domingo, setembro 30, 2012

Crianças medicadas

Este é (mais) um assunto que ainda não comentei aqui no blog especificamente mas que decidi fazer agora depois de uma discussão interessante que tive ontem com uma amiga. Na verdade, o assunto sempre me despertou atenção e de certa forma, posso dizer que de uns tempos pra cá consegui formar a minha opinião - com base não apenas no que li (livros, artigos de revista e internet) como em minha experiência própria com medicamentos usados no tratamento psiquiátrico. Sim, eu tomo antidepressivos há anos e nunca escondi isso porque não vejo motivo para tal. Eu sofro de uma doença invisível, sei melhor do que ninguém como ela me afeta e afeta a minha vida pessoal e profissional e sou (muito) grata por ter acesso a medicamentos que minha mãe nunca teve! Enfim, para alguma coisa servem os avanços da ciência. Isso não quer dizer que eu concorde com o número cada vez maior de pessoas que tomam antidepressivos pelo mundo afora...eu acho até que uma grande parte poderia (tentar) lidar com o problema de outra forma (a começar por diversos tipos de terapia) antes de apelar para a indústria farmacêutica. Mas também li que em casos graves, o medicamento não apenas funciona como é recomendado...e eu vivi isso na pele então só posso concordar! Enfim, cada caso é um caso.

Mas neste post eu queria falar sobre as crianças medicadas...e acima de tudo, da questão do EXCESSO. A quantidade de crianças que  tem sido diagnosticadas nos últimos 5 anos como tendo ADHD (Attention Deficit Hiperactivity Disorder) é cada vez maior, e não apenas nos EUA (no Brasil já se percebe esta tendência, como comentou uma amiga minha que por acaso, é psiquiatra infantil). Fala-se em uma epidemia mundial...e sem dúvida, a indústria farmacêutica nunca faturou tanto como nestes tempos modernos em que quase toda criança acaba recebendo, mais cedo um mais tarde, um rótulo. E com o rótulo vem muitas vezes uma receita médica. E isso cria uma questão delicada.

Na minha época de escola (anos 70) não existia nada disso...mas desde então, admito que a psiquiatra como ciência evoluiu -assim como muita coisa à nossa volta, só quem é cego não vê. E a gente precisa aceitar isso. Na minha opinião de leiga, o problema são os diagnósticos ou melhor dizendo: a dificuldade em estabelecê-los. Eu juro que não gostaria de ser psiquiatra infantil porque a responsabilidade de um rótulo me parece enorme. Na verdade, acredito que em alguns casos o diagnóstico seja mesmo correto (e o uso de medicamentos inevitável) mas não é tão simples assim...

Pra complicar ainda mais, o manual DSM, a famosa "bíblia da psiquiatria", está sempre revendo definições e dizem as más línguas que na próxima edição alguns distúrbios irão simplesmente deixar de existir. Entre eles, a Síndrome de Asperger. Isso afetará uma enorme comunidade de pessoas (crianças e adultos) que, em maior ou menor grau, se "encontraram" neste rótulo. Um exemplo famoso de Asperger é a cientista Temple Grandin. Existe até um apelido carinhoso na mídia e na literatura especializada (não sou psiquiatra mas li muito sobre o assunto): "ASPIE". Então eu me pergunto como essas pessoas irão reformular suas vidas quando a base da sua identidade deixa de existir da noite pro dia, digamos assim...O que você faria?

A mensagem óbvia é que devemos, antes de mais nada, aprender a lidar com rótulos...quem sofre desses distúrbios sabe disso muito bem (e eu vou incluir aqui a depressão). Porque uma pessoa é muito mais do que um rótulo - e não pode nem deveria ser limitada por ele (seja o limite imposto por ela mesma ou por pessoas ao seu redor). Infelizmente muitos esquecem disso...e em caso de crianças, são os próprios pais que encontram a "salvação" nesses rótulos e nos medicamentos que os acompanham (Ritalin, por ex, é o medicamento mais usado no tratamento de ADHD).

Na maioria das vezes, é muito mais fácil lidar com uma criança (devidamente) medicada do que com uma criança hiperativa que não consegue parar no mesmo lugar um minuto, não consegue se concentrar e acaba tendo um redimento escolar pobre, briga com Deus e o mundo porque não sabe controlar sua raiva, etc etc etc. Sim, essas crianças sofrem muito em casa e na escola, e algumas delas realmente tem distúrbios que podem e devem ser tratados com todos os meios disponíveis. Mas NUNCA para facilitar a vida dos pais e sim das próprias crianças! Acho que aí está a chave do problema. Se o medicamento em questão oferece mais vantages do que desvantagens (leia-se efeitos colaterais) e melhora o funcionamento e acima de tudo a qualidade de vida da criança, eu acho OK. Mas medicar só pra "facilitar" a vida dos pais e educadores, aí acho errado.

Felizmente para mim, ainda não existe medicamento para autismo! Eu digo felizmente porque tenho certeza quase absoluta de que se existisse, eu teria de fazer a difícil escolha de decidir medicar ou não o meu filho...pensando bem, provavelmente não medicaria. Isso porque meu filho tem um grau muito leve de autismo (muito diferente das crianças com casos clássicos de autismo que vivem literalmente em outro mundo). Ele é uma criança inteligente, sociável e que não precisa ser medicado para melhorar seu rendimento escolar...bem verdade que a concentração continua sendo um problema e por isso ele ainda está numa escola especial. Sua classe tem 16 alunos em vez dos 30 alunos que as escolas de Amsterdam costumam ter. E eles tem ainda workshops com temas ligados ao desenvolvimento emocional, medos, insegurança, etc (faalangst em holandês é um desses treinamentos). Nesse aspecto, Liam teve a sorte de ter um diagnóstico porque isso lhe deu acesso a uma educacão especial e personalizada que ele não teria de outra forma. E sem dúvida, foi justamente esta educação que permitiu que ele chegasse até onde chegou. Enfim, uma faca de dois gumes!

Para finalizar um assunto polêmico, quero recomendar um ótimo documentário que assisti chamado America's Medicated Kids, do jornalista britânico Louis Theroux. Este documentário está disponível no YouTube a todos interessados - não apenas profissionais como, principalmente, pais de crianças rotuladas como tendo um desses distúrbios (ADHD, autismo, PDD-NOS, bipolar, etc).

sexta-feira, setembro 28, 2012

Documentário sobre Autismo (em inglês)

Achei no YouTube um documentário da BBC e decidi compartilhar com vocês. Primeiro porque é sobre um tema que muito me interessa por motivos óbvios...quem lê este blog sabe que meu filho tem um leve grau de autismo. Segundo porque o documentário - embora seja em inglês - é relativamente curto e bastante ilustrativo. E acima de tudo, porque o documentário mostra crianças com vários tipos de autismo.

Pra quem pensa que autismo é algo como Rain Man, vale a pena assistir este vídeo. Você irá ver que o autismo na verdade é um espectro, um distúrbio com vários níveis, desde o autismo clássico até a síndrome de Asperger, no outro extremo do espectro. Pra complicar ainda mais, existe ainda a classificação PDD-NOS (Pervasive Developmental Disorder - Non Otherwise Specified), que também está incluída oficialmente no espectro de autismo. Este é o diagnóstico oficial do meu filho, recebido após vários exames e testes quando ele tinha uns 6 anos e revisto no final do ano passado.

Enfim, informação NUNCA é demais! Bem-vindo ao mundo dos autistas.



sexta-feira, setembro 21, 2012

Reclamando de barriga cheia





Eu posso reclamar da vida mas em alguns aspectos até que tive sorte. Por exemplo, eu não tenho família aqui na Holanda mas tenho meu ex-marido que me ajuda na criação do nosso filho. Hoje vou buscar o Liam na casa do pai para ajudar a carregar os livros da escola (são quase 20 livros, coitado do menino) e o ex me convidou para jantar lá. O que, diga-se de passagem, não é a primeira vez. Pra muita gente, jantar na casa do ex-marido é algo inconcebível. Mas não para nós que temos a guarda compartilhada do nosso filho há 6 anos (e até moramos no mesmo bairro). Ou seja, o casamento pode não ter dado certo, mas a guarda compartilhada funciona que é uma beleza. Dos males, o menor.

Como se não bastasse jantar na casa do ex-marido, este fim-de-semana meu ex-namorado vem nos visitar. É que depois de cinco anos de convivência, F. não aceita sumir simplesmente das nossas vidas. Até porque, ele se considera de certa forma também pai do Liam (o que faz sentido considerando-se que ele conviveu com o menino dos 7 aos 12 anos). Nos até brincamos que Liam tem dois pais (uma mãe maluca e dois pais)! Isso que eu chamo de família moderna. O quadro só complicará se eu arranjar outro namorado porque aí convenhamos, é gente demais (veja o cartoon acima).

Brincadeiras à parte, quando vejo casais separados infernizando a vida um do outro, brigando durante anos na justiça pela guarda dos filhos, eu chego à conclusão que ou 1. eu tenho muita sorte ou 2. sou uma pessoa muita bacana ou 3. ambas as coisas. O que vocês acham?

O segredo talvez seja o fato de que o Liam sempre foi e sempre será prioridade na minha vida. E isso muitos pais ainda precisam aprender. Porque se um divórcio já deixa sequelas inevitáveis, pior ainda quando o casal divorciado vive brigando, fazendo chantagem e jogando o filho contra o outro! Quando vejo mães proibirem terminantemente que os pais tenham acesso aos filhos (o que quando há violência física ou psicológica envolvida é até compreensível) eu fico com muita raiva. E me pergunto quem lhes deu o direito de decidir se o filho terá ou não um pai? Porque sinceramente, ter mãe e pai é - ou deveria ser - um direito básico de toda criança. Acho que há algo de egoísmo (ou talvez prepotência) em uma mãe (ou pai) que quer porque quer criar o filho sozinho. Claro que existem casos e casos…E eu obviamente não me refiro aos casos em que o próprio pai (ou mãe) abandona a família. Porque nesses casos não há mesmo nada a fazer, né?

Enfim, ao menos neste aspecto estou "bem servida". Mas isso porque também faço a minha parte, viu gente?




PS. O título deste post ia ser Os homens da minha vida mas além de brega, achei muito Dona Flor e Seus Dois Maridos...pra não dizer coisa pior hehehe.




terça-feira, setembro 18, 2012

No More Drama Queen



O tempo passa, a gente surta e depois se acalma. A gente leva tombo, se machuca e depois levanta. A gente erra e tenta de novo. E um belo dia - meio assim do nada - a ficha cai. Aconteceu comigo recentemente, não sei dizer quando nem porque. Uma daquelas mudanças sutis, de dentro pra fora como apenas as mudanças verdadeiras sabem ser.

Eu cansei de dramas. Cansei de me preocupar com coisas que não podem ser mudadas, coisas que não dependem de mim ou da minha vontade. Cansei de me debater com a minha vidinha imperfeita. E desisti de lutar contra as injustiças do mundo (e não são poucas). Porque nem tudo na vida é como a gente quer e nem tudo sai como planejamos. E muito menos na hora em que desejamos né, gente?

Mas olha, a crise foi longa, um período muito doloroso em que preferi me esconder e ficar quieta no meu canto. Insatisfeita com muita coisa (e de certa forma, com razão) e sem saber por onde começar. Até que decidi olhar à minha volta e vi que muita gente também tem vivido os mesmos problemas, que esta maldita crise pegou uma boa parte da população. Basta ler os jornais pra saber sobre as taxas de desemprego, grandes empresas demitindo pessoal, cortes governamentais, etc etc etc.

Então não é só questão de vontade mas de timing. E de sorte, claro. Porque a gente pode ter vontade, pode espernear e gritar à vontade mas sem sorte nada acontece. E quem pensa que estou falando bobagem, provavelmente nem irá continuar lendo este post. Sorte deles!

Não, não sou a pessoa mais azarada do mundo mas tive o azar de estar procurando trabalho num momento histórico em que até os holandeses estão perdendo seus empregos! E gente, eu sou estrangeira, e ainda por cima mãe separada. Eu tenho filho pra criar e ele sempre será a minha prioridade (ser mãe é isso). Pra complicar ainda mais, já passei dos 45 anos...Então sofri muito com a minha situação mas agora resolvi relaxar. 

Por que? Porque eu tenho feito o que posso e o resto é esperar as coisas melhorarem. Felizmente já saí do olho do furacão. Pra terem uma idéia do que estou falando, estou no terceiro estágio. Não é emprego mas é trabalho - e pra mim dá tudo na mesmo (inclusive financeiramente). Uma espécie de contrato de trabalho temporário para fazer experiência antes de entrar no mercado. E muito melhor do que ficar em casa vendo a vida passar. Já começo a enxergar a luz no fim do túnel…uma luzinha ainda fraca, mas ela está lá! A crise vai acabar mais cedo ou mais tarde, enquanto isso vou acumulando experiência de trabalho.

Fora o trabalho, minha outra grande preocupação é que moro num bairro ruim, onde meu filho nunca pode brincar na rua porque os moleques não são companhia pra ele. Filhos de imigrantes cujos pais sequer sabem onde as crianças andam, para os quais educação não é prioridade. Crianças que inevitavelmente acabam tendo baixo rendimento escolar e seguem para o ensino secundário mais baixo do país. Muitos acabam desempregados e nas ruas e sim, alguns perdem o rumo e acabam entrando na vida do crime. Eu consegui com muito custo "contornar" este problema e educar o meu filho com o padrão dos holandeses (e até melhor). Sempre dei importância pra educação, levamos a cinema, teatro, museus. Compramos livros. Enfim, estimulamos o desenvolvimento emocional e intelectual do menino. E os frutos já começam a ser colhidos, ele acaba de começar o ensino secundário numa nova escola e com perspectivas de ensino superior e mesmo universitário. As portas estão abertas.

Já os pais imigrantes não fazem nada disso (falei sobre eles aqui), até porque não podem. 90% dos imigrantes que moram no meu bairro são semi-analfabetos e estão desempregados, a maioria das mulheres é dona de casa e nem pensa em ser outra coisa. Muitas tem 4 ou 5 filhos, os meninos vão tradicionalmente pra rua e as meninas ficam em casa ajudando a mãe na cozinha. Uma pena porque algumas dessas crianças são inteligentes e se recebessem o mínimo de bagagem em casa (na forma de estímulos), talvez tivessem até chance no sistema educacional holandês. Mas isso é raro. Basta entrar numa sala de aula HAVO-VWO e ver que a quantidade de filhos de imigrantes, dependendo da escola, é de menos de 10%! E nas universidades é pior ainda. A grande maioria dos alunos são holandeses mesmos, uma invasão de louros nas salas de aula. Mas isso é assunto pra outro post, né?

Bom, mas daqui a três anos vou me mudar finalmente para um bairro bom e daí poderemos seguir em frente. Enquanto isso, vou trabalhando como posso e meu filho vai estudando. Novamente, uma questão de timing e muita paciência. O mais estranho é que conheço aqui muitas brasileiras casadas com holandeses que não tem a menor idéia do que estou falando porque vivem em outra realidade. Elas tem um padrão de vida muito mais alto (duas rendas em vez de uma), moram em bairros bons (a maioria fora de Amsterdam porque pra morar em bairro bom aqui tem de ter nascido com o cu virado pra lua, sério).  Os filhos vão quase que automaticamente para boas escolas. Elas não tem a menor idéia das minhas batalhas diárias e se bobear, ainda me acham "negativa" (juro que aconteceu comigo). Para essas brasileiras, só digo uma coisa: se pudessem viver a minha vida nem que fosse por UMA SEMANA, mudariam de idéia. É aquela estória: pimenta nos olhos dos outros é suco.

Enfim, mais um post longo demais que a maioria das pessoas não irá ler até o fim. E viva o Twitter por ter conseguido diminuir a capacidade de concentração  já limitada das pessoas além dos 140 caracteres. Pra você que leu até aqui: parabéns!

sábado, setembro 15, 2012

Michelle Williams

Uma Marilyn Monroe perfeita


Quem lê este blog sabe que eu amo cinema e sou fã de carteirinha de atrizes como Scarlett Johansson e Natalie Portman. Mas nos últimos tempos, comecei a prestar atenção em uma jovem atriz também muito talentosa: Michelle Williams. Na verdade, ela já fez muitos filmes mas ainda não pude conferir todos - e certamente ainda preciso ver My Week with Marilyn em que sua atuação foi bastante elogiada - mas os que assisti já deu pra perceber que ela é uma artista super talentosa (além de ter uma carinha de boneca).

Com Ryan Gosling

Por coincidência, os 3 filmes que assisti são estórias de amor. Em Blue Valentine (2010), ela vive uma paixão com Ryan Gosling, outro ator excelente. Eu estava pra assistir este filme há tempos porque perdi na época no cinema e finalmente achei o DVD baratinho mês passado e levei pra casa! É uma estória muito triste mas ao mesmo tempo é emocionante acompanhar a trajetória deste casal. O segundo filme é o mais recente dela e acabei de assistir no cinema: Take this Waltz (leia mais abaixo). E ontem à noite assisti Mammoth (2009), um filme que acredito que seja pouco conhecido do público mas que ganhou vários prêmios em festivais.O filme é do mesmo diretor sueco de Fucking Amal e Lilja 4-ever e ainda tem outro ator que eu amo...Gael García Bernal (Amores Perros, Y tu Maman También, The Motorcycle Diaries, Babel, The Science of Sleep etc.). Por falar em Babel, Mammoth lembra bastante este filme, embora Babel tenha um roteiro superior e seja bem mais elaborado. Ambos lidam com os males da globalização, em que as pessoas tem cada vez mais possibilidades de estar em toda parte e ao mesmo tempo se sentem sós e distantes de todos. Filmado em NY, Tailândia e Filipinas, aqui acompanhamos a vida corrida de um casal bem-sucedido e sua filha de 7 anos, que é praticamente criada pela babá filipina.


Com Gael García Bernal

Fora esses filmes, também vi no cinema recentemente o western moderno Meek's Cutoff (2010), em que Michelle WIlliams está quase irreconhecível como uma pioneira inglesa desbravando os EUA em 1870. Diga-se de passagem, eu nunca gostei de western mas este filme foi tão elogiado pela crítica que, como boa cinéfila, acabei não resistindo. E é bem interessante mesmo,  principalmente o final (que eu obviamente não vou contar aqui).

Mas eu vou falar mesmo é do mais recente Take this Waltz que eu simplesmente adorei! A diretora é Sarah Polley, uma canadensa que também é atriz. Eu já a conhecia de ótimos filmes como My Life Without Me (que comentei há muito tempo aqui) e The Secret Life of Words. Pois além de ótima atriz, ela decidiu virar diretora. Seu primeiro filme, Away with Her (outro que preciso conferir) foi bem apreciado pela crítica e Take this Waltz é seu segundo filme.

Já vou avisando que sou suspeita pra falar porque adorei o filme, tanto o roteiro como a fotografia! Ou seja, não tenho críticas. Aqui acompanhamos uma típica estória de amor, um casal jovem que se conhece, se apaixona e acaba casando e indo viver juntos uma vida confortável mas sem grandes "emoções" (quem é ou foi casado sabe exatamente do que estou falando). Após cinco anos de casamento, ela começa a sentir falta de algo em sua vida, há um vazio que ela não sabe explicar nem tampouco entende de onde vem (e pra complicar, o casal não tem filhos). Ou seja, uma certa inquietação da parte dela, embora os dois se amem e não haja em nenhum momento dúvida quanto a isso. Pois um belo dia ela esbarra num cara e os dois não apenas acabam descobrindo que são vizinhos - isso que eu chamo de obra do destino - como se apaixonam...ela casada e tentando a todo custo resistir a tentação de uma nova paixão em sua vida.


Com Luke Kirby

Ao longo da estória, a nova paixão vence o amor seguro (aquele velho conhecido) e ela larga tudo e vai morar com o novo namorado. Aí vemos na tela todas aquelas cenas que fazem parte de uma nova paixão e que deixam saudades em quem está junto há muitos e muitos anos...porque você e eu sabemos que paixão acaba, né? Amor é bem diferente, mais profundo, seguro, enfim adulto. Quando estamos apaixonados, nos comportamos como adolescentes e não medimos consequências. Queremos estar com aquela pessoa e pronto!

Um filme que certamente irá  mexer com muita gente...porque quase todo mundo viveu isso de uma forma ou outra. E eu arrisco até a dizer que amor e paixão são as duas forças que movem nossas vidas. Algumas pessoas precisam da paixão para (sobre)viver e acabam pulando de uma relação para outra em busca de emoções fortes e "adrenalina". Essas pessoas raramente se contentam com relações estáveis, casamento etc. Elas precisam sentir as borboletas no estômago, aquele frio na barriga antes do encontro etc...Já o amor, por outro lado, é pura aceitação, requer paciência e vontade de dar certo. E acima de tudo, amar é optar por ficar juntos.

sexta-feira, setembro 14, 2012

52 x 5 Momentos pra compartilhar - posts atrasados



Quem lê este blog já percebeu há tempos que eu não sou a pessoa mais disciplinada do mundo, né? Até tenho curtido muito este meme mas falta disciplina pra responder toda semana. Então agora vocês terão 3 semanas em 1! Ao estilo pague 1, leve 3. hehehe

Semana 35 - Minhas piores compras foram...
1) Chuteira de futebol por 100 euros na Tunísia (minha aventura em um souk, quem não acompanhou o drama da turista, leia aqui)
2) Moldura com escorpião e cobra na Tunísia (que consegui devolver na loja quando soube que este tipo de "souvenir" fica preso na alfândega)
3) Roupas no tamanho errado (perdi a conta de quantas)
4) Sandálias que comprei e nunca usei
5) Last but not least, porquinho da India que berrava toda vez que eu abria a geladeira e que não durou muito aqui em casa rsrsrs

Semana 36 - Morro de preguiça de...
1) Qualquer atividade física (só curto mesmo nadar e mesmo assim não tenho conseguido arrumar energia pra ir à piscina)
2) Telefonar (odeio telefone, nada pessoal)
3) Ter de explicar a mesma coisa várias vezes (paciência não é uma das minhas virtudes)
4) Ter de me desculpar por ser como sou (o que já nem faço mais, sorry)
5) Ter de perdoar o mesmo erro duas ou três vezes (na terceira, minha paciência com a pessoa decididamente acaba e eu largo pra lá)

Semana 37 - O que, de melhor, o mundo virtual te trouxe (traz)...
1) Minhas amigas da M30 (comunidade no orkut) com as quais tenho contato até hoje
2) As amizades que fiz na blogosfera e que ainda irei conhecer pessoalmente (no estilo Nunca te vi, sempre te amei)
3) Algumas amizades que fiz no Facebook, que ainda fazem aquela rede valer a pena apesar de me irritar (quase que diariamente) com algumas atitudes ali
4) A possibilidade de contato com a minha família (embora eu me recuse a usar Skype e quase não os encontre no chat mas quando encontro, é sempre bom demais)
5) Last but not least, aprender um pouco sobre a vida de brasileiros em outros países, (Milena em Paris, Glenda em Sevilla, Eve em Berlin etc) e também na Holanda

Cadê vocês?




Gente, não é por nada não...eu sempre digo e repito (e não deixa de ser verdade) que eu escrevo é pra mim mesma mas tenho sentido falta de INTERACÃO aqui no blog...eu sei que muita gente visita, muitos lêem...mas poucos comentam.

E sabe, um belo dia a gente cansa de ficar falando com as paredes...eu até gosto de falar com o meu umbigo mas gosto mais ainda de saber o que os outros pensam, seus gostos e opiniões. E isso anda faltando por aqui. Não sei se eu é que fiquei chata ou repetitiva ou se meus textos são longos demais em tempos de Facebook e Twitter (como comentei aqui antes) mas cadê os comentários dos meus queridos leitores?!!

Eu ando com cada vez menos vontade de postar por aqui, o que é raríssimo considerando-se os 5 anos de blog! E não é por falta de assunto, esta mente inquieta está sempre cheia de idéias. Mas é bom ter o mínimo de reciprocidade.

Assim sendo, resolvi relançar esta campanha que já rolou na blogosfera tempos atrás. Colegas da blogosfera que também estejam precisando dar uma sacudida em seus blogs, podem copiar este selo.

Agora façam a alegria de uma blogueira e comentem mais, OK?!! Obrigada.

quinta-feira, setembro 06, 2012

Books & coffee in Amsterdam

Ontem foi uma daquelas tardes em que eu me sinto uma pessoa privilegiada de morar em Amsterdã.  Teve tudo que eu gosto: minha biblioteca favorita, uma visita ao mais novo Starbucks da cidade na companhia de uma ótima amiga e pra terminar, uma passada em uma das minhas livrarias favoritas!


Biblioteca Central de Amsterdam

Quem costuma ler o blog já sabe que adoro a biblioteca central de Amsterdam...Também não  é pra menos, ela é a coisa mais linda que eu já vi e sempre recomendo pra quem está aqui de visita. Programa ideal para as tardes de outono-inverno (e sim, o outono já já começa). Verdade é que eu tinha de entregar uns livros atrasados e como meu único dia de folga é quarta e eu tinha marcado um café com uma amiga no centro, resolvi unir o útil ao agradável!


Starbucks The Bank

A segunda parada foi o Starbucks, do qual já existem várias filiais na cidade (as duas primeiras surgiram alguns anos atrás no aeroporto Schiphol). Descobri este café por acaso na net e vi que já abriu há quase seis meses então eu tinha de conferir, né? E vale uma visita, até pra quem está só de passagem pela cidade!  O café está localizado no porão do que era antes uma agência bancária (por isso o nome Starbucks The Bank) e o espaço foi super bem reaproveitado. Esta filial é uma design concept shop e tem um dos designs mais arrojados da famosa cadeia de lojas. Frequentada por uma turma jovem que leva seus laptops pra estudar enquanto toma uma xícara ou duas de café...Anotem aí o endereço: Rembrandsplein, esquina com a Utrechtstraat.





Depois de colocar o papo em dia e degustar um caramel latte, aproveitei que estava no centro e fui espiar as novidades na American Book Center (praça Spui). Pra quem visita Amsterdam e quer comprar livros, a dica é ir nesta praça, onde ficam duas livrarias especializadas em livros em inglês: a Waterstones e a American Book Center. Ali também fica a Atheneum, uma das mais tradicionais livrarias acadêmicas da cidade, muito frequentada por estudantes universitários. Esta mesma livraria tem uma loja separada só de revistas internacionais que também vale conferir. Revistas de moda, design, arte, cinema, etc. Ali você acha tudo e mais um pouco!


Enfim, nada como um dia depois do outro...
Tecnologia do Blogger.

Crianças medicadas

Este é (mais) um assunto que ainda não comentei aqui no blog especificamente mas que decidi fazer agora depois de uma discussão interessante que tive ontem com uma amiga. Na verdade, o assunto sempre me despertou atenção e de certa forma, posso dizer que de uns tempos pra cá consegui formar a minha opinião - com base não apenas no que li (livros, artigos de revista e internet) como em minha experiência própria com medicamentos usados no tratamento psiquiátrico. Sim, eu tomo antidepressivos há anos e nunca escondi isso porque não vejo motivo para tal. Eu sofro de uma doença invisível, sei melhor do que ninguém como ela me afeta e afeta a minha vida pessoal e profissional e sou (muito) grata por ter acesso a medicamentos que minha mãe nunca teve! Enfim, para alguma coisa servem os avanços da ciência. Isso não quer dizer que eu concorde com o número cada vez maior de pessoas que tomam antidepressivos pelo mundo afora...eu acho até que uma grande parte poderia (tentar) lidar com o problema de outra forma (a começar por diversos tipos de terapia) antes de apelar para a indústria farmacêutica. Mas também li que em casos graves, o medicamento não apenas funciona como é recomendado...e eu vivi isso na pele então só posso concordar! Enfim, cada caso é um caso.

Mas neste post eu queria falar sobre as crianças medicadas...e acima de tudo, da questão do EXCESSO. A quantidade de crianças que  tem sido diagnosticadas nos últimos 5 anos como tendo ADHD (Attention Deficit Hiperactivity Disorder) é cada vez maior, e não apenas nos EUA (no Brasil já se percebe esta tendência, como comentou uma amiga minha que por acaso, é psiquiatra infantil). Fala-se em uma epidemia mundial...e sem dúvida, a indústria farmacêutica nunca faturou tanto como nestes tempos modernos em que quase toda criança acaba recebendo, mais cedo um mais tarde, um rótulo. E com o rótulo vem muitas vezes uma receita médica. E isso cria uma questão delicada.

Na minha época de escola (anos 70) não existia nada disso...mas desde então, admito que a psiquiatra como ciência evoluiu -assim como muita coisa à nossa volta, só quem é cego não vê. E a gente precisa aceitar isso. Na minha opinião de leiga, o problema são os diagnósticos ou melhor dizendo: a dificuldade em estabelecê-los. Eu juro que não gostaria de ser psiquiatra infantil porque a responsabilidade de um rótulo me parece enorme. Na verdade, acredito que em alguns casos o diagnóstico seja mesmo correto (e o uso de medicamentos inevitável) mas não é tão simples assim...

Pra complicar ainda mais, o manual DSM, a famosa "bíblia da psiquiatria", está sempre revendo definições e dizem as más línguas que na próxima edição alguns distúrbios irão simplesmente deixar de existir. Entre eles, a Síndrome de Asperger. Isso afetará uma enorme comunidade de pessoas (crianças e adultos) que, em maior ou menor grau, se "encontraram" neste rótulo. Um exemplo famoso de Asperger é a cientista Temple Grandin. Existe até um apelido carinhoso na mídia e na literatura especializada (não sou psiquiatra mas li muito sobre o assunto): "ASPIE". Então eu me pergunto como essas pessoas irão reformular suas vidas quando a base da sua identidade deixa de existir da noite pro dia, digamos assim...O que você faria?

A mensagem óbvia é que devemos, antes de mais nada, aprender a lidar com rótulos...quem sofre desses distúrbios sabe disso muito bem (e eu vou incluir aqui a depressão). Porque uma pessoa é muito mais do que um rótulo - e não pode nem deveria ser limitada por ele (seja o limite imposto por ela mesma ou por pessoas ao seu redor). Infelizmente muitos esquecem disso...e em caso de crianças, são os próprios pais que encontram a "salvação" nesses rótulos e nos medicamentos que os acompanham (Ritalin, por ex, é o medicamento mais usado no tratamento de ADHD).

Na maioria das vezes, é muito mais fácil lidar com uma criança (devidamente) medicada do que com uma criança hiperativa que não consegue parar no mesmo lugar um minuto, não consegue se concentrar e acaba tendo um redimento escolar pobre, briga com Deus e o mundo porque não sabe controlar sua raiva, etc etc etc. Sim, essas crianças sofrem muito em casa e na escola, e algumas delas realmente tem distúrbios que podem e devem ser tratados com todos os meios disponíveis. Mas NUNCA para facilitar a vida dos pais e sim das próprias crianças! Acho que aí está a chave do problema. Se o medicamento em questão oferece mais vantages do que desvantagens (leia-se efeitos colaterais) e melhora o funcionamento e acima de tudo a qualidade de vida da criança, eu acho OK. Mas medicar só pra "facilitar" a vida dos pais e educadores, aí acho errado.

Felizmente para mim, ainda não existe medicamento para autismo! Eu digo felizmente porque tenho certeza quase absoluta de que se existisse, eu teria de fazer a difícil escolha de decidir medicar ou não o meu filho...pensando bem, provavelmente não medicaria. Isso porque meu filho tem um grau muito leve de autismo (muito diferente das crianças com casos clássicos de autismo que vivem literalmente em outro mundo). Ele é uma criança inteligente, sociável e que não precisa ser medicado para melhorar seu rendimento escolar...bem verdade que a concentração continua sendo um problema e por isso ele ainda está numa escola especial. Sua classe tem 16 alunos em vez dos 30 alunos que as escolas de Amsterdam costumam ter. E eles tem ainda workshops com temas ligados ao desenvolvimento emocional, medos, insegurança, etc (faalangst em holandês é um desses treinamentos). Nesse aspecto, Liam teve a sorte de ter um diagnóstico porque isso lhe deu acesso a uma educacão especial e personalizada que ele não teria de outra forma. E sem dúvida, foi justamente esta educação que permitiu que ele chegasse até onde chegou. Enfim, uma faca de dois gumes!

Para finalizar um assunto polêmico, quero recomendar um ótimo documentário que assisti chamado America's Medicated Kids, do jornalista britânico Louis Theroux. Este documentário está disponível no YouTube a todos interessados - não apenas profissionais como, principalmente, pais de crianças rotuladas como tendo um desses distúrbios (ADHD, autismo, PDD-NOS, bipolar, etc).

Documentário sobre Autismo (em inglês)

Achei no YouTube um documentário da BBC e decidi compartilhar com vocês. Primeiro porque é sobre um tema que muito me interessa por motivos óbvios...quem lê este blog sabe que meu filho tem um leve grau de autismo. Segundo porque o documentário - embora seja em inglês - é relativamente curto e bastante ilustrativo. E acima de tudo, porque o documentário mostra crianças com vários tipos de autismo.

Pra quem pensa que autismo é algo como Rain Man, vale a pena assistir este vídeo. Você irá ver que o autismo na verdade é um espectro, um distúrbio com vários níveis, desde o autismo clássico até a síndrome de Asperger, no outro extremo do espectro. Pra complicar ainda mais, existe ainda a classificação PDD-NOS (Pervasive Developmental Disorder - Non Otherwise Specified), que também está incluída oficialmente no espectro de autismo. Este é o diagnóstico oficial do meu filho, recebido após vários exames e testes quando ele tinha uns 6 anos e revisto no final do ano passado.

Enfim, informação NUNCA é demais! Bem-vindo ao mundo dos autistas.



Reclamando de barriga cheia





Eu posso reclamar da vida mas em alguns aspectos até que tive sorte. Por exemplo, eu não tenho família aqui na Holanda mas tenho meu ex-marido que me ajuda na criação do nosso filho. Hoje vou buscar o Liam na casa do pai para ajudar a carregar os livros da escola (são quase 20 livros, coitado do menino) e o ex me convidou para jantar lá. O que, diga-se de passagem, não é a primeira vez. Pra muita gente, jantar na casa do ex-marido é algo inconcebível. Mas não para nós que temos a guarda compartilhada do nosso filho há 6 anos (e até moramos no mesmo bairro). Ou seja, o casamento pode não ter dado certo, mas a guarda compartilhada funciona que é uma beleza. Dos males, o menor.

Como se não bastasse jantar na casa do ex-marido, este fim-de-semana meu ex-namorado vem nos visitar. É que depois de cinco anos de convivência, F. não aceita sumir simplesmente das nossas vidas. Até porque, ele se considera de certa forma também pai do Liam (o que faz sentido considerando-se que ele conviveu com o menino dos 7 aos 12 anos). Nos até brincamos que Liam tem dois pais (uma mãe maluca e dois pais)! Isso que eu chamo de família moderna. O quadro só complicará se eu arranjar outro namorado porque aí convenhamos, é gente demais (veja o cartoon acima).

Brincadeiras à parte, quando vejo casais separados infernizando a vida um do outro, brigando durante anos na justiça pela guarda dos filhos, eu chego à conclusão que ou 1. eu tenho muita sorte ou 2. sou uma pessoa muita bacana ou 3. ambas as coisas. O que vocês acham?

O segredo talvez seja o fato de que o Liam sempre foi e sempre será prioridade na minha vida. E isso muitos pais ainda precisam aprender. Porque se um divórcio já deixa sequelas inevitáveis, pior ainda quando o casal divorciado vive brigando, fazendo chantagem e jogando o filho contra o outro! Quando vejo mães proibirem terminantemente que os pais tenham acesso aos filhos (o que quando há violência física ou psicológica envolvida é até compreensível) eu fico com muita raiva. E me pergunto quem lhes deu o direito de decidir se o filho terá ou não um pai? Porque sinceramente, ter mãe e pai é - ou deveria ser - um direito básico de toda criança. Acho que há algo de egoísmo (ou talvez prepotência) em uma mãe (ou pai) que quer porque quer criar o filho sozinho. Claro que existem casos e casos…E eu obviamente não me refiro aos casos em que o próprio pai (ou mãe) abandona a família. Porque nesses casos não há mesmo nada a fazer, né?

Enfim, ao menos neste aspecto estou "bem servida". Mas isso porque também faço a minha parte, viu gente?




PS. O título deste post ia ser Os homens da minha vida mas além de brega, achei muito Dona Flor e Seus Dois Maridos...pra não dizer coisa pior hehehe.




No More Drama Queen



O tempo passa, a gente surta e depois se acalma. A gente leva tombo, se machuca e depois levanta. A gente erra e tenta de novo. E um belo dia - meio assim do nada - a ficha cai. Aconteceu comigo recentemente, não sei dizer quando nem porque. Uma daquelas mudanças sutis, de dentro pra fora como apenas as mudanças verdadeiras sabem ser.

Eu cansei de dramas. Cansei de me preocupar com coisas que não podem ser mudadas, coisas que não dependem de mim ou da minha vontade. Cansei de me debater com a minha vidinha imperfeita. E desisti de lutar contra as injustiças do mundo (e não são poucas). Porque nem tudo na vida é como a gente quer e nem tudo sai como planejamos. E muito menos na hora em que desejamos né, gente?

Mas olha, a crise foi longa, um período muito doloroso em que preferi me esconder e ficar quieta no meu canto. Insatisfeita com muita coisa (e de certa forma, com razão) e sem saber por onde começar. Até que decidi olhar à minha volta e vi que muita gente também tem vivido os mesmos problemas, que esta maldita crise pegou uma boa parte da população. Basta ler os jornais pra saber sobre as taxas de desemprego, grandes empresas demitindo pessoal, cortes governamentais, etc etc etc.

Então não é só questão de vontade mas de timing. E de sorte, claro. Porque a gente pode ter vontade, pode espernear e gritar à vontade mas sem sorte nada acontece. E quem pensa que estou falando bobagem, provavelmente nem irá continuar lendo este post. Sorte deles!

Não, não sou a pessoa mais azarada do mundo mas tive o azar de estar procurando trabalho num momento histórico em que até os holandeses estão perdendo seus empregos! E gente, eu sou estrangeira, e ainda por cima mãe separada. Eu tenho filho pra criar e ele sempre será a minha prioridade (ser mãe é isso). Pra complicar ainda mais, já passei dos 45 anos...Então sofri muito com a minha situação mas agora resolvi relaxar. 

Por que? Porque eu tenho feito o que posso e o resto é esperar as coisas melhorarem. Felizmente já saí do olho do furacão. Pra terem uma idéia do que estou falando, estou no terceiro estágio. Não é emprego mas é trabalho - e pra mim dá tudo na mesmo (inclusive financeiramente). Uma espécie de contrato de trabalho temporário para fazer experiência antes de entrar no mercado. E muito melhor do que ficar em casa vendo a vida passar. Já começo a enxergar a luz no fim do túnel…uma luzinha ainda fraca, mas ela está lá! A crise vai acabar mais cedo ou mais tarde, enquanto isso vou acumulando experiência de trabalho.

Fora o trabalho, minha outra grande preocupação é que moro num bairro ruim, onde meu filho nunca pode brincar na rua porque os moleques não são companhia pra ele. Filhos de imigrantes cujos pais sequer sabem onde as crianças andam, para os quais educação não é prioridade. Crianças que inevitavelmente acabam tendo baixo rendimento escolar e seguem para o ensino secundário mais baixo do país. Muitos acabam desempregados e nas ruas e sim, alguns perdem o rumo e acabam entrando na vida do crime. Eu consegui com muito custo "contornar" este problema e educar o meu filho com o padrão dos holandeses (e até melhor). Sempre dei importância pra educação, levamos a cinema, teatro, museus. Compramos livros. Enfim, estimulamos o desenvolvimento emocional e intelectual do menino. E os frutos já começam a ser colhidos, ele acaba de começar o ensino secundário numa nova escola e com perspectivas de ensino superior e mesmo universitário. As portas estão abertas.

Já os pais imigrantes não fazem nada disso (falei sobre eles aqui), até porque não podem. 90% dos imigrantes que moram no meu bairro são semi-analfabetos e estão desempregados, a maioria das mulheres é dona de casa e nem pensa em ser outra coisa. Muitas tem 4 ou 5 filhos, os meninos vão tradicionalmente pra rua e as meninas ficam em casa ajudando a mãe na cozinha. Uma pena porque algumas dessas crianças são inteligentes e se recebessem o mínimo de bagagem em casa (na forma de estímulos), talvez tivessem até chance no sistema educacional holandês. Mas isso é raro. Basta entrar numa sala de aula HAVO-VWO e ver que a quantidade de filhos de imigrantes, dependendo da escola, é de menos de 10%! E nas universidades é pior ainda. A grande maioria dos alunos são holandeses mesmos, uma invasão de louros nas salas de aula. Mas isso é assunto pra outro post, né?

Bom, mas daqui a três anos vou me mudar finalmente para um bairro bom e daí poderemos seguir em frente. Enquanto isso, vou trabalhando como posso e meu filho vai estudando. Novamente, uma questão de timing e muita paciência. O mais estranho é que conheço aqui muitas brasileiras casadas com holandeses que não tem a menor idéia do que estou falando porque vivem em outra realidade. Elas tem um padrão de vida muito mais alto (duas rendas em vez de uma), moram em bairros bons (a maioria fora de Amsterdam porque pra morar em bairro bom aqui tem de ter nascido com o cu virado pra lua, sério).  Os filhos vão quase que automaticamente para boas escolas. Elas não tem a menor idéia das minhas batalhas diárias e se bobear, ainda me acham "negativa" (juro que aconteceu comigo). Para essas brasileiras, só digo uma coisa: se pudessem viver a minha vida nem que fosse por UMA SEMANA, mudariam de idéia. É aquela estória: pimenta nos olhos dos outros é suco.

Enfim, mais um post longo demais que a maioria das pessoas não irá ler até o fim. E viva o Twitter por ter conseguido diminuir a capacidade de concentração  já limitada das pessoas além dos 140 caracteres. Pra você que leu até aqui: parabéns!

Michelle Williams

Uma Marilyn Monroe perfeita


Quem lê este blog sabe que eu amo cinema e sou fã de carteirinha de atrizes como Scarlett Johansson e Natalie Portman. Mas nos últimos tempos, comecei a prestar atenção em uma jovem atriz também muito talentosa: Michelle Williams. Na verdade, ela já fez muitos filmes mas ainda não pude conferir todos - e certamente ainda preciso ver My Week with Marilyn em que sua atuação foi bastante elogiada - mas os que assisti já deu pra perceber que ela é uma artista super talentosa (além de ter uma carinha de boneca).

Com Ryan Gosling

Por coincidência, os 3 filmes que assisti são estórias de amor. Em Blue Valentine (2010), ela vive uma paixão com Ryan Gosling, outro ator excelente. Eu estava pra assistir este filme há tempos porque perdi na época no cinema e finalmente achei o DVD baratinho mês passado e levei pra casa! É uma estória muito triste mas ao mesmo tempo é emocionante acompanhar a trajetória deste casal. O segundo filme é o mais recente dela e acabei de assistir no cinema: Take this Waltz (leia mais abaixo). E ontem à noite assisti Mammoth (2009), um filme que acredito que seja pouco conhecido do público mas que ganhou vários prêmios em festivais.O filme é do mesmo diretor sueco de Fucking Amal e Lilja 4-ever e ainda tem outro ator que eu amo...Gael García Bernal (Amores Perros, Y tu Maman También, The Motorcycle Diaries, Babel, The Science of Sleep etc.). Por falar em Babel, Mammoth lembra bastante este filme, embora Babel tenha um roteiro superior e seja bem mais elaborado. Ambos lidam com os males da globalização, em que as pessoas tem cada vez mais possibilidades de estar em toda parte e ao mesmo tempo se sentem sós e distantes de todos. Filmado em NY, Tailândia e Filipinas, aqui acompanhamos a vida corrida de um casal bem-sucedido e sua filha de 7 anos, que é praticamente criada pela babá filipina.


Com Gael García Bernal

Fora esses filmes, também vi no cinema recentemente o western moderno Meek's Cutoff (2010), em que Michelle WIlliams está quase irreconhecível como uma pioneira inglesa desbravando os EUA em 1870. Diga-se de passagem, eu nunca gostei de western mas este filme foi tão elogiado pela crítica que, como boa cinéfila, acabei não resistindo. E é bem interessante mesmo,  principalmente o final (que eu obviamente não vou contar aqui).

Mas eu vou falar mesmo é do mais recente Take this Waltz que eu simplesmente adorei! A diretora é Sarah Polley, uma canadensa que também é atriz. Eu já a conhecia de ótimos filmes como My Life Without Me (que comentei há muito tempo aqui) e The Secret Life of Words. Pois além de ótima atriz, ela decidiu virar diretora. Seu primeiro filme, Away with Her (outro que preciso conferir) foi bem apreciado pela crítica e Take this Waltz é seu segundo filme.

Já vou avisando que sou suspeita pra falar porque adorei o filme, tanto o roteiro como a fotografia! Ou seja, não tenho críticas. Aqui acompanhamos uma típica estória de amor, um casal jovem que se conhece, se apaixona e acaba casando e indo viver juntos uma vida confortável mas sem grandes "emoções" (quem é ou foi casado sabe exatamente do que estou falando). Após cinco anos de casamento, ela começa a sentir falta de algo em sua vida, há um vazio que ela não sabe explicar nem tampouco entende de onde vem (e pra complicar, o casal não tem filhos). Ou seja, uma certa inquietação da parte dela, embora os dois se amem e não haja em nenhum momento dúvida quanto a isso. Pois um belo dia ela esbarra num cara e os dois não apenas acabam descobrindo que são vizinhos - isso que eu chamo de obra do destino - como se apaixonam...ela casada e tentando a todo custo resistir a tentação de uma nova paixão em sua vida.


Com Luke Kirby

Ao longo da estória, a nova paixão vence o amor seguro (aquele velho conhecido) e ela larga tudo e vai morar com o novo namorado. Aí vemos na tela todas aquelas cenas que fazem parte de uma nova paixão e que deixam saudades em quem está junto há muitos e muitos anos...porque você e eu sabemos que paixão acaba, né? Amor é bem diferente, mais profundo, seguro, enfim adulto. Quando estamos apaixonados, nos comportamos como adolescentes e não medimos consequências. Queremos estar com aquela pessoa e pronto!

Um filme que certamente irá  mexer com muita gente...porque quase todo mundo viveu isso de uma forma ou outra. E eu arrisco até a dizer que amor e paixão são as duas forças que movem nossas vidas. Algumas pessoas precisam da paixão para (sobre)viver e acabam pulando de uma relação para outra em busca de emoções fortes e "adrenalina". Essas pessoas raramente se contentam com relações estáveis, casamento etc. Elas precisam sentir as borboletas no estômago, aquele frio na barriga antes do encontro etc...Já o amor, por outro lado, é pura aceitação, requer paciência e vontade de dar certo. E acima de tudo, amar é optar por ficar juntos.

52 x 5 Momentos pra compartilhar - posts atrasados



Quem lê este blog já percebeu há tempos que eu não sou a pessoa mais disciplinada do mundo, né? Até tenho curtido muito este meme mas falta disciplina pra responder toda semana. Então agora vocês terão 3 semanas em 1! Ao estilo pague 1, leve 3. hehehe

Semana 35 - Minhas piores compras foram...
1) Chuteira de futebol por 100 euros na Tunísia (minha aventura em um souk, quem não acompanhou o drama da turista, leia aqui)
2) Moldura com escorpião e cobra na Tunísia (que consegui devolver na loja quando soube que este tipo de "souvenir" fica preso na alfândega)
3) Roupas no tamanho errado (perdi a conta de quantas)
4) Sandálias que comprei e nunca usei
5) Last but not least, porquinho da India que berrava toda vez que eu abria a geladeira e que não durou muito aqui em casa rsrsrs

Semana 36 - Morro de preguiça de...
1) Qualquer atividade física (só curto mesmo nadar e mesmo assim não tenho conseguido arrumar energia pra ir à piscina)
2) Telefonar (odeio telefone, nada pessoal)
3) Ter de explicar a mesma coisa várias vezes (paciência não é uma das minhas virtudes)
4) Ter de me desculpar por ser como sou (o que já nem faço mais, sorry)
5) Ter de perdoar o mesmo erro duas ou três vezes (na terceira, minha paciência com a pessoa decididamente acaba e eu largo pra lá)

Semana 37 - O que, de melhor, o mundo virtual te trouxe (traz)...
1) Minhas amigas da M30 (comunidade no orkut) com as quais tenho contato até hoje
2) As amizades que fiz na blogosfera e que ainda irei conhecer pessoalmente (no estilo Nunca te vi, sempre te amei)
3) Algumas amizades que fiz no Facebook, que ainda fazem aquela rede valer a pena apesar de me irritar (quase que diariamente) com algumas atitudes ali
4) A possibilidade de contato com a minha família (embora eu me recuse a usar Skype e quase não os encontre no chat mas quando encontro, é sempre bom demais)
5) Last but not least, aprender um pouco sobre a vida de brasileiros em outros países, (Milena em Paris, Glenda em Sevilla, Eve em Berlin etc) e também na Holanda

Cadê vocês?




Gente, não é por nada não...eu sempre digo e repito (e não deixa de ser verdade) que eu escrevo é pra mim mesma mas tenho sentido falta de INTERACÃO aqui no blog...eu sei que muita gente visita, muitos lêem...mas poucos comentam.

E sabe, um belo dia a gente cansa de ficar falando com as paredes...eu até gosto de falar com o meu umbigo mas gosto mais ainda de saber o que os outros pensam, seus gostos e opiniões. E isso anda faltando por aqui. Não sei se eu é que fiquei chata ou repetitiva ou se meus textos são longos demais em tempos de Facebook e Twitter (como comentei aqui antes) mas cadê os comentários dos meus queridos leitores?!!

Eu ando com cada vez menos vontade de postar por aqui, o que é raríssimo considerando-se os 5 anos de blog! E não é por falta de assunto, esta mente inquieta está sempre cheia de idéias. Mas é bom ter o mínimo de reciprocidade.

Assim sendo, resolvi relançar esta campanha que já rolou na blogosfera tempos atrás. Colegas da blogosfera que também estejam precisando dar uma sacudida em seus blogs, podem copiar este selo.

Agora façam a alegria de uma blogueira e comentem mais, OK?!! Obrigada.

Books & coffee in Amsterdam

Ontem foi uma daquelas tardes em que eu me sinto uma pessoa privilegiada de morar em Amsterdã.  Teve tudo que eu gosto: minha biblioteca favorita, uma visita ao mais novo Starbucks da cidade na companhia de uma ótima amiga e pra terminar, uma passada em uma das minhas livrarias favoritas!


Biblioteca Central de Amsterdam

Quem costuma ler o blog já sabe que adoro a biblioteca central de Amsterdam...Também não  é pra menos, ela é a coisa mais linda que eu já vi e sempre recomendo pra quem está aqui de visita. Programa ideal para as tardes de outono-inverno (e sim, o outono já já começa). Verdade é que eu tinha de entregar uns livros atrasados e como meu único dia de folga é quarta e eu tinha marcado um café com uma amiga no centro, resolvi unir o útil ao agradável!


Starbucks The Bank

A segunda parada foi o Starbucks, do qual já existem várias filiais na cidade (as duas primeiras surgiram alguns anos atrás no aeroporto Schiphol). Descobri este café por acaso na net e vi que já abriu há quase seis meses então eu tinha de conferir, né? E vale uma visita, até pra quem está só de passagem pela cidade!  O café está localizado no porão do que era antes uma agência bancária (por isso o nome Starbucks The Bank) e o espaço foi super bem reaproveitado. Esta filial é uma design concept shop e tem um dos designs mais arrojados da famosa cadeia de lojas. Frequentada por uma turma jovem que leva seus laptops pra estudar enquanto toma uma xícara ou duas de café...Anotem aí o endereço: Rembrandsplein, esquina com a Utrechtstraat.





Depois de colocar o papo em dia e degustar um caramel latte, aproveitei que estava no centro e fui espiar as novidades na American Book Center (praça Spui). Pra quem visita Amsterdam e quer comprar livros, a dica é ir nesta praça, onde ficam duas livrarias especializadas em livros em inglês: a Waterstones e a American Book Center. Ali também fica a Atheneum, uma das mais tradicionais livrarias acadêmicas da cidade, muito frequentada por estudantes universitários. Esta mesma livraria tem uma loja separada só de revistas internacionais que também vale conferir. Revistas de moda, design, arte, cinema, etc. Ali você acha tudo e mais um pouco!


Enfim, nada como um dia depois do outro...