quarta-feira, abril 02, 2008

Você sabe o que é autismo?

Aproveito que a Isabella (do blog Tem quem goste) está fazendo uma postagem coletiva sobre autismo pra deixar aqui um pouco da minha experiência nesses últimos tempos. Não que eu seja especialista no assunto mas provavelmente sei mais do que muitas mães costumam saber, ainda mais agora que comecei a frequentar um grupo de pais de crianças no espectro do autismo. Isso porque meu filho foi diagnosticado por uma equipe multidisciplinar aqui na Holanda (psicólogos infantis, pedagogos, psiquiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos etc) como estando no espectro do autismo há cerca de um ano, depois de muitos testes e especulações. Uma verdadeira via crucis, só quem passou por isso pra entender...

Se eu pudesse resumir em poucas palavras o que aprendi até agora é que o autismo não é o que a maioria das pessoas costumam pensar (o que não falta é gente desinformada) e muito menos fácil de ser diagnosticado, a menos em casos mais óbvios. Crianças autistas não costumam ser tão diferentes daquelas outras crianças brincando no pátio da escola, algumas apresentam inteligência acima da média e excelente desempenho escolar-acadêmico (como por exemplo em cálculo e matemática). O maior desafio para uma criança autista é no campo social e emocional, na formação de vínculos afetivos. Porque a criança tipicamente autista não sabe ler sinais, costuma interpretar tudo que é dito ao pé-da-letra (sem nuances) e tem dificuldades em interpretar reações que as pessoas normalmente costumam identificar como tristeza, raiva, etc. Outra característica (que vejo aqui em casa há muito tempo) é que essas crianças têm mais interesse por coisas (objetos) do que por pessoas. A começar porque objetos são mais prevísiveis!

Meu filho frequentou 3 anos uma escola normal e só no terceiro ano escolar, na classe de alfabetização, foi que o alarme soou definitivamente: há algo errado. Daí até a mudança para uma escola de ensino especial foram seis meses de muitas dúvidas e angústias. Ele frequenta a nova escola desde setembro (início do ano escolar aqui na Holanda) e só tenho a dizer que melhorou muito em todos os aspectos: não apenas no desempenho escolar como no aspecto emocional - o que, como toda mãe que se preze, considero até mais importante! Hoje Liam é uma criança mais calma e menos insegura, com maior capacidade de concentração graças a uma classe reduzida de 12 alunos (antes eram 30 alunos em sala de aula, um caos absoluto para uma criança especial, como costumam ser rotuladas essas crianças). Ele desenha muito bem, faz inúmeros desenhos de ônibus, trens e bondes cada dia mais sofisticados e detalhados (e juro que não é só papo de mãe coruja, até desenhos por encomenda ele faz pras crianças na escola, rsrsrsrs). Tem uma percepção visual acima da média para detalhes e perspectiva e é uma pequena enciclopédia ambulante de fatos relacionados a bichos em geral e dinossauros em particular. Isso sem citar a paixão por planetas, tempos atrás ele me surpreendeu perguntando se eu sabia que Júpiter também tinha anéis (os anéis de Saturno todo mundo sabe).

Pelo que tenho lido recentemente, desconfio que grande parte das crianças vem sendo diagnosticadas como estando no espectro do autismo, que inclui por exemplo a Síndrome de Asperger, problemas no desenvolvimento motor e da fala, distúrbios de concentração (ADHD), entre outros. Pra finalizar, deixo a dica de um ótimo livro pra quem deseja se aprofundar no assunto: Kids in the Syndrome Mix of ADHD, LD, Asperger´s, Tourette´s, Bipolar and more! de Martin L. Kutscher.

7 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada, Beth, por dividir esse assunto tão complexo. Confesso que não sabia qause nada e estaa mesmo desinformada.

Amanhã é o dia mundial de sensibilização do autismo e estou chamando atenção para o caso do Matthew, q é filho de uma amiga.

Que bom q aí na Holanda vc tem o apoio necessário. Acho q não é assim pra muita gente.

Vou colocar seu nome na lista dos contribuintes, linkado pra esse post de hj, ok?

bjs

Kris disse...

Oi! Eu não tenho filhos mas me interesso bastante pelo assunto. Acho admirável seu interesse e insistência em entender o que havia de diferente com o Liam. Porque hoje em dia tudo virou ADHD - desde crianças basicamente mal-educadas, que esbofeteiam os pais, até crianças autistas. Ritalin nelas. Todas. Acho um absurdo. Adorei seu texto, vou dar uma olhada nos links. Beijo.

Anônimo disse...

Que interessante esse assunto e legal saber que aí tem todo um aparato de especialistas que identificam diferente daqui do Brasil, né?

Beijos

Andrea Drewanz disse...

Beth, este assunto é muito interessante para todas nós, que temos filhos, sobrinhos(as) e conhecidos(as).
Muitas vezes os pais percebem que alguma coisa está errada, mas não sabem que direção tomar.
Vejo que muitas famílias confundem falta de limites e de educação, com hiperatividade da criança. Parece que, agora, isto tá virando moda por aqui.
Boa sorte para vc e seu filhote.
Bj

Bebete Indarte disse...

Eu sei...
Grande abraço, e sempre obrigada pelo apoio que você me dá, como mãe e amiga.
Beijo grande no grande Liam.
(Vamos combinar dele brincar com o Dimitri - assim que o tempo melhorar).
O Dimitri gosta muito do Liam, afinal eles têm várias coisas em comum e talvez seja interessante pro Liam dar uma olhadinha no game do Mario Bros sobre de kart...junto c/ o Dimitri.

Anônimo disse...

Oi Beth, obrigada pela dica do blog da Bebete. Deixei uma mensagem pra ela.

bjs

Anônimo disse...

Oi Beth, a blogagem coletiva será no dia 18/04, sexta-feira. Basta falar sobre o assunto e colocar o link pro site do Matthew:

http://www.matthewschierloh.org-a.googlepages.com/home

Obrigada pela perticipação!

Tecnologia do Blogger.

Você sabe o que é autismo?

Aproveito que a Isabella (do blog Tem quem goste) está fazendo uma postagem coletiva sobre autismo pra deixar aqui um pouco da minha experiência nesses últimos tempos. Não que eu seja especialista no assunto mas provavelmente sei mais do que muitas mães costumam saber, ainda mais agora que comecei a frequentar um grupo de pais de crianças no espectro do autismo. Isso porque meu filho foi diagnosticado por uma equipe multidisciplinar aqui na Holanda (psicólogos infantis, pedagogos, psiquiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos etc) como estando no espectro do autismo há cerca de um ano, depois de muitos testes e especulações. Uma verdadeira via crucis, só quem passou por isso pra entender...

Se eu pudesse resumir em poucas palavras o que aprendi até agora é que o autismo não é o que a maioria das pessoas costumam pensar (o que não falta é gente desinformada) e muito menos fácil de ser diagnosticado, a menos em casos mais óbvios. Crianças autistas não costumam ser tão diferentes daquelas outras crianças brincando no pátio da escola, algumas apresentam inteligência acima da média e excelente desempenho escolar-acadêmico (como por exemplo em cálculo e matemática). O maior desafio para uma criança autista é no campo social e emocional, na formação de vínculos afetivos. Porque a criança tipicamente autista não sabe ler sinais, costuma interpretar tudo que é dito ao pé-da-letra (sem nuances) e tem dificuldades em interpretar reações que as pessoas normalmente costumam identificar como tristeza, raiva, etc. Outra característica (que vejo aqui em casa há muito tempo) é que essas crianças têm mais interesse por coisas (objetos) do que por pessoas. A começar porque objetos são mais prevísiveis!

Meu filho frequentou 3 anos uma escola normal e só no terceiro ano escolar, na classe de alfabetização, foi que o alarme soou definitivamente: há algo errado. Daí até a mudança para uma escola de ensino especial foram seis meses de muitas dúvidas e angústias. Ele frequenta a nova escola desde setembro (início do ano escolar aqui na Holanda) e só tenho a dizer que melhorou muito em todos os aspectos: não apenas no desempenho escolar como no aspecto emocional - o que, como toda mãe que se preze, considero até mais importante! Hoje Liam é uma criança mais calma e menos insegura, com maior capacidade de concentração graças a uma classe reduzida de 12 alunos (antes eram 30 alunos em sala de aula, um caos absoluto para uma criança especial, como costumam ser rotuladas essas crianças). Ele desenha muito bem, faz inúmeros desenhos de ônibus, trens e bondes cada dia mais sofisticados e detalhados (e juro que não é só papo de mãe coruja, até desenhos por encomenda ele faz pras crianças na escola, rsrsrsrs). Tem uma percepção visual acima da média para detalhes e perspectiva e é uma pequena enciclopédia ambulante de fatos relacionados a bichos em geral e dinossauros em particular. Isso sem citar a paixão por planetas, tempos atrás ele me surpreendeu perguntando se eu sabia que Júpiter também tinha anéis (os anéis de Saturno todo mundo sabe).

Pelo que tenho lido recentemente, desconfio que grande parte das crianças vem sendo diagnosticadas como estando no espectro do autismo, que inclui por exemplo a Síndrome de Asperger, problemas no desenvolvimento motor e da fala, distúrbios de concentração (ADHD), entre outros. Pra finalizar, deixo a dica de um ótimo livro pra quem deseja se aprofundar no assunto: Kids in the Syndrome Mix of ADHD, LD, Asperger´s, Tourette´s, Bipolar and more! de Martin L. Kutscher.

7 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada, Beth, por dividir esse assunto tão complexo. Confesso que não sabia qause nada e estaa mesmo desinformada.

Amanhã é o dia mundial de sensibilização do autismo e estou chamando atenção para o caso do Matthew, q é filho de uma amiga.

Que bom q aí na Holanda vc tem o apoio necessário. Acho q não é assim pra muita gente.

Vou colocar seu nome na lista dos contribuintes, linkado pra esse post de hj, ok?

bjs

Kris disse...

Oi! Eu não tenho filhos mas me interesso bastante pelo assunto. Acho admirável seu interesse e insistência em entender o que havia de diferente com o Liam. Porque hoje em dia tudo virou ADHD - desde crianças basicamente mal-educadas, que esbofeteiam os pais, até crianças autistas. Ritalin nelas. Todas. Acho um absurdo. Adorei seu texto, vou dar uma olhada nos links. Beijo.

Anônimo disse...

Que interessante esse assunto e legal saber que aí tem todo um aparato de especialistas que identificam diferente daqui do Brasil, né?

Beijos

Andrea Drewanz disse...

Beth, este assunto é muito interessante para todas nós, que temos filhos, sobrinhos(as) e conhecidos(as).
Muitas vezes os pais percebem que alguma coisa está errada, mas não sabem que direção tomar.
Vejo que muitas famílias confundem falta de limites e de educação, com hiperatividade da criança. Parece que, agora, isto tá virando moda por aqui.
Boa sorte para vc e seu filhote.
Bj

Bebete Indarte disse...

Eu sei...
Grande abraço, e sempre obrigada pelo apoio que você me dá, como mãe e amiga.
Beijo grande no grande Liam.
(Vamos combinar dele brincar com o Dimitri - assim que o tempo melhorar).
O Dimitri gosta muito do Liam, afinal eles têm várias coisas em comum e talvez seja interessante pro Liam dar uma olhadinha no game do Mario Bros sobre de kart...junto c/ o Dimitri.

Anônimo disse...

Oi Beth, obrigada pela dica do blog da Bebete. Deixei uma mensagem pra ela.

bjs

Anônimo disse...

Oi Beth, a blogagem coletiva será no dia 18/04, sexta-feira. Basta falar sobre o assunto e colocar o link pro site do Matthew:

http://www.matthewschierloh.org-a.googlepages.com/home

Obrigada pela perticipação!