terça-feira, junho 29, 2010

Arrependimento, remorso.

Palavras que ninguém gosta. Porque são palavras que nos obrigam a parar e confrontar nossos próprios erros e dificuldades. E eu tenho arrependimentos sim - não muitos mas tenho. E se for pra ser sincera, tenho UM grande arrependimento na vida...mas um dia vou me conformar e me perdoar...e vou ser feliz apesar de tudo e de todos.

Não me arrependo de ter largado o Brasil pra morar na Holanda - embora a vida aqui não seja fácil e eu não recomende que venham pra cá, a menos que você seja jovem e não tenha nada a perder! Já pra quem tem emprego e vida boa no Brasil, eu tenho minhas dúvidas... porque aqui você sempre será estrangeiro (mesmo falando a língua local, não se iludam). Por outro lado, moro aqui o tempo suficiente pra saber que nenhum lugar no mundo é p-e-r-f-e-i-t-o! Todos os lugares tem seus pontos positivos e negativos (inclusive o Brasil, caros amigos). E se a Holanda fosse tão ruim assim, não haveria tanto brasileiro morando aqui!

Também não me arrependo de ter tido meu filho. Nem poderia, ele é a minha família aqui...um menino autista com aparência de criança normal...ninguém acredita até ele abrir a boca e muitas vezes nem assim!!! Uma criança especial em mais de um sentido. Já li muito sobre o assunto e à medida em que meu filho cresce, cada vez o reconheço melhor nas descrições. Meu filho é uma criança inteligente e curiosa, ele tem Síndrome de Asperger. O que, entre outras coisas, significa que ele é uma enciclopédia ambulante (de animais e dinossauros em particular). E também desenha muito bem. Ou seja, talento não falta - sim, porque me dou o direito de ser mãe coruja vez ou outra!

Meu único arrependimento foi ter casado com quem casei. Pior ainda, de não ter tido condições - nem emocional nem financeira - de me separar antes (tive uma depressão que me obrigou a atrasar 3 anos a decisão final). Sei que muitas mulheres passaram (e algumas ainda passam) por isso mas tem dias que acho que estou pagando as consequências até hoje. Sem exagero algum, meu ex-marido mais me atrapalhou do que ajudou na minha vida aqui na Holanda. E com F., meu namorado, isso ficou mais óbvio ainda. Não que ele fosse uma pessoa ruim...o buraco é mais embaixo. To cut a long story short, ele tem um nível de instrução muito mais baixo do que o meu...e se eu soubesse o que sei hoje sobre a Holanda quando nos conhecemos há 15 anos, teria ficado apreensiva. Quando cheguei aqui eu era uma pessoa extremamente ingênua - a gente sempre é nos primeiros anos no estrangeiro. Eu tinha uma visão ideal de um país que simplesmente não existe (assunto para outro post, aguardem). Falando assim pareço uma pessoa amarga e desiludida...em partes estou desiludida sim mas acredito que o fato de estar onde estou hoje também se deva a dois fatores: falta de sorte (em alguns aspectos porque a minha já teve muita reviravolta) e acima de tudo, escolhas erradas.

Bom, mas reclamar não adianta. O negócio é tocar pra frente e não desistir. E se eu for comparar a minha vida aqui com a de muitos brasileiros ilegais que sobrevivem fazendo faxina nesta terra há anos, acho que nem tenho o direito de reclamar...Enfim, tudo é relativo.

Dias melhores virão.


quinta-feira, junho 24, 2010

Sobre fazer gente


O texto é da Silmara Franco, do blog Fio da Meada. Mais do que uma blogueira, uma maga das palavras. O post é dedicado a todas as mamães que passam por aqui. Porque ser mãe é uma experiência tão única que eu mesma não teria palavras para descrever!


 
Quando eu estiver diante de Deus para prestar contas, e ele perguntar o que fiz durante a vida, para ver se mereço tomar chá com rosquinhas em sua companhia na varanda do céu, aos sábados, direi: um bocado de coisa. Fiz amigos, irmãos, faculdade, festa. Tricô (crochê não), planos, piada e poesia. Fiz amor, não fiz guerra. Fiz de conta e fiz por merecer. Fiz que não vi, fiz por fazer, fiz sem fazer. Fiz chorar. Fiz tempestade em copo d’água. Fiz bolo para vender no colégio e vestido na máquina de costura da minha mãe. Fiz aniversário quase uma centena de vezes. Fiz de tudo para ser feliz. Mas se ele quiser saber do que mais me orgulhei de ter feito, responderei: gente.

Tenho um filho que não fui eu que fiz, já veio pronto: meu enteado. Meu primeiro filho foi, portanto, o segundo. Feito quando quase acreditei que não daria mais tempo. Deu. Hoje sei que havia tempo de sobra. A gente nunca entende direito o tempo do tempo. Depois, fiz minha filha. Não há nada mais poderoso do que uma mulher com outra dentro. Costumo dizer que tenho, então, três filhos. Dois que saíram da barriga e um que entrou no coração. O que, no final, dá no mesmo. Tatuei seus nomes no verso do meu corpo. Publiquei o amor.

Brinco que quando se tem filhos a vida vira de ponta-cabeça. Interessante: de cabeça para baixo a gente enxerga as coisas de outro jeito, é só fazer um teste na sala de casa. Com filhos, nos despedimos do sono tranquilo, do umbigo próprio, da vida no singular. Damos ‘até logo’ para a carreira. Por outro lado, dizemos ‘olá’ aos novos personagens dos sonhos, às diferentes formas de trabalho, à vida no plural.

Fazer filhos é um processo artesanal. Sai um diferente do outro. Uma falhinha aqui, um defeitinho ali. É justamente esse o charme. Quando se decide fazê-los, não se sabe como eles virão. A vida não tira pedido. É tudo surpresa. Não há acasos, porém. Filhos são exatamente como precisamos que eles sejam, e vice-versa. Disso não se deve duvidar, muito menos reclamar. É bom repassar essa lição de vez em quando.

Gosto de ver meus filhos dormindo com o pai. Assim posso decorá-los com calma. Gosto de vê-los tomando banho. Gosto, sobretudo, de vê-los desenhar. Nessa hora eles recriam o que já esqueci. Gosto quando contam histórias sem sentido e fazem associações malucas. Gosto quando aprendem coisas novas; no fundo, estão é me lembrando que não tenho feito isso. Gosto quando cantam fora do tom, inventam notas e vão montando a trilha sonora das suas vidas. Gosto de reconhecê-los pelo cheiro e pelo gosto. Gostaria de carregá-los pelo cangote, como fazem as gatas. E gosto de ver o que não via antes deles.

Perguntaram se os filhos me abriram novos olhos para o mundo. Eu disse que não. Meus olhos são os mesmos de antes. Tudo que fiz foi mudar a direção do olhar.

sábado, junho 19, 2010

Hup Holland Hup!



Quem leu meu último post e pensou que eu não gosto de futebol, está enganado. A verdade é bem mais complexa. Mas admito que esta semana o que tem me ocupado a cabeça tem sido a política aqui na Holanda (felizmente o susto maior passou). E como já falei de POLÍTICA, este post vai ser sobre FUTEBOL.  Até porque, hoje resolvi assistir meu primeiro jogo: Holanda x Japão...podem me matar mas não assisti ao primeiro jogo do Brasil. Heresia das heresias.

O interessante é que não tenho time de futebol no Brasil (Flamengo, Fluminense, etc) mas em época de Copa do Mundo torço por três times - não ao mesmo tempo, claro. Os brasileiros mais puristas que me desculpem mas eu torço pelo Brasil, pela Holanda e pela Inglaterra! Trocando em miúdos, torço pro Brasil em primeiro lugar porque sou brasileira. Mas também torço pela Holanda porque afinal de contas moro aqui há 16 anos. E torço pela Inglaterra, não apenas porque fui casada 10 anos com um inglês como porque meu filho é meio inglês (como o pai). Sem falar que sempre gostei dos ingleses (o humor inglês é imbatível), poderia facilmente viver na Inglaterra.

Mas voltando à Copa do Mundo: quando o Brasil joga, eu torço pelo Brasil. Quando a Holanda joga, torço pela Holanda. E quando a Inglaterra joga, torço pela Inglaterra! O problema é quando Holanda e Inglaterra jogam, porque não consigo me decidir. Enfim, é complicado. Pra não dizer desgastante, rsrsrsrs.



PS. Meu ex-marido é fanático por futebol e assiste a TODOS os jogos (e também torce pelo Brasil quando o time joga)...já meu namorado holandês não dá a menor bola!

quarta-feira, junho 16, 2010

Pão e circo

Original em latim: Panem et circenses.

Juro que tentei mas não deu pra deixar esta passar em branco. Ando bastante apreensiva com os últimos acontecimentos aqui na Holanda. Não, não me refiro à Copa do Mundo e se você pensa que vim aqui pra falar de futebol, pode tirar o cavalinho da chuva.

Eu vim aqui falar é do enorme terremoto semana passada nas eleições para a segunda câmara (Tweede Kamer, composto de 150 deputados eleitos por voto público). Pela primeira vez na história da Holanda, o país deu uma virada de 180 graus para a direita - sim, já haviam sinais de fumaça no ar mas ninguém levou a sério. A Holanda, com sua fama de ser um dos países mais liberais e sociais do mundo, finalmente sucumbiu à virada para a direita do continente europeu. Entre as inúmeras análises políticas sendo feitas nos principais meios de comunicação, uma coisa é certa: o país perdeu definitivamente as rédeas. Agora é preciso uma coalisão de partidos para tentar governar este caos. Palavras-chave: crise econômica, imigração, xenofobia (já vi isso antes).

Nenhum partido teve maioria absoluta nas eleições para governar sozinho, como geralmente acontece. A pergunta do momento é que coalisão é possível e a resposta anda assustando muita gente porque há uma forte possibilidade de uma coalisão com dois partidos de direita e um de extrema-direita, o partido de Geert Wilders. Geert Wilders é um caso à parte, um populista que tem conseguido tirar enorme proveito da recessão econômica e que se tornou conhecido internacionalmente por seu discurso xenófobo ao estilo Le Pen. Todo mundo achava que ele era um palhaço mas a piada perdeu a graça porque seu partido foi o maior vencedor da campanha eleitoral. Vitória que deixou muita gente com vergonha de ser holandês. Eu mesma admito que fiquei com vontade de emigrar novamente.

Então além dos jogos da Copa, o terremoto político tem sido manchete diária em todos os jornais nacionais e em alguns jornais europeus - principalmente na Bélgica, França e Alemanha, países que tem vivido um terremoto semelhante com a ascendência de partidos de extrema-direita e que acompanham de perto os acontecimentos no país vizinho.

Quanto a mim, não sei se rio ou se choro. Panem et circenses.

segunda-feira, junho 14, 2010

Afinal, o que é o amor?

não, este não é um post sobre o dia dos namorados. até porque, dia dos namorados aqui é 14 de fevereiro, como nos EUA (valentine´s day). explicado isso, vamos ao ponto.

este fim-de-semana fiz uma daquelas bobagens que alguns de nós humanos fazemos de vez em quando. na verdade, fui numa festa muito divertida, mas (sem perceber) bebi demais e não cumpri uma promessa. resultado: decepcionei quem me ama. me sinto envergonhada e ao mesmo tempo me vem à cabeça uma verdade óbvia. sou humana. sou imperfeita. sou assim. claro que é fácil a gente dizer isso em vez de (tentar) mudar. porque mudar exige coragem e uma grande reserva de energia e determinação pra não desistir no meio do caminho. acima de tudo, acredito que devemos mudar não para o outro mas para a gente mesmo. e eu ando me sentindo fraca. energia zero pra determinadas pessoas e situações. a vida às vezes me é demais.

só sei que ele está com raiva (e com razão) e não quer falar comigo. e eu preciso ter paciência, dar tempo ao tempo e esperar pra ver no que vai dar. enquanto isso, fico aqui pensando em tudo que está errado. naquelas coisas desconfortáveis que a gente insiste em fingir que não vê. porque a vida deve ser boa e bela. e a gente prefere esquecer o que está errado. e tapar o sol com a peneira.

a moral da estória é que estou cansada de ser como sou. e ainda mais cansada de ter de pedir desculpas por ser quem eu sou e não como querem que eu seja. por outro lado, porque a gente não aprende que as pessoas são como são? afinal, o que é o amor? será que o que chamamos de amor não seria mais uma projeção de como uma pessoa um dia deveria ser? será que nos apaixonamos por um ideal? amamos uma pessoa pelo que ela é ou pelo potencial que ela tem de ser alguém diferente? porque potencial todos nós temos. todos queremos melhorar, todos queremos evoluir. mas cada um tem seu tempo. e não dá pra ser tudo ao mesmo tempo - eu não consigo!

enfim, tenho cada vez mais certeza de que amor não é pra qualquer um. requer uma certa flexibilidade, capacidade de empatia e um grau considerável de aceitação do outro. porque aceitar as qualidades é fácil, aceitar os defeitos não (ou você ama o pacote inteiro, ou não ama). eu acho que a gente deve aprender a amar o outro como ele é, em vez de tentar mudá-lo para caber em nossas expectativas. amar é aceitar que as pessoas são diferentes. o que para você é uma fraqueza inadmissível pode ser um distúrbio mais complexo. você não precisa necessariamente entender o que está se passando na cabeça de fulano, mas precisa saber disso. precisa saber que pessoas com transtornos emocionais não são boas em relacionamentos. elas até tentam mas um dia a guarda cai e está feito o estrago.

não é fácil, claro. como alguns de nós sabem melhor do que outros.

sexta-feira, junho 11, 2010

Nossas vidas high-tech

Estava lendo mais um daqueles inúmeros artigos sobre os efeitos da tecnologia na vida moderna (original em inglês aqui). Porque convenhamos, não dá mais pra viver sem tecnologia em nossas vidas! E provavelmente nem eu nem você gostaríamos de retornar aos tempos pré-internet e pré-celular. Pensando bem, internet é que nem filho da gente: depois que a gente tem, não sabe mais viver sem ele. Sério!!!

Uma das questões discutidas neste tipo de pesquisa é a questão da falta de foco, já bastante perceptível na nova geração que praticamente nasceu com um laptop na mão e um celular na outra. É tudo pra agora, as informações são lidas e descartadas, as pessoas surfam pela net e raramente ficam mais de alguns minutos em uma página. O attention spam hoje em dia deve ser de uns 3 minutos. O tempo que se leva pra passar os olhos num site ou página de notícias, espiar rapidamente o perfil de um amigo, etc. Só sei que passamos a maior parte de nossas horas conectados, checando nossos e-mails, páginas de recados em diferentes sites, chatbox no MSN, etc. etc. etc. (sim, porque a lista é interminável). E nem vou falar dos sites de namoro...Tudo isso várias vezes ao dia. Como se não bastasse, ainda temos nossos celulares ligados 24 horas por dia, onde enviamos e recebemos torpedos (ou SMS, como dizem aqui).

Enfim, os canais estão se expandindo cada vez mais e nossas vidas estão cada vez mais corridas. É tudo pra ontem! E lá vamos nós atrás de mais informação. Lá vamos nós adicionar mais um link para mais um site que mal teremos tempo de (re)ler. Lá vamos nós adicionar mais amigos no orkut só pra mostrar pros outros como somos populares. Se antes se falava em fast food, hoje em dia tudo é fast - e acima de tudo, descartável. Inclusive amizades e relacionamentos. Eu sou a primeira a admitir que tenho dificuldades em lidar com este novo estilo de fazer (e manter) amigos. Mas também admito que fiz ótimas amizades na internet. Paradoxal isso!

Quanto a mim, posso soar antiquada mas decidi tirar algumas coisas da minha vida - por tempo ilimitado. Pra início de conversa, eu não uso MSN nem tenho perfil no Facebook, o que já libera algumas horas preciosas dos meus dias corridos pra LER UM (BOM) LIVRO. Ou pra ESCREVER no meu blog e visitar blogs de amigos! Também tenho cada vez menos saco pra ficar o dia todo com o celular ligado. Simplesmente não quero mais estar disponível 24/7 pra ninguém - com a exceção do meu filho, porque afinal mãe é sempre mãe! E tampouco tenho saco ou tempo pra tanta rede social...o que gera um (certo) isolamento voluntário, não vou mentir. Nos dias de hoje, quem insiste em não participar de um site como o Facebook acaba sendo marginalizado. Eu, por exemplo, tenho um grupo de amigos queridos que marcam ponto no Facebook, onde se comunicam e trocam novidades (e fofocas) regularmente. Como não tenho acesso à esta rede social - por opção minha então nem posso reclamar - sempre pego o bonde andando...Ou pior ainda, muitas novidades nem chegam aos meus ouvidos! Tempos modernos em que a amizade é mais de 50% virtual (numa estimativa otimista).

E vocês, como lidam com a tecnologia no dia-a-dia? Como priorizam suas vidas?




PS: Coincidência ou não, a incidência de casos de distúrbio de déficit de atenção em crianças tem aumentado assustadoramente nos últimos anos (e não apenas nos EUA).

quarta-feira, junho 09, 2010

Mais um selinho!


Este eu ganhei da Anita, do blog Greetings from Holland. Diga-se de passagem, recomendo o blog dela para quem quiser saber mais sobre o dia-a-dia na Holanda (porque em certos aspectos, considero meu blog mais existencial e menos sobre a Holanda...quem lê isso aqui certamente entende o que quero dizer). O único problema é que o blog da Anita é em inglês, porque ela quis abranger uma gama mais ampla de leitores expats, como a comunidade inglesa aqui da Holanda (o que eu não só entendo como acho uma ótima idéia, mas acredito que nossos blogs tenham objetivos diferentes e portanto público-alvo diferente).

 E vamos às regras:

1) Explique o motivo de ter começado o blog e se esperava tornar-se popular.
Comecei a escrever por pura necessidade, para entender melhor a vida e a mim mesma. Estava passando por uma fase bastante delicada da minha vida, muitas mudanças e muita coisa na cabeça. Escrever foi a solução que encontrei. Gostei tanto que continuo fazendo até hoje! Como gosto de dizer: meu blog é a terapia mais barata que já fiz. E é mesmo.

E não, não esperava nem espero me tornar popular. Tanto que tenho o blog há quase 4 anos, não divulgo e só decidi começar a permitir seguidores no final do ano passado ou início deste ano (nem lembro mais). No final das contas, sempre escrevi foi pra mim mesma!!! Mas claro que adoro os comentários e é bom esbarrar em gente que pensa parecido pela blogosfera.

2) Diga a data exata do início do seu blog.
9 de agosto de 2006, quase 4 anos de blog! O que era um hobby virou um vício, hehehe. O melhor da estória é que tenho feito ótimos contatos nos últimos tempos, alguns meio que por acaso porque como não divulgo meu blog em lugar nenhum, as pessoas literalmente me acham - ou não!!!
 
3) Indique 5 seguidores fiéis do seu blog. 
E os vencedores são...
Lilly do blog Realizando Sonhos
Márcia do blog Relacionamentos, vida e cotidiano
Maria Valéria do blog Com toda a minha alma
Pri do blog Devaneios e Metamorfoses
Tânia do blog Elos e Nós

segunda-feira, junho 07, 2010

Cheiro de mudança no ar

Mais 3 semanas e meu estágio chega ao fim. E eu já estou pesando os prós e os contras. Vou sentir falta da rotina, das alunas e das colegas de trabalho. Mas vou ter mais tempo pra fazer minhas coisas, me dedicar ao hobby abandonado (scrapbooking) e principalmente, voltar a nadar*!

A próxima etapa ainda é uma incógnita, mas existem algumas possibilidades - embora com a crise as coisas aqui na Holanda também não estejam nada fáceis (nem pros holandeses, quanto mais pros estrangeiros). Mas assim é a vida: termina uma fase, começa outra e a gente não pode é desistir.

No mais, eu gosto de acreditar que as mudanças são sempre para melhor - ou ao menos deveriam ser! Na pior das hipóteses, sei que a experiência adquirida nestes meses de estágio vale OURO. Ainda mais pra quem nunca participou ativamente do mercado de trabalho aqui na Holanda. Pra quem não sabe, trabalhei em casa mais de 10 anos como tradutora freelance. O estágio me tirou literalmente de casa e me fez ver que ter colegas de trabalho também é muito bom (pra não dizer saudável). Quem trabalha em casa acaba ficando isolado, a menos que tenha uma rede muito grande de amigos e família por perto. Sem falar que quando se tem filho pequeno, o isolamento dos primeiros anos é inevitável (e choca muitas mamães de primeira viagem, como foi o meu caso). O contato se resume às mães na pracinha e nos consultórios médicos e depois, às mães no pátio da escola e as professoras!

A parte pior do estágio foi certamente a falta de tempo pra atividades físicas...engordei (mais de) 5 kgs desde setembro e não está nada fácil...Na verdade, desde a operação ano passado (em abril) já engordei quase 10kg!!! De uma coisa vocês podem ter certeza: mais difícil do que perder peso é manter o peso perdido...Anyway, isso é assunto pra outro post.





*Quarta passada (meu único dia de folga no momento) aproveitei o dia de sol e fui nadar na piscina aberta pela primeira vez em meses. Uma delícia! Como isso me faz falta.

Novas aquisições



Como rata de livraria, sempre compro livros aqui e ali, principalmente nas pechinchas e ofertas que encontro pela cidade. Pois entre as últimas aquisições, dois livros tem me deixado muito feliz. Quem compra livros de segunda mão sabe muito bem que é como ganhar na loteria!

Um deles é sobre a cultura da blogosfera, fenônemo que já foi tema de vários livros. Pois eu esbarrei no livro Who let the blogs out no mercado das pulgas de Amsterdã, em uma de minhas barracas favoritas: a de livros raros e usados, claro! Ali você compra três livros por 2,50eur o que é praticamente de graça!!! Foi ali também que achei, entre outros o French Milk e uma belíssima coletânea de contos de fadas editada pela escritora americana Angela Carter.

O outro livro é Dollar Store Décor, com projetos divertidos e originais para se reciclar as coisas mais absurdas que você compra nas dollar store espalhadas por todas as grandes cidades (aqui em Amsterdã tem duas ótimas: XENOS e Big Bazar). Pois achei o livro ontem por 5eur na American Book Center de Haia, outra livraria na minha lista de favoritas. A filial de Haia tem uma seção de livros com desconto no segundo andar que eu recomendo pras todos que estejam indo rumo à Mauritshuis, fica na mesma praça do museu e os livros são todos em inglês - para alegria do turista brasileiro, ao menos aquele que lê em inglês!

quinta-feira, junho 03, 2010

Estou ficando velha

terça-feira, junho 01, 2010

De volta aos anos 60


Experience is not what happens to a man, it is what a man does with what happens to him. (Aldous Huxley), citado no filme A Single Man

Domingo passado finalmente consegui assistir dois filmes que estavam na minha lista há tempos. Por coincidência, os dois se passam na década de 60. Welcome to the nuclear family (aka desperate housewifes, que naquela época ainda nem eram tão desesperadas assim).

A Single Man é um filme excelente, que não deixou nada a dever às minhas expectativas - e eu odeio este negócio de assistir filme já esperando algo, comigo geralmente não funciona! Uma estória de amor que rima com dor, mas sem beirar o melodrama. Imagens belíssimas e muito bem-cuidadas. Colin Firth num papel que foi feito para ele brilhar, e tem ainda a sempre adorável Julianne Moore (uma de minhas atrizes favoritas).

O outro filme foi An Education, também muito comentado pela crítica, a começar pelo roteiro de Nick Hornby, escritor inglês bastante badalado pelas bandas de cá (veja os livros aqui). An Education é um típico filme coming-of-age, em que a jovem heroína se vê diante de novas experiências e é obrigada a amadurecer. É a inevitável transição da adolescência para a idade adulta, que deixa marcas e circatrizes em alguns. Jenny é uma moça muito inteligente e um bocado ingênua, que se apaixona por um homem mais velho e acaba tendo algumas surpresas no final. Jovem aspirante à universidade de Oxford, ela descobre um novo mundo quando começa a sair com David. Ele a leva para óperas, shows, restaurantes...a leva para conhecer Paris e por aí vai. Enfim, não tem como não se apaixonar...mas a verdade é que nem tudo é o que parece (e nem tudo que brilha é ouro). Não conto mais pra não estragar.

Em suma, dois filmes, duas estórias diversas, uma mesma época. Eu recomendo ambos mas se tivesse de escolher apenas um, certamente escolheria A Single Man. Confiram vocês mesmos.


Tecnologia do Blogger.

Arrependimento, remorso.

Palavras que ninguém gosta. Porque são palavras que nos obrigam a parar e confrontar nossos próprios erros e dificuldades. E eu tenho arrependimentos sim - não muitos mas tenho. E se for pra ser sincera, tenho UM grande arrependimento na vida...mas um dia vou me conformar e me perdoar...e vou ser feliz apesar de tudo e de todos.

Não me arrependo de ter largado o Brasil pra morar na Holanda - embora a vida aqui não seja fácil e eu não recomende que venham pra cá, a menos que você seja jovem e não tenha nada a perder! Já pra quem tem emprego e vida boa no Brasil, eu tenho minhas dúvidas... porque aqui você sempre será estrangeiro (mesmo falando a língua local, não se iludam). Por outro lado, moro aqui o tempo suficiente pra saber que nenhum lugar no mundo é p-e-r-f-e-i-t-o! Todos os lugares tem seus pontos positivos e negativos (inclusive o Brasil, caros amigos). E se a Holanda fosse tão ruim assim, não haveria tanto brasileiro morando aqui!

Também não me arrependo de ter tido meu filho. Nem poderia, ele é a minha família aqui...um menino autista com aparência de criança normal...ninguém acredita até ele abrir a boca e muitas vezes nem assim!!! Uma criança especial em mais de um sentido. Já li muito sobre o assunto e à medida em que meu filho cresce, cada vez o reconheço melhor nas descrições. Meu filho é uma criança inteligente e curiosa, ele tem Síndrome de Asperger. O que, entre outras coisas, significa que ele é uma enciclopédia ambulante (de animais e dinossauros em particular). E também desenha muito bem. Ou seja, talento não falta - sim, porque me dou o direito de ser mãe coruja vez ou outra!

Meu único arrependimento foi ter casado com quem casei. Pior ainda, de não ter tido condições - nem emocional nem financeira - de me separar antes (tive uma depressão que me obrigou a atrasar 3 anos a decisão final). Sei que muitas mulheres passaram (e algumas ainda passam) por isso mas tem dias que acho que estou pagando as consequências até hoje. Sem exagero algum, meu ex-marido mais me atrapalhou do que ajudou na minha vida aqui na Holanda. E com F., meu namorado, isso ficou mais óbvio ainda. Não que ele fosse uma pessoa ruim...o buraco é mais embaixo. To cut a long story short, ele tem um nível de instrução muito mais baixo do que o meu...e se eu soubesse o que sei hoje sobre a Holanda quando nos conhecemos há 15 anos, teria ficado apreensiva. Quando cheguei aqui eu era uma pessoa extremamente ingênua - a gente sempre é nos primeiros anos no estrangeiro. Eu tinha uma visão ideal de um país que simplesmente não existe (assunto para outro post, aguardem). Falando assim pareço uma pessoa amarga e desiludida...em partes estou desiludida sim mas acredito que o fato de estar onde estou hoje também se deva a dois fatores: falta de sorte (em alguns aspectos porque a minha já teve muita reviravolta) e acima de tudo, escolhas erradas.

Bom, mas reclamar não adianta. O negócio é tocar pra frente e não desistir. E se eu for comparar a minha vida aqui com a de muitos brasileiros ilegais que sobrevivem fazendo faxina nesta terra há anos, acho que nem tenho o direito de reclamar...Enfim, tudo é relativo.

Dias melhores virão.


Sobre fazer gente


O texto é da Silmara Franco, do blog Fio da Meada. Mais do que uma blogueira, uma maga das palavras. O post é dedicado a todas as mamães que passam por aqui. Porque ser mãe é uma experiência tão única que eu mesma não teria palavras para descrever!


 
Quando eu estiver diante de Deus para prestar contas, e ele perguntar o que fiz durante a vida, para ver se mereço tomar chá com rosquinhas em sua companhia na varanda do céu, aos sábados, direi: um bocado de coisa. Fiz amigos, irmãos, faculdade, festa. Tricô (crochê não), planos, piada e poesia. Fiz amor, não fiz guerra. Fiz de conta e fiz por merecer. Fiz que não vi, fiz por fazer, fiz sem fazer. Fiz chorar. Fiz tempestade em copo d’água. Fiz bolo para vender no colégio e vestido na máquina de costura da minha mãe. Fiz aniversário quase uma centena de vezes. Fiz de tudo para ser feliz. Mas se ele quiser saber do que mais me orgulhei de ter feito, responderei: gente.

Tenho um filho que não fui eu que fiz, já veio pronto: meu enteado. Meu primeiro filho foi, portanto, o segundo. Feito quando quase acreditei que não daria mais tempo. Deu. Hoje sei que havia tempo de sobra. A gente nunca entende direito o tempo do tempo. Depois, fiz minha filha. Não há nada mais poderoso do que uma mulher com outra dentro. Costumo dizer que tenho, então, três filhos. Dois que saíram da barriga e um que entrou no coração. O que, no final, dá no mesmo. Tatuei seus nomes no verso do meu corpo. Publiquei o amor.

Brinco que quando se tem filhos a vida vira de ponta-cabeça. Interessante: de cabeça para baixo a gente enxerga as coisas de outro jeito, é só fazer um teste na sala de casa. Com filhos, nos despedimos do sono tranquilo, do umbigo próprio, da vida no singular. Damos ‘até logo’ para a carreira. Por outro lado, dizemos ‘olá’ aos novos personagens dos sonhos, às diferentes formas de trabalho, à vida no plural.

Fazer filhos é um processo artesanal. Sai um diferente do outro. Uma falhinha aqui, um defeitinho ali. É justamente esse o charme. Quando se decide fazê-los, não se sabe como eles virão. A vida não tira pedido. É tudo surpresa. Não há acasos, porém. Filhos são exatamente como precisamos que eles sejam, e vice-versa. Disso não se deve duvidar, muito menos reclamar. É bom repassar essa lição de vez em quando.

Gosto de ver meus filhos dormindo com o pai. Assim posso decorá-los com calma. Gosto de vê-los tomando banho. Gosto, sobretudo, de vê-los desenhar. Nessa hora eles recriam o que já esqueci. Gosto quando contam histórias sem sentido e fazem associações malucas. Gosto quando aprendem coisas novas; no fundo, estão é me lembrando que não tenho feito isso. Gosto quando cantam fora do tom, inventam notas e vão montando a trilha sonora das suas vidas. Gosto de reconhecê-los pelo cheiro e pelo gosto. Gostaria de carregá-los pelo cangote, como fazem as gatas. E gosto de ver o que não via antes deles.

Perguntaram se os filhos me abriram novos olhos para o mundo. Eu disse que não. Meus olhos são os mesmos de antes. Tudo que fiz foi mudar a direção do olhar.

Hup Holland Hup!



Quem leu meu último post e pensou que eu não gosto de futebol, está enganado. A verdade é bem mais complexa. Mas admito que esta semana o que tem me ocupado a cabeça tem sido a política aqui na Holanda (felizmente o susto maior passou). E como já falei de POLÍTICA, este post vai ser sobre FUTEBOL.  Até porque, hoje resolvi assistir meu primeiro jogo: Holanda x Japão...podem me matar mas não assisti ao primeiro jogo do Brasil. Heresia das heresias.

O interessante é que não tenho time de futebol no Brasil (Flamengo, Fluminense, etc) mas em época de Copa do Mundo torço por três times - não ao mesmo tempo, claro. Os brasileiros mais puristas que me desculpem mas eu torço pelo Brasil, pela Holanda e pela Inglaterra! Trocando em miúdos, torço pro Brasil em primeiro lugar porque sou brasileira. Mas também torço pela Holanda porque afinal de contas moro aqui há 16 anos. E torço pela Inglaterra, não apenas porque fui casada 10 anos com um inglês como porque meu filho é meio inglês (como o pai). Sem falar que sempre gostei dos ingleses (o humor inglês é imbatível), poderia facilmente viver na Inglaterra.

Mas voltando à Copa do Mundo: quando o Brasil joga, eu torço pelo Brasil. Quando a Holanda joga, torço pela Holanda. E quando a Inglaterra joga, torço pela Inglaterra! O problema é quando Holanda e Inglaterra jogam, porque não consigo me decidir. Enfim, é complicado. Pra não dizer desgastante, rsrsrsrs.



PS. Meu ex-marido é fanático por futebol e assiste a TODOS os jogos (e também torce pelo Brasil quando o time joga)...já meu namorado holandês não dá a menor bola!

Pão e circo

Original em latim: Panem et circenses.

Juro que tentei mas não deu pra deixar esta passar em branco. Ando bastante apreensiva com os últimos acontecimentos aqui na Holanda. Não, não me refiro à Copa do Mundo e se você pensa que vim aqui pra falar de futebol, pode tirar o cavalinho da chuva.

Eu vim aqui falar é do enorme terremoto semana passada nas eleições para a segunda câmara (Tweede Kamer, composto de 150 deputados eleitos por voto público). Pela primeira vez na história da Holanda, o país deu uma virada de 180 graus para a direita - sim, já haviam sinais de fumaça no ar mas ninguém levou a sério. A Holanda, com sua fama de ser um dos países mais liberais e sociais do mundo, finalmente sucumbiu à virada para a direita do continente europeu. Entre as inúmeras análises políticas sendo feitas nos principais meios de comunicação, uma coisa é certa: o país perdeu definitivamente as rédeas. Agora é preciso uma coalisão de partidos para tentar governar este caos. Palavras-chave: crise econômica, imigração, xenofobia (já vi isso antes).

Nenhum partido teve maioria absoluta nas eleições para governar sozinho, como geralmente acontece. A pergunta do momento é que coalisão é possível e a resposta anda assustando muita gente porque há uma forte possibilidade de uma coalisão com dois partidos de direita e um de extrema-direita, o partido de Geert Wilders. Geert Wilders é um caso à parte, um populista que tem conseguido tirar enorme proveito da recessão econômica e que se tornou conhecido internacionalmente por seu discurso xenófobo ao estilo Le Pen. Todo mundo achava que ele era um palhaço mas a piada perdeu a graça porque seu partido foi o maior vencedor da campanha eleitoral. Vitória que deixou muita gente com vergonha de ser holandês. Eu mesma admito que fiquei com vontade de emigrar novamente.

Então além dos jogos da Copa, o terremoto político tem sido manchete diária em todos os jornais nacionais e em alguns jornais europeus - principalmente na Bélgica, França e Alemanha, países que tem vivido um terremoto semelhante com a ascendência de partidos de extrema-direita e que acompanham de perto os acontecimentos no país vizinho.

Quanto a mim, não sei se rio ou se choro. Panem et circenses.

Afinal, o que é o amor?

não, este não é um post sobre o dia dos namorados. até porque, dia dos namorados aqui é 14 de fevereiro, como nos EUA (valentine´s day). explicado isso, vamos ao ponto.

este fim-de-semana fiz uma daquelas bobagens que alguns de nós humanos fazemos de vez em quando. na verdade, fui numa festa muito divertida, mas (sem perceber) bebi demais e não cumpri uma promessa. resultado: decepcionei quem me ama. me sinto envergonhada e ao mesmo tempo me vem à cabeça uma verdade óbvia. sou humana. sou imperfeita. sou assim. claro que é fácil a gente dizer isso em vez de (tentar) mudar. porque mudar exige coragem e uma grande reserva de energia e determinação pra não desistir no meio do caminho. acima de tudo, acredito que devemos mudar não para o outro mas para a gente mesmo. e eu ando me sentindo fraca. energia zero pra determinadas pessoas e situações. a vida às vezes me é demais.

só sei que ele está com raiva (e com razão) e não quer falar comigo. e eu preciso ter paciência, dar tempo ao tempo e esperar pra ver no que vai dar. enquanto isso, fico aqui pensando em tudo que está errado. naquelas coisas desconfortáveis que a gente insiste em fingir que não vê. porque a vida deve ser boa e bela. e a gente prefere esquecer o que está errado. e tapar o sol com a peneira.

a moral da estória é que estou cansada de ser como sou. e ainda mais cansada de ter de pedir desculpas por ser quem eu sou e não como querem que eu seja. por outro lado, porque a gente não aprende que as pessoas são como são? afinal, o que é o amor? será que o que chamamos de amor não seria mais uma projeção de como uma pessoa um dia deveria ser? será que nos apaixonamos por um ideal? amamos uma pessoa pelo que ela é ou pelo potencial que ela tem de ser alguém diferente? porque potencial todos nós temos. todos queremos melhorar, todos queremos evoluir. mas cada um tem seu tempo. e não dá pra ser tudo ao mesmo tempo - eu não consigo!

enfim, tenho cada vez mais certeza de que amor não é pra qualquer um. requer uma certa flexibilidade, capacidade de empatia e um grau considerável de aceitação do outro. porque aceitar as qualidades é fácil, aceitar os defeitos não (ou você ama o pacote inteiro, ou não ama). eu acho que a gente deve aprender a amar o outro como ele é, em vez de tentar mudá-lo para caber em nossas expectativas. amar é aceitar que as pessoas são diferentes. o que para você é uma fraqueza inadmissível pode ser um distúrbio mais complexo. você não precisa necessariamente entender o que está se passando na cabeça de fulano, mas precisa saber disso. precisa saber que pessoas com transtornos emocionais não são boas em relacionamentos. elas até tentam mas um dia a guarda cai e está feito o estrago.

não é fácil, claro. como alguns de nós sabem melhor do que outros.

Nossas vidas high-tech

Estava lendo mais um daqueles inúmeros artigos sobre os efeitos da tecnologia na vida moderna (original em inglês aqui). Porque convenhamos, não dá mais pra viver sem tecnologia em nossas vidas! E provavelmente nem eu nem você gostaríamos de retornar aos tempos pré-internet e pré-celular. Pensando bem, internet é que nem filho da gente: depois que a gente tem, não sabe mais viver sem ele. Sério!!!

Uma das questões discutidas neste tipo de pesquisa é a questão da falta de foco, já bastante perceptível na nova geração que praticamente nasceu com um laptop na mão e um celular na outra. É tudo pra agora, as informações são lidas e descartadas, as pessoas surfam pela net e raramente ficam mais de alguns minutos em uma página. O attention spam hoje em dia deve ser de uns 3 minutos. O tempo que se leva pra passar os olhos num site ou página de notícias, espiar rapidamente o perfil de um amigo, etc. Só sei que passamos a maior parte de nossas horas conectados, checando nossos e-mails, páginas de recados em diferentes sites, chatbox no MSN, etc. etc. etc. (sim, porque a lista é interminável). E nem vou falar dos sites de namoro...Tudo isso várias vezes ao dia. Como se não bastasse, ainda temos nossos celulares ligados 24 horas por dia, onde enviamos e recebemos torpedos (ou SMS, como dizem aqui).

Enfim, os canais estão se expandindo cada vez mais e nossas vidas estão cada vez mais corridas. É tudo pra ontem! E lá vamos nós atrás de mais informação. Lá vamos nós adicionar mais um link para mais um site que mal teremos tempo de (re)ler. Lá vamos nós adicionar mais amigos no orkut só pra mostrar pros outros como somos populares. Se antes se falava em fast food, hoje em dia tudo é fast - e acima de tudo, descartável. Inclusive amizades e relacionamentos. Eu sou a primeira a admitir que tenho dificuldades em lidar com este novo estilo de fazer (e manter) amigos. Mas também admito que fiz ótimas amizades na internet. Paradoxal isso!

Quanto a mim, posso soar antiquada mas decidi tirar algumas coisas da minha vida - por tempo ilimitado. Pra início de conversa, eu não uso MSN nem tenho perfil no Facebook, o que já libera algumas horas preciosas dos meus dias corridos pra LER UM (BOM) LIVRO. Ou pra ESCREVER no meu blog e visitar blogs de amigos! Também tenho cada vez menos saco pra ficar o dia todo com o celular ligado. Simplesmente não quero mais estar disponível 24/7 pra ninguém - com a exceção do meu filho, porque afinal mãe é sempre mãe! E tampouco tenho saco ou tempo pra tanta rede social...o que gera um (certo) isolamento voluntário, não vou mentir. Nos dias de hoje, quem insiste em não participar de um site como o Facebook acaba sendo marginalizado. Eu, por exemplo, tenho um grupo de amigos queridos que marcam ponto no Facebook, onde se comunicam e trocam novidades (e fofocas) regularmente. Como não tenho acesso à esta rede social - por opção minha então nem posso reclamar - sempre pego o bonde andando...Ou pior ainda, muitas novidades nem chegam aos meus ouvidos! Tempos modernos em que a amizade é mais de 50% virtual (numa estimativa otimista).

E vocês, como lidam com a tecnologia no dia-a-dia? Como priorizam suas vidas?




PS: Coincidência ou não, a incidência de casos de distúrbio de déficit de atenção em crianças tem aumentado assustadoramente nos últimos anos (e não apenas nos EUA).

Mais um selinho!


Este eu ganhei da Anita, do blog Greetings from Holland. Diga-se de passagem, recomendo o blog dela para quem quiser saber mais sobre o dia-a-dia na Holanda (porque em certos aspectos, considero meu blog mais existencial e menos sobre a Holanda...quem lê isso aqui certamente entende o que quero dizer). O único problema é que o blog da Anita é em inglês, porque ela quis abranger uma gama mais ampla de leitores expats, como a comunidade inglesa aqui da Holanda (o que eu não só entendo como acho uma ótima idéia, mas acredito que nossos blogs tenham objetivos diferentes e portanto público-alvo diferente).

 E vamos às regras:

1) Explique o motivo de ter começado o blog e se esperava tornar-se popular.
Comecei a escrever por pura necessidade, para entender melhor a vida e a mim mesma. Estava passando por uma fase bastante delicada da minha vida, muitas mudanças e muita coisa na cabeça. Escrever foi a solução que encontrei. Gostei tanto que continuo fazendo até hoje! Como gosto de dizer: meu blog é a terapia mais barata que já fiz. E é mesmo.

E não, não esperava nem espero me tornar popular. Tanto que tenho o blog há quase 4 anos, não divulgo e só decidi começar a permitir seguidores no final do ano passado ou início deste ano (nem lembro mais). No final das contas, sempre escrevi foi pra mim mesma!!! Mas claro que adoro os comentários e é bom esbarrar em gente que pensa parecido pela blogosfera.

2) Diga a data exata do início do seu blog.
9 de agosto de 2006, quase 4 anos de blog! O que era um hobby virou um vício, hehehe. O melhor da estória é que tenho feito ótimos contatos nos últimos tempos, alguns meio que por acaso porque como não divulgo meu blog em lugar nenhum, as pessoas literalmente me acham - ou não!!!
 
3) Indique 5 seguidores fiéis do seu blog. 
E os vencedores são...
Lilly do blog Realizando Sonhos
Márcia do blog Relacionamentos, vida e cotidiano
Maria Valéria do blog Com toda a minha alma
Pri do blog Devaneios e Metamorfoses
Tânia do blog Elos e Nós

Cheiro de mudança no ar

Mais 3 semanas e meu estágio chega ao fim. E eu já estou pesando os prós e os contras. Vou sentir falta da rotina, das alunas e das colegas de trabalho. Mas vou ter mais tempo pra fazer minhas coisas, me dedicar ao hobby abandonado (scrapbooking) e principalmente, voltar a nadar*!

A próxima etapa ainda é uma incógnita, mas existem algumas possibilidades - embora com a crise as coisas aqui na Holanda também não estejam nada fáceis (nem pros holandeses, quanto mais pros estrangeiros). Mas assim é a vida: termina uma fase, começa outra e a gente não pode é desistir.

No mais, eu gosto de acreditar que as mudanças são sempre para melhor - ou ao menos deveriam ser! Na pior das hipóteses, sei que a experiência adquirida nestes meses de estágio vale OURO. Ainda mais pra quem nunca participou ativamente do mercado de trabalho aqui na Holanda. Pra quem não sabe, trabalhei em casa mais de 10 anos como tradutora freelance. O estágio me tirou literalmente de casa e me fez ver que ter colegas de trabalho também é muito bom (pra não dizer saudável). Quem trabalha em casa acaba ficando isolado, a menos que tenha uma rede muito grande de amigos e família por perto. Sem falar que quando se tem filho pequeno, o isolamento dos primeiros anos é inevitável (e choca muitas mamães de primeira viagem, como foi o meu caso). O contato se resume às mães na pracinha e nos consultórios médicos e depois, às mães no pátio da escola e as professoras!

A parte pior do estágio foi certamente a falta de tempo pra atividades físicas...engordei (mais de) 5 kgs desde setembro e não está nada fácil...Na verdade, desde a operação ano passado (em abril) já engordei quase 10kg!!! De uma coisa vocês podem ter certeza: mais difícil do que perder peso é manter o peso perdido...Anyway, isso é assunto pra outro post.





*Quarta passada (meu único dia de folga no momento) aproveitei o dia de sol e fui nadar na piscina aberta pela primeira vez em meses. Uma delícia! Como isso me faz falta.

Novas aquisições



Como rata de livraria, sempre compro livros aqui e ali, principalmente nas pechinchas e ofertas que encontro pela cidade. Pois entre as últimas aquisições, dois livros tem me deixado muito feliz. Quem compra livros de segunda mão sabe muito bem que é como ganhar na loteria!

Um deles é sobre a cultura da blogosfera, fenônemo que já foi tema de vários livros. Pois eu esbarrei no livro Who let the blogs out no mercado das pulgas de Amsterdã, em uma de minhas barracas favoritas: a de livros raros e usados, claro! Ali você compra três livros por 2,50eur o que é praticamente de graça!!! Foi ali também que achei, entre outros o French Milk e uma belíssima coletânea de contos de fadas editada pela escritora americana Angela Carter.

O outro livro é Dollar Store Décor, com projetos divertidos e originais para se reciclar as coisas mais absurdas que você compra nas dollar store espalhadas por todas as grandes cidades (aqui em Amsterdã tem duas ótimas: XENOS e Big Bazar). Pois achei o livro ontem por 5eur na American Book Center de Haia, outra livraria na minha lista de favoritas. A filial de Haia tem uma seção de livros com desconto no segundo andar que eu recomendo pras todos que estejam indo rumo à Mauritshuis, fica na mesma praça do museu e os livros são todos em inglês - para alegria do turista brasileiro, ao menos aquele que lê em inglês!

Estou ficando velha

De volta aos anos 60


Experience is not what happens to a man, it is what a man does with what happens to him. (Aldous Huxley), citado no filme A Single Man

Domingo passado finalmente consegui assistir dois filmes que estavam na minha lista há tempos. Por coincidência, os dois se passam na década de 60. Welcome to the nuclear family (aka desperate housewifes, que naquela época ainda nem eram tão desesperadas assim).

A Single Man é um filme excelente, que não deixou nada a dever às minhas expectativas - e eu odeio este negócio de assistir filme já esperando algo, comigo geralmente não funciona! Uma estória de amor que rima com dor, mas sem beirar o melodrama. Imagens belíssimas e muito bem-cuidadas. Colin Firth num papel que foi feito para ele brilhar, e tem ainda a sempre adorável Julianne Moore (uma de minhas atrizes favoritas).

O outro filme foi An Education, também muito comentado pela crítica, a começar pelo roteiro de Nick Hornby, escritor inglês bastante badalado pelas bandas de cá (veja os livros aqui). An Education é um típico filme coming-of-age, em que a jovem heroína se vê diante de novas experiências e é obrigada a amadurecer. É a inevitável transição da adolescência para a idade adulta, que deixa marcas e circatrizes em alguns. Jenny é uma moça muito inteligente e um bocado ingênua, que se apaixona por um homem mais velho e acaba tendo algumas surpresas no final. Jovem aspirante à universidade de Oxford, ela descobre um novo mundo quando começa a sair com David. Ele a leva para óperas, shows, restaurantes...a leva para conhecer Paris e por aí vai. Enfim, não tem como não se apaixonar...mas a verdade é que nem tudo é o que parece (e nem tudo que brilha é ouro). Não conto mais pra não estragar.

Em suma, dois filmes, duas estórias diversas, uma mesma época. Eu recomendo ambos mas se tivesse de escolher apenas um, certamente escolheria A Single Man. Confiram vocês mesmos.