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Tenho certeza que todo mundo conhece(u) uma ou mais Pollys (aka Pollyana) em sua família, trabalho ou escola. E, em princípio, não há nada de errado com ela. Acho até que uma pessoa eternamente otimista pode ter muito a nos ensinar (nós que não nascemos com este dom pra levar a vida sorrindo e rindo como se tudo fosse uma festa interminável). Só que eu não costumo levar essas pessoas muito a sério - ao menos não por muito tempo! Eu simplesmente prefiro outro tipo de companhia.
Se por um lado, fica óbvio que uma das principais lições a serem aprendidas com Polly é que a vida não deve(ria) ser levada a sério, por outro lado acho que viver tudo como uma grande piada, com um sorriso pré-fabricado todas as manhãs e um eterno bom-humor não me parece, digamos assim... humano. O ser humano tem muito mais nuances do que isso (e ironias à parte, Mike Leigh sabe disso como ninguém). Não estou dizendo que a gente deva levar tudo a sério e viver mal-humorado e deprimido mas também não acho que a gente deva ser obrigado a acordar feliz todo santo dia e sorrir pra tudo e pra todos (o que aliás me faz lembrar inúmeras discussões que tive por esta vida afora). Eu acho que bom humor e mau humor fazem parte da vida, como a alegria e a tristeza, os dias de sol e os dias de chuva. E quanto mais os anos passam, mais me convenço que o segredo deve estar mesmo no equilíbrio. O famoso caminho do meio.
No mais, acredito que a felicidade a gente cria sim - até certo ponto. Porque não sou ingênua a ponto de acreditar que atraimos TUDO o que acontece na vida da gente, as coisas boas e as coisas ruins. Algumas coisas simplesmente acontecem, independente da nossa vontade ou disposição. Quem já passou pela perda de um familiar por exemplo, sabe que a morte faz parte da vida, quer a gente queira ou não. Tem coisas na vida da gente que não escolhemos - ao menos não conscientemente, mas isso já é tema pra outra discussão!
Pra finalizar, acredito que alguns têm a sorte de nascer com um caráter otimista. E eu acredito que caráter é algo inato (e muito complexo). A gente pode até mudar alguns aspectos do nosso caráter com o passar dos anos e o acúmulo de experiências (e mudar é preciso, sem dúvida) mas essencialmente nascemos otimistas ou pessimistas. Pelo menos é assim que eu penso, depois de mais de 40 anos bem e mal vividos. Eu, que estou aprendendo a ser mais otimista a cada dia.
PS. O filme passou há tempos no cinema mas só esta semana decidi pegar na locadora pra conferir. E podem me chamar de ranzinza mas continuo preferindo os outros filmes de Mike Leigh...