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Este mês de outubro teria tudo pra ser um mês ruim. Pouco trabalho, pouquíssima grana, viagem à Paris cancelada e crise aguda de hérnia (quem acompanha este blog já soube dos detalhes picantes). Um mês de descanso forçado, muitos filmes e muitos livros (pelo menos isso). Mudança de estação, os longos dias de verão se despedindo e dando lugar aos dias de outono com as folhas caindo das árvores. Outubro sempre foi um mês esquisito pra mim, uma certa melancolia no ar e a proximidade de mais um inverno. Sempre foi assim desde que me mudei para a Europa. Porque no Brasil - ou pelo menos no Rio onde sempre morei - a gente mal percebia as mudanças de estação.
Mas voltando ao assunto deste post, ontem fui na terapia cognitiva e a minha terapeuta olhou pra mim e disse: você parece bem melhor do que há duas semanas. Mais calma, mais tranquila. E ela está certa: com a crise de hérnia e a chegada do outono eu decidi que não ia deixar me levar...e não, não irei ficar deprimida este inverno (como aliás não fiquei inverno passado, graças à companhia do meu cobertor de orelhas).
Mas que tem sido uma luta diária, isso tem. Todos os dias quando acordo, eu conto mentalmente as minhas benções (como escrevi aqui recentemente). Porque a verdade é que, se não faltam motivos pra ficar deprimida, também não faltam motivos para ser feliz! É tudo uma questão de percepção. Ou escolha talvez. Embora eu acredite que em alguns momentos da vida a gente não tem a opção de ficar ou não deprimido (e quem sobreviveu uma depressão séria sabe bem disso). Mas depois de três episódios e tomando doses diárias de antidepressivos há cinco anos, a coisa muda. A gente aprende a reconhecer rapidamente os (primeiros) sintomas de uma possível recaída e vai logo tomando medidas para não cair (de novo) no buraco negro. Porque sair do buraco é bem mais complicado. No meu caso, a terapia que acompanha o medicamento tem sido a combinação ideal. E mais cedo ou mais tarde, a gente acaba tendo de tomar uma decisão. A decisão de ser feliz. E não é fácil, meus amigos...porque na vida tenho aprendido que ser feliz é uma ARTE.
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PS. Escolhi a ilustração da Emily Strange por duas razões. A primeira é porque hoje é dia de Halloween. A segunda é porque adoro esta menina...