sábado, março 16, 2013

Jodie Foster e o castor





Jodie Foster é uma daquelas pérolas raras em Hollywood, uma atriz e diretora extremamente inteligente e que não tem medo de fugir dos padrões e correr atrás de seus sonhos. O filme The Beaver pode não ter sido um sucesso nos cinemas - o que não chega a surpreender por lidar com um tema tão difícil que é a depressão - mas foi o maior desafio de sua longa carreira profissional, como ela mesma afirmou em entrevistas. Percebe-se em todos os detalhes que o filme se trata de um projeto pessoal. Além de dirigir o filme, ela também atua no papel de esposa de Walter.

Walter Black (Mel Gibson) é um homem que luta com todas as armas contra a depressão. A última arma que ele encontra é um fantoche de mão (o castor do título do filme), que ele manipula como uma espécie de"alter ego" para expressar seus sentimentos. E por incrível que pareça, esta "técnica terapêutica" funciona! Walter consegue sair de um estado de inércia e profunda depressão e volta ao trabalho como diretor executivo na empresa de brinquedos que herdou de seu pai. Ele também volta a relacionar-se com seu filho pequeno através do castor em questão. E num surto criativo, cria um novo brinquedo que se revela um sucesso de vendas e salva a empresa da falência. Mas pra quem acha que se trata de mais uma comédia, eu aviso que The Beaver não é um feel good movie, e o final não é necessariamente feliz. Há muita dor e profundidade nesta estória. E quem passou por uma depressão ou tem esta doença na família certamente irá apreciar este filme. Eu digo isso por experiência própria.

De resto, sou suspeita pra falar porque sou uma grande fã de Jodie Foster, como atriz e como diretora! O que eu admiro nela é acima de tudo sua coragem e sua inteligência. Neste filme por exemplo, ela não apenas teve a coragem de lidar com um tema que não necessariamente agrada aos expectadores de cinema (o que fez com que sua distribuição acabasse sendo restrita a salas de arte) como ainda por cima decidiu trabalhar com Mel Gibson, um ator que tem sido o centro de muitas polêmicas em Hollywood (e só perde mesmo pro Charlie Sheen). Então o filme é ao mesmo tempo um ato de coragem e um gesto de amizade, pois ela escolhe (uma escolha consciente) um ator que pode colocar em risco todo seu projeto. No final das contas, Mel Gibson acaba tendo ótima atuação num papel complexo e o filme recebe algumas críticas positivas. O fato do ator ter uma vida pessoal conturbada e sofrer de depressão bipolar foi um dos fatores decisivos em sua escolha.

Além de Mel Gibson e da própria Jodie Foster, outra escolha acertada foi Jennifer Lawrence, que por um daqueles acasos do destino assisti semana passada no filme Silver Linnings Playbook (com o qual ela ganhou recentemente o Oscar de Melhor Atriz). Ela também ficou conhecida com o filme Winter's Bone (que ainda preciso conferir) e com o filme The Hunger Games, em que é a protagonista. Uma jovem e talentosa atriz com uma carreira promissora.







Trecho de uma entrevista de Jodie Foster (em inglês)

"I make personal films. When you know that you’re going to be on something for two years and it’s going to be the story of your life and you have to wake up at three in the morning and have ideas…it’s an obsession. In order to be obsessed with something, it has to be something that speaks from an incredibly primal place. I had a certain career as an actor that I think was quite personal as well, and had a lot of integrity, but I wasn’t writing my own things or directing my own movies. There was a different set of criteria for that, and I don’t have to fulfill any of it as a director. If I make two movies my entire life, and they’re two movies that—whether they make a lot of money or two people go to see them—they speak of me, then I consider them incredibly successful. I don’t need to be Steven Spielberg. It’s not the kind of movies I make, and that’s just not the order of business." (Indiewire)

1 comentários:

Luana disse...

Eu ja tinha visto um trailer desse filme e não quis ver. Mas agora, lendo seu post, me convenci... =)

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Jodie Foster e o castor





Jodie Foster é uma daquelas pérolas raras em Hollywood, uma atriz e diretora extremamente inteligente e que não tem medo de fugir dos padrões e correr atrás de seus sonhos. O filme The Beaver pode não ter sido um sucesso nos cinemas - o que não chega a surpreender por lidar com um tema tão difícil que é a depressão - mas foi o maior desafio de sua longa carreira profissional, como ela mesma afirmou em entrevistas. Percebe-se em todos os detalhes que o filme se trata de um projeto pessoal. Além de dirigir o filme, ela também atua no papel de esposa de Walter.

Walter Black (Mel Gibson) é um homem que luta com todas as armas contra a depressão. A última arma que ele encontra é um fantoche de mão (o castor do título do filme), que ele manipula como uma espécie de"alter ego" para expressar seus sentimentos. E por incrível que pareça, esta "técnica terapêutica" funciona! Walter consegue sair de um estado de inércia e profunda depressão e volta ao trabalho como diretor executivo na empresa de brinquedos que herdou de seu pai. Ele também volta a relacionar-se com seu filho pequeno através do castor em questão. E num surto criativo, cria um novo brinquedo que se revela um sucesso de vendas e salva a empresa da falência. Mas pra quem acha que se trata de mais uma comédia, eu aviso que The Beaver não é um feel good movie, e o final não é necessariamente feliz. Há muita dor e profundidade nesta estória. E quem passou por uma depressão ou tem esta doença na família certamente irá apreciar este filme. Eu digo isso por experiência própria.

De resto, sou suspeita pra falar porque sou uma grande fã de Jodie Foster, como atriz e como diretora! O que eu admiro nela é acima de tudo sua coragem e sua inteligência. Neste filme por exemplo, ela não apenas teve a coragem de lidar com um tema que não necessariamente agrada aos expectadores de cinema (o que fez com que sua distribuição acabasse sendo restrita a salas de arte) como ainda por cima decidiu trabalhar com Mel Gibson, um ator que tem sido o centro de muitas polêmicas em Hollywood (e só perde mesmo pro Charlie Sheen). Então o filme é ao mesmo tempo um ato de coragem e um gesto de amizade, pois ela escolhe (uma escolha consciente) um ator que pode colocar em risco todo seu projeto. No final das contas, Mel Gibson acaba tendo ótima atuação num papel complexo e o filme recebe algumas críticas positivas. O fato do ator ter uma vida pessoal conturbada e sofrer de depressão bipolar foi um dos fatores decisivos em sua escolha.

Além de Mel Gibson e da própria Jodie Foster, outra escolha acertada foi Jennifer Lawrence, que por um daqueles acasos do destino assisti semana passada no filme Silver Linnings Playbook (com o qual ela ganhou recentemente o Oscar de Melhor Atriz). Ela também ficou conhecida com o filme Winter's Bone (que ainda preciso conferir) e com o filme The Hunger Games, em que é a protagonista. Uma jovem e talentosa atriz com uma carreira promissora.







Trecho de uma entrevista de Jodie Foster (em inglês)

"I make personal films. When you know that you’re going to be on something for two years and it’s going to be the story of your life and you have to wake up at three in the morning and have ideas…it’s an obsession. In order to be obsessed with something, it has to be something that speaks from an incredibly primal place. I had a certain career as an actor that I think was quite personal as well, and had a lot of integrity, but I wasn’t writing my own things or directing my own movies. There was a different set of criteria for that, and I don’t have to fulfill any of it as a director. If I make two movies my entire life, and they’re two movies that—whether they make a lot of money or two people go to see them—they speak of me, then I consider them incredibly successful. I don’t need to be Steven Spielberg. It’s not the kind of movies I make, and that’s just not the order of business." (Indiewire)

1 comentários:

Luana disse...

Eu ja tinha visto um trailer desse filme e não quis ver. Mas agora, lendo seu post, me convenci... =)