quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Amélie, versão inglesa

Impossível não lembrar de Amélie Poulain ao assistir Happy Go Lucky de Mike Leigh. Difícil mesmo é reconhecer o diretor de Secrets and Lies, All or Nothing e Vera Drake (sem falar de Naked, o oposto de Happy Go Lucky em todos os sentidos) . Assim sendo, eu prefiro ver Happy Go Lucky acima de tudo como um exercício de estilo, e por que não? E não, eu não sou daquelas que acha que um diretor deve necessariamente ser fiel ao seu próprio estilo. Muito pelo contrário, um dos meus diretores favoritos é Ang Lee, como já comentei aqui antes. Então o que surpreende no filme não é o filme em si, mas quem o dirigiu. Quem está acostumado aos filmes politicamente engajados de Mike Leigh e seus personagens sofridos é obrigado a rever seus conceitos pra tentar entender o que o fez dirigir um filme com uma estória tão otimista (ao ponto de ser naive) e simples (pra não dizer simplória mas podem discordar à vontade).

Tenho certeza que todo mundo conhece(u) uma ou mais Pollys (aka Pollyana) em sua família, trabalho ou escola. E, em princípio, não há nada de errado com ela. Acho até que uma pessoa eternamente otimista pode ter muito a nos ensinar (nós que não nascemos com este dom pra levar a vida sorrindo e rindo como se tudo fosse uma festa interminável). Só que eu não costumo levar essas pessoas muito a sério - ao menos não por muito tempo! Eu simplesmente prefiro outro tipo de companhia.

Se por um lado, fica óbvio que uma das principais lições a serem aprendidas com Polly é que a vida não deve(ria) ser levada a sério, por outro lado acho que viver tudo como uma grande piada, com um sorriso pré-fabricado todas as manhãs e um eterno bom-humor não me parece, digamos assim... humano. O ser humano tem muito mais nuances do que isso (e ironias à parte, Mike Leigh sabe disso como ninguém). Não estou dizendo que a gente deva levar tudo a sério e viver mal-humorado e deprimido mas também não acho que a gente deva ser obrigado a acordar feliz todo santo dia e sorrir pra tudo e pra todos (o que aliás me faz lembrar inúmeras discussões que tive por esta vida afora). Eu acho que bom humor e mau humor fazem parte da vida, como a alegria e a tristeza, os dias de sol e os dias de chuva. E quanto mais os anos passam, mais me convenço que o segredo deve estar mesmo no equilíbrio. O famoso caminho do meio.

No mais, acredito que a felicidade a gente cria sim - até certo ponto. Porque não sou ingênua a ponto de acreditar que atraimos TUDO o que acontece na vida da gente, as coisas boas e as coisas ruins. Algumas coisas simplesmente acontecem, independente da nossa vontade ou disposição. Quem já passou pela perda de um familiar por exemplo, sabe que a morte faz parte da vida, quer a gente queira ou não. Tem coisas na vida da gente que não escolhemos - ao menos não conscientemente, mas isso já é tema pra outra discussão!

Pra finalizar, acredito que alguns têm a sorte de nascer com um caráter otimista. E eu acredito que caráter é algo inato (e muito complexo). A gente pode até mudar alguns aspectos do nosso caráter com o passar dos anos e o acúmulo de experiências (e mudar é preciso, sem dúvida) mas essencialmente nascemos otimistas ou pessimistas. Pelo menos é assim que eu penso, depois de mais de 40 anos bem e mal vividos. Eu, que estou aprendendo a ser mais otimista a cada dia.





PS. O filme passou há tempos no cinema mas só esta semana decidi pegar na locadora pra conferir. E podem me chamar de ranzinza mas continuo preferindo os outros filmes de Mike Leigh...

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Saudades de Paris


Ontem à noite deitei na cama e peguei French Milk pra folhear rapidamente...e acabei devorando o livro inteiro em cerca de 2 horas!!! E, como não podia deixar de ser, me bateu uma saudade enorme de Paris. Até porque, a última vez que estive lá em 2006 com meu filho, ficamos hospedados num simpático hotel no mesmo arrondissement onde a garota do livro ficou. E eu havia visitado muitos dos lugares mencionados, como a Rue Mouffetard e seu mercado...Esta foto aqui de cima fica justamente na Rue Mouffetard em uma das patisseries que ela provavelmente citou no livro (parada obrigatória). Não dá pra não sentir saudades.

A verdade é que adoro aquela parte de Paris, meu hotel era situado na Rue des Écoles, perto da Sorbonne e do Pantheon. E lendo French Milk revisitei lugares favoritos como Place des Vosges e o charmoso Marais, a bela Notre Dame, Musée D´Orsay, Musée de Cluny, Jardin des Plantes, Georges Pompidou, Montmartre, etc. E fiquei com vontade de tomar o primeiro trem e visitar um de seus famosos mercados das pulgas (o que ainda falta fazer em Paris, entre outras coisas). E beber um chá de hortelã no Mosquée de Paris.

Quem sabe organizando as finanças ainda consigo ir à Paris este ano. É que ano passado foi o pior ano - financeiramente falando, vejam bem - e ainda estou me recuperando. Até um fim-de-semana em Paris tive de cancelar, mas não há de ser nada. Qualquer dia desses eu volto, volto mesmo.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Mais livros pra cabeceira

Este mês me empolguei mais do que o normal e comprei um monte de livros - todos a preços razoáveis (porque sou louca mas nem tanto assim). Diga-se de passagem, os títulos estavam todos na minha prateleira de livros a serem lidos na Shelfari, site indispensável pra quem gosta de livros.

Mas o melhor da festa foi mesmo hoje à tarde quando me deparei com o adorável French Milk por apenas 1 euro no Mercado das Pulgas aqui da cidade! Desnecessário dizer, pretendo voltar por lá regularmente, hehehe. Mais barato do que um cappuccino em qualquer um dos cafés espalhados pela cidade, não tinha mesmo como não levar pra casa! E o livro foi muito recomendado pela Anna no blog dela.


Os outros livros empilhados na minha cabeceira são:
1. The Secret Life of a Slummy Mummy
2. The History of Love
3. The Memory Keeper´s Daughter
4. Extremely Loud and Incredibly Close
5. The Post-Birthday World, autora de We Need to Talk About Kevin
6. White Tiger (vencedor do Man Brooker Prize 2008)

Comecei por The Secret Life of a Slummy Mummy. Um fenômeno de vendas nos EUA e Inglaterra apelidado de mummy lit. E convenhamos, depois de chick lit (com a heroína Bridget Jones que muitos de vocês já conhecem do livro ou do filme) e bloke lit (que comentei no post anterior), só faltava mesmo a mummy lit. Pra quem ainda está boiando, são livros com os quais qualquer mulher que tenha filho(s) irá se identificar. Retratos de um universo único - pra não dizer caótico - com situações hilárias e provavelmente inacreditáveis pra quem (ainda) não é mãe. Porque só quem tem filho pra saber como realmente é...estejam avisados!

domingo, fevereiro 08, 2009

Nick Hornby para Adolescentes

Tenho devorado um livro atrás do outro e acabo não tendo tempo de comentar por aqui...Então vamos lá antes que eu me esqueça! Entrei o ano na companhia da Sophie Kinsella e sua Undomestic Goddess. Não chega a ser o que eu chamaria de food for thought mas é bastante divertido. E exatamente o que eu estava precisando: Chick Lit pura (melhor que isso só sessão-pipoca em casa). Por coincidência, o filme baseado no livro Confessions of a Shopaholic acaba de ser lançado nos cinemas daqui.

Depois de ler uma das rainhas da chick lit, decidi ler um dos mais consagrados representantes do outro time: o bloke lit. Estou falando do bom e velho Nick Hornby. Encontrei Slam outro dia num sebo e decidi conferir o último romance do autor de About a Boy (adoro tanto o livro quanto o filme), High Fidelity (também filmado) e How to be Good, entre outros. Para os fãs do autor, já aviso que não é um típico Nick Hornby e sim uma incursão curiosa (e, em partes, bem-sucedida) no mundo adolescente. Tanto que na Inglaterra o livro foi promovido na categoria Young Adult. E o tema não poderia ser mais pertinente (embora já discutido em vários outros livros). O autor lida com a gravidez na adolescência - problema número 1 no Reino Unido, com os índices mais elevados de toda a comunidade européia. Assim sendo, pra quem leu os outros livros do autor (como eu), voltados para a faixa etária dos 30 e poucos anos, este livro pode desapontar. Mas se você ler tendo em mente o público-alvo, a leitura vale a pena.

Depois de Nick Hornby, resolvi conferir A Spot of Bother, novo romance de Mark Haddon (autor de The Curious Incident of the Dog in the Night-time, que já comentei aqui antes). O primeiro livro foi um sucesso estrondoso de vendas e já traduzido em vários idiomas e deixou o autor numa situação um quanto delicada - pra não dizer angustiante mesmo. Aquela de ter de confirmar o autor excelente que é em um segundo romance. Ou destruir toda a reputação conquistada com seu dèbut. Para a sorte de Haddon, ele conseguiu mais uma vez. O livro é tão bom quanto o primeiro e, em alguns aspectos, até melhor! Gostei muito. One to watch.

Depois do Mark Haddon, li o também muito bem recebido pela crítica This Book Will Save Your Life, da autora americana A.M. Homes. Mas este vou deixar para comentar em outro post!

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Qual é a sua desculpa?




As 10 melhores desculpas para gastar (mais do que deveria) com livros. Escolha a sua e seja feliz, caro leitor.

10. “Olha quanto eu economizei! Isso tudo estava com 40% ou 50% de desconto!”

9. “Você deveria ter visto quantas tentações! Gastei pouco graças ao meu auto-controle.”

8. “Lembre-se, estou escrevendo um livro, os royalties vão cobrir muito além do preço desses livros. É só um investimento temporário que vou reaver”.

7. “Olha! Tomei conta de praticamente todas as compras de Natal!” (Quando ele/ela dizer que ninguém na lista de Natal de vocês vai ler esses livros, mostre-se desapontado(a) e arrume-os na sua estante.)

6. “Oh, então você vai reclamar do seu marido/esposa investindo em livros?! Eu gasto em álcool? Cigarro? Jogo? Drogas? Sexo? Cadeiras azuis nos estádios? Não! Só em livros sobre justiça e paz, Jesus e Paulo, teologia trinitária e os demônios do, bom… consumismo!”

5. “Não se preocupe. Parece bastante. Amortizado durante o meu período de vida, até que não estou gastando muito em livros, no fim das contas. Praticamente nada como Você Sabe Quem”.

4. “Esses são todos descontados do Imposto de Renda.”

3. “Isso são ferramentas. É o custo de fazer negócios no meu ramo”.

2. Minimize o impacto discriminando. “Alguns desses são pro Natal. Alguns são pra nova turma que eu estou ensinando. Outros são para a minha pesquisa. Outros eu devo adotar como textos. E um deles é pra você!”

1. “Algumas pessoas que perderam suas casas em incêndios estavam vendendo esses livros nas ruas de (preencha com uma cidade vizinha). Tive que dar uma ajuda. Só de olhá-los nos olhos…”


PS. O texto eu tirei daqui. Blog altamente recomendado pra quem adora livros, como eu. Ah, e quase ia me esquecendo, a livraria da foto é a Selexys Dominicanen, em Maastricht. Uma das livrarias mais lindas em que já coloquei os pés...

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Revolutionary Road

Juro por Deus que o nome deste filme devia ser Beyond Therapy (assistam que vocês vão entender onde quero chegar). Divagações à parte, vamos lá. Este fim-de-semana assisti Revolutionary Road, de Sam Mendes (diretor de American Beauty, outro filme que gosto muito e já comentei aqui).

Pra início de conversa, vou logo dizendo que o filme é mais pesado do que eu esperava (santa ingenuidade, Batman). Daqueles que a gente saí do cinema com um nó na garganta e precisando tomar umas cervejas (ou coisa mais forte). E sim, me fez lembrar muito The Hours (Desperate Housewives é cantiga pra boi dormir perto disso aqui, depois não digam que não avisei).

E a estória...bem, a estória é a velha e conhecida estória de um jovem casal que se apaixona, se casa, têm filhos e entra em crise. E confesso que já vivi aquilo ali e admito que na vida real é bem mais feio do que na tela de cinema (e bem mais doloroso porque convenhamos, pimenta nos olhos dos outros é refresco). Bom, ao menos sobrevivi pra contar a estória...E aprendi na marra que viver a vida daquele jeito não dá! Não tem terapia de casal que resolva tanta falta de comunicação, desilusão e frustração. Been there, done that.

E sim, o filme é melhor do que American Beauty. História mais bem acabada, roteiro mais enxuto, emoções mais cruas (aguenta coração). Sem falar que a atuação da Kate Winslet é realmente de tirar o chapéu, uma atriz cada dia melhor. Mas como a minha amiga Anna já comentou no blog dela: não recomendo para casais em crise! Por razões óbvias.

Around the World with Mouk


Como já comentei por aqui, eu não apenas adoro livros - eu adoro ilustração. Ilustração de livro infantil então, sou fascinada...Outro dia me dei conta que quanto mais velha eu fico, mais vontade tenho de voltar a ser criança (a gente era feliz e não sabia). Around the World with Mouk, ricamente ilustrado por Marc Boutavant, já está na minha wishlist. Por coincidência, achei a edição holandesa numa livraria este fim-de-semana (acabou de sair) então vou comprá-lo em breve.

E já que falei em crianças e em ilustrações, quero anunciar orgulhosamente que meu filho começa esta semana o Atelier de Pintura no zoológico daqui da cidade. Sim porque, modéstia à parte, meu menino desenha bem pra caramba...e ele adora bichos! Então quando descobri que eles tinham um atelier pras crianças fazerem arte no zôo, não pensei duas vezes, né? O curso é tão concorrido aqui em Amsterdã que você faz matrícula e tem de esperar meses até ser chamado. No nosso caso, esperamos mais de 6 meses.
Tecnologia do Blogger.

Amélie, versão inglesa

Impossível não lembrar de Amélie Poulain ao assistir Happy Go Lucky de Mike Leigh. Difícil mesmo é reconhecer o diretor de Secrets and Lies, All or Nothing e Vera Drake (sem falar de Naked, o oposto de Happy Go Lucky em todos os sentidos) . Assim sendo, eu prefiro ver Happy Go Lucky acima de tudo como um exercício de estilo, e por que não? E não, eu não sou daquelas que acha que um diretor deve necessariamente ser fiel ao seu próprio estilo. Muito pelo contrário, um dos meus diretores favoritos é Ang Lee, como já comentei aqui antes. Então o que surpreende no filme não é o filme em si, mas quem o dirigiu. Quem está acostumado aos filmes politicamente engajados de Mike Leigh e seus personagens sofridos é obrigado a rever seus conceitos pra tentar entender o que o fez dirigir um filme com uma estória tão otimista (ao ponto de ser naive) e simples (pra não dizer simplória mas podem discordar à vontade).

Tenho certeza que todo mundo conhece(u) uma ou mais Pollys (aka Pollyana) em sua família, trabalho ou escola. E, em princípio, não há nada de errado com ela. Acho até que uma pessoa eternamente otimista pode ter muito a nos ensinar (nós que não nascemos com este dom pra levar a vida sorrindo e rindo como se tudo fosse uma festa interminável). Só que eu não costumo levar essas pessoas muito a sério - ao menos não por muito tempo! Eu simplesmente prefiro outro tipo de companhia.

Se por um lado, fica óbvio que uma das principais lições a serem aprendidas com Polly é que a vida não deve(ria) ser levada a sério, por outro lado acho que viver tudo como uma grande piada, com um sorriso pré-fabricado todas as manhãs e um eterno bom-humor não me parece, digamos assim... humano. O ser humano tem muito mais nuances do que isso (e ironias à parte, Mike Leigh sabe disso como ninguém). Não estou dizendo que a gente deva levar tudo a sério e viver mal-humorado e deprimido mas também não acho que a gente deva ser obrigado a acordar feliz todo santo dia e sorrir pra tudo e pra todos (o que aliás me faz lembrar inúmeras discussões que tive por esta vida afora). Eu acho que bom humor e mau humor fazem parte da vida, como a alegria e a tristeza, os dias de sol e os dias de chuva. E quanto mais os anos passam, mais me convenço que o segredo deve estar mesmo no equilíbrio. O famoso caminho do meio.

No mais, acredito que a felicidade a gente cria sim - até certo ponto. Porque não sou ingênua a ponto de acreditar que atraimos TUDO o que acontece na vida da gente, as coisas boas e as coisas ruins. Algumas coisas simplesmente acontecem, independente da nossa vontade ou disposição. Quem já passou pela perda de um familiar por exemplo, sabe que a morte faz parte da vida, quer a gente queira ou não. Tem coisas na vida da gente que não escolhemos - ao menos não conscientemente, mas isso já é tema pra outra discussão!

Pra finalizar, acredito que alguns têm a sorte de nascer com um caráter otimista. E eu acredito que caráter é algo inato (e muito complexo). A gente pode até mudar alguns aspectos do nosso caráter com o passar dos anos e o acúmulo de experiências (e mudar é preciso, sem dúvida) mas essencialmente nascemos otimistas ou pessimistas. Pelo menos é assim que eu penso, depois de mais de 40 anos bem e mal vividos. Eu, que estou aprendendo a ser mais otimista a cada dia.





PS. O filme passou há tempos no cinema mas só esta semana decidi pegar na locadora pra conferir. E podem me chamar de ranzinza mas continuo preferindo os outros filmes de Mike Leigh...

Saudades de Paris


Ontem à noite deitei na cama e peguei French Milk pra folhear rapidamente...e acabei devorando o livro inteiro em cerca de 2 horas!!! E, como não podia deixar de ser, me bateu uma saudade enorme de Paris. Até porque, a última vez que estive lá em 2006 com meu filho, ficamos hospedados num simpático hotel no mesmo arrondissement onde a garota do livro ficou. E eu havia visitado muitos dos lugares mencionados, como a Rue Mouffetard e seu mercado...Esta foto aqui de cima fica justamente na Rue Mouffetard em uma das patisseries que ela provavelmente citou no livro (parada obrigatória). Não dá pra não sentir saudades.

A verdade é que adoro aquela parte de Paris, meu hotel era situado na Rue des Écoles, perto da Sorbonne e do Pantheon. E lendo French Milk revisitei lugares favoritos como Place des Vosges e o charmoso Marais, a bela Notre Dame, Musée D´Orsay, Musée de Cluny, Jardin des Plantes, Georges Pompidou, Montmartre, etc. E fiquei com vontade de tomar o primeiro trem e visitar um de seus famosos mercados das pulgas (o que ainda falta fazer em Paris, entre outras coisas). E beber um chá de hortelã no Mosquée de Paris.

Quem sabe organizando as finanças ainda consigo ir à Paris este ano. É que ano passado foi o pior ano - financeiramente falando, vejam bem - e ainda estou me recuperando. Até um fim-de-semana em Paris tive de cancelar, mas não há de ser nada. Qualquer dia desses eu volto, volto mesmo.

Mais livros pra cabeceira

Este mês me empolguei mais do que o normal e comprei um monte de livros - todos a preços razoáveis (porque sou louca mas nem tanto assim). Diga-se de passagem, os títulos estavam todos na minha prateleira de livros a serem lidos na Shelfari, site indispensável pra quem gosta de livros.

Mas o melhor da festa foi mesmo hoje à tarde quando me deparei com o adorável French Milk por apenas 1 euro no Mercado das Pulgas aqui da cidade! Desnecessário dizer, pretendo voltar por lá regularmente, hehehe. Mais barato do que um cappuccino em qualquer um dos cafés espalhados pela cidade, não tinha mesmo como não levar pra casa! E o livro foi muito recomendado pela Anna no blog dela.


Os outros livros empilhados na minha cabeceira são:
1. The Secret Life of a Slummy Mummy
2. The History of Love
3. The Memory Keeper´s Daughter
4. Extremely Loud and Incredibly Close
5. The Post-Birthday World, autora de We Need to Talk About Kevin
6. White Tiger (vencedor do Man Brooker Prize 2008)

Comecei por The Secret Life of a Slummy Mummy. Um fenômeno de vendas nos EUA e Inglaterra apelidado de mummy lit. E convenhamos, depois de chick lit (com a heroína Bridget Jones que muitos de vocês já conhecem do livro ou do filme) e bloke lit (que comentei no post anterior), só faltava mesmo a mummy lit. Pra quem ainda está boiando, são livros com os quais qualquer mulher que tenha filho(s) irá se identificar. Retratos de um universo único - pra não dizer caótico - com situações hilárias e provavelmente inacreditáveis pra quem (ainda) não é mãe. Porque só quem tem filho pra saber como realmente é...estejam avisados!

Nick Hornby para Adolescentes

Tenho devorado um livro atrás do outro e acabo não tendo tempo de comentar por aqui...Então vamos lá antes que eu me esqueça! Entrei o ano na companhia da Sophie Kinsella e sua Undomestic Goddess. Não chega a ser o que eu chamaria de food for thought mas é bastante divertido. E exatamente o que eu estava precisando: Chick Lit pura (melhor que isso só sessão-pipoca em casa). Por coincidência, o filme baseado no livro Confessions of a Shopaholic acaba de ser lançado nos cinemas daqui.

Depois de ler uma das rainhas da chick lit, decidi ler um dos mais consagrados representantes do outro time: o bloke lit. Estou falando do bom e velho Nick Hornby. Encontrei Slam outro dia num sebo e decidi conferir o último romance do autor de About a Boy (adoro tanto o livro quanto o filme), High Fidelity (também filmado) e How to be Good, entre outros. Para os fãs do autor, já aviso que não é um típico Nick Hornby e sim uma incursão curiosa (e, em partes, bem-sucedida) no mundo adolescente. Tanto que na Inglaterra o livro foi promovido na categoria Young Adult. E o tema não poderia ser mais pertinente (embora já discutido em vários outros livros). O autor lida com a gravidez na adolescência - problema número 1 no Reino Unido, com os índices mais elevados de toda a comunidade européia. Assim sendo, pra quem leu os outros livros do autor (como eu), voltados para a faixa etária dos 30 e poucos anos, este livro pode desapontar. Mas se você ler tendo em mente o público-alvo, a leitura vale a pena.

Depois de Nick Hornby, resolvi conferir A Spot of Bother, novo romance de Mark Haddon (autor de The Curious Incident of the Dog in the Night-time, que já comentei aqui antes). O primeiro livro foi um sucesso estrondoso de vendas e já traduzido em vários idiomas e deixou o autor numa situação um quanto delicada - pra não dizer angustiante mesmo. Aquela de ter de confirmar o autor excelente que é em um segundo romance. Ou destruir toda a reputação conquistada com seu dèbut. Para a sorte de Haddon, ele conseguiu mais uma vez. O livro é tão bom quanto o primeiro e, em alguns aspectos, até melhor! Gostei muito. One to watch.

Depois do Mark Haddon, li o também muito bem recebido pela crítica This Book Will Save Your Life, da autora americana A.M. Homes. Mas este vou deixar para comentar em outro post!

Qual é a sua desculpa?




As 10 melhores desculpas para gastar (mais do que deveria) com livros. Escolha a sua e seja feliz, caro leitor.

10. “Olha quanto eu economizei! Isso tudo estava com 40% ou 50% de desconto!”

9. “Você deveria ter visto quantas tentações! Gastei pouco graças ao meu auto-controle.”

8. “Lembre-se, estou escrevendo um livro, os royalties vão cobrir muito além do preço desses livros. É só um investimento temporário que vou reaver”.

7. “Olha! Tomei conta de praticamente todas as compras de Natal!” (Quando ele/ela dizer que ninguém na lista de Natal de vocês vai ler esses livros, mostre-se desapontado(a) e arrume-os na sua estante.)

6. “Oh, então você vai reclamar do seu marido/esposa investindo em livros?! Eu gasto em álcool? Cigarro? Jogo? Drogas? Sexo? Cadeiras azuis nos estádios? Não! Só em livros sobre justiça e paz, Jesus e Paulo, teologia trinitária e os demônios do, bom… consumismo!”

5. “Não se preocupe. Parece bastante. Amortizado durante o meu período de vida, até que não estou gastando muito em livros, no fim das contas. Praticamente nada como Você Sabe Quem”.

4. “Esses são todos descontados do Imposto de Renda.”

3. “Isso são ferramentas. É o custo de fazer negócios no meu ramo”.

2. Minimize o impacto discriminando. “Alguns desses são pro Natal. Alguns são pra nova turma que eu estou ensinando. Outros são para a minha pesquisa. Outros eu devo adotar como textos. E um deles é pra você!”

1. “Algumas pessoas que perderam suas casas em incêndios estavam vendendo esses livros nas ruas de (preencha com uma cidade vizinha). Tive que dar uma ajuda. Só de olhá-los nos olhos…”


PS. O texto eu tirei daqui. Blog altamente recomendado pra quem adora livros, como eu. Ah, e quase ia me esquecendo, a livraria da foto é a Selexys Dominicanen, em Maastricht. Uma das livrarias mais lindas em que já coloquei os pés...

Revolutionary Road

Juro por Deus que o nome deste filme devia ser Beyond Therapy (assistam que vocês vão entender onde quero chegar). Divagações à parte, vamos lá. Este fim-de-semana assisti Revolutionary Road, de Sam Mendes (diretor de American Beauty, outro filme que gosto muito e já comentei aqui).

Pra início de conversa, vou logo dizendo que o filme é mais pesado do que eu esperava (santa ingenuidade, Batman). Daqueles que a gente saí do cinema com um nó na garganta e precisando tomar umas cervejas (ou coisa mais forte). E sim, me fez lembrar muito The Hours (Desperate Housewives é cantiga pra boi dormir perto disso aqui, depois não digam que não avisei).

E a estória...bem, a estória é a velha e conhecida estória de um jovem casal que se apaixona, se casa, têm filhos e entra em crise. E confesso que já vivi aquilo ali e admito que na vida real é bem mais feio do que na tela de cinema (e bem mais doloroso porque convenhamos, pimenta nos olhos dos outros é refresco). Bom, ao menos sobrevivi pra contar a estória...E aprendi na marra que viver a vida daquele jeito não dá! Não tem terapia de casal que resolva tanta falta de comunicação, desilusão e frustração. Been there, done that.

E sim, o filme é melhor do que American Beauty. História mais bem acabada, roteiro mais enxuto, emoções mais cruas (aguenta coração). Sem falar que a atuação da Kate Winslet é realmente de tirar o chapéu, uma atriz cada dia melhor. Mas como a minha amiga Anna já comentou no blog dela: não recomendo para casais em crise! Por razões óbvias.

Around the World with Mouk


Como já comentei por aqui, eu não apenas adoro livros - eu adoro ilustração. Ilustração de livro infantil então, sou fascinada...Outro dia me dei conta que quanto mais velha eu fico, mais vontade tenho de voltar a ser criança (a gente era feliz e não sabia). Around the World with Mouk, ricamente ilustrado por Marc Boutavant, já está na minha wishlist. Por coincidência, achei a edição holandesa numa livraria este fim-de-semana (acabou de sair) então vou comprá-lo em breve.

E já que falei em crianças e em ilustrações, quero anunciar orgulhosamente que meu filho começa esta semana o Atelier de Pintura no zoológico daqui da cidade. Sim porque, modéstia à parte, meu menino desenha bem pra caramba...e ele adora bichos! Então quando descobri que eles tinham um atelier pras crianças fazerem arte no zôo, não pensei duas vezes, né? O curso é tão concorrido aqui em Amsterdã que você faz matrícula e tem de esperar meses até ser chamado. No nosso caso, esperamos mais de 6 meses.