terça-feira, março 26, 2013

Identidade cultural: Caso 1



Ando pensando muito sobre este assunto recentemente. Até porque, tenho dois exemplos bem próximos de mim e um mais diferente do outro. O primeiro é meu filho. O segundo, meu namorado.

Meu filho é nascido na Holanda filho de pais estrangeiros: mãe brasileira e pai inglês. E de uns tempos pra cá volta e meia me diz que não se sente holandês...verdade seja dita, desde que Liam entrou pra nova escola, a adolescência parece que vem chegando acelerada! Saiu da escola primária a agora já começa a ter mais autonomia e responsabilidades e se achar gente grande. Enfim, adolescente é assim né? E com a adolescência vem os questionamentos, a necessidade de encontrar seu lugar no mundo. E é muito interessante observar isso (sem falar que a gente também passou por isso, né?)

Então é o seguinte. Liam frequentou nos últimos cinco anos uma escola aqui chamada de "zwart school" - literalmente traduzido como "escola negra" e sim, pra quem ainda tem dúvidas, há muito racismo e discriminação aqui na Holanda (e só tem aumentado com a crise do euro, como era de se esperar). Na escola antiga, 80% dos alunos eram filhos de imigrantes. E como Liam é uma criança sociável, ele tinha amigas marroquinos, turcos e de outras nacionalidades. Alguns eram filhos de pai holandês e mãe estrangeira, como um amigo cuja mãe é da Somália. Enfim, até aí nada de novo porque a Holanda (como todos os países europeus) é uma sociedade multicultural, com gente de toda parte do mundo. E isso é ainda mais óbvio nas grandes cidades como Amsterdam, Haia, Roterdã e Utrecht. Eu até acho graça quando alguns turistas brasileiros "desavisados" chegam em Amsterdam e ficam impressionados com a quantidade de morenos e negros nas ruas! Porque eles ainda tem aquela imagem antiga de holandeses louros de olhos azuis e ficam surpresos. Mas a verdade é que aqui a população de crianças e jovens até 25 anos já chega a ser 50% de filhos de imigrantes. E isso tem gerado sérios problemas sociais, o que não é o assunto deste post (mas já comentei aqui no blog algumas vezes e certamente comentarei de novo).

Voltando ao meu filho, moramos em um bairro de estrangeiros onde ele não teve nenhum contato com crianças holandesas. A escola anterior era a mesma coisa. Ambos os pais do Liam são estrangeiros, ele foi muito à Inglaterra (e Escócia) e se apaixonou pelo Brasil em 2011...Pois na escola nova (HAVO), 70% ou mais dos alunos são holandeses. Por uma simples razão: as crianças imigrantes não conseguem o score necessário (principalmente na prova de língua holandesa) para ter acesso a este nível de ensino aqui. Na maioria, falam árabe ou outro idioma em casa e os pais tem nível baixo de instrução. Já o aluno típico de HAVO tem pais holandeses ou estrangeiros (europeus) com nível de instrução alto. E aqui na Holanda eles levam muito em consideração o nível de educação dos pais.

Enfim, no meio dessa confusão toda, o que eu quero dizer é que meu filho está vivendo uma "crise de identidade cultural". E eu já brinquei com ele que esta crise só irá aumentar a medida em que ele subir mais um degrau no sistema de ensino. É que depois do HAVO ainda tem VWO, que é a escola que prepara para o ensino universitário (sem VWO não entra na universidade). VWO são praticamente escolas de elite, em que 90% ou mais dos alunos são holandeses. E Liam tem capacidade de chegar lá, está tirando notas médias de 8 e o mentor já disse que só depende da motivação e do trabalho dele. HAVO dura cinco anos, e com o diploma, em geral é possível ir para o VWO (desde que as notas sejam acima da média). Aí são mais dois anos de estudo e ele pode ir pra universidade. Aqui não existe o vestibular, o diploma do VWO dá acesso ao ensino universitário, mas a universidade escolhe os alunos com base no perfil do currículo e das notas.

Verdade seja dita, meu filho não teria como se sentir holandês porque eu o crio para ser cidadão do mundo. Eu mesma, embora tenha adotado vários costumes daqui e fale a língua fluentemente, em alguns aspectos ainda me sinto brasileira. Mas não se iludam, tenho uma mentalidade muito semelhante a dos holandeses e crio meu filho nos mesmos padrões (compro livros, levo a museus e cinema, etc). Mas ainda assim há diferenças e de uma forma ou de outra, sempre me sentirei "estrangeira"...engraçado é que a família e amigos do Brasil me acham a "européia".

Até a comida aqui em casa é assim, comemos de tudo: cozinha chinesa, tailandesa, indiana, japonesa (amamos sushi), brasileira, italiana e sim, alguns pratos holandeses...Mas não temos uma dieta tipicamente holandesa. Algumas comidas holandesas nem entram aqui em casa, rsrsrsrs.  Outras não podem faltar! Em vez do tradicional suco de maçã, aqui em casa bebemos sucos de manga, goiaba, lichia e açaí! E Liam adora feijão com arroz e farofa. Ele odeia drop (bala típica holandesa) e não come appelmoes (uma mousse de maçã que as crianças aqui comem desde pequenas como acompanhamento da janta). E mais: Liam aprendeu a fazer brigadeiro sozinho! E sushi! Sentiram o "drama" ?

E nem vou falar nos hábitos culturais porque eu e Liam somos falantes e "entusiastas" (ele puxou a mãe) e os holandeses em geral são mais reservados e falam menos - bem menos! Quando estive no Rio, ninguém me pedia pra falar mais baixo nos restaurantes e cafés. Aqui volta e meia acontece...e isso que eu moro na Holanda há 18 anos! Eu falo alto (mas me policio) e os holandeses praticamente "cochicham" no ouvido um do outro! E sim, meu namorado também reclama.

Moral da estória, os próximos anos serão cheios de altos e baixos e novas descobertas e eu quero estar por perto para acompanhar tudo isso, e orientar na medida do possível. No próximo post, vou contar a estória do meu namorado (ele vai brigar comigo mas eu vou contar, rsrsrrs).

To be continued...

7 comentários:

Eliana disse...

Beth, leio com entusiamos quando vc trata destas "diversidades"todas. Tudo isso enriquece e traz sabedoria. Feliz do Liam de ter todo este horizonte a ser explorado...será com certeza um ser humano feliz e bem sucedido. Só tem uma coisa quando vc diz que tem hábitos holandeses de criação como comprar livros, levar a cinema, teatro e museus...acho que isso não é hábito só de holandeses mas sim um hábito geral das pessoas que apreciam arte e cultura de uma forma geral. Bjs

Beth Blue disse...

Eliana, eu acho que não me expressei bem. Eu estava comparando mais os holandeses (e europeus em geral) com os imigrantes marroquinos e turcos que moram aqui e nunca levam os filhos pra lugar nenhum!

E claro que estimular os filhos intelectualmente (e não apenas emocionalmente) depende do nível de ensino dos pais, né? Enfim, uma questão complexa.

Obrigada pelos comentários!

Mateus Medina disse...

Ser imigrante é uma grande confusão... uma vez imigrante, sempre confuso, eu costumo dizer.

Sou meio suspeito, porque desde muito jovem sempre me senti "cidadão do mundo". Isso, como tudo, tem o seu lado bom e o seu lado menos bom...

Sou camaleão, me adapto rápido e fácil as coisas, pessoas, costumes... mas é como se não fôssemos mais de lá, sem nunca sermos de cá... sei lá, é estranho... e também não se pode dizer/escrever tudo sobre o tema e escapar a certas "críticas nacionalistas..." do tipo "você é metido a Europeu"... então, fico por aqui rsrsrs

bjos

Eliana disse...

Ah Beth, foi isso mesmo que eu pensei quando vc colocou desta forma, mas que tinha ficado meio oculto no contexto. Afinal tem holandês bem ignorante em certos aspectos. Lendo o cometário do Mateus, realmente me vejo nele...é engraçada esta sensação se a gente for parar mesmo pra pensar, porém, ao mesmo tempo, nos sentimos parte de um todo.

Beth Blue disse...

Sim, o Mateus descreveu bem um sentimento que carrego comigo há tempos. Eu até já falei sobre isso aqui no blog.

Morar no exterior é um caminho sem volta - principalmente quando a pessoa tem filhos no exterior, como é o meu caso.

A gente acaba não pertencendo a lugar nenhum e pertencendo a todos os lugares ao mesmo tempo. Sou brasileira na Holanda e européia no Brasil, um pouco de tudo. O que como ele também disse, pode ser uma vantagem e uma desvantagem!

Enfim, cidadãos do mundo.

Beth Blue disse...

Sim, o Mateus descreveu bem um sentimento que carrego comigo há tempos. Eu até já falei sobre isso aqui no blog.

Morar no exterior é um caminho sem volta - principalmente quando a pessoa tem filhos no exterior, como é o meu caso.

A gente acaba não pertencendo a lugar nenhum e pertencendo a todos os lugares ao mesmo tempo. Sou brasileira na Holanda e européia no Brasil, um pouco de tudo. O que como ele também disse, pode ser uma vantagem e uma desvantagem!

Enfim, cidadãos do mundo.

Palavras Vagabundas disse...

Beth,
adorei a "salada" cultural da sua casa, risos
Sempre me espanto com a discriminação holandesa! Você vai entrar agora nas delícias e sofrimentos de ser mãe de adolescente, força!
Parabéns para o Liam e suas ótimas notas, vai longe o moleque.
beijão
Jussara

Tecnologia do Blogger.

Identidade cultural: Caso 1



Ando pensando muito sobre este assunto recentemente. Até porque, tenho dois exemplos bem próximos de mim e um mais diferente do outro. O primeiro é meu filho. O segundo, meu namorado.

Meu filho é nascido na Holanda filho de pais estrangeiros: mãe brasileira e pai inglês. E de uns tempos pra cá volta e meia me diz que não se sente holandês...verdade seja dita, desde que Liam entrou pra nova escola, a adolescência parece que vem chegando acelerada! Saiu da escola primária a agora já começa a ter mais autonomia e responsabilidades e se achar gente grande. Enfim, adolescente é assim né? E com a adolescência vem os questionamentos, a necessidade de encontrar seu lugar no mundo. E é muito interessante observar isso (sem falar que a gente também passou por isso, né?)

Então é o seguinte. Liam frequentou nos últimos cinco anos uma escola aqui chamada de "zwart school" - literalmente traduzido como "escola negra" e sim, pra quem ainda tem dúvidas, há muito racismo e discriminação aqui na Holanda (e só tem aumentado com a crise do euro, como era de se esperar). Na escola antiga, 80% dos alunos eram filhos de imigrantes. E como Liam é uma criança sociável, ele tinha amigas marroquinos, turcos e de outras nacionalidades. Alguns eram filhos de pai holandês e mãe estrangeira, como um amigo cuja mãe é da Somália. Enfim, até aí nada de novo porque a Holanda (como todos os países europeus) é uma sociedade multicultural, com gente de toda parte do mundo. E isso é ainda mais óbvio nas grandes cidades como Amsterdam, Haia, Roterdã e Utrecht. Eu até acho graça quando alguns turistas brasileiros "desavisados" chegam em Amsterdam e ficam impressionados com a quantidade de morenos e negros nas ruas! Porque eles ainda tem aquela imagem antiga de holandeses louros de olhos azuis e ficam surpresos. Mas a verdade é que aqui a população de crianças e jovens até 25 anos já chega a ser 50% de filhos de imigrantes. E isso tem gerado sérios problemas sociais, o que não é o assunto deste post (mas já comentei aqui no blog algumas vezes e certamente comentarei de novo).

Voltando ao meu filho, moramos em um bairro de estrangeiros onde ele não teve nenhum contato com crianças holandesas. A escola anterior era a mesma coisa. Ambos os pais do Liam são estrangeiros, ele foi muito à Inglaterra (e Escócia) e se apaixonou pelo Brasil em 2011...Pois na escola nova (HAVO), 70% ou mais dos alunos são holandeses. Por uma simples razão: as crianças imigrantes não conseguem o score necessário (principalmente na prova de língua holandesa) para ter acesso a este nível de ensino aqui. Na maioria, falam árabe ou outro idioma em casa e os pais tem nível baixo de instrução. Já o aluno típico de HAVO tem pais holandeses ou estrangeiros (europeus) com nível de instrução alto. E aqui na Holanda eles levam muito em consideração o nível de educação dos pais.

Enfim, no meio dessa confusão toda, o que eu quero dizer é que meu filho está vivendo uma "crise de identidade cultural". E eu já brinquei com ele que esta crise só irá aumentar a medida em que ele subir mais um degrau no sistema de ensino. É que depois do HAVO ainda tem VWO, que é a escola que prepara para o ensino universitário (sem VWO não entra na universidade). VWO são praticamente escolas de elite, em que 90% ou mais dos alunos são holandeses. E Liam tem capacidade de chegar lá, está tirando notas médias de 8 e o mentor já disse que só depende da motivação e do trabalho dele. HAVO dura cinco anos, e com o diploma, em geral é possível ir para o VWO (desde que as notas sejam acima da média). Aí são mais dois anos de estudo e ele pode ir pra universidade. Aqui não existe o vestibular, o diploma do VWO dá acesso ao ensino universitário, mas a universidade escolhe os alunos com base no perfil do currículo e das notas.

Verdade seja dita, meu filho não teria como se sentir holandês porque eu o crio para ser cidadão do mundo. Eu mesma, embora tenha adotado vários costumes daqui e fale a língua fluentemente, em alguns aspectos ainda me sinto brasileira. Mas não se iludam, tenho uma mentalidade muito semelhante a dos holandeses e crio meu filho nos mesmos padrões (compro livros, levo a museus e cinema, etc). Mas ainda assim há diferenças e de uma forma ou de outra, sempre me sentirei "estrangeira"...engraçado é que a família e amigos do Brasil me acham a "européia".

Até a comida aqui em casa é assim, comemos de tudo: cozinha chinesa, tailandesa, indiana, japonesa (amamos sushi), brasileira, italiana e sim, alguns pratos holandeses...Mas não temos uma dieta tipicamente holandesa. Algumas comidas holandesas nem entram aqui em casa, rsrsrsrs.  Outras não podem faltar! Em vez do tradicional suco de maçã, aqui em casa bebemos sucos de manga, goiaba, lichia e açaí! E Liam adora feijão com arroz e farofa. Ele odeia drop (bala típica holandesa) e não come appelmoes (uma mousse de maçã que as crianças aqui comem desde pequenas como acompanhamento da janta). E mais: Liam aprendeu a fazer brigadeiro sozinho! E sushi! Sentiram o "drama" ?

E nem vou falar nos hábitos culturais porque eu e Liam somos falantes e "entusiastas" (ele puxou a mãe) e os holandeses em geral são mais reservados e falam menos - bem menos! Quando estive no Rio, ninguém me pedia pra falar mais baixo nos restaurantes e cafés. Aqui volta e meia acontece...e isso que eu moro na Holanda há 18 anos! Eu falo alto (mas me policio) e os holandeses praticamente "cochicham" no ouvido um do outro! E sim, meu namorado também reclama.

Moral da estória, os próximos anos serão cheios de altos e baixos e novas descobertas e eu quero estar por perto para acompanhar tudo isso, e orientar na medida do possível. No próximo post, vou contar a estória do meu namorado (ele vai brigar comigo mas eu vou contar, rsrsrrs).

To be continued...

7 comentários:

Eliana disse...

Beth, leio com entusiamos quando vc trata destas "diversidades"todas. Tudo isso enriquece e traz sabedoria. Feliz do Liam de ter todo este horizonte a ser explorado...será com certeza um ser humano feliz e bem sucedido. Só tem uma coisa quando vc diz que tem hábitos holandeses de criação como comprar livros, levar a cinema, teatro e museus...acho que isso não é hábito só de holandeses mas sim um hábito geral das pessoas que apreciam arte e cultura de uma forma geral. Bjs

Beth Blue disse...

Eliana, eu acho que não me expressei bem. Eu estava comparando mais os holandeses (e europeus em geral) com os imigrantes marroquinos e turcos que moram aqui e nunca levam os filhos pra lugar nenhum!

E claro que estimular os filhos intelectualmente (e não apenas emocionalmente) depende do nível de ensino dos pais, né? Enfim, uma questão complexa.

Obrigada pelos comentários!

Mateus Medina disse...

Ser imigrante é uma grande confusão... uma vez imigrante, sempre confuso, eu costumo dizer.

Sou meio suspeito, porque desde muito jovem sempre me senti "cidadão do mundo". Isso, como tudo, tem o seu lado bom e o seu lado menos bom...

Sou camaleão, me adapto rápido e fácil as coisas, pessoas, costumes... mas é como se não fôssemos mais de lá, sem nunca sermos de cá... sei lá, é estranho... e também não se pode dizer/escrever tudo sobre o tema e escapar a certas "críticas nacionalistas..." do tipo "você é metido a Europeu"... então, fico por aqui rsrsrs

bjos

Eliana disse...

Ah Beth, foi isso mesmo que eu pensei quando vc colocou desta forma, mas que tinha ficado meio oculto no contexto. Afinal tem holandês bem ignorante em certos aspectos. Lendo o cometário do Mateus, realmente me vejo nele...é engraçada esta sensação se a gente for parar mesmo pra pensar, porém, ao mesmo tempo, nos sentimos parte de um todo.

Beth Blue disse...

Sim, o Mateus descreveu bem um sentimento que carrego comigo há tempos. Eu até já falei sobre isso aqui no blog.

Morar no exterior é um caminho sem volta - principalmente quando a pessoa tem filhos no exterior, como é o meu caso.

A gente acaba não pertencendo a lugar nenhum e pertencendo a todos os lugares ao mesmo tempo. Sou brasileira na Holanda e européia no Brasil, um pouco de tudo. O que como ele também disse, pode ser uma vantagem e uma desvantagem!

Enfim, cidadãos do mundo.

Beth Blue disse...

Sim, o Mateus descreveu bem um sentimento que carrego comigo há tempos. Eu até já falei sobre isso aqui no blog.

Morar no exterior é um caminho sem volta - principalmente quando a pessoa tem filhos no exterior, como é o meu caso.

A gente acaba não pertencendo a lugar nenhum e pertencendo a todos os lugares ao mesmo tempo. Sou brasileira na Holanda e européia no Brasil, um pouco de tudo. O que como ele também disse, pode ser uma vantagem e uma desvantagem!

Enfim, cidadãos do mundo.

Palavras Vagabundas disse...

Beth,
adorei a "salada" cultural da sua casa, risos
Sempre me espanto com a discriminação holandesa! Você vai entrar agora nas delícias e sofrimentos de ser mãe de adolescente, força!
Parabéns para o Liam e suas ótimas notas, vai longe o moleque.
beijão
Jussara