quinta-feira, setembro 28, 2006

Pausa para reflexão




É preciso tempo para digerir o fim de uma amizade. Sim, as expectativas eram minhas, mas por outro lado, acho humano e normal esperarmos algo do amigo, é normal querermos compartilhar nossos melhores e piores momentos com estas pessoas especiais que escolhemos para fazer parte de nossa vida. Mente quem diz que não tem expectativas: a gente sempre espera alguma coisa - de alguns mais, de outros menos, mas sempre esperamos algo.

Não, não estou falando em cobrança, nem em possessividade - apenas em amizade verdadeira, daquelas em que o amigo se preocupa genuinamente com o bem-estar do outro e sabe não apenas compartilhar alegrias, mas principalmente suavizar a dor. Ele não precisa ter as palavras certas nem oferecer aconselhamento profissional (para isso existem os psicólogos e psiquiatras), ele não precisa ter a solução para todos nossos problemas, basta sua presença amiga para ajudar a atravessar as tempestades da vida. No final das contas, não é tão complicado assim. Uma coisa é certa: amizade não se esmola - ou é ou não é, as simple as that.

Para encerrar, este belíssimo poema irlandês.

A Friendship Blessing
May you be blessed with good friends.
May you learn to be a good friend to yourself.
May you be able to journey to that place in your soul where there is great love, warmth, feeling and forgiveness.
May this change you.
May this transfigure that which is negative, distant or cold in you.
May you be brought in to the real passion, kinship and affinity of belonging.
May you treasure your friends.
May you be good to them and may you be there for them, may they bring you all the blessings, challenges, truth and light that you need for your journey.
May you never be isolated, but may you always be in the gentle nest of belonging with your anam cara.

PS. anam cara is celtic for soul friend. Este poema encontra-se em um dos meus livros favoritos: Anam Cara - Spiritual Wisdom from the Celtic World, de John O´Donohue. Leitura altamente recomendada para os tempos modernos, em que as pessoas precisam resgatar o que realmente é importante na vida.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Sujeito Indireto

Quem dera eu achasse um jeito
de fazer tudo perfeito,
feito a coisa fosse o projeto
e tudo já nascesse satisfeito.
Quem dera eu visse o outro lado,
o lado de lá, lado meio,
onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
Quem dera um ângulo reto.
Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.

Paulo Leminski

terça-feira, setembro 19, 2006

What the Bleep do We Know?!!



Absolutamente fantástico! Não tenho outras palavras para descrever o documentário que assisti domingo passado -- o tipo de filme que faz você repensar suas idéias preconcebidas sobre o mundo e sobre a realidade à sua volta (ou seria melhor dizer, como ela é vivenciada por você).

O documentário coloca, em uma linguagem acessível aos leigos, os principais conceitos sendo discutidos na Ciência Moderna -- e, mais especificamente, no campo da Física Quântica. Com a ajuda de animação gráfica de última geração, o filme guia o expectador através de uma jornada sem volta...uma jornada pelo campo das possibilidades infinitas, onde descobriremos que a realidade não é o que vemos e nem tampouco o que a ciência nos vinha fazendo crer até pouco tempo atrás.

Com base nas últimas descobertas no campo da Física Quântica, físicos, filósofos e místicos afirmam em seus depoimentos que a matéria não é sólida como costumamos pensar -- mas etérea, mutável e o que é mais surpreendente, pode ser alterada por nossos pensamentos.

Uma das principais mensagens é que nós temos o controle sobre nosso corpo e nossas emoções, e podemos escolher conscientemente a realidade em que queremos viver (o que já era sabido por vários líderes espirituais do mundo todo, entre eles Deepak Chopra em seu belíssimo livro A Cura Quântica, publicado no Brasil em 1991).

Portanto, todo cuidado é pouco: este filme pode mudar sua vida!

PS. O filme foi distribuído no Brasil com o título Quem Somos Nós?

domingo, setembro 17, 2006

Diz o ditado que os amigos são a família que a gente escolhe...mas e quando eles não escolhem a gente? Acho que o problema é quando a gente espera dos outros algo que eles não podem (ou não querem) nos dar. Ou simplesmente, quando não fazemos parte da família que eles escolheram para si mesmos (e sim, a verdade às vezes dói mas é inevitável).

Hoje estou melancólica, deve ser a chegada do outono...mas passa. Como as estações do ano, tudo muda o tempo todo. Não adianta se prender a emoções antigas quando elas simplesmente deixaram de existir, deixaram de ter sua razão de ser. A vida é plena de possibilidades -- precisamos aprender a deixar o rio fluir.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Filho de peixe, peixinho é...




Os filhos são um pedacinho da gente neste mundo. Meu filho é a cara do pai mas com o meu temperamento (não, não posso reclamar que ele não tem nada de mim). Um menino extrovertido, sociável, tagarela e nada tímido...o pai dele, por outro lado, é um exemplo típico de introversão, muito tímido e de poucas palavras.

Pois o Liam é uma mistura dos dois e isso faz dele uma criaturinha única e admirável! Um menino que adora acampar e explorar a natureza, sabe os nomes das árvores, insetos e cobras (o pai dele adora a natureza) mas que também sabe curtir um bom filme ou um livro com belas ilustrações (a paixão por filmes e livros ele herdou da mãe, e espero que continue por muitos e muitos anos, livros são ótimos companheiros -- e os filmes, simplesmente não posso imaginar minha vida sem eles).

Pensando bem, como o pai dele e eu temos interesses diferentes, isso é um acréscimo pois inevitavelmente ele acaba sendo apresentado ao melhor de dois mundos -- o mundo da natureza (em todas as suas formas) e o mundo das cidades (e tudo que existe dentro delas). O mundo dos animais e das plantas e o mundo do cinema e da literatura infantil, entre outras coisas. Duas visões de mundo que podem e devem se complementar.

E no final das contas, o mundo está cheio de coisas fascinantes a serem descobertas! Quem sabe os adultos não deveriam seguir o exemplo das crianças e (re)aprender a ver o mundo como se olhassem pela primeira vez...há maravilhas por toda parte, basta ter olhos e saber ver.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Os números

Ainda sobre a guarda alternada: e não é que ela é menos usual do que eu pensava? Num artigo que achei na net hoje, li que na Holanda a guarda alternada é adotada apenas por 3% dos casais que se divorciam (me pergunto qual seria este índice no Brasil).

Ela não está ainda na legislação, sendo apenas um contrato formal entre as duas partes (pai e mãe). Ou seja, é reconhecida em algumas instâncias, mas não na legislação propriamente dita. Agora me deu arrepios...sou mais pioneira do que eu pensava (e sim, eu já devia ter me acostumado com isso) !!!

A guarda alternada

Depois de 6 semanas de férias de verão, esta semana meu filho voltou às aulas e inauguramos oficialmente a guarda alternada como haviámos planejado final do ano passado...até então eu tinha a guarda do Liam durante a semana e o pai dele todo fim-de-semana, um esquema relativamente comum (embora mais comum seja dois fins-de semana alternados por mês para o pai).

Pois bem, coração de mãe é bicho estranho, e confesso que está sendo mais difícil do que andei alardeando por aí...Não, não tenho a menor dúvida de que a guarda alternada foi a melhor escolha que fizemos mas na prática, há muito com que se acostumar sim. Basicamente, meu filho vive metade do tempo com o pai e metade do tempo comigo, ele tem duas casas (e dois quartos!). Ou seja: agora sou mãe uma semana sim, outra não.

Convenhamos, não é o esquema mais usual, mesmo em tempos modernos com recordes de divórcio em todo o mundo. Pra piorar, volta e meia ouço uma reação de mãe: eu não conseguiria fazer isso que você está fazendo, ficar tantos dias sem ver meu filho! Pois eu consigo (sinto saudades, mas consigo), simplesmente porque penso no meu filho antes de pensar em mim mesma, amor de mãe é assim. Sei que ele precisa de um pai tanto quanto precisa de uma mãe -- eu não tenho o direito de destruir esta relação que eles estão construindo!

Engraçado como sempre fui uma ovelha negra...até mesmo na hora do divórcio, optei intuitivamente pela solução menos convencional. Embora a guarda alternada venha se tornando cada vez mais popular aqui na Europa (França, Inglaterra, Holanda, etc), ela ainda é algo relativamente novo, mesmo em termos jurídicos. No final das contas, o divórcio não foi escolha dos filhos e sim dos pais, e não temos o direito de tirar deles mais do que já tiramos! Felizmente, muitos psicólogos já comprovaram que pior do que ser filho do divórcio é ser filho em um casamento infeliz, em que ninguém consegue funcionar direito...

Moral da estória: cada um vive como pode.

terça-feira, setembro 05, 2006

Pura admiração

Hoje estava lendo a entrevista de uma amiga que conheci na minha comunidade favorita do orkut e confirmei o que já sabia há tempos: a enorme admiração que tenho pela pessoa que ela é, pura e simplesmente.

Nos dias de hoje é muito difícil encontrarmos pessoas genuínas, que não têm medo de expôr e defender suas idéias, pessoas cuja vida é regrada pela ética pessoal e profissional (no sentido original da palavra), pessoas articuladas e diretas que sabem se impor sem serem agressivas, que sabem discutir sem julgar os outros. Que falam sem mandar recado mas que também sabem ficar caladas quando o momento pede. Eu sempre admirei pessoas que sabem quando falar e quando calar, e ela é um dos maiores exemplos que conheço atualmente.

Ela não sabe disso mas é uma das poucas pessoas que escreve e me faz pensar sempre, me faz refletir sobre minhas verdades, me ensina a ver o mundo sob outro ângulo, questionar minhas opiniões...Talvez por ela ser uma pessoa muito racional (no bom sentido) e considerada até fria por alguns, sempre aprendo muito com ela -- eu que sou emotiva e espontânea, e por isso muitas vezes ingênua no trato com as pessoas.

Tânia, sei que você odeia rasgação de seda mas tudo que disse aqui encima é do fundo do coração!

Cuidado: Frágil



Alguns amigos gostam de usar o termo crítica construtiva e muitas vezes esquecem que na amizade, assim como na vida, tudo tem sua hora e lugar. Como aquele amigo que julga te conhecer melhor do que ninguém e se acha no direito de emitir julgamentos e dizer o que bem entende, na hora que bem entende – e que acaba ferindo o outro sem perceber (afinal de contas, era apenas uma crítica construtiva).

Eu acredito que uma linha tênue separa uma crítica construtiva de outra nem tanto assim...ao fazer uma crítica ao amigo é preciso muita sensibilidade para dosar as palavras e falar sem magoar o outro -- é preciso, antes de mais nada, intuir o momento certo (nunca chute um cachorro morto, como li outro dia num post do orkut). E isso é uma arte que poucos dominam (confesso que eu mesma me atrapalho até hoje, apesar das boas intenções). É que em alguns momentos da vida da gente, tudo que precisamos de nossos amigos é de um colo e de umas poucas palavras de encorajamento para seguirmos em frente. Nesses momentos nem sempre estamos preparados para ouvir críticas...por mais construtivas que elas sejam.

Sempre considerei a amizade um dos sentimentos mais especiais que une duas pessoas mas como todo o relacionamento humano, é uma arte saber quando falar e quando calar. É uma arte maior ainda intuir que o que o amigo precisa naquele momento -- mais do que de uma crítica construtiva -- é de uma manifestação de carinho e de aceitação.

Com o passar dos anos, aprendemos que algumas pessoas são mais frágeis do que outras (não confundir com mais fracas, no meu ponto de vista fraqueza e fragilidade são duas coisas bem distintas). Infelizmente, elas não vem com um rótulo dizendo Cuidado: Frágil.

Voltei!




Está oficialmente comprovado: a Internet (orkut, MSN) é um vício...depois de 12 dias sem internet e e-mail e já apresentando sintomas avançados de abstinência, é muito bom dar as caras por aqui de novo...é ótimo voltar ao meu cantinho virtual e saber que ao menos aqui posso escrever o que me der na telha (é que os amigos já se acostumaram).

E digo mais, se a internet é um vício, escrever para mim é uma questão de sobrevivência (pensando bem, não sei como não comecei um blog antes). Welcome to my world.

Não compre um livro pela capa (leia-se: as aparências enganam)

De uns tempos para cá, percebo cada vez mais que existem em mim não uma, mas duas pessoas distintas (uma personalidade um tanto quanto esquizofrênica mas é a verdade nua e crua). Uma pessoa é aquela que o mundo vê e a outra é aquela que apenas quem é capaz de ver além das aparências conhece. Essa última percebem apenas aqueles que têm a (rara) sensibilidade de olhar uma segunda vez e intuir o que não foi dito, aqueles que têm o dom de ler nas entrelinhas. Aqueles que ouvem não apenas o que foi dito mas principalmente o que não foi dito -- em suma, meus amigos.

Funciona mais ou menos assim: muitas vezes a imagem que passamos não corresponde em nada (ou quase nada) com quem realmente somos...na verdade, essa imagem (também chamada de persona em alguns círculos) nada mais é do que um mecanismo de defesa que usamos para sobreviver na selva das relações sociais. O problema começa quando esse mecanismo deixa de trabalhar em nosso favor e começa a atrapalhar mais do que ajudar...quando a pessoa que os outros vêem deixa muito a desejar em relação à pessoa por trás das aparências. Nessas horas, o confronto é inevitável (e acima de tudo doloroso) e a nós só nos resta parar tudo, respirar fundo e recriar a nós mesmos.

Estou escrevendo isso porque outro dia fiquei muito triste. Após um primeiro contato com uma pessoa, cheguei em casa com a desagradável sensação de ter deixado uma imagem bastante equivocada da minha pessoa -- e pior, percebi que a culpa era unicamente minha, por ter passado a imagem errada. A verdade é que por trás de uma personalidade falante e agitada, existe uma pessoa extremamente sensível e profunda. Por trás de uma pessoa barulhenta e extrovertida, existe uma pessoa introvertida que ama o silêncio e que busca a solidão, uma pessoa que pensa e sente demais...E acima de tudo, alguém com o coração maior do que o mundo -- alguém que quando gosta, gosta pra valer e que leva seus afetos muito à sério. Alguém que se magoa facilmente mas que também sabe perdoar.

Sorte é que meus amigos sabem exatamente quem eu sou, eles sempre souberam ver além das aparências e hoje posso dizer que isso me basta –no final das contas, não se pode mesmo agradar a gregos e troianos.
Tecnologia do Blogger.

Pausa para reflexão




É preciso tempo para digerir o fim de uma amizade. Sim, as expectativas eram minhas, mas por outro lado, acho humano e normal esperarmos algo do amigo, é normal querermos compartilhar nossos melhores e piores momentos com estas pessoas especiais que escolhemos para fazer parte de nossa vida. Mente quem diz que não tem expectativas: a gente sempre espera alguma coisa - de alguns mais, de outros menos, mas sempre esperamos algo.

Não, não estou falando em cobrança, nem em possessividade - apenas em amizade verdadeira, daquelas em que o amigo se preocupa genuinamente com o bem-estar do outro e sabe não apenas compartilhar alegrias, mas principalmente suavizar a dor. Ele não precisa ter as palavras certas nem oferecer aconselhamento profissional (para isso existem os psicólogos e psiquiatras), ele não precisa ter a solução para todos nossos problemas, basta sua presença amiga para ajudar a atravessar as tempestades da vida. No final das contas, não é tão complicado assim. Uma coisa é certa: amizade não se esmola - ou é ou não é, as simple as that.

Para encerrar, este belíssimo poema irlandês.

A Friendship Blessing
May you be blessed with good friends.
May you learn to be a good friend to yourself.
May you be able to journey to that place in your soul where there is great love, warmth, feeling and forgiveness.
May this change you.
May this transfigure that which is negative, distant or cold in you.
May you be brought in to the real passion, kinship and affinity of belonging.
May you treasure your friends.
May you be good to them and may you be there for them, may they bring you all the blessings, challenges, truth and light that you need for your journey.
May you never be isolated, but may you always be in the gentle nest of belonging with your anam cara.

PS. anam cara is celtic for soul friend. Este poema encontra-se em um dos meus livros favoritos: Anam Cara - Spiritual Wisdom from the Celtic World, de John O´Donohue. Leitura altamente recomendada para os tempos modernos, em que as pessoas precisam resgatar o que realmente é importante na vida.

Sujeito Indireto

Quem dera eu achasse um jeito
de fazer tudo perfeito,
feito a coisa fosse o projeto
e tudo já nascesse satisfeito.
Quem dera eu visse o outro lado,
o lado de lá, lado meio,
onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
Quem dera um ângulo reto.
Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.

Paulo Leminski

What the Bleep do We Know?!!



Absolutamente fantástico! Não tenho outras palavras para descrever o documentário que assisti domingo passado -- o tipo de filme que faz você repensar suas idéias preconcebidas sobre o mundo e sobre a realidade à sua volta (ou seria melhor dizer, como ela é vivenciada por você).

O documentário coloca, em uma linguagem acessível aos leigos, os principais conceitos sendo discutidos na Ciência Moderna -- e, mais especificamente, no campo da Física Quântica. Com a ajuda de animação gráfica de última geração, o filme guia o expectador através de uma jornada sem volta...uma jornada pelo campo das possibilidades infinitas, onde descobriremos que a realidade não é o que vemos e nem tampouco o que a ciência nos vinha fazendo crer até pouco tempo atrás.

Com base nas últimas descobertas no campo da Física Quântica, físicos, filósofos e místicos afirmam em seus depoimentos que a matéria não é sólida como costumamos pensar -- mas etérea, mutável e o que é mais surpreendente, pode ser alterada por nossos pensamentos.

Uma das principais mensagens é que nós temos o controle sobre nosso corpo e nossas emoções, e podemos escolher conscientemente a realidade em que queremos viver (o que já era sabido por vários líderes espirituais do mundo todo, entre eles Deepak Chopra em seu belíssimo livro A Cura Quântica, publicado no Brasil em 1991).

Portanto, todo cuidado é pouco: este filme pode mudar sua vida!

PS. O filme foi distribuído no Brasil com o título Quem Somos Nós?

Diz o ditado que os amigos são a família que a gente escolhe...mas e quando eles não escolhem a gente? Acho que o problema é quando a gente espera dos outros algo que eles não podem (ou não querem) nos dar. Ou simplesmente, quando não fazemos parte da família que eles escolheram para si mesmos (e sim, a verdade às vezes dói mas é inevitável).

Hoje estou melancólica, deve ser a chegada do outono...mas passa. Como as estações do ano, tudo muda o tempo todo. Não adianta se prender a emoções antigas quando elas simplesmente deixaram de existir, deixaram de ter sua razão de ser. A vida é plena de possibilidades -- precisamos aprender a deixar o rio fluir.

Filho de peixe, peixinho é...




Os filhos são um pedacinho da gente neste mundo. Meu filho é a cara do pai mas com o meu temperamento (não, não posso reclamar que ele não tem nada de mim). Um menino extrovertido, sociável, tagarela e nada tímido...o pai dele, por outro lado, é um exemplo típico de introversão, muito tímido e de poucas palavras.

Pois o Liam é uma mistura dos dois e isso faz dele uma criaturinha única e admirável! Um menino que adora acampar e explorar a natureza, sabe os nomes das árvores, insetos e cobras (o pai dele adora a natureza) mas que também sabe curtir um bom filme ou um livro com belas ilustrações (a paixão por filmes e livros ele herdou da mãe, e espero que continue por muitos e muitos anos, livros são ótimos companheiros -- e os filmes, simplesmente não posso imaginar minha vida sem eles).

Pensando bem, como o pai dele e eu temos interesses diferentes, isso é um acréscimo pois inevitavelmente ele acaba sendo apresentado ao melhor de dois mundos -- o mundo da natureza (em todas as suas formas) e o mundo das cidades (e tudo que existe dentro delas). O mundo dos animais e das plantas e o mundo do cinema e da literatura infantil, entre outras coisas. Duas visões de mundo que podem e devem se complementar.

E no final das contas, o mundo está cheio de coisas fascinantes a serem descobertas! Quem sabe os adultos não deveriam seguir o exemplo das crianças e (re)aprender a ver o mundo como se olhassem pela primeira vez...há maravilhas por toda parte, basta ter olhos e saber ver.

Os números

Ainda sobre a guarda alternada: e não é que ela é menos usual do que eu pensava? Num artigo que achei na net hoje, li que na Holanda a guarda alternada é adotada apenas por 3% dos casais que se divorciam (me pergunto qual seria este índice no Brasil).

Ela não está ainda na legislação, sendo apenas um contrato formal entre as duas partes (pai e mãe). Ou seja, é reconhecida em algumas instâncias, mas não na legislação propriamente dita. Agora me deu arrepios...sou mais pioneira do que eu pensava (e sim, eu já devia ter me acostumado com isso) !!!

A guarda alternada

Depois de 6 semanas de férias de verão, esta semana meu filho voltou às aulas e inauguramos oficialmente a guarda alternada como haviámos planejado final do ano passado...até então eu tinha a guarda do Liam durante a semana e o pai dele todo fim-de-semana, um esquema relativamente comum (embora mais comum seja dois fins-de semana alternados por mês para o pai).

Pois bem, coração de mãe é bicho estranho, e confesso que está sendo mais difícil do que andei alardeando por aí...Não, não tenho a menor dúvida de que a guarda alternada foi a melhor escolha que fizemos mas na prática, há muito com que se acostumar sim. Basicamente, meu filho vive metade do tempo com o pai e metade do tempo comigo, ele tem duas casas (e dois quartos!). Ou seja: agora sou mãe uma semana sim, outra não.

Convenhamos, não é o esquema mais usual, mesmo em tempos modernos com recordes de divórcio em todo o mundo. Pra piorar, volta e meia ouço uma reação de mãe: eu não conseguiria fazer isso que você está fazendo, ficar tantos dias sem ver meu filho! Pois eu consigo (sinto saudades, mas consigo), simplesmente porque penso no meu filho antes de pensar em mim mesma, amor de mãe é assim. Sei que ele precisa de um pai tanto quanto precisa de uma mãe -- eu não tenho o direito de destruir esta relação que eles estão construindo!

Engraçado como sempre fui uma ovelha negra...até mesmo na hora do divórcio, optei intuitivamente pela solução menos convencional. Embora a guarda alternada venha se tornando cada vez mais popular aqui na Europa (França, Inglaterra, Holanda, etc), ela ainda é algo relativamente novo, mesmo em termos jurídicos. No final das contas, o divórcio não foi escolha dos filhos e sim dos pais, e não temos o direito de tirar deles mais do que já tiramos! Felizmente, muitos psicólogos já comprovaram que pior do que ser filho do divórcio é ser filho em um casamento infeliz, em que ninguém consegue funcionar direito...

Moral da estória: cada um vive como pode.

Pura admiração

Hoje estava lendo a entrevista de uma amiga que conheci na minha comunidade favorita do orkut e confirmei o que já sabia há tempos: a enorme admiração que tenho pela pessoa que ela é, pura e simplesmente.

Nos dias de hoje é muito difícil encontrarmos pessoas genuínas, que não têm medo de expôr e defender suas idéias, pessoas cuja vida é regrada pela ética pessoal e profissional (no sentido original da palavra), pessoas articuladas e diretas que sabem se impor sem serem agressivas, que sabem discutir sem julgar os outros. Que falam sem mandar recado mas que também sabem ficar caladas quando o momento pede. Eu sempre admirei pessoas que sabem quando falar e quando calar, e ela é um dos maiores exemplos que conheço atualmente.

Ela não sabe disso mas é uma das poucas pessoas que escreve e me faz pensar sempre, me faz refletir sobre minhas verdades, me ensina a ver o mundo sob outro ângulo, questionar minhas opiniões...Talvez por ela ser uma pessoa muito racional (no bom sentido) e considerada até fria por alguns, sempre aprendo muito com ela -- eu que sou emotiva e espontânea, e por isso muitas vezes ingênua no trato com as pessoas.

Tânia, sei que você odeia rasgação de seda mas tudo que disse aqui encima é do fundo do coração!

Cuidado: Frágil



Alguns amigos gostam de usar o termo crítica construtiva e muitas vezes esquecem que na amizade, assim como na vida, tudo tem sua hora e lugar. Como aquele amigo que julga te conhecer melhor do que ninguém e se acha no direito de emitir julgamentos e dizer o que bem entende, na hora que bem entende – e que acaba ferindo o outro sem perceber (afinal de contas, era apenas uma crítica construtiva).

Eu acredito que uma linha tênue separa uma crítica construtiva de outra nem tanto assim...ao fazer uma crítica ao amigo é preciso muita sensibilidade para dosar as palavras e falar sem magoar o outro -- é preciso, antes de mais nada, intuir o momento certo (nunca chute um cachorro morto, como li outro dia num post do orkut). E isso é uma arte que poucos dominam (confesso que eu mesma me atrapalho até hoje, apesar das boas intenções). É que em alguns momentos da vida da gente, tudo que precisamos de nossos amigos é de um colo e de umas poucas palavras de encorajamento para seguirmos em frente. Nesses momentos nem sempre estamos preparados para ouvir críticas...por mais construtivas que elas sejam.

Sempre considerei a amizade um dos sentimentos mais especiais que une duas pessoas mas como todo o relacionamento humano, é uma arte saber quando falar e quando calar. É uma arte maior ainda intuir que o que o amigo precisa naquele momento -- mais do que de uma crítica construtiva -- é de uma manifestação de carinho e de aceitação.

Com o passar dos anos, aprendemos que algumas pessoas são mais frágeis do que outras (não confundir com mais fracas, no meu ponto de vista fraqueza e fragilidade são duas coisas bem distintas). Infelizmente, elas não vem com um rótulo dizendo Cuidado: Frágil.

Voltei!




Está oficialmente comprovado: a Internet (orkut, MSN) é um vício...depois de 12 dias sem internet e e-mail e já apresentando sintomas avançados de abstinência, é muito bom dar as caras por aqui de novo...é ótimo voltar ao meu cantinho virtual e saber que ao menos aqui posso escrever o que me der na telha (é que os amigos já se acostumaram).

E digo mais, se a internet é um vício, escrever para mim é uma questão de sobrevivência (pensando bem, não sei como não comecei um blog antes). Welcome to my world.

Não compre um livro pela capa (leia-se: as aparências enganam)

De uns tempos para cá, percebo cada vez mais que existem em mim não uma, mas duas pessoas distintas (uma personalidade um tanto quanto esquizofrênica mas é a verdade nua e crua). Uma pessoa é aquela que o mundo vê e a outra é aquela que apenas quem é capaz de ver além das aparências conhece. Essa última percebem apenas aqueles que têm a (rara) sensibilidade de olhar uma segunda vez e intuir o que não foi dito, aqueles que têm o dom de ler nas entrelinhas. Aqueles que ouvem não apenas o que foi dito mas principalmente o que não foi dito -- em suma, meus amigos.

Funciona mais ou menos assim: muitas vezes a imagem que passamos não corresponde em nada (ou quase nada) com quem realmente somos...na verdade, essa imagem (também chamada de persona em alguns círculos) nada mais é do que um mecanismo de defesa que usamos para sobreviver na selva das relações sociais. O problema começa quando esse mecanismo deixa de trabalhar em nosso favor e começa a atrapalhar mais do que ajudar...quando a pessoa que os outros vêem deixa muito a desejar em relação à pessoa por trás das aparências. Nessas horas, o confronto é inevitável (e acima de tudo doloroso) e a nós só nos resta parar tudo, respirar fundo e recriar a nós mesmos.

Estou escrevendo isso porque outro dia fiquei muito triste. Após um primeiro contato com uma pessoa, cheguei em casa com a desagradável sensação de ter deixado uma imagem bastante equivocada da minha pessoa -- e pior, percebi que a culpa era unicamente minha, por ter passado a imagem errada. A verdade é que por trás de uma personalidade falante e agitada, existe uma pessoa extremamente sensível e profunda. Por trás de uma pessoa barulhenta e extrovertida, existe uma pessoa introvertida que ama o silêncio e que busca a solidão, uma pessoa que pensa e sente demais...E acima de tudo, alguém com o coração maior do que o mundo -- alguém que quando gosta, gosta pra valer e que leva seus afetos muito à sério. Alguém que se magoa facilmente mas que também sabe perdoar.

Sorte é que meus amigos sabem exatamente quem eu sou, eles sempre souberam ver além das aparências e hoje posso dizer que isso me basta –no final das contas, não se pode mesmo agradar a gregos e troianos.