terça-feira, fevereiro 22, 2011

Seu filho (não) fala português?

Este é um daqueles posts que eu estou pra escrever há séculos. Mas que só de pensar dá preguiça...e se for pra ser sincera, uma certa raiva. Raiva porque cansei de ouvir a pergunta acima e o olhar chocado quando eu respondo que não, meu filho não fala português (ainda não).

Então finalmente decidi  escrever sobre essa questão, nem que seja a título de esclarecimento. Além de informar outros pais no mesmo barco. Pra começar, eu queria dizer que cada criança é diferente, que meninos e meninas são diferentes quanto ao desenvolvimento da fala. E mais: que bilinguismo e trilinguismo são questões bem diferentes. No caso do meu filho, foi trilinguismo. O que vejo muito pouco por aqui pois a grande maioria das mães brasileiras que conheço é casada com holandês. E assim elas falam tranquilamente português com as crias e deixam o holandês pro pai (e pro resto da família holandesa, o que convenhamos é uma mão na roda).

No meu caso, há alguns anos desisti de falar português com meu filho aqui na Holanda e fui muito criticada (por essas mesmas mães de crianças bilingues). Tomei a decisão por recomendação da própria escola, e porque era o melhor para o meu filho (que na época já tinha sessões com uma fonoaudióloga). Em casa falávamos inglês e como nem a mãe nem o pai são holandeses, o holandês dele já chegou capenga na escola. Até os três anos eu ainda tentava falar em português com ele. Mas ele teve um grande atraso no desenvolvimento da fala, além de outros problemas (autismo, como quem lê este blog bem sabe).

O que me surpreende mersmo é ver como as pessoas são rápidas em criticar. E pior ainda, em generalizar uma questão tão complexa (e eu estudei línguas estrangeiras a vida toda então sei do que estou falando). Aquele discurso copiado de dizer que criança aprende várias línguas facilmente, que quanto mais cedo melhor, etc etc etc. Na prática a estória é bem diferente, a começar porque algumas crianças tem mais facilidade (talento) pras línguas - em geral meninas, como já comprovado em inúmeros estudos. Sem falar na situação específica de cada família. Meu filho por exemplo nunca foi ao Brasil porque não tenho família lá (digo pai, mãe e irmãos).

Outra coisa que me surpreende são essas mães que obrigam seus filhos (nascidos aqui) a falar o português a todo custo, jogar capoeira, tocar batuque e comer feijão com arroz todo dia (acho que vocês entendem onde quero chegar). Sem falar nas visitas anuais ao Brasil (que eu até compreendo, pra quem tem família). Porque o Brasil pode ser o meu país, mas meu filho nasceu na Holanda e o país dele é aqui - quer eu goste ou não!

Eu sou da opinião que a gente deve fazer o que é melhor para os nossos filhos e não o que é melhor (ou mais conveniente) pra gente!  E o melhor para o meu filho é falar bem o holandês e o inglês (sua segunda língua). Por que? Antes de mais nada, porque ele nasceu e estuda aqui e precisa de proficiência na língua para ser bem-sucedido em sua carreira escolar. E o inglês é e continua sendo a língua mais importante do mundo, ensinado em escolas ao redor do mundo (e aqui não é diferente). Sim, eu pesei muito os prós e os contras antes de tomar a minha decisão.

Pra encerrar o assunto, queria sugerir um post de uma mãe brasileira na Alemanha, que foi o que me levou a escrever este post aqui no meu blog. Leiam o post, leiam os comentários e tirem suas próprias conclusões: Bilinguismo e dificuldade na fala.

17 comentários:

Glenda disse...

Acho que vc está corretíssima. E tem mais, cada um escolhe o que acha que é melhor para sua familia. Eu acho importante a criança conhecer a origem dos pais e a sua cultura, acho estranho filhos de brasileiros (mas tb pode ser italianos, alemães, etc) que moram em outro país e desconhecem por completo as suas "raízes". Eu, nacida no Brasil, pai e mãe nascidos lá tb, adoraria saber mais sobre minha família italiana e alemã se tivesse oportunidade.

Anita disse...

Beth, eu ri com esse seu post. Ja passei ha muito tempo da epoca eu que eu justificava algo para os outros.
Os meus filhos sao nascidos e criados aqui e claaaaro que a lingua holandesa E' A lingua NATIVA deles, e nao podia ser diferente. Claro que eu falo coisinhas com eles em portugues ("comeu bem ?/vamos escovar os dentinhos ?/Ja botou o pijama ? Esta cansado ? O que voce comeu na casa do fulano ?/Te amo ! Da um abraco ? Apertadooo") Ou seja: coisas bem simples, domesticas. Ele gostam de repetir o que eu assopro no telefone para eles falarem com vovo e vovo'... Eles amam ver DVD's em portugues e o mais velho ate segue estorinhas em quadrinhos de Cascao, Monica e Cebolinha (plaatjes kijken) sem entender o que esta escrito. Estou deixando ele se afirmar mais na escrita e leitura em holandes (ele e' mais uma pessoa de numeros que palavras) e vou alfabetiza-lo em portugues.
OU seja: acho importante que eles saibam um pouco de portugues e do Brasil mas nao tenho ilusoes que a lingua primeira dele e' mesmo o holandes. E dai ?

neusa A-Cortez disse...

Oi Beth, retribuindo a sua visita tao gentil, aqui estou eu. Achei muito divertido o seu post. Concordo plenamente que nao temos que dar ouvidos às críticas negativas e chavoes. Cada crianca é única e com uma dinâmica familiar única. Já fazemos um bem danado para nossos filhos, para nós mesmos e para o universo se convivemos num ambiente mais harmonioso do que caótico. Ninguém é perfeito! Nada é perfeito! Tanto faz... Brasil, Holanda, Alemanha, etc.
Abraco e tudo de bom!

Bebete Indarte disse...

O melhor é relaxar mesmo, eu falo holandês e português, vivo oscilando com as crianças de uma língua pra outra.
Eles falam português de 'gringo', e se viram, entendem mais do que falam, e só é um pouco frustrante eles se comunicarem com brasileiros e familiares que nào falam nem holandês nem inglês, principalmente se a pessoa é legal, nesse Natal meu filho falou mais em inglês com o tio dele.
Mas não consigo ser consequente e só falar um idioma o DIA INTEIRO com eles, só holandês e só português, esse é o meu jeito, e vou mais longe, que os OUTROS se lixem, eles não pagam minhas contas, não lavam as nossas roupas, nem me dão sopinha quando estou doente. beijos

Luciana disse...

Não tenho filhos mas conheco muita gente passando por esse dilema. Concordo total com você.
Muito interessante seu post. Vou compartilhar com as amigas.

Beijo

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Beth! Vejo como um desafio ensinar uma lingua, quiçá mais de uma?! Acho que você está certíssima na sua escolha. bjsss

Eve disse...

Eu ia exatamente falar do texto da Sandra... ;)
O erro está sempre na generalização. Cada caso é um caso. E nós é que sabemos aonde o calo aperta, né?
Que falem, fia, que falem!
Bjs!

Karla disse...

Primeiramente gostaria de parabinzá-la pelo blog. Me chamo Karla, sou carioca nascida e criada na Cidade Maravilhosa e tenho 17 anos. Meu sonho é seguir carreira em Relações Internacionais, curso qual inicio ano que vem. Desde pequena sonho com tal profissão pois amo viajar, amo línguas e me aprofundo o quanto posso. Sou bilíngue e devido a minha criação desde cedo 'internacional' graças ao meu pai, almejo morar fora, conhecer outras culturas e obviamente, me estabilizar em outro país. Algo que sempre me deixou muito preocupada foi o fato abordado no post. Como todos, pretendo me casar porém criar meus filhos no país que eu residir, mas e a língua? Venho me perguntando isso sempre que penso sobre o assunto, e com certeza seu post clareou minha mente. Muito obrigada por isso, e parabéns pelo ótimo trabalho.

Anônimo disse...

Bethinha, manda esse povo catar coquinho, que te entendo perfeitamente, ainda mais como profissional de saúde, sei que não se deve forçar a barra pra criança fazer TUDO que vai além dos seus limites.
Se um dia ele quiser aprender português, que seja por vontade dele, por curiosidade dele.Se ele não quiser, beleza. Dá prefeitamente pra ele viver na Holanda como está.
( post que publiquei esses dias: "campanha pela vida- cada um cuida da sua"- veio bem a calhar né??) manda esse povo pagar a escola e sessões de fono do seu filho, que eles calam a boca na hora... beijos;))

Pri S. disse...

Ai, que esse tipo de coisa é bem o estilo que me faz sair do sério... Heloooooo! Por que as pessoas não se preocupam em cuidar um pouquinho mais da própria vida ao invés de ficar dando pitaco na vida alheia?

A pessoa sabe do contexto, da história de vida de vocês. Não, né? Viu seu filho crescer e sabe das diferentes nuances de comportamente dele? Não. Sabe que a relação que ele tem com o Brasil é de "país onde a mãe dele nasceu" e só? Ai, ai...

As pessoas gostam de romantizar, Beth. Ufanizar também. Se o cidadão fala Holandês e Inglês ele está muito mais apto a viver em QUALQUER LUGAR DO MUNDO do que alguém que fala Português... Pra que forçar a barra da criança?`Pra que essa necessidade idiota de status? Interferir no equilíbrio emocional de uma criança só pra suprir as expectativas alheias dos românticos de plantão?

Vc está certíssima na sua postura, Beth! O filho é seu e é vc quem sabe o que é melhor pra ele, quais são os limites e interesses reais dele.

E olha, isso não tem nada a ver com o detalhe do autismo. Muitas crianças sofrem essa pressão besta do bilinguismo ou trilinguismo, whatever, e acabam tendo dificuldades decorrentes dessa neurose que certos pais tem. Triste.

E parabéns a vc por fazer o que acha correto.

Bjos!

Adriana Alencar disse...

Eu moro na Grécia, mas meu filho mais velho passou 9 meses no Brasil quando o menor nasceu, e atualment ele fala as duas línguas, sendo que tem mais facilidade com o português. Eu falo com ele apenas em português, e todos os demais em grego; ele assiste filminhos em português no computador e vê desenhos em grego na TV. Há coisas que ele sabe perfeitamente nas duas línguas e diferencia em qual língua deve falar para cada pai. Acho que cada criança é diferente, pois embora ele tenha facilidade com línguas, aprendeu também canções simples em inglês e francês (!) além do português e do grego, ele demorou muito para caminhar, o fez apenas aos 15 meses, e ainda não tem uma boa coordenação, com quase 3 anos.
Criticar é muito fácil, dar um bom conselho ou opinião é difícil mas ainda mais difícil é se interessar, realmente, em ajudar. Ouça todas as opiniões mas sempre faça o que você achar melhor. Se não quiser criá-lo com costumes brasileiros, não o faça, você é quem sabe o que é melhor para ele e mais ninguém.
Gostei muito do seu espaço, estarei sempre passando por aqui!
Beijo
Adri

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Beth, também já escrevi sobre isso e as dificuldades que nossas criancas enfrentam em falar 2 línguas. Imagina a tua entao sendo 3 e fora disso nao tendo parentes no Brasil...

Eu sempre falei com o Daniel meu filho em português, mas ele sempre me respondeu tudo em alemao. Já a minha filha Viviane, que teve e tem problemas na fala desde cedo e fazemos terapia da palavra com ela desde que ela tinha 2 anos e meio, agora quase 7, optei por falar com ela só em alemao, mesmo correndo o risco de falar as preposicoes e declinacoes erradas. Por que? Porque além do problema da fala dela, ela tem um problema que é o de gravar. Ela nao consegue com a mesma facilidade que o irmao em memorizar e ai a coisa pega qdo entra uma segunda língua. Tudo é muito bonito na teoria e pode ser assunto para ser discutido em trabalhos de graduacao, mas cada crianca é um caso e os pais têm e devem ter a sensibilidade de sentir o que é melhor para a crianca. Nós nao vamos ao Brasil todos os anos e dai mais uma dificuldade em se aprender uma segunda língua que é ouvida pela mae. Ano passado qdo estivemos no Brasil, observei que os dois falaram o português. Qdo nao sabiam a palavra nos perguntavam e assim eles brincaram na rua, jogaram bola, foram para o cinema e a coisa fluiu.

Mas cuida mesmo do teu filho e deixe quem quiser falar. Meu filho tem dificuldades na gramática alema, nao sei se devido a falarmos com ele 2 línguas, mas o fato é que nao é fácil para a crianca e nem para nós no dia a dia.

Um abraco

Beth Blue disse...

Uau, que bom ler tantos comentários aqui e tanta experiência compartilhada. Quanto escrevi este post, eu já desconfiava que havia muita gente vivendo (quietinho) o meu dilema. Agora só confirmei isso. Bom saber que não estou sozinha e que tomei sim a decisão acertada - para o meu filho, na nossa situação específica.

A verdade é que muita gente fala do que não sabe. Aí é que mora o perigo, né?

Lia disse...

Oi, Beth
Eu acho que cada caso eh um caso, como vc mesma disse...eu estou morando ha apenas 6 meses fora e minha filha, de 7 anos, ja esta fluente no ingles. Meu marido quer que a gente so converse com ela em ingles, porque diz que eh aqui que a gente mora e nao no Brasil. Eu discordo, acho que tem que continuar com o portugues, pelo menos em casa...mas sao opinioes, ne? Cada um tem a sua..belo post! Bjs

Milena F. disse...

Beth, ainda não tenho filhos, mas penso que quando tiver falarei em francês com ele, e não em português (mesmo sendo muito criticada por mães brasileiras). Em primeiro lugar pq aqui em casa só falamos francês, e se o meu marido não aprender português até lá, fica meio estranho ficar falando em uma lingua que ele não poderá entender. em segundo, porque a prioridade, se vivemos na França, é que a criança domine a lingua do país em que vive.
No dia a dia vejo que essa história de que criança domina fácil vários idiomas não é bem assim, a maioria que eu conheço mistura tudo e tem problemas na escola (e de socialização). Além disso, meu marido trabalha em escola e ele sempre fala de seus alunos com mais dificuldades, e são sempre filhos de estrangeiros que só falam outra língua em casa. Se meu filho for bilingue ou tri, melhor ainda, mas vou me contentar se ele dominar o idioma do país em que vive!

Mikelli disse...

o que eu acho importante é dar a chance aos nossos filhos de falar varias linguas e conhecer as diferentes culturas. No final sao eles que vao decidir que cultura será "a deles" e que lingua eles vao aceitar. Como vc disse, existem mil teorias pra bi- e trilinguismo, mas cada um vai achar o proprio jeito de criar os filhos. Se o seu filho esta feliz e integrado na holanda, pq forcar outra coisa? Com o tempo ele vai ter a possibilidade de escolher o que quer e se quiser, aprender o portugues tb. gostei muito de conhecer seu blog. bjs!

Camila disse...

Oi Beth! Esse post é velho, mas também queria agradecer. Meu filho teve exatamente o mesmo problema que o seu, e vivo levando bronca de gente que não sabe nada de mim nem dele. Até a funcionária da polícia federal me deu bronca porque meu filho só fala inglês! Se fosse por mim, ele falava francês, português, yorubá, mandarin...mas o coitado fala a língua dele, ué!! Realmente, vai catar coquinho.

Tecnologia do Blogger.

Seu filho (não) fala português?

Este é um daqueles posts que eu estou pra escrever há séculos. Mas que só de pensar dá preguiça...e se for pra ser sincera, uma certa raiva. Raiva porque cansei de ouvir a pergunta acima e o olhar chocado quando eu respondo que não, meu filho não fala português (ainda não).

Então finalmente decidi  escrever sobre essa questão, nem que seja a título de esclarecimento. Além de informar outros pais no mesmo barco. Pra começar, eu queria dizer que cada criança é diferente, que meninos e meninas são diferentes quanto ao desenvolvimento da fala. E mais: que bilinguismo e trilinguismo são questões bem diferentes. No caso do meu filho, foi trilinguismo. O que vejo muito pouco por aqui pois a grande maioria das mães brasileiras que conheço é casada com holandês. E assim elas falam tranquilamente português com as crias e deixam o holandês pro pai (e pro resto da família holandesa, o que convenhamos é uma mão na roda).

No meu caso, há alguns anos desisti de falar português com meu filho aqui na Holanda e fui muito criticada (por essas mesmas mães de crianças bilingues). Tomei a decisão por recomendação da própria escola, e porque era o melhor para o meu filho (que na época já tinha sessões com uma fonoaudióloga). Em casa falávamos inglês e como nem a mãe nem o pai são holandeses, o holandês dele já chegou capenga na escola. Até os três anos eu ainda tentava falar em português com ele. Mas ele teve um grande atraso no desenvolvimento da fala, além de outros problemas (autismo, como quem lê este blog bem sabe).

O que me surpreende mersmo é ver como as pessoas são rápidas em criticar. E pior ainda, em generalizar uma questão tão complexa (e eu estudei línguas estrangeiras a vida toda então sei do que estou falando). Aquele discurso copiado de dizer que criança aprende várias línguas facilmente, que quanto mais cedo melhor, etc etc etc. Na prática a estória é bem diferente, a começar porque algumas crianças tem mais facilidade (talento) pras línguas - em geral meninas, como já comprovado em inúmeros estudos. Sem falar na situação específica de cada família. Meu filho por exemplo nunca foi ao Brasil porque não tenho família lá (digo pai, mãe e irmãos).

Outra coisa que me surpreende são essas mães que obrigam seus filhos (nascidos aqui) a falar o português a todo custo, jogar capoeira, tocar batuque e comer feijão com arroz todo dia (acho que vocês entendem onde quero chegar). Sem falar nas visitas anuais ao Brasil (que eu até compreendo, pra quem tem família). Porque o Brasil pode ser o meu país, mas meu filho nasceu na Holanda e o país dele é aqui - quer eu goste ou não!

Eu sou da opinião que a gente deve fazer o que é melhor para os nossos filhos e não o que é melhor (ou mais conveniente) pra gente!  E o melhor para o meu filho é falar bem o holandês e o inglês (sua segunda língua). Por que? Antes de mais nada, porque ele nasceu e estuda aqui e precisa de proficiência na língua para ser bem-sucedido em sua carreira escolar. E o inglês é e continua sendo a língua mais importante do mundo, ensinado em escolas ao redor do mundo (e aqui não é diferente). Sim, eu pesei muito os prós e os contras antes de tomar a minha decisão.

Pra encerrar o assunto, queria sugerir um post de uma mãe brasileira na Alemanha, que foi o que me levou a escrever este post aqui no meu blog. Leiam o post, leiam os comentários e tirem suas próprias conclusões: Bilinguismo e dificuldade na fala.

17 comentários:

Glenda disse...

Acho que vc está corretíssima. E tem mais, cada um escolhe o que acha que é melhor para sua familia. Eu acho importante a criança conhecer a origem dos pais e a sua cultura, acho estranho filhos de brasileiros (mas tb pode ser italianos, alemães, etc) que moram em outro país e desconhecem por completo as suas "raízes". Eu, nacida no Brasil, pai e mãe nascidos lá tb, adoraria saber mais sobre minha família italiana e alemã se tivesse oportunidade.

Anita disse...

Beth, eu ri com esse seu post. Ja passei ha muito tempo da epoca eu que eu justificava algo para os outros.
Os meus filhos sao nascidos e criados aqui e claaaaro que a lingua holandesa E' A lingua NATIVA deles, e nao podia ser diferente. Claro que eu falo coisinhas com eles em portugues ("comeu bem ?/vamos escovar os dentinhos ?/Ja botou o pijama ? Esta cansado ? O que voce comeu na casa do fulano ?/Te amo ! Da um abraco ? Apertadooo") Ou seja: coisas bem simples, domesticas. Ele gostam de repetir o que eu assopro no telefone para eles falarem com vovo e vovo'... Eles amam ver DVD's em portugues e o mais velho ate segue estorinhas em quadrinhos de Cascao, Monica e Cebolinha (plaatjes kijken) sem entender o que esta escrito. Estou deixando ele se afirmar mais na escrita e leitura em holandes (ele e' mais uma pessoa de numeros que palavras) e vou alfabetiza-lo em portugues.
OU seja: acho importante que eles saibam um pouco de portugues e do Brasil mas nao tenho ilusoes que a lingua primeira dele e' mesmo o holandes. E dai ?

neusa A-Cortez disse...

Oi Beth, retribuindo a sua visita tao gentil, aqui estou eu. Achei muito divertido o seu post. Concordo plenamente que nao temos que dar ouvidos às críticas negativas e chavoes. Cada crianca é única e com uma dinâmica familiar única. Já fazemos um bem danado para nossos filhos, para nós mesmos e para o universo se convivemos num ambiente mais harmonioso do que caótico. Ninguém é perfeito! Nada é perfeito! Tanto faz... Brasil, Holanda, Alemanha, etc.
Abraco e tudo de bom!

Bebete Indarte disse...

O melhor é relaxar mesmo, eu falo holandês e português, vivo oscilando com as crianças de uma língua pra outra.
Eles falam português de 'gringo', e se viram, entendem mais do que falam, e só é um pouco frustrante eles se comunicarem com brasileiros e familiares que nào falam nem holandês nem inglês, principalmente se a pessoa é legal, nesse Natal meu filho falou mais em inglês com o tio dele.
Mas não consigo ser consequente e só falar um idioma o DIA INTEIRO com eles, só holandês e só português, esse é o meu jeito, e vou mais longe, que os OUTROS se lixem, eles não pagam minhas contas, não lavam as nossas roupas, nem me dão sopinha quando estou doente. beijos

Luciana disse...

Não tenho filhos mas conheco muita gente passando por esse dilema. Concordo total com você.
Muito interessante seu post. Vou compartilhar com as amigas.

Beijo

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Beth! Vejo como um desafio ensinar uma lingua, quiçá mais de uma?! Acho que você está certíssima na sua escolha. bjsss

Eve disse...

Eu ia exatamente falar do texto da Sandra... ;)
O erro está sempre na generalização. Cada caso é um caso. E nós é que sabemos aonde o calo aperta, né?
Que falem, fia, que falem!
Bjs!

Karla disse...

Primeiramente gostaria de parabinzá-la pelo blog. Me chamo Karla, sou carioca nascida e criada na Cidade Maravilhosa e tenho 17 anos. Meu sonho é seguir carreira em Relações Internacionais, curso qual inicio ano que vem. Desde pequena sonho com tal profissão pois amo viajar, amo línguas e me aprofundo o quanto posso. Sou bilíngue e devido a minha criação desde cedo 'internacional' graças ao meu pai, almejo morar fora, conhecer outras culturas e obviamente, me estabilizar em outro país. Algo que sempre me deixou muito preocupada foi o fato abordado no post. Como todos, pretendo me casar porém criar meus filhos no país que eu residir, mas e a língua? Venho me perguntando isso sempre que penso sobre o assunto, e com certeza seu post clareou minha mente. Muito obrigada por isso, e parabéns pelo ótimo trabalho.

Anônimo disse...

Bethinha, manda esse povo catar coquinho, que te entendo perfeitamente, ainda mais como profissional de saúde, sei que não se deve forçar a barra pra criança fazer TUDO que vai além dos seus limites.
Se um dia ele quiser aprender português, que seja por vontade dele, por curiosidade dele.Se ele não quiser, beleza. Dá prefeitamente pra ele viver na Holanda como está.
( post que publiquei esses dias: "campanha pela vida- cada um cuida da sua"- veio bem a calhar né??) manda esse povo pagar a escola e sessões de fono do seu filho, que eles calam a boca na hora... beijos;))

Pri S. disse...

Ai, que esse tipo de coisa é bem o estilo que me faz sair do sério... Heloooooo! Por que as pessoas não se preocupam em cuidar um pouquinho mais da própria vida ao invés de ficar dando pitaco na vida alheia?

A pessoa sabe do contexto, da história de vida de vocês. Não, né? Viu seu filho crescer e sabe das diferentes nuances de comportamente dele? Não. Sabe que a relação que ele tem com o Brasil é de "país onde a mãe dele nasceu" e só? Ai, ai...

As pessoas gostam de romantizar, Beth. Ufanizar também. Se o cidadão fala Holandês e Inglês ele está muito mais apto a viver em QUALQUER LUGAR DO MUNDO do que alguém que fala Português... Pra que forçar a barra da criança?`Pra que essa necessidade idiota de status? Interferir no equilíbrio emocional de uma criança só pra suprir as expectativas alheias dos românticos de plantão?

Vc está certíssima na sua postura, Beth! O filho é seu e é vc quem sabe o que é melhor pra ele, quais são os limites e interesses reais dele.

E olha, isso não tem nada a ver com o detalhe do autismo. Muitas crianças sofrem essa pressão besta do bilinguismo ou trilinguismo, whatever, e acabam tendo dificuldades decorrentes dessa neurose que certos pais tem. Triste.

E parabéns a vc por fazer o que acha correto.

Bjos!

Adriana Alencar disse...

Eu moro na Grécia, mas meu filho mais velho passou 9 meses no Brasil quando o menor nasceu, e atualment ele fala as duas línguas, sendo que tem mais facilidade com o português. Eu falo com ele apenas em português, e todos os demais em grego; ele assiste filminhos em português no computador e vê desenhos em grego na TV. Há coisas que ele sabe perfeitamente nas duas línguas e diferencia em qual língua deve falar para cada pai. Acho que cada criança é diferente, pois embora ele tenha facilidade com línguas, aprendeu também canções simples em inglês e francês (!) além do português e do grego, ele demorou muito para caminhar, o fez apenas aos 15 meses, e ainda não tem uma boa coordenação, com quase 3 anos.
Criticar é muito fácil, dar um bom conselho ou opinião é difícil mas ainda mais difícil é se interessar, realmente, em ajudar. Ouça todas as opiniões mas sempre faça o que você achar melhor. Se não quiser criá-lo com costumes brasileiros, não o faça, você é quem sabe o que é melhor para ele e mais ninguém.
Gostei muito do seu espaço, estarei sempre passando por aqui!
Beijo
Adri

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Beth, também já escrevi sobre isso e as dificuldades que nossas criancas enfrentam em falar 2 línguas. Imagina a tua entao sendo 3 e fora disso nao tendo parentes no Brasil...

Eu sempre falei com o Daniel meu filho em português, mas ele sempre me respondeu tudo em alemao. Já a minha filha Viviane, que teve e tem problemas na fala desde cedo e fazemos terapia da palavra com ela desde que ela tinha 2 anos e meio, agora quase 7, optei por falar com ela só em alemao, mesmo correndo o risco de falar as preposicoes e declinacoes erradas. Por que? Porque além do problema da fala dela, ela tem um problema que é o de gravar. Ela nao consegue com a mesma facilidade que o irmao em memorizar e ai a coisa pega qdo entra uma segunda língua. Tudo é muito bonito na teoria e pode ser assunto para ser discutido em trabalhos de graduacao, mas cada crianca é um caso e os pais têm e devem ter a sensibilidade de sentir o que é melhor para a crianca. Nós nao vamos ao Brasil todos os anos e dai mais uma dificuldade em se aprender uma segunda língua que é ouvida pela mae. Ano passado qdo estivemos no Brasil, observei que os dois falaram o português. Qdo nao sabiam a palavra nos perguntavam e assim eles brincaram na rua, jogaram bola, foram para o cinema e a coisa fluiu.

Mas cuida mesmo do teu filho e deixe quem quiser falar. Meu filho tem dificuldades na gramática alema, nao sei se devido a falarmos com ele 2 línguas, mas o fato é que nao é fácil para a crianca e nem para nós no dia a dia.

Um abraco

Beth Blue disse...

Uau, que bom ler tantos comentários aqui e tanta experiência compartilhada. Quanto escrevi este post, eu já desconfiava que havia muita gente vivendo (quietinho) o meu dilema. Agora só confirmei isso. Bom saber que não estou sozinha e que tomei sim a decisão acertada - para o meu filho, na nossa situação específica.

A verdade é que muita gente fala do que não sabe. Aí é que mora o perigo, né?

Lia disse...

Oi, Beth
Eu acho que cada caso eh um caso, como vc mesma disse...eu estou morando ha apenas 6 meses fora e minha filha, de 7 anos, ja esta fluente no ingles. Meu marido quer que a gente so converse com ela em ingles, porque diz que eh aqui que a gente mora e nao no Brasil. Eu discordo, acho que tem que continuar com o portugues, pelo menos em casa...mas sao opinioes, ne? Cada um tem a sua..belo post! Bjs

Milena F. disse...

Beth, ainda não tenho filhos, mas penso que quando tiver falarei em francês com ele, e não em português (mesmo sendo muito criticada por mães brasileiras). Em primeiro lugar pq aqui em casa só falamos francês, e se o meu marido não aprender português até lá, fica meio estranho ficar falando em uma lingua que ele não poderá entender. em segundo, porque a prioridade, se vivemos na França, é que a criança domine a lingua do país em que vive.
No dia a dia vejo que essa história de que criança domina fácil vários idiomas não é bem assim, a maioria que eu conheço mistura tudo e tem problemas na escola (e de socialização). Além disso, meu marido trabalha em escola e ele sempre fala de seus alunos com mais dificuldades, e são sempre filhos de estrangeiros que só falam outra língua em casa. Se meu filho for bilingue ou tri, melhor ainda, mas vou me contentar se ele dominar o idioma do país em que vive!

Mikelli disse...

o que eu acho importante é dar a chance aos nossos filhos de falar varias linguas e conhecer as diferentes culturas. No final sao eles que vao decidir que cultura será "a deles" e que lingua eles vao aceitar. Como vc disse, existem mil teorias pra bi- e trilinguismo, mas cada um vai achar o proprio jeito de criar os filhos. Se o seu filho esta feliz e integrado na holanda, pq forcar outra coisa? Com o tempo ele vai ter a possibilidade de escolher o que quer e se quiser, aprender o portugues tb. gostei muito de conhecer seu blog. bjs!

Camila disse...

Oi Beth! Esse post é velho, mas também queria agradecer. Meu filho teve exatamente o mesmo problema que o seu, e vivo levando bronca de gente que não sabe nada de mim nem dele. Até a funcionária da polícia federal me deu bronca porque meu filho só fala inglês! Se fosse por mim, ele falava francês, português, yorubá, mandarin...mas o coitado fala a língua dele, ué!! Realmente, vai catar coquinho.