domingo, agosto 10, 2014

Voltei.




Ou melhor, vou tentar voltar porque fiquei mais de 3 meses sem postar no blog! Algo que nunca aconteceu antes e eu nem sei como explicar. Só sei que a vida segue, as semanas passam, os meses passam e quando a gente se dá conta o verão já está acabando!

Vou tentar colocar em dia o que aconteceu nos últimos meses - e não apenas os livros, filmes e séries de tv que assisti (viciei nas séries The Killing USA, Orange is the New Black e Community - uma mais diferente do que a outra).

Começando pelo começo, ou melhor, pelo que eu acho mais relevante (afinal o blog é meu, certo?). Estou tomando lítio há cerca de cinco meses e começo a perceber algumas melhoras. Em geral, os efeitos ficam mais óbvios um ano após iniciar o tratamento. Mas tenho observado que tenho andado mais tranquila, menos ansiosa em relacão às coisas que não deram certo e que eu não tenho a capacidade de mudar porque a vida é complicada mesmo. Acho que estou mais "desencucada", embora ainda tenha meus dias ruins. Mas felizmente os dias ruins tem sido menos frequentes, e isso já é uma grande vitória. Quem sofre de distúrbios mentais sabe que cada vitória é um grande passo rumo a felicidade. O único aspecto negativo é que o lítio parece ter "bloqueado" o meu lado criativo: tanto escrever aqui no blog como fazer scrapbooking, que era meu hobby e espero que continue sendo! Mas não posso ter certeza porque na primavera/verão eu geralmente abandono os hobbies e só volto a me dedicar a eles no outono/inverno. Só achei chato mesmo foi ter parado de escrever - porque escrever sempre foi a minha válvula de escape!

De resto, a vida é curta demais pra gente se estressar com coisas que não pode mudar. E no final das contas, ainda tenho meu filho e meu namorado para tornar minha vida mais colorida! Por falar em namorado, o pai dele faleceu sexta passada, depois de meses sofrendo de câncer (a doença foi detectada em estágio avançado). E isso sempre mexe com a gente, de uma ou outra forma. Ainda mais porque na mesma sexta meu tio levou alta do hospital, onde ficou internado na UTI por três semanas, primeiro devido a um infarto e depois complicações pulmonares...a vida tem dessas coisas: uns morrem, outros se recuperam, outros nascem. E com o passar dos anos e acúmulo de experiência, a nossa noção de morte vai mudando.

Enfim, a vida segue. Volto logo pra contar mais novidades.


domingo, abril 27, 2014

Divagações sobre a vida virtual




Minha vida pode andar de cabeça pra baixo (e anda mesmo) mas a vida virtual vai de vento em popa - talvez até porque tenho precisado de distração. Tentar "domar" esta mente inquieta é das tarefas mais árduas, ainda mais porque fui obrigada a parar o lítio por duas semanas (decidi que de agora em diante eu vou escrever o que eu quiser aqui).

Mas voltando ao assunto deste post: depois do blog, Facebook, Pinterest, Twitter (tenho conta há anos mas não uso), Good Reads (onde registro todas as minhas leituras porque a memória anda cada dia mais precária), arrumei um novo vício: Instagram! Sei que o Instagram não é mais novidade pra muuuuuuita gente, mas eu já andava "viciadinha" demais no Pinterest e decidi não arriscar. Até que o meu filho instalou "por engano" o Instagram no meu iPhone e voilà...não deu outra.

Entrei há dois dias no Instagram e ainda estou tentando entender a diferença entre as diferentes redes (sou velha mesmo, tá gente?). O Facebook obviamente é mais do que um site de fotos, o Pinterest é um site onde você coleciona suas imagens favoritas de outros usuários. Eu mesma tenho 51 boards com todos os tipos de imagens, apenas um desses boards contém fotos tiradas por mim mesma: Made by Me.

No mais, enquanto o Instagram é ideal pra quem curte fotografia, o Pinterest é mais uma fonte de inspiração para pessoas criativas - e eu me inspiro demais naquilo ali! Minha mãe iria gostar do Pinterest mas certamente iria amar o Instagram porque ela amava fotografar. Pessoas, plantas, flores, paisagens. Nunca saiu do país, nunca fez nenhuma daquelas viagens extraordinárias que vemos no time feed do Facebook - ela simplesmente fotografava os detalhes do dia-a-dia. Ela encontrava poesia naquilo que estava ao seu redor. E para mim, isso é que diferencia um verdadeiro fotógrafo de alguém brincando de tirar e postar fotos no iPhone. Ela tinha mesmo era uma velha (e pesada) NIKON, daquelas onde você tinha que ajustar tudo manualmente, para cada foto. E depois esperar quase uma semana pra ir buscar as fotos na loja!!!

Pra finalizar, o que eu acho legal no Instagram (desculpem o óbvio) é que ele é uma plataforma para compartilhar fotos feitas por você, pedacinhos do seu dia-a-dia, uma espécie de diário visual. É um lugar para compartilhar com os amigos as pequenas alegrias de cada dia (elas ainda existem). E isso vai ser um grande exercício para mim nos próximos tempos: tentar resgatar pequenos momentos de felicidade. 

segunda-feira, abril 21, 2014

The Book Thief



Não resisti e voltei...É que ontem aproveitei o Domingo de Páscoa com filho e namorado e fomos finalmente conferir "The Book Thief". Não li necessariamente resenhas do filme (evito ler ANTES de assistir o filme), mas li e adorei o livro há uns dois anos (leia aqui) e confesso que estava apreensiva. É que sou chata mesmo e sempre fico apreensiva quando mais uma adaptação para o cinema é feita de um dos "meus" livros. Nesse caso eu tinha visto o trailer antes e como a produção era a mesma de Life of Pi (outro que li e admito gostei do filme), fiquei mais aliviada.

Voltando ao filme em questão, a estória se passa na Alemanha no período da Segunda Guerra Mundial, a página negra na história do país e da humanidade. A estória tem dois protagonistas. Liesel, uma menina judia que é adotada por um casal alemão depois que o irmãozinho morre e os pais (provavelmente) são enviados para um campo de concentração. E Max, um jovem judeu que uma noite bate na porta dos pais adotivos de Liesel pedindo abrigo. Ele está muito doente, e o casal apesar de ter pouco dinheiro, decide cuidar dele porque afinal, o pai do rapaz deu a sua vida pela do pai adotivo de Liesel em outra guerra (a Primeira Guerra Mundial). Antes de morrer, o pai de Liesel prometeu que cuidaria de seus filhos ou mulher caso algo viesse a acontecer com eles. E assim não pensa duas vezes quando Max vem pedir ajuda. Na verdade são três protagonistas, se considerarmos o narrador da estória: A Morte. Ela mesma, este personagem que todos iremos encontrar mais cedo ou mais tarde. E e a presença dela inevitavelmente percorre todo o livro ( e filme).

Se o pano de fundo da estória é o nazismo, o filme é centrado na estória da improvável amizade de uma menina que roubava livros e um jovem judeu que amava as palavras. Quando Liesel é adotada pelos pais alemães e é enviada para a escola (ela devia ter uns 11 anos na época), ela nem sabia escrever seu nome e foi logo vítima de bullying na escola. Pois não só ela aprendeu a ler e escrever como se transformou em uma leitora voraz que chegava a roubar livros pelo simples prazer da leitura. E mais tarde, torna-se escritora (como vemos no final do filme, mas não vou contar mais pra não estragar).

Outro momento importante na vida de Liesel é quando ela faz amizade com a mulher do prefeito. A mãe de Liesel - uma mulher aparentemente brava mas com um coração de ouro - lava e passa roupas para o prefeito da cidade, e quando um dia sua esposa descobre que Liesel adora ler, ela apresenta a biblioteca particular deles para a menina. Liesel fica fascinada com todos aqueles livros e a partir daí começa outra amizade importante na vida da menina. Ela sempre volta à mansão do prefeito para ler livros e quando um dia o prefeito decide que ela não é mais bem-vinda, ela não vê outra opção senão pegá-los emprestados escondido!



Para mim, uma das partes mais lindas do filme é quando vemos Liesel sentada ao lado de Max no porão lendo estórias para o amigo doente. O jovem está as beiras da morte e são as estórias de Liesel que o mantém vivo. Felizmente ele se recupera e quando Liesel faz aniversário, ele oferece a ela um presente simbólico que irá mudar sua vida. Um livro com páginas em branco, para ela escrever suas próprias estórias!

Enfim, The Book Thief é mais do que uma estória de judeus e nazistas - é uma estória de amizade, de sobrevivência e perseverança em tempos difíceis E também uma estória de amor pelos livros...Eu recomendo a todos que assistiram ao filme que leiam também o livro! Porque se a adaptação para o cinema ficou muito boa, o livro é muito melhor...

quinta-feira, abril 17, 2014

Espero que passe logo



Pela primeira vez em anos de blog, perdi totalmente a vontade de escrever e de compartilhar. Tenho passado por um período delicado e precisado cuidar melhor de mim mesma. Tenho tentado buscar a vida lá fora, afinal é primavera, a minha estacao favorita! E  tenho tirado (ou tentado tirar) férias virtuais, na medida do possível. É que eu sempre serei aquela pessoa nadando contra a corrente, aquela pessoa que fala coisas que incomodam, questiona tabus quando os outros preferem calar. Mas tem dia que cansa, viu? E eu tenho pensado duas vezes antes de entrar em determinadas discussões ou situações porque preciso poupar a minha energia para coisas e pessoas mais importantes!

Sem falar que estou há quase duas semanas com uma dor horrível no braço esquerdo e só comecei tratamento com anti-inflamatório esta semana (eu e a médica pensamos que a dor ia passar mas não passou). Numa escala de 1a 10, a dor é 8 (principalmente de noite quando me deito na cama, tenho dormido muito mal). Pior que esta dor, só mesmo a dor da hérnia de disco, que operei há 6 anos (aquela era mesmo 10, até morfina tomei). E convenhamos, quando a gente sente dor, é muito difícil manter o bom humor. Ando muito cansada, fisicamente mesmo (o cansaço mental é velho conhecido). E pra complicar, o tal medicamento (Diclofenac) não interage bem com o litio (é perigoso mesmo) que iniciei em março, então tive de parar o lítio pra poder tomar o anti-inflamatório mas prioridade é prioridade!

Mas deixa eu mudar de assunto porque não quero falar só de doenças e medicamentos e a minha vida felizmente ainda é muito mais do que isso. Tenho lido muito: estou terminando de ler The Universe Versus Alex Woods, certamente um dos melhores livros deste ano e que espero ainda comentar por aqui. Tenho assistido bons filmes tanto em casa quanto no cinema. No telão assisti Nebraska, American Hustle, Her e Suzanne, um pequeno filme francês daqueles pouco conhecidos mas que eu curto (adoro um bom drama francês e fiquem avisados: os franceses fazem drama como ninguém). Mais do que filmes, tenho assistido séries de tv...decidi rever todas as temporadas de Frasier, minha série favorita de todos os tempos (leia mais aqui). E tenho tomado doses diárias de Comedy Central, além dos favoritos Family Guy e American Dad, descobri uma série nova chamada Bob's Burger (tem episodios inteiros no YouTube). Enfim, a gente vai como pode.

De uma coisa eu tenho certeza: saúde física e mental é o mais importante que existe nesta vida. E quando uma ou ambas andam abaladas, a gente precisa (re)definir as prioridades e se cuidar bem porque ninguém vai cuidar da gente! Então desculpem aí o sumiço...espero que seja apenas (mais) uma fase! Quando a inspiração e a disposição voltarem, eu volto a escrever por aqui.

quinta-feira, março 20, 2014

Puxa vida


Não quero ser aquela velha ranzinza (alguns me acham "chata" mas não se pode agradar a gregos e troianos, né?). Mas puxa vida, eu até tento mas ainda me decepciono com o ser humano...Exemplo recente foi meu post anterior, que foi lido por muitos (muitos mesmo, porque eu posso ver as estatísticas do Google e o número de visitas foi acima da média) e comentado por poucos. Até mesmo pessoas que eu pensei que iriam comentar, amizades da blogosfera...Aí eu pensei: é assunto delicado e complexo, nem todo mundo sabe o que dizer. Mas sabe, tem horas que a gente gostaria de uma certa interação, de umas palavras de apoio.

A verdade é que pensei muito antes de me expor, mas acabei publicando o tal post do diagnóstico porque no final das contas, eu continuo sendo eu mesma e às vezes tenho mais necessidade de dividir algo do que de me poupar. E sinceramente, espero que o post tenha sido útil para algumas daquelas pessoas que leram, talvez pessoas que como eu ficaram anos mudando de terapia e medicamento até receber o diagnóstico correto.

Enfim, sei lá. Vai ver ando mesmo carente...sinto falta de alguém pra compartilhar esta batalha, mas cheguei à conclusão de que esta batalha eu terei de lutar sozinha - como aliás já venho fazendo há anos.

O que tem me salvo é o F., companheiro que nunca me abandona.  E uma amiga de longíssima data que atura meus altos e baixos há quase 30 anos. E meu filho, que é meu maior tesouro...embora ele também esteja passando por uma fase difícil (adolescência).

O que tem me salvo são meus livros, minhas leituras que me transportam para outros mundos, outras vidas, outras realidades. Os filmes, que tem sido parte da minha vida desde a adolescência. E minha criatividade, meu canal de expressão.

Ou seja, a vida é assim mesmo e não adianta reclamar, né? Cada um com suas batalhas e cada um vivendo como dá. Eu já aprendi muito mas ainda tenho muto a aprender. Tenho de aprender a esperar menos das pessoas. Aprender a dar (mais) valor aqueles que me amam em vez de sofrer com perdas do passado. Porque os que se foram só se foram porque era para ser assim. As pessoas que ficam na vida da gente, ficam por uma razão.

Bom, acho que era só isso...

quinta-feira, março 13, 2014

O novo diagnóstico

Pra quem percebeu o meu sumiço (de vez eu quando eu sumo pra reorganizar as idéias), voltei - então senta que lá vem estória! Pra falar a verdade, eu pensei um bocado se devia ou não publicar isso aqui mas como eu sou eu, já viu! Eu não tenho papas na língua.

Em novembro, como todo fim de ano, tive mais uma crise pesadíssima (comentei aqui). Dessa vez tive até de mudar de tratamento (terapia e medicamento) e desde então, tive duas longas conversas com o novo psiquiatra...que finalmente sacou o que os anteriores não sacaram. Tá sentado? O novo psiquiatra reveu meus diagnósticos anteriores de depressão e borderline e concluiu que sou um caso clássico de Bipolar II (ou seja, nada de borderline tá gente?) . Pra ser sincera, nem cheguei a ficar surpresa com o novo diagnóstico, porque sempre desconfiei disso (e subitamente a ficha caiu e muita coisa passou a fazer sentido). O problema é que eu mesma não tinha informação suficiente sobre a tal doença...então complicou, né?



Explicando para os leigos (e pra quem estiver interessado no assunto), existem dois tipos de bipolar: I e II. Bipolar I é o quadro clássico do maníaco-depressivo e se caracteriza por ciclos alternados de depressão e mania (e em casos mais graves, psicose). Geralmente a primeira crise ocorre lá pelos 18 anos e é tão grave que o paciente precisa ser hospitalizado. Eu conheço uma pessoa assim, e ela toma lítio há mais de 20 anos (e virou minha coach nesta nova fase de medicamento pois eu comecei a tomar lítio semana passada). Dito isso, Bipolar I é o tipo mais fácil de ser diagnosticado.

Bipolar II (meu "novo" diagnóstico), a pessoa sofre períodos de depressão grave com períodos de hipermania (irritabilidade, agitação mental e um certo grau de "entusiasmo" que não são graves o bastante para serem classificados como mania). O problema é que o paciente com Bipolar II geralmente só busca ajuda quando está deprimido - porque quando a pessoa está na fase animada está tudo bem e todo mundo está feliz, né? Infelizmente, no Bipolar II as crises de depressão são mais frequentes do que a hipomania. Outro aspecto que dificulta o diagnóstico é que alguns sintomas típicos - como falar ininterruptamente e aceleradamente ("metralhadora"), agitação mental, insônia, irritabilidade e impulsividade - muitas vezes são confundidos com ADHD (Attention Deficit Hyperactive Disorder)...o que diga-se de passagem, aconteceu inúmeras vezes comigo! Principalmente os holandeses, que valorizam o silencio e o temperamento introvertido e reservado. Se no Brasil o meu temperamento " extrovertido"  e " falante"  nem incomoda tanta gente assim (embora também incomode), aqui na Holanda eu incomodo muito. Eu simplesmente não me encaixo na cultura holandesa...
 
No meu caso, foi uma longa jornada até chegar a este diagnóstico. Os últimos dez anos tem sido uma jornada dolorosa com todo tipo de problemas, desde no campo profissional até nos relacionamentos e amizades (quem costuma ler este blog sabe disso). Acho que mais perdi do que fiz amigos aqui na Holanda nos últimos 20 anos (a grande vantagem é que só ficaram mesmo os amigos de verdade). Várias terapias, psicólogos, 3 ou 4 psiquiatras, 3 antidepressivos diferentes (Effexor, Prozac e Cymbalta sendo do que dos tres o que salvou a minha vida foi sem duvida o Prozac) .Fora isso, fiz dois tratamentos prolongados numa clínica daqui (no primeiro recebi o diagnóstico de depressão e no segundo o diagnóstico de borderline). E ano passado, depois que o terceiro antidepressivo deixou de ter efeito (uma situação horrível que só desejo ao meu pior inimigo), minha médica me encaminhou para outra clínica renomada aqui em Amsterdam e desde então estou sendo tratada por um novo psiquiatra. Com um novo medicamento, o velho e conhecido lítio, usado com sucesso no tratamento bipolar há mais de 50 anos.

Portanto, quando eu digo que a minha vida é cheia de altos e baixos, podem acreditar que não estou exagerando. E sabem de uma coisa? Quase ou tão ruim quanto esta doença é a ignorancia alheia. E foi por isso que decidi escrever este post. Quem sabe um dia as pessoas acordam.





terça-feira, fevereiro 25, 2014

Only Lovers Left Alive



Eu sou suspeita pra falar porque sou fã de Jim Jarmush desde Strangers than Paradise (1984), Coffee and Cigarettes (1986) e Down by Law (1986). No tempo em que ele era um garoto prodígio de 20 e poucos anos e seus filmes viravam cult no Festival de Cannes. E já se passaram 30 anos desde Strangers than Paradise, filme que me traz lembranças de tempos distantes...quando eu ainda morava no Brasil e frequentava assiduamente o Cineclube Estação Botafogo!

Mas voltando ao filme em questão: Only Lovers Left Alive é mais do que uma estória de vampiros - é uma ode à música, à literatura e à fotografia. O filme é um verdadeiro colírio para os olhos...belas imagens e uma trilha sonora que reflete a atmosfera do filme. O ritmo do filme é lento, propício à estória de vampiros que vivem uma eternidade através dos séculos e de diversos continentes (EUA-Europa-África).

Acima de tudo, temos aqui uma estória de vampiros diferente, quase sem sangue. Jarmush optou por aprofundar temas existenciais como a eternidade e o amor. A sabedoria que apenas pode ser obtida com o passar dos anos e com as experiências acumuladas. E quem vive neste planeta há mais de três séculos deve ter acumulado alguma sabedoria, né?

Os protagonistas são Eve (atuação impecável de Tilda Swanton) que vive em Tangers, Marrocos e Adam, punk rock star que vive em Detroit, EUA. Adam tem surtos de melancolia e uma relação problemática com os "mortais". Quando Eve percebe que ele está deprimido, ela não hesita e pega um avião em Tangers para Detroit. O reencontro dos dois acaba sendo perturbado pela visita inesperada da irmã caçula de Eve, que tem o hábito de deixar rastros por onde anda...

Embora Eve tenha vivido três longos séculos da história da humanidade e Adam "apenas" 500 anos, eles se complementam de forma harmoniosa. Ela vive para os livros, ele vive para a música. Dois vampiros conectados por um amor imortal.




quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Blogueiras em crise



O que eu gosto mesmo neste mundo dos blogs é ver que não estou sozinha. É ver que tem gente por este mundo afora que sente e pensa como eu. E assim eu não me sinto tão estranha e com a (eterna) sensação de estar sempre nadando contra a corrente. Porque blogueiro que se preza também tem suas crises. A começar pelo famoso writer´s block. Bloqueio de escrita não é só coisa pra escritor, sabiam? Porque se for pensar bem, toda blogueira tem um pouco de escritora. Toda blogueira precisa escrever, precisa das palavras para interagir com os outros (não necessariamente seus leitores mas já é um bom começo). E chega um dia que ela se questiona se vale a pena se expor, se o preço a ser pago vale a pena.

A gente passa a maior parte do tempo buscando o equilíbrio, tentando conciliar nossa necessidade de escrever com o grau inevitável de exposição (não se iludam, tudo na vida tem seu preço). Eu mesma já passei por todas as fases. No inicio do blog eu era aquela pessoa ingenua e escrevia como quem escreve um diário, pra mim mesma (bons tempos aqueles). Até que os seguidores começaram a chegar (embora eu ainda tenha relativamente poucos em comparação com algumas estrelas da blogosfera), a gente começa a pensar duas vezes antes de fazer mais aquele desabafo. A gente começa a pensar duas vezes antes de se expor para desconhecidos. A gente se questiona se vale mesmo a pena arriscar mais uma polêmica. Em outras palavras, a gente vira macaco velho...

E aí vem a famosa crise: desistir do blog? fechar o blog apenas para convidados? Eu passei por essa crise no ano passado, ainda passo em dias ruins. Até que leio um post do tipo desabafo de uma amiga blogueira. As duas últimas foram a minha querida Priscila do Devaneios e Metamorfoses (que escreveu este post que poderia ter sido escrito por mim, sem tirar nem por). E a minha blogueira nerd favorita, a Luana do Hunfs, que assim como muitos, cansou (aqui). E ambas estão cobertas de razão. E eu me sinto menos sozinha e grata a elas por terem compartilhado.

Quem lê este blog - são poucos mas são leitores fiéis - sabe que eu tenho uma relação de amor e ódio com uma certa rede social. Porque eu acho muito dificil ser genuíno quando existem regras rígidas de comportamento. Regras sobre o que pode e o que não pode ser dito. Como a regra implícita de que não se deve falar de problemas (afinal, todo mundo é feliz o tempo todo). Não se pode falar, não se pode desabafar, reclamar muito menos. E bola pra frente que atrás vem gente!

E é justamente aí que entra o papel dos blogs. Porque em um blog, quem faz a regra é o blogueiro que escreve. Se ele quer escrever um post pessoal, escreve e pronto! Se ele vai ou não arcar com as consequências, o problema é dele. Se ele quer postar fotos bonitinhas e textos inspiracionais, tá bom também. Tem público pra todo tipo de blog (e não apenas para os populares blogs de viagem). E é justamente isso que eu admiro na blogosfera: sua diversidade. Porque sinceramente, nem todo mundo curte ver todo santo dia fotos de pessoas sorrindo em suas viagens, ou grupos de pessoas se divertindo em uma festa ou restaurante, o novo carro ou o que fulano jantou ontem. Muitos de nós sabemos (e aceitamos) que a vida é muito mais do que isso. Nós queremos ir além e descobrir (desvendar) a realidade por trás destas paisagens. Mas há um preço a ser pago.

Moral da estória: ter blog pessoal não é para os fracos. Porque ser autêntico no mundo de hoje é uma das tarefas mais difíceis que uma pessoa irá (ou não) realizar em sua vida. Boa sorte para quem decidiu embarcar nesta viagem. E muita coragem pra continuar sendo quem você é, independentemente do que os outros acham ou deixam de achar!

Quanto a mim, só sei ser eu mesma.



quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Mixed Media: a primeira experiência



Sábado passado finalmente participei do esperado workshop de Mixed Media que havia reservado em dezembro. O curso é dado numa aconchegante lojinha de artesanatos em Amsterdam, onde são oferecidos vários tipos de workshop para pequenos grupos. E eu como ando "cismada" com Mixed Media (ainda mais agora com o Pinterest), não resisti e fui!

Verdade seja dita, achei 80 euros por cinco horas de aula (de 10 às 15hrs) um pouco caro...lanchinho incluído na hora do almoço mas poucas instruções. Claro que a idéia do workshop é 'orientar" a(o) aluna(o) na descoberta de sua criatividade, sem intervir no processo individual. Ou seja: o artista é você! Nada é obrigatório, tudo é permitido. Sem falar que em arte não há "errado" nem "certo" (ou melhor, até há mas isso é outra discussão). Mas eu senti falta de instruções mais específicas de como usar as tintas, por exemplo. Eu já mexo há tempos com papel e sei combinar cores e padrões sem problemas. Mas tinta é terreno novo pra mim. E foi pensando nisso que me inscrevi nesse worskshop.

Agora eu vou contar um segredo: o que eu aprendi lá no sábado eu poderia ter aprendido com o meu filho aqui em casa! Porque eu posso ser criativa mas Liam é o verdadeiro artista - até comentei isso lá. Ele desenha muito bem desde os seis anos de idade, já fez um ano e meio de atelier de pintura no zoológico da cidade (e como bom artista, diz que não aprendeu nada lá e eu acredito). Liam aprendeu a desenhar sozinho, aprendeu perspectiva sozinho, sombra e tudo mais. Acima de tudo, ele gosta de fazer sketching com lápis, quanto mais realista melhor. Aos oito anos desenhava dinossauros, depois foram baleias, golfinhos e tubarões, depois leões, girafas...mais tarde foi a vez dos tucanos, águias e outros pássaros. E tudo isso sozinho, por conta própria. Como todo artista que se preze!

Quanto a mim, tenho surtos de criatividade e muita vontade de aprender. Gostei da tela acima, do material escolhido (tecidos, pedacinhos de papel de parede com textura de bolinhas, letras cortadas de revistas, fitas, etc). Mas não fiquei safisteita na hora de pintar o tal café e a espuma (digamos que a minha idéia inicial era uma xícara de cappuccino). E acreditem se quiser, Liam mal viu a minha tela e logo achou o erro. Ele me deu uma verdadeira aula de técnica de pintura (perspectiva, profundidade), usando praticamente as mesmas palavras da professora lá no workshop! Filho artista é assim.

Moral da estória, da próxima vez que eu for mexer com tinta ou mixed media, foi aproveitar o artista que tenho aqui de casa pra me dar dicas! Sem brincadeira.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

A primeira colagem



Eu ando expandindo a minha criatividade cada dia mais além dos cartões que tanto adoro fazer (e até vendi um bocado de cartões no natal passado). A verdade é que amo PAPEL e por isso meu primeiro interesse não podia ser outro senão o scrapbooking.

Só que pra mim, scrapbooking sempre foi muito mais do que páginas com fotos. Eu sempre preferi os mini-álbuns, por exemplo. E cartões, claro. Ou seja, eu emprego as técnicas que aprendi eu mesma e vou inventando uma novidade aqui e ali. Marcadores de livros, caderninhos de notas e por aí vai.

Ultimamente tenho me interessado muito por mixed media. Ando espiando no Pinterest, folheando livros e finalmente tomei a coragem de me matricular num workshop! O workshop é amanhã e não vejo a hora de colocar a mão na massa - literalmente. Pra quem não sabe, mixed media (como o própria nome sugere) é o uso combinado de vários materiais. Entre eles: vários tipos de tinta (aquarela. acrílico, óleo), gesso, papel, carimbos, pedaços de tecido, medalhas, moedas e tudo o mais que a imaginação permitir.

Uma das técnicas mais usadas é a colagem. A boa e velha colagem com a qual muitos de nós tem seu primeiro contato na escola maternal...pra nunca mais! Eu mesma me lembro vagamente de ter feito alguma colagem no atelier do colégio Bennett. Assim como fizemos aulas de pintura, papier marché, costura e até culinária! Na minha época era assim.

Mas voltando à colagem, em janeiro resolvi passar uma tarde chuvosa fazendo arte(terapia) com uma amiga brasileira que também mora aqui. E não sei porque cargas d'água me veio a idéia de tentar fazer umas colagens com papel de revista. Saímos picando um monte de revistas e a idéia foi se formando até que surgiu este sol aí encima - em pleno inverno holandês!

Pra ser sincera, fiquei bem satisfeita com o resultado da minha primeira colagem. Tão satisfeita que acabei engatando e fiz na mesma tarde uma outra colagem, desta vez de uma árvore. Só que a segunda colagem ficou, digamos assim, "inacabada" (ou esta é a sensação que tenho até hoje). Enquanto que o sol...ficou exatamente como a imagem que eu tinha na minha cabeça. Vai entender?




segunda-feira, fevereiro 03, 2014

The Buddha in the Attic



Como todo inverno, tenho lido muito este ano...em janeiro li 5 livros, sem falar em umas histórias em quadrinhos excelentes (entre elas, duas do Daniel Clowes: Mr. Wonderful e Wilson). Ontem acabei de ler um livro que estava na fila de espera há mais de ano.

O livro se chama The Buddha in the Attic (2011) e conta uma estória desconhecida por muitos...e por isso mesmo, uma estória comovente e que precisa ser contada. Trata-se da vida de imigrantes japonesas que foram para os EUA pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Elas eram apelidadas de "picture brides" e saíam em navios do Japão já casadas com japoneses que haviam emigrado para os EUA em busca de uma vida melhor (land of milk and honey blablabla). Ou seja, noivas de encomenda.

Esta estória me comoveu justamente por contar uma estória que não lemos nos livros de História...trata-se da estória dos perdedores, digamos assim. E todo mundo sabe que a História é escrita pelos vencedores. Nesse caso, vemos como essas mulheres japonesas são exploradas pelos próprios maridos (e pelos fazendeiros americanos), que as importam para trabalharem dia e noite nas plantações e ajudar nas colheitas anuais. Vemos como essas mesmas mulheres são maltratadas pelos maridos, que não as levam em consideração nem se preocupam com seu bem-estar (com raríssimas exceções). Homens que colocam a mulher pra trabalhar do lado deles nas plantações e à noite ainda esperam que ela faça a janta, dê banho nos filhos, passe as roupas, etc. A famosa "jornada dupla" (que muitas mulheres fazem até hoje, verdade seja dita). Mulheres passivas que vivem vidas miseráveis à sombra de seus maridos e filhos. E como se não bastasse, ainda são discriminadas pelos americanos por serem de outra raça.

Mais especificamente, a parte da estória que eu não sabia é sobre a população de japoneses nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Esses imigrantes trabalhadores passaram a ser vistos como inimigos da noite para o dia. Muitos foram levados para campos de trabalho forçado onde preparavam alimentos para as tropas americanas. Outros foram enviados de volta para o Japão sem aviso prévio, com direito a apenas uma mala e só. A grande maioria nem teve tempo de encerrar seus negócios ou se despedir de amigos. Enfim, um drama desconhecido de muitos mas que não deixa de ser um drama!

Eu confesso que amo romances de imigrantes (ïndia, Japão, China) porque eu mesma também levo uma vida de imigrante há 20 anos. Então sempre leio sagas de imigrantes e comento aqui no blog. Sem falar que ando apaixonada por escritores japoneses, desde meu favorito Murakami até Ruth Ozeki, a revelação do ano passado, que comentei aqui. Pois Julie Otsuka, como Ruth Ozeki, também é filha de japoneses. E assim como Ruth Ozeki, (sobre)vive entre duas culturas distintas, a japonesa e a americana.

Leitura altamente recomendada!


quarta-feira, janeiro 29, 2014

O primeiro boné




De um dia pro outro, sem aviso prévio a gente se dá conta de que o filho realmente entrou na adolescência. Aqui em casa a ficha caiu de uma vez por todas ontem!!! Pra quem não sabe, tenho um "aborrescente" em casa, que completará 14 anos em abril. Mas nem vou reclamar porque ele nem tem dado trabalho ainda...fora o fato de estar "respondão" mas eu também era "respondona" então "aqui se faz, aqui se paga". E sim, eu tenho de ficar encima (sou chata mesmo) com o dever de casa que os adolescentes odeiam..porque senão não rola, simples assim.

Mas voltando ao boné do título: ontem Liam comprou seu primeiro boné...aqui todos os meninos de 10 a 18 anos (creio eu) estão usando estes bonés de times de basquete profissionais (Made in USA). Como se não bastasse, a moda é usar o negócio de trás pra frente. Pior que isso, só aquele jeans caindo na bunda e que deixa a mostra a cueca boxer (de preferência da marca Bjorn Borg). Detalhe é que embora a escola não tenha conseguido ainda proibir as tais calças, o uso de boné é terminantemente proibido. Resultado: todos os adolescentes tem uma coleção invejosa de bonés, que colocam no pátio assim que saem da escola. De trás pra frente, claro.

Liam "cismou" com o tal Chicago Bulls - ao menos posso me orgulhar e dizer que ele sabe exatamente o que quer - e entramos em várias lojas até achar o tal modelo. O boné é preto e não amarelo ou vermelho porque preto combina com tudo, né? Por falar em combinar com tudo, meu filho finalmente começou a se preocupar mais com as roupas - em geral as meninas começam muito mais cedo. Verdade seja dita, nem eu nem o pai estimulamos o consumismo de marcas. Assim sendo, Liam nunca fez questão de tênis de marca: ele vai na loja de artigos esportivos, escolhe um modelo na liquidação e pronto. Usa o mesmo par por meses até furar!!! Sorte minha, porque a grana é curta e eu não tenho a menor intenção de dar meu rico dinheirinho pra uma multinacional como a Adidas, Nike ou sei lá o quê...se tem uma coisa que ensinamos a este menino é não dar valor pra marcas...só que a adolescência chegou né, gente?!!

Mãe de adolescente sofre.


quarta-feira, janeiro 15, 2014

La Grande Belezza



Prometi a mim mesma escrever mais sobre filmes este ano...porque verdade seja dita, assisto muitos filmes bons e alguns excelentes. Daqueles que eu saio do cinema com sensação de dever cumprido e alma lavada. E sim, vontade de compartilhar...

O primeiro filme do ano foi assim. La Grande Belezza, do diretor italiano Paolo Sorrentino foi eleito por público e crítica aqui na Holanda como o MELHOR FILME DE 2013 no circuito de cinemas de arte (o circuito que frequento há mais de 30 anos, desde os tempos que morava no Rio e o Cineclube Estação Botafogo era a minha segunda casa).

Faltam palavras pra descrever as imagens da tela. Um filme magistral, majestoso e acima de tudo, uma homenagem não apenas ao cinema italiano de Fellini (uma das muitas referências que permeiam o filme) como à sétima arte em sua melhor forma.

Mais do que um filme, mais do que mera diversão, uma verdadeira experiência cinematográfica. Enfim, cinema da melhor qualidade. Não percam!


segunda-feira, janeiro 06, 2014

Leituras para 2014




Este ano prometi a mim mesma que vou vencer a (maldita) preguiça e postar mais no blog sobre minhas duas paixões: livros e filmes! Bem verdade que a maioria dos leitores  que chegam aqui através do Google vem atrás de informações sobre a  vida na Holanda (e para eles eu tenho o marcador vida de imigrante)...mas quem visita este blog sabe que nunca foi a minha intenção fornecer informações sobre a Holanda. Também não sou blog de viagem porque viajar é o que menos tenho feito nos últimos dois anos, digamos assim...espero que no futuro ainda possa fazer algumas viagens mas a verdade é que a grana anda muito curta. Nem Paris, nem Londres, nem Berlin...muito menos Rio de Janeiro! Enfim, a gente vai se virando...

Meu blog é acima de tudo um blog pessoal e por mais que eu tente segurar a onda, ele sempre terá um alto teor pessoal. Alguns assuntos polêmicos eu tenho tentado evitar porque depois de um tempo fica mesmo repetitivo. E verdade seja dita: depressão continua sendo tabu em pleno século XXI. Mas faz parte de minha vida então vai rolar vez ou outra...estejam avisados! Quem não curte, é só virar a página...ou ir dar Likes no Facebook, onde (quase) tudo são flores né, gente? ;-)

Mas voltando ao post em questão, decidi escrever este post pra mim mesma - como um lembrete dos livros que estão na fila de espera aqui em casa...alguns há mais de ano! Verdade seja dita, a maioria das minhas leituras são em inglês, mas tento ler em holandês (eu leio tão bem quanto em inglês mas é questão de hábito mesmo). E quero voltar a ler em português porque ganhei livros maravilhosos de um amigo que me visita todo ano e sempre traz ótimos livros de presente (entre eles, o badalado Mia Couto que ainda preciso conferir).

Então segue a listinha, só pra ficar registrado.


Leituras em inglês:
 1. The Expats, Chris Pavone
 2. The Last Family in England, Matt Haig
 3. The Lost and Forgotten Languages of Shanghai, Ruiyan Xu
 4. Committed, Elizabeth Gilbert (do bestseller Eat, Pray, Love)
 5. Girl Reading, Katie Ward
 6. The Saffron Kitchen, Yasmin Crowther
 7. Ghostwritten, David Mitchell (do bestseller Cloud Atlas)
 8. The Buddha in the Attic, Julie Otsuka
 9. The Lowland, Jhumpa Lahiri
10. History of a Pleasure Seeker, Richard Mason
11. The Art of Fielding, Chad Harbach
12. Storyteller, the art of Road Dahl (biografia)
13. Breathe,a Ghost Story, Cliff McNish

Leituras em português:
 1. Nu, de botas Antônio Prata
 2. O Filho Eterno. Cristovão Tezza
 3. O Fio das Missangas, Mia Couto
 4. Um rio chamado tempo, Mia Couto
 5. Crônicas para jovens de bichos e pessoas (Clarice Lispector)
 6. Clarice na Cabeceira
 7. Clarice, Benjamin Moser (biografia)





Diga-se de passagem, incluí na lista apenas as próximas leituras que estão há tempos na fila de espera (20 livros ao todo). No meu Good Reads, a lista de livros a serem lidos é de 147 livros! So many books, so little time.

 E vocês, quais são seus planos de leitura para 2014?!!

sábado, janeiro 04, 2014

Quadrinhos: Mister Wonderful


 




O primeiro livro do ano não foi um livro e sim uma história em quadrinhos. Bem verdade que se trata de quadrinhos da melhor qualidade, de um dos mais renomados autores do gênero: Daniel Clowes! Ele é mais conhecido por Ghost World, uma série de quadrinhos que virou cult movie com roteiro do próprio autor (como cinéfila que sou, este filme também está na minha lista de favoritos). Além de ser ótimo, o filme ainda registra uma das primeiras atuações de uma de minhas atrizes favoritas: Scarlet Johansson!

O que acontece é que ontem fui à biblioteca em busca dos clássicos quadrinhos de Will Eisner (New York e Conversations with God, assunto para outro post) e acabei esbarrando neste livro aqui encima (em holandês). Resultado, peguei o livro emprestado e li ontem mesmo. Ou melhor dizendo: devorei! Mais um anti-herói típico de Clowes, com suas inseguranças, defeitos e imperfeições. O protagonista (ironicamente apelidado de "Mister Wonderful" porque ironia é o que não falta neste cartunista) é um homem divorciado que consegue uma date (blind date, patrocinada por um amigo em comum) depois de seis anos sem se relacionar com ninguém. Ele vai ao encontro ansioso mas ao mesmo tempo cheio de esperanças. E para sua surpresa, se depara com uma anti-heroína feita sob medida para ele. Uma mulher também separada, cheia de inseguranças e em busca do homem perfeito para completar sua vida.
 
Recomendo especialmente pra turma que curtiu Ghost World. Eu admito que vi o filme mas não li o livro - e pretendo "corrigir este erro" em breve.








sexta-feira, janeiro 03, 2014

Retrospectiva literária 2013




O livro juvenil que mais gostei: Before I Fall, Lauren Oliver (leia aqui)

 
A aventura que me tirou o fôlego: Gone Girl, Gillian Flynn (leia aqui), o livro é acima de tudo um triller, e já até virou filme este ano (ainda não em cartaz)

O romance que me fez suspirar: Difícil responder, não costumo ler necessariamente "romances" mas estórias como The Fault on Our Stars (YA) e até mesmo The Night Circus também poderiam ser considerados romances, de certa forma. Assim como a excelente autobiografia The Three of Us, embora seja um romance totalmente fora dos padrões tradicionais (do jeito que eu gosto)

A saga que me conquistou: The Night Circus, Erin Morgenstern (leia aqui)

O clássico que me marcou: Não li nenhum clássico este ano (mas já li muitos nesta vida), mas poderia considerar A Tale for the Time Being como um clássico moderno - e não apenas por ele ter concorrido ao Booker Prize 2013

O livro que me fez refletir: My Year of Meats, Ruth Ozeki

O livro que me fez rir: Oh Dear Silvia de Dawn French, famosa atriz e comediante inglesa da renomada dupla French & Saunders (Absolutely Fabulous). Li os dois livros dela este ano (o outro se chama A Tiny Bit Marvellous), ótimos para desopilar o fígado

O livro que me fez chorar: The Glass Castle, Jeannette Walls - uma das melhores biografias que já li em toda minha vida (leia aqui)

O melhor livro de fantasia: The Radleys, Matt Haig, com uma família de vampiros em temos modernos, escrito com muita ironia e humor

O livro que me decepcionou: The Ice Queen, Alice Hoffman

O livro que me surpreendeu: The Middlesteins, Jami Attenberg

O(a) personagem do ano: Fiquei dividida entre Bernadette de Where'd You Go, Bernadette e Edie, a anti-heroína obesa de The Middlesteins

O casal perfeito: Hazel e August do livro The Fault in Our Stars, John Green


O(a) autor(a) revelação:  Ruth Ozeki, sem sombra de dúvida

O melhor livro nacional: não li nada em português mas irei corrigir isso em breve

O melhor livro que li em 2013: A Tale for the Time Being, de Ruth Ozeki (leia aqui)

Li em 2013: 30 livros (em 8 meses, porque passei 4 meses em ler...)

Meta literária para 2013: Ler mais livros, sempre...
Tecnologia do Blogger.

Voltei.




Ou melhor, vou tentar voltar porque fiquei mais de 3 meses sem postar no blog! Algo que nunca aconteceu antes e eu nem sei como explicar. Só sei que a vida segue, as semanas passam, os meses passam e quando a gente se dá conta o verão já está acabando!

Vou tentar colocar em dia o que aconteceu nos últimos meses - e não apenas os livros, filmes e séries de tv que assisti (viciei nas séries The Killing USA, Orange is the New Black e Community - uma mais diferente do que a outra).

Começando pelo começo, ou melhor, pelo que eu acho mais relevante (afinal o blog é meu, certo?). Estou tomando lítio há cerca de cinco meses e começo a perceber algumas melhoras. Em geral, os efeitos ficam mais óbvios um ano após iniciar o tratamento. Mas tenho observado que tenho andado mais tranquila, menos ansiosa em relacão às coisas que não deram certo e que eu não tenho a capacidade de mudar porque a vida é complicada mesmo. Acho que estou mais "desencucada", embora ainda tenha meus dias ruins. Mas felizmente os dias ruins tem sido menos frequentes, e isso já é uma grande vitória. Quem sofre de distúrbios mentais sabe que cada vitória é um grande passo rumo a felicidade. O único aspecto negativo é que o lítio parece ter "bloqueado" o meu lado criativo: tanto escrever aqui no blog como fazer scrapbooking, que era meu hobby e espero que continue sendo! Mas não posso ter certeza porque na primavera/verão eu geralmente abandono os hobbies e só volto a me dedicar a eles no outono/inverno. Só achei chato mesmo foi ter parado de escrever - porque escrever sempre foi a minha válvula de escape!

De resto, a vida é curta demais pra gente se estressar com coisas que não pode mudar. E no final das contas, ainda tenho meu filho e meu namorado para tornar minha vida mais colorida! Por falar em namorado, o pai dele faleceu sexta passada, depois de meses sofrendo de câncer (a doença foi detectada em estágio avançado). E isso sempre mexe com a gente, de uma ou outra forma. Ainda mais porque na mesma sexta meu tio levou alta do hospital, onde ficou internado na UTI por três semanas, primeiro devido a um infarto e depois complicações pulmonares...a vida tem dessas coisas: uns morrem, outros se recuperam, outros nascem. E com o passar dos anos e acúmulo de experiência, a nossa noção de morte vai mudando.

Enfim, a vida segue. Volto logo pra contar mais novidades.


Divagações sobre a vida virtual




Minha vida pode andar de cabeça pra baixo (e anda mesmo) mas a vida virtual vai de vento em popa - talvez até porque tenho precisado de distração. Tentar "domar" esta mente inquieta é das tarefas mais árduas, ainda mais porque fui obrigada a parar o lítio por duas semanas (decidi que de agora em diante eu vou escrever o que eu quiser aqui).

Mas voltando ao assunto deste post: depois do blog, Facebook, Pinterest, Twitter (tenho conta há anos mas não uso), Good Reads (onde registro todas as minhas leituras porque a memória anda cada dia mais precária), arrumei um novo vício: Instagram! Sei que o Instagram não é mais novidade pra muuuuuuita gente, mas eu já andava "viciadinha" demais no Pinterest e decidi não arriscar. Até que o meu filho instalou "por engano" o Instagram no meu iPhone e voilà...não deu outra.

Entrei há dois dias no Instagram e ainda estou tentando entender a diferença entre as diferentes redes (sou velha mesmo, tá gente?). O Facebook obviamente é mais do que um site de fotos, o Pinterest é um site onde você coleciona suas imagens favoritas de outros usuários. Eu mesma tenho 51 boards com todos os tipos de imagens, apenas um desses boards contém fotos tiradas por mim mesma: Made by Me.

No mais, enquanto o Instagram é ideal pra quem curte fotografia, o Pinterest é mais uma fonte de inspiração para pessoas criativas - e eu me inspiro demais naquilo ali! Minha mãe iria gostar do Pinterest mas certamente iria amar o Instagram porque ela amava fotografar. Pessoas, plantas, flores, paisagens. Nunca saiu do país, nunca fez nenhuma daquelas viagens extraordinárias que vemos no time feed do Facebook - ela simplesmente fotografava os detalhes do dia-a-dia. Ela encontrava poesia naquilo que estava ao seu redor. E para mim, isso é que diferencia um verdadeiro fotógrafo de alguém brincando de tirar e postar fotos no iPhone. Ela tinha mesmo era uma velha (e pesada) NIKON, daquelas onde você tinha que ajustar tudo manualmente, para cada foto. E depois esperar quase uma semana pra ir buscar as fotos na loja!!!

Pra finalizar, o que eu acho legal no Instagram (desculpem o óbvio) é que ele é uma plataforma para compartilhar fotos feitas por você, pedacinhos do seu dia-a-dia, uma espécie de diário visual. É um lugar para compartilhar com os amigos as pequenas alegrias de cada dia (elas ainda existem). E isso vai ser um grande exercício para mim nos próximos tempos: tentar resgatar pequenos momentos de felicidade. 

The Book Thief



Não resisti e voltei...É que ontem aproveitei o Domingo de Páscoa com filho e namorado e fomos finalmente conferir "The Book Thief". Não li necessariamente resenhas do filme (evito ler ANTES de assistir o filme), mas li e adorei o livro há uns dois anos (leia aqui) e confesso que estava apreensiva. É que sou chata mesmo e sempre fico apreensiva quando mais uma adaptação para o cinema é feita de um dos "meus" livros. Nesse caso eu tinha visto o trailer antes e como a produção era a mesma de Life of Pi (outro que li e admito gostei do filme), fiquei mais aliviada.

Voltando ao filme em questão, a estória se passa na Alemanha no período da Segunda Guerra Mundial, a página negra na história do país e da humanidade. A estória tem dois protagonistas. Liesel, uma menina judia que é adotada por um casal alemão depois que o irmãozinho morre e os pais (provavelmente) são enviados para um campo de concentração. E Max, um jovem judeu que uma noite bate na porta dos pais adotivos de Liesel pedindo abrigo. Ele está muito doente, e o casal apesar de ter pouco dinheiro, decide cuidar dele porque afinal, o pai do rapaz deu a sua vida pela do pai adotivo de Liesel em outra guerra (a Primeira Guerra Mundial). Antes de morrer, o pai de Liesel prometeu que cuidaria de seus filhos ou mulher caso algo viesse a acontecer com eles. E assim não pensa duas vezes quando Max vem pedir ajuda. Na verdade são três protagonistas, se considerarmos o narrador da estória: A Morte. Ela mesma, este personagem que todos iremos encontrar mais cedo ou mais tarde. E e a presença dela inevitavelmente percorre todo o livro ( e filme).

Se o pano de fundo da estória é o nazismo, o filme é centrado na estória da improvável amizade de uma menina que roubava livros e um jovem judeu que amava as palavras. Quando Liesel é adotada pelos pais alemães e é enviada para a escola (ela devia ter uns 11 anos na época), ela nem sabia escrever seu nome e foi logo vítima de bullying na escola. Pois não só ela aprendeu a ler e escrever como se transformou em uma leitora voraz que chegava a roubar livros pelo simples prazer da leitura. E mais tarde, torna-se escritora (como vemos no final do filme, mas não vou contar mais pra não estragar).

Outro momento importante na vida de Liesel é quando ela faz amizade com a mulher do prefeito. A mãe de Liesel - uma mulher aparentemente brava mas com um coração de ouro - lava e passa roupas para o prefeito da cidade, e quando um dia sua esposa descobre que Liesel adora ler, ela apresenta a biblioteca particular deles para a menina. Liesel fica fascinada com todos aqueles livros e a partir daí começa outra amizade importante na vida da menina. Ela sempre volta à mansão do prefeito para ler livros e quando um dia o prefeito decide que ela não é mais bem-vinda, ela não vê outra opção senão pegá-los emprestados escondido!



Para mim, uma das partes mais lindas do filme é quando vemos Liesel sentada ao lado de Max no porão lendo estórias para o amigo doente. O jovem está as beiras da morte e são as estórias de Liesel que o mantém vivo. Felizmente ele se recupera e quando Liesel faz aniversário, ele oferece a ela um presente simbólico que irá mudar sua vida. Um livro com páginas em branco, para ela escrever suas próprias estórias!

Enfim, The Book Thief é mais do que uma estória de judeus e nazistas - é uma estória de amizade, de sobrevivência e perseverança em tempos difíceis E também uma estória de amor pelos livros...Eu recomendo a todos que assistiram ao filme que leiam também o livro! Porque se a adaptação para o cinema ficou muito boa, o livro é muito melhor...

Espero que passe logo



Pela primeira vez em anos de blog, perdi totalmente a vontade de escrever e de compartilhar. Tenho passado por um período delicado e precisado cuidar melhor de mim mesma. Tenho tentado buscar a vida lá fora, afinal é primavera, a minha estacao favorita! E  tenho tirado (ou tentado tirar) férias virtuais, na medida do possível. É que eu sempre serei aquela pessoa nadando contra a corrente, aquela pessoa que fala coisas que incomodam, questiona tabus quando os outros preferem calar. Mas tem dia que cansa, viu? E eu tenho pensado duas vezes antes de entrar em determinadas discussões ou situações porque preciso poupar a minha energia para coisas e pessoas mais importantes!

Sem falar que estou há quase duas semanas com uma dor horrível no braço esquerdo e só comecei tratamento com anti-inflamatório esta semana (eu e a médica pensamos que a dor ia passar mas não passou). Numa escala de 1a 10, a dor é 8 (principalmente de noite quando me deito na cama, tenho dormido muito mal). Pior que esta dor, só mesmo a dor da hérnia de disco, que operei há 6 anos (aquela era mesmo 10, até morfina tomei). E convenhamos, quando a gente sente dor, é muito difícil manter o bom humor. Ando muito cansada, fisicamente mesmo (o cansaço mental é velho conhecido). E pra complicar, o tal medicamento (Diclofenac) não interage bem com o litio (é perigoso mesmo) que iniciei em março, então tive de parar o lítio pra poder tomar o anti-inflamatório mas prioridade é prioridade!

Mas deixa eu mudar de assunto porque não quero falar só de doenças e medicamentos e a minha vida felizmente ainda é muito mais do que isso. Tenho lido muito: estou terminando de ler The Universe Versus Alex Woods, certamente um dos melhores livros deste ano e que espero ainda comentar por aqui. Tenho assistido bons filmes tanto em casa quanto no cinema. No telão assisti Nebraska, American Hustle, Her e Suzanne, um pequeno filme francês daqueles pouco conhecidos mas que eu curto (adoro um bom drama francês e fiquem avisados: os franceses fazem drama como ninguém). Mais do que filmes, tenho assistido séries de tv...decidi rever todas as temporadas de Frasier, minha série favorita de todos os tempos (leia mais aqui). E tenho tomado doses diárias de Comedy Central, além dos favoritos Family Guy e American Dad, descobri uma série nova chamada Bob's Burger (tem episodios inteiros no YouTube). Enfim, a gente vai como pode.

De uma coisa eu tenho certeza: saúde física e mental é o mais importante que existe nesta vida. E quando uma ou ambas andam abaladas, a gente precisa (re)definir as prioridades e se cuidar bem porque ninguém vai cuidar da gente! Então desculpem aí o sumiço...espero que seja apenas (mais) uma fase! Quando a inspiração e a disposição voltarem, eu volto a escrever por aqui.

Puxa vida


Não quero ser aquela velha ranzinza (alguns me acham "chata" mas não se pode agradar a gregos e troianos, né?). Mas puxa vida, eu até tento mas ainda me decepciono com o ser humano...Exemplo recente foi meu post anterior, que foi lido por muitos (muitos mesmo, porque eu posso ver as estatísticas do Google e o número de visitas foi acima da média) e comentado por poucos. Até mesmo pessoas que eu pensei que iriam comentar, amizades da blogosfera...Aí eu pensei: é assunto delicado e complexo, nem todo mundo sabe o que dizer. Mas sabe, tem horas que a gente gostaria de uma certa interação, de umas palavras de apoio.

A verdade é que pensei muito antes de me expor, mas acabei publicando o tal post do diagnóstico porque no final das contas, eu continuo sendo eu mesma e às vezes tenho mais necessidade de dividir algo do que de me poupar. E sinceramente, espero que o post tenha sido útil para algumas daquelas pessoas que leram, talvez pessoas que como eu ficaram anos mudando de terapia e medicamento até receber o diagnóstico correto.

Enfim, sei lá. Vai ver ando mesmo carente...sinto falta de alguém pra compartilhar esta batalha, mas cheguei à conclusão de que esta batalha eu terei de lutar sozinha - como aliás já venho fazendo há anos.

O que tem me salvo é o F., companheiro que nunca me abandona.  E uma amiga de longíssima data que atura meus altos e baixos há quase 30 anos. E meu filho, que é meu maior tesouro...embora ele também esteja passando por uma fase difícil (adolescência).

O que tem me salvo são meus livros, minhas leituras que me transportam para outros mundos, outras vidas, outras realidades. Os filmes, que tem sido parte da minha vida desde a adolescência. E minha criatividade, meu canal de expressão.

Ou seja, a vida é assim mesmo e não adianta reclamar, né? Cada um com suas batalhas e cada um vivendo como dá. Eu já aprendi muito mas ainda tenho muto a aprender. Tenho de aprender a esperar menos das pessoas. Aprender a dar (mais) valor aqueles que me amam em vez de sofrer com perdas do passado. Porque os que se foram só se foram porque era para ser assim. As pessoas que ficam na vida da gente, ficam por uma razão.

Bom, acho que era só isso...

O novo diagnóstico

Pra quem percebeu o meu sumiço (de vez eu quando eu sumo pra reorganizar as idéias), voltei - então senta que lá vem estória! Pra falar a verdade, eu pensei um bocado se devia ou não publicar isso aqui mas como eu sou eu, já viu! Eu não tenho papas na língua.

Em novembro, como todo fim de ano, tive mais uma crise pesadíssima (comentei aqui). Dessa vez tive até de mudar de tratamento (terapia e medicamento) e desde então, tive duas longas conversas com o novo psiquiatra...que finalmente sacou o que os anteriores não sacaram. Tá sentado? O novo psiquiatra reveu meus diagnósticos anteriores de depressão e borderline e concluiu que sou um caso clássico de Bipolar II (ou seja, nada de borderline tá gente?) . Pra ser sincera, nem cheguei a ficar surpresa com o novo diagnóstico, porque sempre desconfiei disso (e subitamente a ficha caiu e muita coisa passou a fazer sentido). O problema é que eu mesma não tinha informação suficiente sobre a tal doença...então complicou, né?



Explicando para os leigos (e pra quem estiver interessado no assunto), existem dois tipos de bipolar: I e II. Bipolar I é o quadro clássico do maníaco-depressivo e se caracteriza por ciclos alternados de depressão e mania (e em casos mais graves, psicose). Geralmente a primeira crise ocorre lá pelos 18 anos e é tão grave que o paciente precisa ser hospitalizado. Eu conheço uma pessoa assim, e ela toma lítio há mais de 20 anos (e virou minha coach nesta nova fase de medicamento pois eu comecei a tomar lítio semana passada). Dito isso, Bipolar I é o tipo mais fácil de ser diagnosticado.

Bipolar II (meu "novo" diagnóstico), a pessoa sofre períodos de depressão grave com períodos de hipermania (irritabilidade, agitação mental e um certo grau de "entusiasmo" que não são graves o bastante para serem classificados como mania). O problema é que o paciente com Bipolar II geralmente só busca ajuda quando está deprimido - porque quando a pessoa está na fase animada está tudo bem e todo mundo está feliz, né? Infelizmente, no Bipolar II as crises de depressão são mais frequentes do que a hipomania. Outro aspecto que dificulta o diagnóstico é que alguns sintomas típicos - como falar ininterruptamente e aceleradamente ("metralhadora"), agitação mental, insônia, irritabilidade e impulsividade - muitas vezes são confundidos com ADHD (Attention Deficit Hyperactive Disorder)...o que diga-se de passagem, aconteceu inúmeras vezes comigo! Principalmente os holandeses, que valorizam o silencio e o temperamento introvertido e reservado. Se no Brasil o meu temperamento " extrovertido"  e " falante"  nem incomoda tanta gente assim (embora também incomode), aqui na Holanda eu incomodo muito. Eu simplesmente não me encaixo na cultura holandesa...
 
No meu caso, foi uma longa jornada até chegar a este diagnóstico. Os últimos dez anos tem sido uma jornada dolorosa com todo tipo de problemas, desde no campo profissional até nos relacionamentos e amizades (quem costuma ler este blog sabe disso). Acho que mais perdi do que fiz amigos aqui na Holanda nos últimos 20 anos (a grande vantagem é que só ficaram mesmo os amigos de verdade). Várias terapias, psicólogos, 3 ou 4 psiquiatras, 3 antidepressivos diferentes (Effexor, Prozac e Cymbalta sendo do que dos tres o que salvou a minha vida foi sem duvida o Prozac) .Fora isso, fiz dois tratamentos prolongados numa clínica daqui (no primeiro recebi o diagnóstico de depressão e no segundo o diagnóstico de borderline). E ano passado, depois que o terceiro antidepressivo deixou de ter efeito (uma situação horrível que só desejo ao meu pior inimigo), minha médica me encaminhou para outra clínica renomada aqui em Amsterdam e desde então estou sendo tratada por um novo psiquiatra. Com um novo medicamento, o velho e conhecido lítio, usado com sucesso no tratamento bipolar há mais de 50 anos.

Portanto, quando eu digo que a minha vida é cheia de altos e baixos, podem acreditar que não estou exagerando. E sabem de uma coisa? Quase ou tão ruim quanto esta doença é a ignorancia alheia. E foi por isso que decidi escrever este post. Quem sabe um dia as pessoas acordam.





Only Lovers Left Alive



Eu sou suspeita pra falar porque sou fã de Jim Jarmush desde Strangers than Paradise (1984), Coffee and Cigarettes (1986) e Down by Law (1986). No tempo em que ele era um garoto prodígio de 20 e poucos anos e seus filmes viravam cult no Festival de Cannes. E já se passaram 30 anos desde Strangers than Paradise, filme que me traz lembranças de tempos distantes...quando eu ainda morava no Brasil e frequentava assiduamente o Cineclube Estação Botafogo!

Mas voltando ao filme em questão: Only Lovers Left Alive é mais do que uma estória de vampiros - é uma ode à música, à literatura e à fotografia. O filme é um verdadeiro colírio para os olhos...belas imagens e uma trilha sonora que reflete a atmosfera do filme. O ritmo do filme é lento, propício à estória de vampiros que vivem uma eternidade através dos séculos e de diversos continentes (EUA-Europa-África).

Acima de tudo, temos aqui uma estória de vampiros diferente, quase sem sangue. Jarmush optou por aprofundar temas existenciais como a eternidade e o amor. A sabedoria que apenas pode ser obtida com o passar dos anos e com as experiências acumuladas. E quem vive neste planeta há mais de três séculos deve ter acumulado alguma sabedoria, né?

Os protagonistas são Eve (atuação impecável de Tilda Swanton) que vive em Tangers, Marrocos e Adam, punk rock star que vive em Detroit, EUA. Adam tem surtos de melancolia e uma relação problemática com os "mortais". Quando Eve percebe que ele está deprimido, ela não hesita e pega um avião em Tangers para Detroit. O reencontro dos dois acaba sendo perturbado pela visita inesperada da irmã caçula de Eve, que tem o hábito de deixar rastros por onde anda...

Embora Eve tenha vivido três longos séculos da história da humanidade e Adam "apenas" 500 anos, eles se complementam de forma harmoniosa. Ela vive para os livros, ele vive para a música. Dois vampiros conectados por um amor imortal.




Blogueiras em crise



O que eu gosto mesmo neste mundo dos blogs é ver que não estou sozinha. É ver que tem gente por este mundo afora que sente e pensa como eu. E assim eu não me sinto tão estranha e com a (eterna) sensação de estar sempre nadando contra a corrente. Porque blogueiro que se preza também tem suas crises. A começar pelo famoso writer´s block. Bloqueio de escrita não é só coisa pra escritor, sabiam? Porque se for pensar bem, toda blogueira tem um pouco de escritora. Toda blogueira precisa escrever, precisa das palavras para interagir com os outros (não necessariamente seus leitores mas já é um bom começo). E chega um dia que ela se questiona se vale a pena se expor, se o preço a ser pago vale a pena.

A gente passa a maior parte do tempo buscando o equilíbrio, tentando conciliar nossa necessidade de escrever com o grau inevitável de exposição (não se iludam, tudo na vida tem seu preço). Eu mesma já passei por todas as fases. No inicio do blog eu era aquela pessoa ingenua e escrevia como quem escreve um diário, pra mim mesma (bons tempos aqueles). Até que os seguidores começaram a chegar (embora eu ainda tenha relativamente poucos em comparação com algumas estrelas da blogosfera), a gente começa a pensar duas vezes antes de fazer mais aquele desabafo. A gente começa a pensar duas vezes antes de se expor para desconhecidos. A gente se questiona se vale mesmo a pena arriscar mais uma polêmica. Em outras palavras, a gente vira macaco velho...

E aí vem a famosa crise: desistir do blog? fechar o blog apenas para convidados? Eu passei por essa crise no ano passado, ainda passo em dias ruins. Até que leio um post do tipo desabafo de uma amiga blogueira. As duas últimas foram a minha querida Priscila do Devaneios e Metamorfoses (que escreveu este post que poderia ter sido escrito por mim, sem tirar nem por). E a minha blogueira nerd favorita, a Luana do Hunfs, que assim como muitos, cansou (aqui). E ambas estão cobertas de razão. E eu me sinto menos sozinha e grata a elas por terem compartilhado.

Quem lê este blog - são poucos mas são leitores fiéis - sabe que eu tenho uma relação de amor e ódio com uma certa rede social. Porque eu acho muito dificil ser genuíno quando existem regras rígidas de comportamento. Regras sobre o que pode e o que não pode ser dito. Como a regra implícita de que não se deve falar de problemas (afinal, todo mundo é feliz o tempo todo). Não se pode falar, não se pode desabafar, reclamar muito menos. E bola pra frente que atrás vem gente!

E é justamente aí que entra o papel dos blogs. Porque em um blog, quem faz a regra é o blogueiro que escreve. Se ele quer escrever um post pessoal, escreve e pronto! Se ele vai ou não arcar com as consequências, o problema é dele. Se ele quer postar fotos bonitinhas e textos inspiracionais, tá bom também. Tem público pra todo tipo de blog (e não apenas para os populares blogs de viagem). E é justamente isso que eu admiro na blogosfera: sua diversidade. Porque sinceramente, nem todo mundo curte ver todo santo dia fotos de pessoas sorrindo em suas viagens, ou grupos de pessoas se divertindo em uma festa ou restaurante, o novo carro ou o que fulano jantou ontem. Muitos de nós sabemos (e aceitamos) que a vida é muito mais do que isso. Nós queremos ir além e descobrir (desvendar) a realidade por trás destas paisagens. Mas há um preço a ser pago.

Moral da estória: ter blog pessoal não é para os fracos. Porque ser autêntico no mundo de hoje é uma das tarefas mais difíceis que uma pessoa irá (ou não) realizar em sua vida. Boa sorte para quem decidiu embarcar nesta viagem. E muita coragem pra continuar sendo quem você é, independentemente do que os outros acham ou deixam de achar!

Quanto a mim, só sei ser eu mesma.



Mixed Media: a primeira experiência



Sábado passado finalmente participei do esperado workshop de Mixed Media que havia reservado em dezembro. O curso é dado numa aconchegante lojinha de artesanatos em Amsterdam, onde são oferecidos vários tipos de workshop para pequenos grupos. E eu como ando "cismada" com Mixed Media (ainda mais agora com o Pinterest), não resisti e fui!

Verdade seja dita, achei 80 euros por cinco horas de aula (de 10 às 15hrs) um pouco caro...lanchinho incluído na hora do almoço mas poucas instruções. Claro que a idéia do workshop é 'orientar" a(o) aluna(o) na descoberta de sua criatividade, sem intervir no processo individual. Ou seja: o artista é você! Nada é obrigatório, tudo é permitido. Sem falar que em arte não há "errado" nem "certo" (ou melhor, até há mas isso é outra discussão). Mas eu senti falta de instruções mais específicas de como usar as tintas, por exemplo. Eu já mexo há tempos com papel e sei combinar cores e padrões sem problemas. Mas tinta é terreno novo pra mim. E foi pensando nisso que me inscrevi nesse worskshop.

Agora eu vou contar um segredo: o que eu aprendi lá no sábado eu poderia ter aprendido com o meu filho aqui em casa! Porque eu posso ser criativa mas Liam é o verdadeiro artista - até comentei isso lá. Ele desenha muito bem desde os seis anos de idade, já fez um ano e meio de atelier de pintura no zoológico da cidade (e como bom artista, diz que não aprendeu nada lá e eu acredito). Liam aprendeu a desenhar sozinho, aprendeu perspectiva sozinho, sombra e tudo mais. Acima de tudo, ele gosta de fazer sketching com lápis, quanto mais realista melhor. Aos oito anos desenhava dinossauros, depois foram baleias, golfinhos e tubarões, depois leões, girafas...mais tarde foi a vez dos tucanos, águias e outros pássaros. E tudo isso sozinho, por conta própria. Como todo artista que se preze!

Quanto a mim, tenho surtos de criatividade e muita vontade de aprender. Gostei da tela acima, do material escolhido (tecidos, pedacinhos de papel de parede com textura de bolinhas, letras cortadas de revistas, fitas, etc). Mas não fiquei safisteita na hora de pintar o tal café e a espuma (digamos que a minha idéia inicial era uma xícara de cappuccino). E acreditem se quiser, Liam mal viu a minha tela e logo achou o erro. Ele me deu uma verdadeira aula de técnica de pintura (perspectiva, profundidade), usando praticamente as mesmas palavras da professora lá no workshop! Filho artista é assim.

Moral da estória, da próxima vez que eu for mexer com tinta ou mixed media, foi aproveitar o artista que tenho aqui de casa pra me dar dicas! Sem brincadeira.

A primeira colagem



Eu ando expandindo a minha criatividade cada dia mais além dos cartões que tanto adoro fazer (e até vendi um bocado de cartões no natal passado). A verdade é que amo PAPEL e por isso meu primeiro interesse não podia ser outro senão o scrapbooking.

Só que pra mim, scrapbooking sempre foi muito mais do que páginas com fotos. Eu sempre preferi os mini-álbuns, por exemplo. E cartões, claro. Ou seja, eu emprego as técnicas que aprendi eu mesma e vou inventando uma novidade aqui e ali. Marcadores de livros, caderninhos de notas e por aí vai.

Ultimamente tenho me interessado muito por mixed media. Ando espiando no Pinterest, folheando livros e finalmente tomei a coragem de me matricular num workshop! O workshop é amanhã e não vejo a hora de colocar a mão na massa - literalmente. Pra quem não sabe, mixed media (como o própria nome sugere) é o uso combinado de vários materiais. Entre eles: vários tipos de tinta (aquarela. acrílico, óleo), gesso, papel, carimbos, pedaços de tecido, medalhas, moedas e tudo o mais que a imaginação permitir.

Uma das técnicas mais usadas é a colagem. A boa e velha colagem com a qual muitos de nós tem seu primeiro contato na escola maternal...pra nunca mais! Eu mesma me lembro vagamente de ter feito alguma colagem no atelier do colégio Bennett. Assim como fizemos aulas de pintura, papier marché, costura e até culinária! Na minha época era assim.

Mas voltando à colagem, em janeiro resolvi passar uma tarde chuvosa fazendo arte(terapia) com uma amiga brasileira que também mora aqui. E não sei porque cargas d'água me veio a idéia de tentar fazer umas colagens com papel de revista. Saímos picando um monte de revistas e a idéia foi se formando até que surgiu este sol aí encima - em pleno inverno holandês!

Pra ser sincera, fiquei bem satisfeita com o resultado da minha primeira colagem. Tão satisfeita que acabei engatando e fiz na mesma tarde uma outra colagem, desta vez de uma árvore. Só que a segunda colagem ficou, digamos assim, "inacabada" (ou esta é a sensação que tenho até hoje). Enquanto que o sol...ficou exatamente como a imagem que eu tinha na minha cabeça. Vai entender?




The Buddha in the Attic



Como todo inverno, tenho lido muito este ano...em janeiro li 5 livros, sem falar em umas histórias em quadrinhos excelentes (entre elas, duas do Daniel Clowes: Mr. Wonderful e Wilson). Ontem acabei de ler um livro que estava na fila de espera há mais de ano.

O livro se chama The Buddha in the Attic (2011) e conta uma estória desconhecida por muitos...e por isso mesmo, uma estória comovente e que precisa ser contada. Trata-se da vida de imigrantes japonesas que foram para os EUA pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Elas eram apelidadas de "picture brides" e saíam em navios do Japão já casadas com japoneses que haviam emigrado para os EUA em busca de uma vida melhor (land of milk and honey blablabla). Ou seja, noivas de encomenda.

Esta estória me comoveu justamente por contar uma estória que não lemos nos livros de História...trata-se da estória dos perdedores, digamos assim. E todo mundo sabe que a História é escrita pelos vencedores. Nesse caso, vemos como essas mulheres japonesas são exploradas pelos próprios maridos (e pelos fazendeiros americanos), que as importam para trabalharem dia e noite nas plantações e ajudar nas colheitas anuais. Vemos como essas mesmas mulheres são maltratadas pelos maridos, que não as levam em consideração nem se preocupam com seu bem-estar (com raríssimas exceções). Homens que colocam a mulher pra trabalhar do lado deles nas plantações e à noite ainda esperam que ela faça a janta, dê banho nos filhos, passe as roupas, etc. A famosa "jornada dupla" (que muitas mulheres fazem até hoje, verdade seja dita). Mulheres passivas que vivem vidas miseráveis à sombra de seus maridos e filhos. E como se não bastasse, ainda são discriminadas pelos americanos por serem de outra raça.

Mais especificamente, a parte da estória que eu não sabia é sobre a população de japoneses nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Esses imigrantes trabalhadores passaram a ser vistos como inimigos da noite para o dia. Muitos foram levados para campos de trabalho forçado onde preparavam alimentos para as tropas americanas. Outros foram enviados de volta para o Japão sem aviso prévio, com direito a apenas uma mala e só. A grande maioria nem teve tempo de encerrar seus negócios ou se despedir de amigos. Enfim, um drama desconhecido de muitos mas que não deixa de ser um drama!

Eu confesso que amo romances de imigrantes (ïndia, Japão, China) porque eu mesma também levo uma vida de imigrante há 20 anos. Então sempre leio sagas de imigrantes e comento aqui no blog. Sem falar que ando apaixonada por escritores japoneses, desde meu favorito Murakami até Ruth Ozeki, a revelação do ano passado, que comentei aqui. Pois Julie Otsuka, como Ruth Ozeki, também é filha de japoneses. E assim como Ruth Ozeki, (sobre)vive entre duas culturas distintas, a japonesa e a americana.

Leitura altamente recomendada!


O primeiro boné




De um dia pro outro, sem aviso prévio a gente se dá conta de que o filho realmente entrou na adolescência. Aqui em casa a ficha caiu de uma vez por todas ontem!!! Pra quem não sabe, tenho um "aborrescente" em casa, que completará 14 anos em abril. Mas nem vou reclamar porque ele nem tem dado trabalho ainda...fora o fato de estar "respondão" mas eu também era "respondona" então "aqui se faz, aqui se paga". E sim, eu tenho de ficar encima (sou chata mesmo) com o dever de casa que os adolescentes odeiam..porque senão não rola, simples assim.

Mas voltando ao boné do título: ontem Liam comprou seu primeiro boné...aqui todos os meninos de 10 a 18 anos (creio eu) estão usando estes bonés de times de basquete profissionais (Made in USA). Como se não bastasse, a moda é usar o negócio de trás pra frente. Pior que isso, só aquele jeans caindo na bunda e que deixa a mostra a cueca boxer (de preferência da marca Bjorn Borg). Detalhe é que embora a escola não tenha conseguido ainda proibir as tais calças, o uso de boné é terminantemente proibido. Resultado: todos os adolescentes tem uma coleção invejosa de bonés, que colocam no pátio assim que saem da escola. De trás pra frente, claro.

Liam "cismou" com o tal Chicago Bulls - ao menos posso me orgulhar e dizer que ele sabe exatamente o que quer - e entramos em várias lojas até achar o tal modelo. O boné é preto e não amarelo ou vermelho porque preto combina com tudo, né? Por falar em combinar com tudo, meu filho finalmente começou a se preocupar mais com as roupas - em geral as meninas começam muito mais cedo. Verdade seja dita, nem eu nem o pai estimulamos o consumismo de marcas. Assim sendo, Liam nunca fez questão de tênis de marca: ele vai na loja de artigos esportivos, escolhe um modelo na liquidação e pronto. Usa o mesmo par por meses até furar!!! Sorte minha, porque a grana é curta e eu não tenho a menor intenção de dar meu rico dinheirinho pra uma multinacional como a Adidas, Nike ou sei lá o quê...se tem uma coisa que ensinamos a este menino é não dar valor pra marcas...só que a adolescência chegou né, gente?!!

Mãe de adolescente sofre.


La Grande Belezza



Prometi a mim mesma escrever mais sobre filmes este ano...porque verdade seja dita, assisto muitos filmes bons e alguns excelentes. Daqueles que eu saio do cinema com sensação de dever cumprido e alma lavada. E sim, vontade de compartilhar...

O primeiro filme do ano foi assim. La Grande Belezza, do diretor italiano Paolo Sorrentino foi eleito por público e crítica aqui na Holanda como o MELHOR FILME DE 2013 no circuito de cinemas de arte (o circuito que frequento há mais de 30 anos, desde os tempos que morava no Rio e o Cineclube Estação Botafogo era a minha segunda casa).

Faltam palavras pra descrever as imagens da tela. Um filme magistral, majestoso e acima de tudo, uma homenagem não apenas ao cinema italiano de Fellini (uma das muitas referências que permeiam o filme) como à sétima arte em sua melhor forma.

Mais do que um filme, mais do que mera diversão, uma verdadeira experiência cinematográfica. Enfim, cinema da melhor qualidade. Não percam!


Leituras para 2014




Este ano prometi a mim mesma que vou vencer a (maldita) preguiça e postar mais no blog sobre minhas duas paixões: livros e filmes! Bem verdade que a maioria dos leitores  que chegam aqui através do Google vem atrás de informações sobre a  vida na Holanda (e para eles eu tenho o marcador vida de imigrante)...mas quem visita este blog sabe que nunca foi a minha intenção fornecer informações sobre a Holanda. Também não sou blog de viagem porque viajar é o que menos tenho feito nos últimos dois anos, digamos assim...espero que no futuro ainda possa fazer algumas viagens mas a verdade é que a grana anda muito curta. Nem Paris, nem Londres, nem Berlin...muito menos Rio de Janeiro! Enfim, a gente vai se virando...

Meu blog é acima de tudo um blog pessoal e por mais que eu tente segurar a onda, ele sempre terá um alto teor pessoal. Alguns assuntos polêmicos eu tenho tentado evitar porque depois de um tempo fica mesmo repetitivo. E verdade seja dita: depressão continua sendo tabu em pleno século XXI. Mas faz parte de minha vida então vai rolar vez ou outra...estejam avisados! Quem não curte, é só virar a página...ou ir dar Likes no Facebook, onde (quase) tudo são flores né, gente? ;-)

Mas voltando ao post em questão, decidi escrever este post pra mim mesma - como um lembrete dos livros que estão na fila de espera aqui em casa...alguns há mais de ano! Verdade seja dita, a maioria das minhas leituras são em inglês, mas tento ler em holandês (eu leio tão bem quanto em inglês mas é questão de hábito mesmo). E quero voltar a ler em português porque ganhei livros maravilhosos de um amigo que me visita todo ano e sempre traz ótimos livros de presente (entre eles, o badalado Mia Couto que ainda preciso conferir).

Então segue a listinha, só pra ficar registrado.


Leituras em inglês:
 1. The Expats, Chris Pavone
 2. The Last Family in England, Matt Haig
 3. The Lost and Forgotten Languages of Shanghai, Ruiyan Xu
 4. Committed, Elizabeth Gilbert (do bestseller Eat, Pray, Love)
 5. Girl Reading, Katie Ward
 6. The Saffron Kitchen, Yasmin Crowther
 7. Ghostwritten, David Mitchell (do bestseller Cloud Atlas)
 8. The Buddha in the Attic, Julie Otsuka
 9. The Lowland, Jhumpa Lahiri
10. History of a Pleasure Seeker, Richard Mason
11. The Art of Fielding, Chad Harbach
12. Storyteller, the art of Road Dahl (biografia)
13. Breathe,a Ghost Story, Cliff McNish

Leituras em português:
 1. Nu, de botas Antônio Prata
 2. O Filho Eterno. Cristovão Tezza
 3. O Fio das Missangas, Mia Couto
 4. Um rio chamado tempo, Mia Couto
 5. Crônicas para jovens de bichos e pessoas (Clarice Lispector)
 6. Clarice na Cabeceira
 7. Clarice, Benjamin Moser (biografia)





Diga-se de passagem, incluí na lista apenas as próximas leituras que estão há tempos na fila de espera (20 livros ao todo). No meu Good Reads, a lista de livros a serem lidos é de 147 livros! So many books, so little time.

 E vocês, quais são seus planos de leitura para 2014?!!

Quadrinhos: Mister Wonderful


 




O primeiro livro do ano não foi um livro e sim uma história em quadrinhos. Bem verdade que se trata de quadrinhos da melhor qualidade, de um dos mais renomados autores do gênero: Daniel Clowes! Ele é mais conhecido por Ghost World, uma série de quadrinhos que virou cult movie com roteiro do próprio autor (como cinéfila que sou, este filme também está na minha lista de favoritos). Além de ser ótimo, o filme ainda registra uma das primeiras atuações de uma de minhas atrizes favoritas: Scarlet Johansson!

O que acontece é que ontem fui à biblioteca em busca dos clássicos quadrinhos de Will Eisner (New York e Conversations with God, assunto para outro post) e acabei esbarrando neste livro aqui encima (em holandês). Resultado, peguei o livro emprestado e li ontem mesmo. Ou melhor dizendo: devorei! Mais um anti-herói típico de Clowes, com suas inseguranças, defeitos e imperfeições. O protagonista (ironicamente apelidado de "Mister Wonderful" porque ironia é o que não falta neste cartunista) é um homem divorciado que consegue uma date (blind date, patrocinada por um amigo em comum) depois de seis anos sem se relacionar com ninguém. Ele vai ao encontro ansioso mas ao mesmo tempo cheio de esperanças. E para sua surpresa, se depara com uma anti-heroína feita sob medida para ele. Uma mulher também separada, cheia de inseguranças e em busca do homem perfeito para completar sua vida.
 
Recomendo especialmente pra turma que curtiu Ghost World. Eu admito que vi o filme mas não li o livro - e pretendo "corrigir este erro" em breve.








Retrospectiva literária 2013




O livro juvenil que mais gostei: Before I Fall, Lauren Oliver (leia aqui)

 
A aventura que me tirou o fôlego: Gone Girl, Gillian Flynn (leia aqui), o livro é acima de tudo um triller, e já até virou filme este ano (ainda não em cartaz)

O romance que me fez suspirar: Difícil responder, não costumo ler necessariamente "romances" mas estórias como The Fault on Our Stars (YA) e até mesmo The Night Circus também poderiam ser considerados romances, de certa forma. Assim como a excelente autobiografia The Three of Us, embora seja um romance totalmente fora dos padrões tradicionais (do jeito que eu gosto)

A saga que me conquistou: The Night Circus, Erin Morgenstern (leia aqui)

O clássico que me marcou: Não li nenhum clássico este ano (mas já li muitos nesta vida), mas poderia considerar A Tale for the Time Being como um clássico moderno - e não apenas por ele ter concorrido ao Booker Prize 2013

O livro que me fez refletir: My Year of Meats, Ruth Ozeki

O livro que me fez rir: Oh Dear Silvia de Dawn French, famosa atriz e comediante inglesa da renomada dupla French & Saunders (Absolutely Fabulous). Li os dois livros dela este ano (o outro se chama A Tiny Bit Marvellous), ótimos para desopilar o fígado

O livro que me fez chorar: The Glass Castle, Jeannette Walls - uma das melhores biografias que já li em toda minha vida (leia aqui)

O melhor livro de fantasia: The Radleys, Matt Haig, com uma família de vampiros em temos modernos, escrito com muita ironia e humor

O livro que me decepcionou: The Ice Queen, Alice Hoffman

O livro que me surpreendeu: The Middlesteins, Jami Attenberg

O(a) personagem do ano: Fiquei dividida entre Bernadette de Where'd You Go, Bernadette e Edie, a anti-heroína obesa de The Middlesteins

O casal perfeito: Hazel e August do livro The Fault in Our Stars, John Green


O(a) autor(a) revelação:  Ruth Ozeki, sem sombra de dúvida

O melhor livro nacional: não li nada em português mas irei corrigir isso em breve

O melhor livro que li em 2013: A Tale for the Time Being, de Ruth Ozeki (leia aqui)

Li em 2013: 30 livros (em 8 meses, porque passei 4 meses em ler...)

Meta literária para 2013: Ler mais livros, sempre...