos. O fim do casamento foi para ela (e para mim) o início de uma jornada em busca de si mesma. No caso dela, jornada que a levará à Itália, Índia e Indonésia. A minha jornada particular começou no Brasil, passando pela Irlanda e Holanda, onde aliás vivo até hoje (pra quem ainda não percebeu).

Acho até que uma das poucas diferenças entre as duas Elizabeths (a autora e a blogueira que vos escreve) é que a autora teve condições financeiras de bancar uma viagem dessas. Um verdadeiro sabbatical (muito na moda aqui na Europa): 1 ano viajando pelo mundo, 4 meses em cada um dos países citados. Diga-se de passagem, se suas aventuras culinárias na Itália (onde mais neste mundo come-se tão bem?) são de deixar qualquer um com água na boca, os relatos da Índia são os mais comoventes, intensos e...hilários! Cheguei até a me ver num ashram desses, acordando altas horas da madrugada - três da matina, pra ser mais precisa - pra fazer meditação e chanting! No thanks, odeio acordar cedo! E acho que sentiria exatamente o que ela sentiu (sono, raiva, ressentimento, etc). De qualquer forma, um processo pra lá de válido, embora (muito) doloroso, obviamente. Ser confrontado com seus próprios monstros é uma das grandes aventuras da vida. Conhecer-se a si mesmo e amar-se apesar de tudo (defeitos, neuras, limitações, etc) é uma das maiores façanhas. Não, não é pouca coisa e a maioria das pessoas não chega nem perto de realizar isso em uma vida.

Quanto a mim, a minha busca começou muitos e muitos anos atrás, quando ainda morava no Brasil. Embora tenha crescido na igreja protestante de meus pais, aos 18 anos decidi que não queria mais ir à igreja (nem aos domingos, nem nenhum outro dia). Comecei a estudar astrologia e tarô (que leio até hoje). Fiz hatha yoga e meditação transcendental. Frequentei centros espíritas (e só não fui a terreiro de macumba porque morria de medo). Fiz acupuntura e medicina natural. Herbalismo, florais de bach, homeopatia. Tentei tai-chi mas foi uma desgraça porque eu sempre terminava antes dos outros (sou apressadinha). E me encontrei na antiginástica, que fiz por mais de 2 anos em uma das fases de mais equilíbrio da minha vida. Pensando bem, a minha jornada foi (quase) o contrário da dela. De certa forma - e certamente em um dado momento - me perdi mais do que me achei na Europa. Claro que estou exagerando e que cresci muito aqui neste velho continente. Tanto que, sinceramente, nem consigo me imaginar voltando a viver no Brasil. Não é esnobismo não, é fato - e quem mora há mais de 10 anos fora sabe muito bem do que estou falando!

Pra finalizar, acho que eu ficaria uns 6 meses na Itália, 2 meses na Índia (tempo suficiente pra pegar alguma disenteria ou desidratação e emagrecer uns bons quilos) e 4 meses na Indonésia, até prova em contrário. De uma coisa eu tenho certeza: viajar é bom demais!!! Conhecer novos lugares, novas culturas, explorar novos sabores...

quarta-feira, agosto 13, 2008

O menino e o tigre

Acabo de ler mais um livro muito interessante: o premiado Life of Pi (2001). Na época do lançamento anos atrás correram boatos de plágio. Diga-se de passagem, o plagiado teria sido nosso escritor Moacyr Scliar, a idéia teria sido roubada do livro Max e os Felinos (1981). No meio da confusão, os dois autores até se conheceram pessoalmente e Moacyr acabou desistindo de abrir um processo. E no final das contas, sobra apenas a dedicatória de Yann Martel, onde se lê: As for the spark of life, I owe it to Mr. Moacyr Scliar.

Plágio ou não, o livro é excelente. Um naufrágio no meio do Oceano Pacífico. Um navio carregado de bichos e onde também viaja uma família de imigrantes indianos rumo ao Canadá. Do navio mesmo não sobra nada. Os sobreviventes: um menino de 16 anos chamado Piscine Patel (aka Pi). Uma zebra com a pata quebrada, um orangotango, uma hiena. E um tigre de bengala chamado Richard Parker (!). Logo são apenas os dois, o menino e o tigre. Companheiros em uma infindável jornada (mais de 220 dias) por mares calmos e tempestades. Dia após dia, noite após noite. Sobreviventes de uma aventura pra lá de inusitada.

A estória é muitas vezes hilária e a narrativa lembra muito o realismo mágico tão presente na literatura latino-americana. O livro discute temas fundamentais como religião, Deus e o homem. Catolicismo, Islamismo e Hinduísmo caminham lado a lado na vida do protagonista (e também narrador da estória). Em sua busca incessante pela verdade, Pi acaba concluindo que religião é tudo igual, só muda mesmo o nome: Jesus Cristo, Maomé, Vishnu, Shiva, etc (e no final das contas, ele está certo). Em uma das análises literárias do livro, Pi representaria o lado religioso do ser humano, em oposição ao tigre que representaria os instintos animais do homem. O interessante na estória é que Pi logo descobre que não pode matar o tigre. Que em vez disso ele deve tentar domá-lo, fazer amizade com ele...Está montada a arena para a eterna luta entre os lados racional e instintivo, tão conhecida de nós seres humanos.

Leitura altamente recomendada!

segunda-feira, agosto 11, 2008

2 anos de blog !!!

Caramba, acabei de me dar conta que sábado meu blog fez aniversário de novo!!! Impressionante como o tempo passa. Como a gente aprende. Como a gente muda. E acima de tudo, como a gente continua escrevendo! rsrsrsrs. Pros que tem acompanhado a minha saga, só vou dizer que no final tudo acaba bem. E se não está bem, é porque ainda não acabou, como diz um ditado que ouvi por aí...O tempo é o melhor conselheiro, meus amigos.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Some of my favourite things...




O coelhinho Nijntje (Miffy nos EUA e Japão onde aliás faz um sucesso estrondoso) ganhei recentemente do F., assim como o iPod. Na verdade, ele comprou um iPod Touch (preto) e eu herdei o iPod Classic antigo (branco) com mais de 950 álbums já gravados, além de episódios de série de tv, filmes, etc!!! E eu que nunca tive um iPod, agora tenho dois porque ano passado ele já tinha me dado um iPod Nano (na cor prateada). Sem falar nos dois dock stations que foram parar aqui em casa - herdados do meu Mac geek, claro!

terça-feira, agosto 05, 2008

Lars and the real girl

E eu devo ser mesmo do contra!!! Não fiquei perdida de amores pelo Batman (sorry Anna) mas por outro lado, adorei o filme Lars and the Real Girl. Um filme do qual eu não esperava absolutamente nada (sempre funciona). Uma comédia-dramática muito boa e sem maiores pretensões. Daquelas que fazem a gente rir e depois chorar. Acima de tudo, daquelas que fazem a gente acreditar na bondade do ser humano. E pra quem acha que estou sendo piegas, assista e confira você mesmo.

O personagem principal é o Lars do título, um rapaz solitário com fobia de relacionamento (ele odeio que o toquem, pra início de conversa) e que um belo dia decide encomendar uma namorada na Internet, para alívio do irmão e da cunhada (que já estavam cansados de tanta esquisitice e preocupados com a saúde sexual e mental do rapaz). Ele encontra sua mulher ideal num site ao estilo www.realdoll.com (a que ponto a humanidade chegou mas tudo bem, cada macaco no seu galho). O mais legal na estória não é a loucura em si do personagem (sem dúvida um paciente psiquiátrico e nem precisa ser psiquiatra pra saber) e sim a reação da comunidade onde ele mora. As pessoas decidem abraçar a loucura dele e respeitá-lo, em vez de internar logo numa instituição para loucos e entupir de drogas (ao estilo Um Estranho no Ninho). Porque ele é louco sim. Mas a origem desta loucura vai sendo desvendada ao longo do filme e você começa a entender cada vez melhor o personagem. Eu não vou contar porque não sou estraga-prazeres, só vou dizer que Lars é um exemplo típico de alguém com posttraumatic stress disorder - em grau avançado! No mais, recomendo para quem gosta de filmes originais com personagens esquisitos. Eu confesso que achei o rapaz fascinante mas eu adoro filme com gente maluca então sou suspeita pra falar...Vale a pena conferir!

Campeão de bilheteria

Domingo passado decidi assistir o mais comentado filme deste verão europeu. O grande campeão de bilheterias nos EUA e que já está quase passando Titanic, o recorde de bilheteria do século. Sim, estou falando de Batman - mais especificamente do filme The Dark Knight.

Só vou dizer que depois de assistir Iron Man e The Dark Knight, cheguei à óbvia conclusão de que não é mesmo meu gênero de cinema. E vi o que mais de 20 anos de cinema de arte no circuito alternativo faz com você: saí da sala de cinema com uma dor-de-cabeça tremenda! Os fãs podem agora me xingar à vontade (inclusive F. e a querida Anna) mas não tem jeito. Eu juro que tentei mas filmes de ação (com ou sem heróis dos quadrinhos) não são o meu forte. Claro, tem filme de ação e filme de ação. Por ex. tem Quentin Tarantino e tem a Bourne Trilogy, filmes muito bons mesmo pra quem não curte o estilo (por coincidência, foi F. que me fez assistir Kill Bill 1 e 2 e admito que até curti).

E antes que saiam atirando pedras (ai ai ai), sou a primeira a admitir que alguns destes filmes são realmente muito bem-feitos, direção e produção impecáveis, bons atores, etc etc etc. No caso deste novo Batman, Heath Ledger como Coringa nos oferece uma atuação histórica e coloca Christian Bale (Batman) no chinelo...Sem dúvida, um dos pontos altos do filme. Mas não é o meu estilo. E o F. pode até ficar chateado mas depois da dobradinha Iron Man e Batman já avisei que os próximos filmes ele vai assistir sozinho ou com um amigo que saiba apreciar devidamente este gênero de cinema!

Porque eu sempre vou preferir filmes como Magnolia, Happiness ou Donnie Darko. Lost in Translation, Eternal Sunshine, The Hours, etc. Sempre serei fã dos filmes antigos de Woody Allen (dos recentes eu gostei mesmo foi de Matchpoint), do cinema francês de Truffaut e Eric Rohmer. Do eterno Bergman, meu diretor favorito ontem, hoje e sempre. Sem falar do cinema francês em geral e do cinema espanhol dos últimos tempos. Detalhe é que F. também gosta destes filmes e diz que eu sou limitada no meu gosto. Ele pode até estar certo mas e eu com isso? Gosto não se discute!

Pra concluir, o que seria do azul se todos gostassem do amarelo?
Tecnologia do Blogger.

Se curiosidade matasse...

...eu já tinha morrido há tempos!!! Desde que comecei a ler nunca mais parei. Eu leio livros, revistas, jornais, quadrinhos, enciclopédias, dicionários e até bulas de remédio. Chega a ser irritante (para alguns, não para mim). Isso sem falar nos sites da internet, embora atualmente eu venha me restringindo a sites de notícias e blogs - porque senão é informação demais para uma simples mortal. E o meu dia não tem 48 horas.

Quando tive depressão (que durou anos e só começou a melhorar a partir do momento em que me divorciei...sintomático), li muito sobre o assunto (não apenas por mera curiosidade mas por questões de sobrevivência mesmo). Quando tive meu filho, li vários livros sobre como cuidar de bebês e criar filhos. Ser mãe não é pouca coisa, e mãe de primeira viagem então, nem se fala! (eu hoje acredito que a maternidade é a função mais árdua e importante que um ser humano pode exercer). Sem falar nos livros sobre espiritualidade que nunca faltaram nas minhas prateleiras. Thomas Moore, Deepak Chopra, Eckhart Tolle, entre muitos outros. Manuais de tarô por toda parte. Livros sobre aromaterapia, florais de bach, medicina chinesa, medicina alternativa. E nem vou começar a falar dos livros de literatura inglesa, americana e brasileira...Livros, livros e mais livros.

Pois minha nova mania são os livros sobre dietas...por razões óbvias! Tenho o hábito de buscar informações sobre tudo o que ocupa minha mente em um dado momento (e não é pouca coisa, acreditem). É que emagreci 11 kg mas há uns 5 meses que não emagreço mais nada! Os primeiros 10 kgs foram moleza, agora é que a porca torce o rabo como diria minha mãe. Por outro lado não engordei de novo, o que já é uma grande vitória. E a principal vantagem de se fazer reeducação alimentar em vez de dietas milagrosas - daquelas que você faz, emagrece e depois engorda tudo e mais um pouco!

Voltando aos livros, comprei dois: o primeiro é The Ultimate Weight Solution do Dr. Phil. Sim, o guru da Oprah Winfrey, ele mesmo!!! O outro é um bestseller nos EUA cujo título me deixou bastante curiosa: Ultrametabolism, do Dr. Mark Hyman. Este comecei a ler (ou melhor devorar) ontem à noite e já aviso que, embora seja um bom manual de instruções (ou algo assim), ele é bem menos inovador do que proclama ser...mas isso eu comento no próximo post.

Agora é só ler os livros e...emagrecer! Porque não tem jeito, você é o que você come.

Mulheres...

Autobiografia

Totalmente absorvida na leitura do livro Eat, Pray, Love: One Woman´s Search for Everything, de Elizabeth Gilbert (sucesso de vendas em vários países, traduzido para não sei quantos idiomas e por ai vai). Descobri que não apenas temos o mesmo nome, como também somos muito parecidas em alguns aspectos. Me identifiquei profundamente com a autora do livro. Juro por Deus! Sua eterna busca espiritual, a mente curiosa e inquieta (a eterna estudante e rata de biblioteca), momentos de crise e crescimento. A sensação de não pertencer a lugar nenhum ou a todos os lugares (the world is my shell). A sensação de não se ajustar a nenhum padrão pré-estabelecido de como viver uma vida decente - aqueles padrões que a sociedade impõe e que alguns adotam com uma facilidade de dar inveja em pessoas como eu. A verdade é que a minha vida seria muito mais fácil se eu fosse daquelas mulheres pra quem felicidade é sinônimo de marido, filhos e casa bonita. Eu fui casada, tive meu filho e entrei em parafuso. Exatamente como a Elizabeth deste livro - com a diferença que ela entrou em parafuso antes de engravidar - o que acreditem, já facilita muito! Só sei que num belo momento de sua vida, ela decide se divorciar e começar tudo de novo. Exatamente como eu fiz há cerca de 2 anos. O fim do casamento foi para ela (e para mim) o início de uma jornada em busca de si mesma. No caso dela, jornada que a levará à Itália, Índia e Indonésia. A minha jornada particular começou no Brasil, passando pela Irlanda e Holanda, onde aliás vivo até hoje (pra quem ainda não percebeu).

Acho até que uma das poucas diferenças entre as duas Elizabeths (a autora e a blogueira que vos escreve) é que a autora teve condições financeiras de bancar uma viagem dessas. Um verdadeiro sabbatical (muito na moda aqui na Europa): 1 ano viajando pelo mundo, 4 meses em cada um dos países citados. Diga-se de passagem, se suas aventuras culinárias na Itália (onde mais neste mundo come-se tão bem?) são de deixar qualquer um com água na boca, os relatos da Índia são os mais comoventes, intensos e...hilários! Cheguei até a me ver num ashram desses, acordando altas horas da madrugada - três da matina, pra ser mais precisa - pra fazer meditação e chanting! No thanks, odeio acordar cedo! E acho que sentiria exatamente o que ela sentiu (sono, raiva, ressentimento, etc). De qualquer forma, um processo pra lá de válido, embora (muito) doloroso, obviamente. Ser confrontado com seus próprios monstros é uma das grandes aventuras da vida. Conhecer-se a si mesmo e amar-se apesar de tudo (defeitos, neuras, limitações, etc) é uma das maiores façanhas. Não, não é pouca coisa e a maioria das pessoas não chega nem perto de realizar isso em uma vida.

Quanto a mim, a minha busca começou muitos e muitos anos atrás, quando ainda morava no Brasil. Embora tenha crescido na igreja protestante de meus pais, aos 18 anos decidi que não queria mais ir à igreja (nem aos domingos, nem nenhum outro dia). Comecei a estudar astrologia e tarô (que leio até hoje). Fiz hatha yoga e meditação transcendental. Frequentei centros espíritas (e só não fui a terreiro de macumba porque morria de medo). Fiz acupuntura e medicina natural. Herbalismo, florais de bach, homeopatia. Tentei tai-chi mas foi uma desgraça porque eu sempre terminava antes dos outros (sou apressadinha). E me encontrei na antiginástica, que fiz por mais de 2 anos em uma das fases de mais equilíbrio da minha vida. Pensando bem, a minha jornada foi (quase) o contrário da dela. De certa forma - e certamente em um dado momento - me perdi mais do que me achei na Europa. Claro que estou exagerando e que cresci muito aqui neste velho continente. Tanto que, sinceramente, nem consigo me imaginar voltando a viver no Brasil. Não é esnobismo não, é fato - e quem mora há mais de 10 anos fora sabe muito bem do que estou falando!

Pra finalizar, acho que eu ficaria uns 6 meses na Itália, 2 meses na Índia (tempo suficiente pra pegar alguma disenteria ou desidratação e emagrecer uns bons quilos) e 4 meses na Indonésia, até prova em contrário. De uma coisa eu tenho certeza: viajar é bom demais!!! Conhecer novos lugares, novas culturas, explorar novos sabores...

O menino e o tigre

Acabo de ler mais um livro muito interessante: o premiado Life of Pi (2001). Na época do lançamento anos atrás correram boatos de plágio. Diga-se de passagem, o plagiado teria sido nosso escritor Moacyr Scliar, a idéia teria sido roubada do livro Max e os Felinos (1981). No meio da confusão, os dois autores até se conheceram pessoalmente e Moacyr acabou desistindo de abrir um processo. E no final das contas, sobra apenas a dedicatória de Yann Martel, onde se lê: As for the spark of life, I owe it to Mr. Moacyr Scliar.

Plágio ou não, o livro é excelente. Um naufrágio no meio do Oceano Pacífico. Um navio carregado de bichos e onde também viaja uma família de imigrantes indianos rumo ao Canadá. Do navio mesmo não sobra nada. Os sobreviventes: um menino de 16 anos chamado Piscine Patel (aka Pi). Uma zebra com a pata quebrada, um orangotango, uma hiena. E um tigre de bengala chamado Richard Parker (!). Logo são apenas os dois, o menino e o tigre. Companheiros em uma infindável jornada (mais de 220 dias) por mares calmos e tempestades. Dia após dia, noite após noite. Sobreviventes de uma aventura pra lá de inusitada.

A estória é muitas vezes hilária e a narrativa lembra muito o realismo mágico tão presente na literatura latino-americana. O livro discute temas fundamentais como religião, Deus e o homem. Catolicismo, Islamismo e Hinduísmo caminham lado a lado na vida do protagonista (e também narrador da estória). Em sua busca incessante pela verdade, Pi acaba concluindo que religião é tudo igual, só muda mesmo o nome: Jesus Cristo, Maomé, Vishnu, Shiva, etc (e no final das contas, ele está certo). Em uma das análises literárias do livro, Pi representaria o lado religioso do ser humano, em oposição ao tigre que representaria os instintos animais do homem. O interessante na estória é que Pi logo descobre que não pode matar o tigre. Que em vez disso ele deve tentar domá-lo, fazer amizade com ele...Está montada a arena para a eterna luta entre os lados racional e instintivo, tão conhecida de nós seres humanos.

Leitura altamente recomendada!

2 anos de blog !!!

Caramba, acabei de me dar conta que sábado meu blog fez aniversário de novo!!! Impressionante como o tempo passa. Como a gente aprende. Como a gente muda. E acima de tudo, como a gente continua escrevendo! rsrsrsrs. Pros que tem acompanhado a minha saga, só vou dizer que no final tudo acaba bem. E se não está bem, é porque ainda não acabou, como diz um ditado que ouvi por aí...O tempo é o melhor conselheiro, meus amigos.

Some of my favourite things...




O coelhinho Nijntje (Miffy nos EUA e Japão onde aliás faz um sucesso estrondoso) ganhei recentemente do F., assim como o iPod. Na verdade, ele comprou um iPod Touch (preto) e eu herdei o iPod Classic antigo (branco) com mais de 950 álbums já gravados, além de episódios de série de tv, filmes, etc!!! E eu que nunca tive um iPod, agora tenho dois porque ano passado ele já tinha me dado um iPod Nano (na cor prateada). Sem falar nos dois dock stations que foram parar aqui em casa - herdados do meu Mac geek, claro!

Lars and the real girl

E eu devo ser mesmo do contra!!! Não fiquei perdida de amores pelo Batman (sorry Anna) mas por outro lado, adorei o filme Lars and the Real Girl. Um filme do qual eu não esperava absolutamente nada (sempre funciona). Uma comédia-dramática muito boa e sem maiores pretensões. Daquelas que fazem a gente rir e depois chorar. Acima de tudo, daquelas que fazem a gente acreditar na bondade do ser humano. E pra quem acha que estou sendo piegas, assista e confira você mesmo.

O personagem principal é o Lars do título, um rapaz solitário com fobia de relacionamento (ele odeio que o toquem, pra início de conversa) e que um belo dia decide encomendar uma namorada na Internet, para alívio do irmão e da cunhada (que já estavam cansados de tanta esquisitice e preocupados com a saúde sexual e mental do rapaz). Ele encontra sua mulher ideal num site ao estilo www.realdoll.com (a que ponto a humanidade chegou mas tudo bem, cada macaco no seu galho). O mais legal na estória não é a loucura em si do personagem (sem dúvida um paciente psiquiátrico e nem precisa ser psiquiatra pra saber) e sim a reação da comunidade onde ele mora. As pessoas decidem abraçar a loucura dele e respeitá-lo, em vez de internar logo numa instituição para loucos e entupir de drogas (ao estilo Um Estranho no Ninho). Porque ele é louco sim. Mas a origem desta loucura vai sendo desvendada ao longo do filme e você começa a entender cada vez melhor o personagem. Eu não vou contar porque não sou estraga-prazeres, só vou dizer que Lars é um exemplo típico de alguém com posttraumatic stress disorder - em grau avançado! No mais, recomendo para quem gosta de filmes originais com personagens esquisitos. Eu confesso que achei o rapaz fascinante mas eu adoro filme com gente maluca então sou suspeita pra falar...Vale a pena conferir!

Campeão de bilheteria

Domingo passado decidi assistir o mais comentado filme deste verão europeu. O grande campeão de bilheterias nos EUA e que já está quase passando Titanic, o recorde de bilheteria do século. Sim, estou falando de Batman - mais especificamente do filme The Dark Knight.

Só vou dizer que depois de assistir Iron Man e The Dark Knight, cheguei à óbvia conclusão de que não é mesmo meu gênero de cinema. E vi o que mais de 20 anos de cinema de arte no circuito alternativo faz com você: saí da sala de cinema com uma dor-de-cabeça tremenda! Os fãs podem agora me xingar à vontade (inclusive F. e a querida Anna) mas não tem jeito. Eu juro que tentei mas filmes de ação (com ou sem heróis dos quadrinhos) não são o meu forte. Claro, tem filme de ação e filme de ação. Por ex. tem Quentin Tarantino e tem a Bourne Trilogy, filmes muito bons mesmo pra quem não curte o estilo (por coincidência, foi F. que me fez assistir Kill Bill 1 e 2 e admito que até curti).

E antes que saiam atirando pedras (ai ai ai), sou a primeira a admitir que alguns destes filmes são realmente muito bem-feitos, direção e produção impecáveis, bons atores, etc etc etc. No caso deste novo Batman, Heath Ledger como Coringa nos oferece uma atuação histórica e coloca Christian Bale (Batman) no chinelo...Sem dúvida, um dos pontos altos do filme. Mas não é o meu estilo. E o F. pode até ficar chateado mas depois da dobradinha Iron Man e Batman já avisei que os próximos filmes ele vai assistir sozinho ou com um amigo que saiba apreciar devidamente este gênero de cinema!

Porque eu sempre vou preferir filmes como Magnolia, Happiness ou Donnie Darko. Lost in Translation, Eternal Sunshine, The Hours, etc. Sempre serei fã dos filmes antigos de Woody Allen (dos recentes eu gostei mesmo foi de Matchpoint), do cinema francês de Truffaut e Eric Rohmer. Do eterno Bergman, meu diretor favorito ontem, hoje e sempre. Sem falar do cinema francês em geral e do cinema espanhol dos últimos tempos. Detalhe é que F. também gosta destes filmes e diz que eu sou limitada no meu gosto. Ele pode até estar certo mas e eu com isso? Gosto não se discute!

Pra concluir, o que seria do azul se todos gostassem do amarelo?