quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Girl in Translation



Acabei de ler mais um livro sobre um assunto que tem me interessado há tempos: a vida de imigrante. No caso de Girl in Translation, os protagonistas da estória são mãe e filha, que se mudam de Hong Kong para os EUA (Nova York) em busca de uma vida melhor...o que, se você for pensar bem, é a razão pela qual a maioria das pessoas decidem emigrar, não é mesmo?

Pois o caso da menina Kim (11 anos) é especial porque tem um pequeno detalhe que faz toda a diferença nesta estória. Kim é muito inteligente - superdotada mesmo - e acostumada a tirar as melhores notas (além de medalhas e menções honrosas) na escola em Hong Kong. Ao mudar-se para os EUA seu desempenho escolar "despencou" porque ela precisava aprender inglês. Mas foi só dominar o idioma pra ela logo se tornar uma das melhores da classe. E assim conseguiu uma bolsa de estudos para uma das mais prestigiosas "high school" de Nova York! Para uma menina chinesa que se mudou para os EUA sem saber uma palavra de inglês, não é pouca coisa.

Enquanto isso, sua mãe se mata de trabalhar em uma fábrica de roupas em Chinatown - uma daquelas fábricas que vive da exploração de imigrantes ilegais. Kim dedica-se arduamente aos estudos e ainda ajuda a mãe na fábrica depois da escola. Este é, diga-se de passagem, um exemplo típico da mentalidade asiática que iremos encontrar em todo o livro. Kim acaba se responsabilizando pelo futuro e sobrevivência das duas nos EUA. Ela assume o papel de intérprete para a mãe que não consegue falar inglês. E promete para a mãe - e para si mesma - que um dia irá tirá-las da precária situação em que vivem. E é exatamente isso que ela faz, com muita determinação e claro, uma inteligência muito acima da média.

A trajetória continua e ao terminar a High School, Kim consegue uma bolsa de estudos para uma das melhores universidades americanas, a famosa Yale. Quem tem um diploma de lá tem um futuro garantido. Enfim, uma estória digna de Cinderela!

A protagonista é um exemplo de garra e determinação. E também um exemplo típico da mentalidade asiática em geral. Os asiáticas não se contentam com pouco, eles precisam ser os melhores em tudo que fazem. Notas baixas e repetir de ano são motivos de vergonha para toda a família. No Japão inclusive muitos estudantes se suicidam por não passarem em provas importantes. E eu vejo isso até na escola de holandês onde trabalho. Os alunos asiáticos sempre são os mais dedicados e a maioria nem se dá o trabalho de fazer o Exame de Cidadania (Inburgeringsexamen, obrigatório pra quem quer visto ou passaporte aqui na Holanda). Eles já vão direto pro Staatsexamen I, que tem nível mais alto que o outro exame e permite se matricular numa escola profissionalizante (MBO) daqui. Os mais ambiciosos (e não são poucos) não param por aí e ainda fazem o Staatsexamen II, o nível mais alto de proficiência na língua holandesa. Pra terem uma idéia, o Staatsexamen II permite acesso às universidades daqui (eu fiz mas não fui pra universidade porque já tinha diploma do Brasil...ledo engano mas isso é outra estória, né?).

E por falar em Holanda, a maior coincidência é que Jean Kwok (autora do livro) se mudou de Nova York pra cá há alguns anos, e mora aqui com seu marido holandês e dois filhos pequenos! Fui pesquisar um pouco sobre a escritora e confirmei o que já desconfiava durante a leitura: boa parte da estória é autobiográfica (Kim é na verdade, Jean). A escritora concluiu seus estudos com menção honrosa nos EUA e até ganhou uma bolsa para Harvard (em vez da Yale do livro). Na Holanda, Jean deu aulas de Inglês na prestigiosa Universidade de Delft. Além de ter trabalhado como tradutora do Holandês-Inglês, ao mesmo tempo em que escrevia Girl in Translation, seu romance de estréia.

Quem quiser saber mais sobre o livro e a escritora, veja o site oficial aqui.

3 comentários:

Pri S. disse...

Parece interessante esse livro! Realmente o nível de exigência dos asiáticos é muito grande. Não deve ser nada fácil trilhar esse caminho de suposto sucesso fora do próprio país...

Bjos!

Marcia disse...

Sempre gosto de histórias assim, ainda que não concorde com o modelo asiático de viver, porque eu acho que as pessoas também precisam de um pouco de "downtime" e esse povo parece não relaxar nunca...por outro lado, os europeus poderiam aprender um pouco com eles, especialmente as mulheres, porque achei as holandesas em especial acomodadas demais! Seria interessante se ela escrevesse a "parte 2" do livro - a vida dela na Holanda. bjs

Anita disse...

Os coreanos, chineses e japonses tem o QI mais alto do mundo. Fato. O QE deles eu não sei, mais só ter um alto QI não é garantia de sucesso (profissional, pessoal ou espiritual) nessa vida. No caso da Kim foi, e do meu pai também (que era pobre de marré marré marré e chegou a diretor de uma estatal só e puramente com os estudos). Há gênios em matemática que passam a vida atrás de um balcão de lojinha fazendo contas complicadas "de cabeça". Acho que o que falta aos asiáticos é um pouco de sambalelê e ao resto do mundo um pouco mais de disciplina.

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Girl in Translation



Acabei de ler mais um livro sobre um assunto que tem me interessado há tempos: a vida de imigrante. No caso de Girl in Translation, os protagonistas da estória são mãe e filha, que se mudam de Hong Kong para os EUA (Nova York) em busca de uma vida melhor...o que, se você for pensar bem, é a razão pela qual a maioria das pessoas decidem emigrar, não é mesmo?

Pois o caso da menina Kim (11 anos) é especial porque tem um pequeno detalhe que faz toda a diferença nesta estória. Kim é muito inteligente - superdotada mesmo - e acostumada a tirar as melhores notas (além de medalhas e menções honrosas) na escola em Hong Kong. Ao mudar-se para os EUA seu desempenho escolar "despencou" porque ela precisava aprender inglês. Mas foi só dominar o idioma pra ela logo se tornar uma das melhores da classe. E assim conseguiu uma bolsa de estudos para uma das mais prestigiosas "high school" de Nova York! Para uma menina chinesa que se mudou para os EUA sem saber uma palavra de inglês, não é pouca coisa.

Enquanto isso, sua mãe se mata de trabalhar em uma fábrica de roupas em Chinatown - uma daquelas fábricas que vive da exploração de imigrantes ilegais. Kim dedica-se arduamente aos estudos e ainda ajuda a mãe na fábrica depois da escola. Este é, diga-se de passagem, um exemplo típico da mentalidade asiática que iremos encontrar em todo o livro. Kim acaba se responsabilizando pelo futuro e sobrevivência das duas nos EUA. Ela assume o papel de intérprete para a mãe que não consegue falar inglês. E promete para a mãe - e para si mesma - que um dia irá tirá-las da precária situação em que vivem. E é exatamente isso que ela faz, com muita determinação e claro, uma inteligência muito acima da média.

A trajetória continua e ao terminar a High School, Kim consegue uma bolsa de estudos para uma das melhores universidades americanas, a famosa Yale. Quem tem um diploma de lá tem um futuro garantido. Enfim, uma estória digna de Cinderela!

A protagonista é um exemplo de garra e determinação. E também um exemplo típico da mentalidade asiática em geral. Os asiáticas não se contentam com pouco, eles precisam ser os melhores em tudo que fazem. Notas baixas e repetir de ano são motivos de vergonha para toda a família. No Japão inclusive muitos estudantes se suicidam por não passarem em provas importantes. E eu vejo isso até na escola de holandês onde trabalho. Os alunos asiáticos sempre são os mais dedicados e a maioria nem se dá o trabalho de fazer o Exame de Cidadania (Inburgeringsexamen, obrigatório pra quem quer visto ou passaporte aqui na Holanda). Eles já vão direto pro Staatsexamen I, que tem nível mais alto que o outro exame e permite se matricular numa escola profissionalizante (MBO) daqui. Os mais ambiciosos (e não são poucos) não param por aí e ainda fazem o Staatsexamen II, o nível mais alto de proficiência na língua holandesa. Pra terem uma idéia, o Staatsexamen II permite acesso às universidades daqui (eu fiz mas não fui pra universidade porque já tinha diploma do Brasil...ledo engano mas isso é outra estória, né?).

E por falar em Holanda, a maior coincidência é que Jean Kwok (autora do livro) se mudou de Nova York pra cá há alguns anos, e mora aqui com seu marido holandês e dois filhos pequenos! Fui pesquisar um pouco sobre a escritora e confirmei o que já desconfiava durante a leitura: boa parte da estória é autobiográfica (Kim é na verdade, Jean). A escritora concluiu seus estudos com menção honrosa nos EUA e até ganhou uma bolsa para Harvard (em vez da Yale do livro). Na Holanda, Jean deu aulas de Inglês na prestigiosa Universidade de Delft. Além de ter trabalhado como tradutora do Holandês-Inglês, ao mesmo tempo em que escrevia Girl in Translation, seu romance de estréia.

Quem quiser saber mais sobre o livro e a escritora, veja o site oficial aqui.

3 comentários:

Pri S. disse...

Parece interessante esse livro! Realmente o nível de exigência dos asiáticos é muito grande. Não deve ser nada fácil trilhar esse caminho de suposto sucesso fora do próprio país...

Bjos!

Marcia disse...

Sempre gosto de histórias assim, ainda que não concorde com o modelo asiático de viver, porque eu acho que as pessoas também precisam de um pouco de "downtime" e esse povo parece não relaxar nunca...por outro lado, os europeus poderiam aprender um pouco com eles, especialmente as mulheres, porque achei as holandesas em especial acomodadas demais! Seria interessante se ela escrevesse a "parte 2" do livro - a vida dela na Holanda. bjs

Anita disse...

Os coreanos, chineses e japonses tem o QI mais alto do mundo. Fato. O QE deles eu não sei, mais só ter um alto QI não é garantia de sucesso (profissional, pessoal ou espiritual) nessa vida. No caso da Kim foi, e do meu pai também (que era pobre de marré marré marré e chegou a diretor de uma estatal só e puramente com os estudos). Há gênios em matemática que passam a vida atrás de um balcão de lojinha fazendo contas complicadas "de cabeça". Acho que o que falta aos asiáticos é um pouco de sambalelê e ao resto do mundo um pouco mais de disciplina.