sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Facebook e a Patrulha do Bom Humor






Este post foi inspirado por um texto que o meu querido amigo Antônio escreveu recentemente no Facebook dele. Como vocês já devem ter percebido (a menos que vivam em outro planeta), o Facebook dá panos pra manga. Se for pensar bem, aquilo ali daria um bom estudo antropológico (quem se anima? Tânia?).

Antônio descreveu uma questão que tem me incomodado muito no Facebook. E que eu sei que incomoda muita gente...enfim, posso ser louca mas sei que não estou sozinha! Muita gente comenta que o Facebook é um reflexo da realidade lá fora, então eu só posso chegar às seguintes conclusões:

A. Todo mundo vive feliz da vida, com ótimos empregos, viagens maravilhosas, filhos e maridos perfeitos. Enfim, um mundo cor-de-rosa que nem nas telas de cinema a gente vê mais.

B. Todo mundo (ou grande parte) vive em eterno processo de negação (denial), eternamente brincando de Polyanna e se esforçando pra mostrar uma realidade que na verdade está muito longe de ser real.

Eu como não sou boba nem nada, sei muito bem que a opção B é a mais provável, pra não dizer correta mesmo . Basta ler as notícias que vem sendo divulgadas recentemente sobre o Facebook, entre elas uma que afirma que o risco de depressão aumenta em proporção ao número de horas que se passa vendo aquelas fotos maravilhosas dos amigos felizes no Facebook. E não é pra menos né, gente? É felicidade demais pra nós "meros mortais" que tentamos viver um dia de cada vez.

Mas antes que me chamem de mal-amada (felizmente não é o caso) ou ranzinza (isso eu sou mesmo), eu vou logo dizer que sim: a felicidade é possível. E deve ser buscada no nosso dia-a-dia. Mas ela está longe de ser aquela felicidade retratada nos álbuns do Facebook. E no dia que você descobre isso, você pode finalmente começar a ser feliz - à sua maneira!

Vejam o meu caso. Eu tenho trabalho mas não tenho emprego (uma espécie de estágio de um ano mas deixa pra lá, eu sinceramente acho que trabalho é trabalho e pronto). Adoro o que faço, é bem verdade mas financeiramente não mudou nada. Sempre falta dinheiro depois de pagar as contas do mês. Viagens maravilhosas para continentes exóticos não fazem parte da minha realidade (e nem da sua, provavelmente). Sim, fui ao Brasil ano passado (patrocinada pelo meu tio querido). E desde que voltei estou economizando com dificuldades pra poder ir ao Brasil ano que vem. Porque ir ao Brasil a cada dois anos pra mim é um LUXO.

A boa notícia é que quanto mais os anos passam, mais eu percebo que a felicidade está nas pequenas coisas. Como hoje por exemplo: neve, chocolate quente, um bom livro...e eu sou feliz! Quando a gente entende de uma vez por todas que a felicidade é feita desses pequenos momentos, a gente deixa de se incomodar com as fantásticas aventuras dos outros no Facebook. Porque a verdade é que ninguém pode enganar todo mundo o tempo todo. E longe de mim ser urubu mas quem vive brincando de Polyanna mais cedo ou mais tarde seu mundinho cor-de-rosa desmorona...E a pessoa adoece ou cai na real (o que dói pra caramba, convenhamos).

Então vamos combinar de buscar a verdadeira felicidade, aquela que começa dentro de nós mesmos e que está nas pequenas alegrias e prazeres desta vida. A felicidade que está nas pessoas e não nas coisas. Nas amizades que ganhamos de presente nesta vida (e tem presente melhor do que a amizade?). Felizmente, esta felicidade independe da quantidade de dinheiro na sua conta bancária (eu que o diga).



Abaixo um trecho do texto brilhante do Antônio:
Outro dia aconteceu de novo. Eu havia escrito um comentário aqui no Facebook, que para mim não tinha absolutamente nada de errado, maligno ou incoveniente, apenas um comentário, um pensamento, uma divagação sem mais nem menos... e lá veio, sem ser pedido, mais um agente do que eu chamo agora a "patrulha do bom humor" para me policiar, dizendo que o meu comentário era negativo (tem coisa mais irritante, quando você está de mau humor, e alguém vem reclamar que você está sendo "negativo demais"?), que estava preocupado comigo, que eu tinha que ser mais positivo, que eu tenho que mudar de perspectiva, e blá blá blá blá blá. Puxa, que saco isso! Deixa eu curtir o meu mau humor e colocar pra fora por favor?? Desde quando a gente perdeu o direito de reclamar? Desde quando nós passamos a ser todos um monte de monges budistas cheios de sabedoria, paciência e estoicismo? Todo mundo cheio de lições de vida pra dar. Quanta gente bem equilibrada e bem resolvida nesse mundo, puxa! Desde quando nós nos chamamos todos Poliana? Desde quando nós todos viramos Annette Benning em "American Beauty" dizendo para nós mesmos que hoje "nós vamos vender uma casa"? Desde quando nós todos passamos a acreditar que a vida tem que ter um final feliz todos os dias para que nós possamos dormir tranquilamente à noite? Será que nós todos perdemos o discernimento e o espírito crítico? Perdemos a capacidade de enxergar a realidade?

PS. Post dedicado a todos os meus amigos do Facebook que como eu, sabem que nem tudo na vida são flores.

13 comentários:

Eliana disse...

Amei seu post. A propósito nunca entrei nesse tal de 'Face'hahaha, eu sou um ser de outro planeta! hahaha Mas chego quase a ter a sensaçao de que por causa disso, deixei de existir! hahaha Felicidade é no dia a dia. As pessoas estão presas num mundo virtual e deixando de viver o real. Bom fim de semana.

Mateus Medina disse...

Belíssimo post =)

Quem me "atura" no faceook, no orkut, seja onde for, tem que aturar meus maus-humores, minhas tristezas, minhas reclamações... enfim tem que me aturar como eu sou =)

Unknown disse...

Oi Beth! Tens razão qdo diz que a felicidade está nas pequenas coisas! E tb que nessa vitrine virtual a gente raramente expõe o lado negro da nossa vida... quer dizer, algumas pessoas sim e são taxadas de mal humoradas, reclamonas, mal amadas, etc. Eu às vezes, sou uma delas... povo logo cai em cima perguntando se estou bem, que aconteceu... Mas na real é que nesse meio podemos usar a máscara que mais nos convém, seja de felicidade, de tristeza, de sucesso, do que for.

Anônimo disse...

Adorei o seu post! Como tu escreves bem, guria ;)

Acho que o FB faz tanto sucesso por ser um canal que permite às pessoas exercitarem o seu lado Polyanna. Além do mais, qdo um amigo curte uma foto ou um comentário seu, ele tá massageando o seu ego. Quem não gosta disso? Reparou que não existe a opção "não curti"? Talvez por isso, a maioria das pessoas esteja sempre esperando comentários positivos dos outros.
Pela liberdade de expressão no Facebook e em todos os lugares!
Ana Luisa

Anônimo disse...

Também adorei o post! O duro é quando você conhece a pessoa na vida real e vê que o que ela posta é um mundo cor de rosa. Claro que só lamentações acaba enchendo um pouco, mas parece que as pessoas tem que provar a todo custo que estão bem. Gente que viaja um final de semana e posta "500" fotos pra mostrar o quanto feliz está. Nada contra quem gosta de postar fotos, mas tudo tem um limite. Vejo isso inclusive atraves de alguns blogs. Tem uns que parecem a revista Caras.

Anônimo disse...

gosto de gente real, de carne e osso, que tem emoções boas e ruins. esse negócio de 'paz e amor' pra cá, 'namaste' pra lá, 'vamos amar o próximo' pra cá, ou de vidinha cor de rosa choque nunca me agradou.

eu misturo muito meus posts no facebook. alguns alegres e outros tristes. só procuro em alguns casos não expor o motivo pelo qual estou reclamando, afinal, ninguem precisa saber pelo facebook se vc rompeu com o namorado, se brigou com o chefe, etc...

fora isso, gosto muito de postar piadinhas e quadrinhos pra descontrair. embora o fato de postar piadas não queira dizer que estou feliz, as vezes é muito ao contrario.,ponho piadas pra ver se espanta a tristeza... hehe!!

alias, hoje, ironicamente, coloquei um post no facebook sobre quem reclama da vida qdo teria motivos de sobra pra se alegrar. Mas não foi indireta pra vc não.. hehe!! foi na verdade um desabafo, sobre uma colega que no primeiro dia de aula de teatro, já despejou um monte de reclamações sobre o curso e de lamurias em cima do coitado do professor, em vez de agradecer pela oportunidade que tem de fazer um curso profissionalizante de teatro e poder pagar( quantos no Brasil têm esse priviégio?)... bem, o curso tem limitações e alguns problemas( especialmente de espaço fisico e salas), mas acho que ninguem que realmente esteja interessado em aprender vai desistir por isso ne... ainda mais que aqui em campinas, só existe UM curso desse tipo e é super disputado uma vaga pra entra nele... ;)

bom, mas divagações à parte, AMEI seu post... especialmente pq os ultimos tempos tem sido dificeis, e vou dar uma na cara de quem vier me cobrar do pq não estou falando de estrelinhas, de passarinhos, de cor de rosa...hahah!!

beijos;))

Beth Blue disse...

Puxa, Glenda...o meu problema é justamente este: eu me recuso a usar máscaras. Não sei fazer cara de paisagem. Não sei brincar de Polyanna (nem nunca soube).

Quando estou feliz, estou feliz e pronto. Quando estou triste, me permito a tristeza...ultimamente tenho aprendido a ficar longe do computador quando estou muito triste...porque ninguém quer saber dos nossos problemas, né? Basta ver os posts no Facebook.

Anônimo disse...

Poema em linha reta

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

alineaimee disse...

Beth, concordo inteiramente com você!
Sinto-me mais feliz com as coisas mais simples. Hoje, por exemplo, aproveitando o ultimo dia de ferias para me esconder do calor, ler, dormir e assistir filhinhos em casa com meu amor.
A felicidade forçada e afetada do facebook me incomda bastante e não me convence... Outra coisa desagradável são as indiretas.
Quando estou de mal humor evito as redes sociais para não acabar mais sorumbática. Rsrs

Beijão!

Anônimo disse...

Oi, Beth:
Olha, não acho que o FB seja exatamente um reflexo da realidade lá fora. Talvez ele seja um reflexo de coisas diferentes para pessoas diferentes.
Em vez das opções A e B que você menciona, eu sugeriria:
A) Pessoas que querem aparecer, se mostrar, e só postam coisas "maravilhosas" demais. Bem, talvez algumas dessas pessoas não se sintam muito felizes na vida real, afinal de contas... E talvez o FB as esteja ajudando de alguma forma, como válvula de escape. Se essa é a melhor válvula de escape ou se vai ajudar a solucionar os problemas, aí, já não sei. Todo mundo é diferente.
B) Pessoas que encaram o FB apenas como um passatempo, para se distrair um pouco, e por isso nunca postam nada que possa ser considerado "conteúdo sério".
C) Pessoas que, diferentemente de A ou B, consideram o FB uma plataforma útil para compartilhar conteúdo sério (sem aspas).
O FB é apenas uma ferramenta, que pode ser usada de inúmeras maneiras (além daquelas que eu sugeri acima). Não participo e não tenho planos de participar, mas, pessoalmente, se eu usasse o FB, embora não fosse postar nada fora da realidade, também o usaria unicamente para amenidades. Por quê? Primeiro, porque o FB é cheio de falhas de segurança e, por isso, não me parece o melhor local para compartilhar informações de natureza mais pessoal (just my humble opinion!!). E, segundo, porque a vida real já é dura demais, muitas vezes, e confesso que até gosto de ler amenidades, de quando em quando, para esquecer por um minutinho que seja. Prefiro deixar as reflexões mais sérias para outras plataformas (just my humble opinion too!!).
Bjs,
Gi

elaine disse...

acho que o buraco eh mais embaixo, nao eh a questao do conteudo dos posts e das fotos, mas sim da nossa interpretacao.

me arrisco a afirmar que concordamos que a vida eh algo complexo, e que todo mundo tem momentos dificeis. mas dai concluir que a pessoa esta tapando o sol com a peneira devido aos posts polianas, fica por conta da interpretacao do outro. nao acho que da para levar o facebook tao a serio assim, ninguem vai poder por motivos de tempo, espaco e seguranca por exemplo, se mostrar na integridade por la.

eu tenho varios amigos que nao temem em postar sentimentos considerados "negativos" no facebook, e quando escuto as pessoas falarem desse lado poliana do facebook (ja ouvi de outros), fico aqui pensando se eles realmente estao lendo todos os posts dos amigos deles, acho dificil de crer que ninguem reclama em alguns grupos? porque o feed eh intenso, nem sempre vemos tudo o que rola.

dai tem a questao de ser criticado pelo que falou (na questao de postar algo 'negativo'). eu noto que os brasileiros ficam mais a vontade para criticar os amigos, enquanto que os americanos e europeus sao bem mais reservados. a nossa cultura brasileira eh meio intrometida mesmo, e isso pode ser bacana (somos mais abertos) e pode ser um saco tambem (muita opiniao eh dada que nao foi pedida).

e como disse uma pessoa que estimo muito outro dia, quando a gente se sente incomodado ou tocado por algo que alguem fez ou disse, whats that all about? thats about you. ou seja, isso tem mais a ver com o que esta dentro de nos, de como interpretamos o que vemos, e menos com o que o outro faz.

Beth Blue disse...

Elaine, não sei se posso concordar com você. O conteúdo de fotos de viagens e gente sorridente não deixa muitas margens para interpretação não. Bem ou mal, o que as pessoas estão querendo passar é uma imagem Poliana sim. Não tenho como interpretar de outra maneira.

E claro, todos temos momentos difíceis. Uns mais do que os outros - alguns por questões de personalidade (porque tem gente que sabe complicar a vida), outros por questões de patologia (quem lê este blog sabe do que estou falando). Mas existe muita gente que prefere tapar o sol com a peneira do que questionar o que está acontecendo (é mais fácil viver assim). E tem gente que se questiona e tenta entender. E muitas vezes (como no meu caso) este questionamente é público.

Beth Blue disse...

Ainda no comentário da Elaine, quanto a tal citação "whats that all about? thats about you."

Concordo. E muitas das coisas que criticamos nos outros refletem mais um problema nosso do que da pessoa propriamente dita. Essa é uma das bases da psicologia e se chama projeção. Todo mundo faz, em maior ou menor grau!

Meu problema é justamente lidar com essas pessoas que insistem em que tudo na vida é positivo. Pessoas que evitam se aprofundar em questões que eu considero importantes. Questões que podem doer (e geralmente a dor é inevitável) mas que nos fazem amadurecer. A vida é feita de luz e de sombra. Não se pode olhar só para um ou para outro.

Não é que eu leve o Facebook a sério demais. O que me incomoda é que as pessoas hoje em dia parecem levar tudo na brincadeira, querem pegar leve o tempo todo. Tudo muito superficial, mais forma do que conteúdo. E aí entram as fotos e posts Poliana...E se você decide nadar contra a corrente, ainda leva bronca!

Tecnologia do Blogger.

Facebook e a Patrulha do Bom Humor






Este post foi inspirado por um texto que o meu querido amigo Antônio escreveu recentemente no Facebook dele. Como vocês já devem ter percebido (a menos que vivam em outro planeta), o Facebook dá panos pra manga. Se for pensar bem, aquilo ali daria um bom estudo antropológico (quem se anima? Tânia?).

Antônio descreveu uma questão que tem me incomodado muito no Facebook. E que eu sei que incomoda muita gente...enfim, posso ser louca mas sei que não estou sozinha! Muita gente comenta que o Facebook é um reflexo da realidade lá fora, então eu só posso chegar às seguintes conclusões:

A. Todo mundo vive feliz da vida, com ótimos empregos, viagens maravilhosas, filhos e maridos perfeitos. Enfim, um mundo cor-de-rosa que nem nas telas de cinema a gente vê mais.

B. Todo mundo (ou grande parte) vive em eterno processo de negação (denial), eternamente brincando de Polyanna e se esforçando pra mostrar uma realidade que na verdade está muito longe de ser real.

Eu como não sou boba nem nada, sei muito bem que a opção B é a mais provável, pra não dizer correta mesmo . Basta ler as notícias que vem sendo divulgadas recentemente sobre o Facebook, entre elas uma que afirma que o risco de depressão aumenta em proporção ao número de horas que se passa vendo aquelas fotos maravilhosas dos amigos felizes no Facebook. E não é pra menos né, gente? É felicidade demais pra nós "meros mortais" que tentamos viver um dia de cada vez.

Mas antes que me chamem de mal-amada (felizmente não é o caso) ou ranzinza (isso eu sou mesmo), eu vou logo dizer que sim: a felicidade é possível. E deve ser buscada no nosso dia-a-dia. Mas ela está longe de ser aquela felicidade retratada nos álbuns do Facebook. E no dia que você descobre isso, você pode finalmente começar a ser feliz - à sua maneira!

Vejam o meu caso. Eu tenho trabalho mas não tenho emprego (uma espécie de estágio de um ano mas deixa pra lá, eu sinceramente acho que trabalho é trabalho e pronto). Adoro o que faço, é bem verdade mas financeiramente não mudou nada. Sempre falta dinheiro depois de pagar as contas do mês. Viagens maravilhosas para continentes exóticos não fazem parte da minha realidade (e nem da sua, provavelmente). Sim, fui ao Brasil ano passado (patrocinada pelo meu tio querido). E desde que voltei estou economizando com dificuldades pra poder ir ao Brasil ano que vem. Porque ir ao Brasil a cada dois anos pra mim é um LUXO.

A boa notícia é que quanto mais os anos passam, mais eu percebo que a felicidade está nas pequenas coisas. Como hoje por exemplo: neve, chocolate quente, um bom livro...e eu sou feliz! Quando a gente entende de uma vez por todas que a felicidade é feita desses pequenos momentos, a gente deixa de se incomodar com as fantásticas aventuras dos outros no Facebook. Porque a verdade é que ninguém pode enganar todo mundo o tempo todo. E longe de mim ser urubu mas quem vive brincando de Polyanna mais cedo ou mais tarde seu mundinho cor-de-rosa desmorona...E a pessoa adoece ou cai na real (o que dói pra caramba, convenhamos).

Então vamos combinar de buscar a verdadeira felicidade, aquela que começa dentro de nós mesmos e que está nas pequenas alegrias e prazeres desta vida. A felicidade que está nas pessoas e não nas coisas. Nas amizades que ganhamos de presente nesta vida (e tem presente melhor do que a amizade?). Felizmente, esta felicidade independe da quantidade de dinheiro na sua conta bancária (eu que o diga).



Abaixo um trecho do texto brilhante do Antônio:
Outro dia aconteceu de novo. Eu havia escrito um comentário aqui no Facebook, que para mim não tinha absolutamente nada de errado, maligno ou incoveniente, apenas um comentário, um pensamento, uma divagação sem mais nem menos... e lá veio, sem ser pedido, mais um agente do que eu chamo agora a "patrulha do bom humor" para me policiar, dizendo que o meu comentário era negativo (tem coisa mais irritante, quando você está de mau humor, e alguém vem reclamar que você está sendo "negativo demais"?), que estava preocupado comigo, que eu tinha que ser mais positivo, que eu tenho que mudar de perspectiva, e blá blá blá blá blá. Puxa, que saco isso! Deixa eu curtir o meu mau humor e colocar pra fora por favor?? Desde quando a gente perdeu o direito de reclamar? Desde quando nós passamos a ser todos um monte de monges budistas cheios de sabedoria, paciência e estoicismo? Todo mundo cheio de lições de vida pra dar. Quanta gente bem equilibrada e bem resolvida nesse mundo, puxa! Desde quando nós nos chamamos todos Poliana? Desde quando nós todos viramos Annette Benning em "American Beauty" dizendo para nós mesmos que hoje "nós vamos vender uma casa"? Desde quando nós todos passamos a acreditar que a vida tem que ter um final feliz todos os dias para que nós possamos dormir tranquilamente à noite? Será que nós todos perdemos o discernimento e o espírito crítico? Perdemos a capacidade de enxergar a realidade?

PS. Post dedicado a todos os meus amigos do Facebook que como eu, sabem que nem tudo na vida são flores.

13 comentários:

Eliana disse...

Amei seu post. A propósito nunca entrei nesse tal de 'Face'hahaha, eu sou um ser de outro planeta! hahaha Mas chego quase a ter a sensaçao de que por causa disso, deixei de existir! hahaha Felicidade é no dia a dia. As pessoas estão presas num mundo virtual e deixando de viver o real. Bom fim de semana.

Mateus Medina disse...

Belíssimo post =)

Quem me "atura" no faceook, no orkut, seja onde for, tem que aturar meus maus-humores, minhas tristezas, minhas reclamações... enfim tem que me aturar como eu sou =)

Unknown disse...

Oi Beth! Tens razão qdo diz que a felicidade está nas pequenas coisas! E tb que nessa vitrine virtual a gente raramente expõe o lado negro da nossa vida... quer dizer, algumas pessoas sim e são taxadas de mal humoradas, reclamonas, mal amadas, etc. Eu às vezes, sou uma delas... povo logo cai em cima perguntando se estou bem, que aconteceu... Mas na real é que nesse meio podemos usar a máscara que mais nos convém, seja de felicidade, de tristeza, de sucesso, do que for.

Anônimo disse...

Adorei o seu post! Como tu escreves bem, guria ;)

Acho que o FB faz tanto sucesso por ser um canal que permite às pessoas exercitarem o seu lado Polyanna. Além do mais, qdo um amigo curte uma foto ou um comentário seu, ele tá massageando o seu ego. Quem não gosta disso? Reparou que não existe a opção "não curti"? Talvez por isso, a maioria das pessoas esteja sempre esperando comentários positivos dos outros.
Pela liberdade de expressão no Facebook e em todos os lugares!
Ana Luisa

Anônimo disse...

Também adorei o post! O duro é quando você conhece a pessoa na vida real e vê que o que ela posta é um mundo cor de rosa. Claro que só lamentações acaba enchendo um pouco, mas parece que as pessoas tem que provar a todo custo que estão bem. Gente que viaja um final de semana e posta "500" fotos pra mostrar o quanto feliz está. Nada contra quem gosta de postar fotos, mas tudo tem um limite. Vejo isso inclusive atraves de alguns blogs. Tem uns que parecem a revista Caras.

Anônimo disse...

gosto de gente real, de carne e osso, que tem emoções boas e ruins. esse negócio de 'paz e amor' pra cá, 'namaste' pra lá, 'vamos amar o próximo' pra cá, ou de vidinha cor de rosa choque nunca me agradou.

eu misturo muito meus posts no facebook. alguns alegres e outros tristes. só procuro em alguns casos não expor o motivo pelo qual estou reclamando, afinal, ninguem precisa saber pelo facebook se vc rompeu com o namorado, se brigou com o chefe, etc...

fora isso, gosto muito de postar piadinhas e quadrinhos pra descontrair. embora o fato de postar piadas não queira dizer que estou feliz, as vezes é muito ao contrario.,ponho piadas pra ver se espanta a tristeza... hehe!!

alias, hoje, ironicamente, coloquei um post no facebook sobre quem reclama da vida qdo teria motivos de sobra pra se alegrar. Mas não foi indireta pra vc não.. hehe!! foi na verdade um desabafo, sobre uma colega que no primeiro dia de aula de teatro, já despejou um monte de reclamações sobre o curso e de lamurias em cima do coitado do professor, em vez de agradecer pela oportunidade que tem de fazer um curso profissionalizante de teatro e poder pagar( quantos no Brasil têm esse priviégio?)... bem, o curso tem limitações e alguns problemas( especialmente de espaço fisico e salas), mas acho que ninguem que realmente esteja interessado em aprender vai desistir por isso ne... ainda mais que aqui em campinas, só existe UM curso desse tipo e é super disputado uma vaga pra entra nele... ;)

bom, mas divagações à parte, AMEI seu post... especialmente pq os ultimos tempos tem sido dificeis, e vou dar uma na cara de quem vier me cobrar do pq não estou falando de estrelinhas, de passarinhos, de cor de rosa...hahah!!

beijos;))

Beth Blue disse...

Puxa, Glenda...o meu problema é justamente este: eu me recuso a usar máscaras. Não sei fazer cara de paisagem. Não sei brincar de Polyanna (nem nunca soube).

Quando estou feliz, estou feliz e pronto. Quando estou triste, me permito a tristeza...ultimamente tenho aprendido a ficar longe do computador quando estou muito triste...porque ninguém quer saber dos nossos problemas, né? Basta ver os posts no Facebook.

Anônimo disse...

Poema em linha reta

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

alineaimee disse...

Beth, concordo inteiramente com você!
Sinto-me mais feliz com as coisas mais simples. Hoje, por exemplo, aproveitando o ultimo dia de ferias para me esconder do calor, ler, dormir e assistir filhinhos em casa com meu amor.
A felicidade forçada e afetada do facebook me incomda bastante e não me convence... Outra coisa desagradável são as indiretas.
Quando estou de mal humor evito as redes sociais para não acabar mais sorumbática. Rsrs

Beijão!

Anônimo disse...

Oi, Beth:
Olha, não acho que o FB seja exatamente um reflexo da realidade lá fora. Talvez ele seja um reflexo de coisas diferentes para pessoas diferentes.
Em vez das opções A e B que você menciona, eu sugeriria:
A) Pessoas que querem aparecer, se mostrar, e só postam coisas "maravilhosas" demais. Bem, talvez algumas dessas pessoas não se sintam muito felizes na vida real, afinal de contas... E talvez o FB as esteja ajudando de alguma forma, como válvula de escape. Se essa é a melhor válvula de escape ou se vai ajudar a solucionar os problemas, aí, já não sei. Todo mundo é diferente.
B) Pessoas que encaram o FB apenas como um passatempo, para se distrair um pouco, e por isso nunca postam nada que possa ser considerado "conteúdo sério".
C) Pessoas que, diferentemente de A ou B, consideram o FB uma plataforma útil para compartilhar conteúdo sério (sem aspas).
O FB é apenas uma ferramenta, que pode ser usada de inúmeras maneiras (além daquelas que eu sugeri acima). Não participo e não tenho planos de participar, mas, pessoalmente, se eu usasse o FB, embora não fosse postar nada fora da realidade, também o usaria unicamente para amenidades. Por quê? Primeiro, porque o FB é cheio de falhas de segurança e, por isso, não me parece o melhor local para compartilhar informações de natureza mais pessoal (just my humble opinion!!). E, segundo, porque a vida real já é dura demais, muitas vezes, e confesso que até gosto de ler amenidades, de quando em quando, para esquecer por um minutinho que seja. Prefiro deixar as reflexões mais sérias para outras plataformas (just my humble opinion too!!).
Bjs,
Gi

elaine disse...

acho que o buraco eh mais embaixo, nao eh a questao do conteudo dos posts e das fotos, mas sim da nossa interpretacao.

me arrisco a afirmar que concordamos que a vida eh algo complexo, e que todo mundo tem momentos dificeis. mas dai concluir que a pessoa esta tapando o sol com a peneira devido aos posts polianas, fica por conta da interpretacao do outro. nao acho que da para levar o facebook tao a serio assim, ninguem vai poder por motivos de tempo, espaco e seguranca por exemplo, se mostrar na integridade por la.

eu tenho varios amigos que nao temem em postar sentimentos considerados "negativos" no facebook, e quando escuto as pessoas falarem desse lado poliana do facebook (ja ouvi de outros), fico aqui pensando se eles realmente estao lendo todos os posts dos amigos deles, acho dificil de crer que ninguem reclama em alguns grupos? porque o feed eh intenso, nem sempre vemos tudo o que rola.

dai tem a questao de ser criticado pelo que falou (na questao de postar algo 'negativo'). eu noto que os brasileiros ficam mais a vontade para criticar os amigos, enquanto que os americanos e europeus sao bem mais reservados. a nossa cultura brasileira eh meio intrometida mesmo, e isso pode ser bacana (somos mais abertos) e pode ser um saco tambem (muita opiniao eh dada que nao foi pedida).

e como disse uma pessoa que estimo muito outro dia, quando a gente se sente incomodado ou tocado por algo que alguem fez ou disse, whats that all about? thats about you. ou seja, isso tem mais a ver com o que esta dentro de nos, de como interpretamos o que vemos, e menos com o que o outro faz.

Beth Blue disse...

Elaine, não sei se posso concordar com você. O conteúdo de fotos de viagens e gente sorridente não deixa muitas margens para interpretação não. Bem ou mal, o que as pessoas estão querendo passar é uma imagem Poliana sim. Não tenho como interpretar de outra maneira.

E claro, todos temos momentos difíceis. Uns mais do que os outros - alguns por questões de personalidade (porque tem gente que sabe complicar a vida), outros por questões de patologia (quem lê este blog sabe do que estou falando). Mas existe muita gente que prefere tapar o sol com a peneira do que questionar o que está acontecendo (é mais fácil viver assim). E tem gente que se questiona e tenta entender. E muitas vezes (como no meu caso) este questionamente é público.

Beth Blue disse...

Ainda no comentário da Elaine, quanto a tal citação "whats that all about? thats about you."

Concordo. E muitas das coisas que criticamos nos outros refletem mais um problema nosso do que da pessoa propriamente dita. Essa é uma das bases da psicologia e se chama projeção. Todo mundo faz, em maior ou menor grau!

Meu problema é justamente lidar com essas pessoas que insistem em que tudo na vida é positivo. Pessoas que evitam se aprofundar em questões que eu considero importantes. Questões que podem doer (e geralmente a dor é inevitável) mas que nos fazem amadurecer. A vida é feita de luz e de sombra. Não se pode olhar só para um ou para outro.

Não é que eu leve o Facebook a sério demais. O que me incomoda é que as pessoas hoje em dia parecem levar tudo na brincadeira, querem pegar leve o tempo todo. Tudo muito superficial, mais forma do que conteúdo. E aí entram as fotos e posts Poliana...E se você decide nadar contra a corrente, ainda leva bronca!