sábado, abril 06, 2013

Criando adolescentes




Impressionante como as crianças crescem de uma hora pra outra. Seu filho adorável se transforma subitamente numa pessoa cheia de opiniões e sempre pronta a questionar as suas! Sim, tudo isso faz parte da passagem para a adolescência. Mas a gente leva cada susto! É preciso tempo pra nos acostumarmos com esta nova pessoa dentro de nossa casa. E haja paciência, viu?

Meu filho nunca foi uma criança "difícil" - fora a via crucis que foi o período de testes e exames, diagnóstico de autismo (PPD-NOS) e mudança para a escola especial que já contei aqui no blog (interessados no assunto, leiam o marcador Autismo aqui à direita). Mas agora prestes a completar 13 anos tenho percebido algumas mudanças inevitáveis. E isso por um lado é bom e natural. Por outro lado, haja saco para aturar tanta discussão acalorada e mudanças de humor (e nem vou falar na batalha de todas as manhãs em que mal consigo fazer o menino sair da cama pra ir pra escola). Pensando bem, das mudanças de humor eu nem tenho o direito de reclamar pois eu mesma mudo de humor várias vezes no mesmo dia! Então quem sou eu pra reclamar, né?

Só sei que muito se fala e se escreve sobre a adolescência e apesar de tudo, ela nem me assusta tanto assim ...Verdade seja dita, adolescente pode ser uma criatura irritante e teimosa, com uma grande capacidade de nos tirar do sério a qualquer hora do dia ou da noite. Mas se pararmos pra pensar, um dia nós também fomos assim. Sem falar que a adolescência também é um dos períodos mais ricos e férteis do ser humano, onde descobrimos e criamos pouco a pouco nossa identidade (tudo aquilo que nos diferencia de nossos pais e dos outros). E convenhamos, não há nada de errado nisso. Muito pelo contrário.

De resto, eu posso até estar errada (só o tempo dirá), mas acho que estou bem preparada para os próximos anos...a começar porque crio meu filho de uma forma bem diferente de como fui criada - e nem podia ser diferente, vivemos em outra época e em outro país! Eu e Liam conversamos sobre assuntos que eu nunca sonhei em conversar com a minha mãe. Liam tem uma criação muito mais liberal do que eu tive (e nem podia ser diferente em pleno século XXI). Eu fui muito reprimida na minha adolescência (e olha que eu nem aprontava porque não tive oportunidades para isso). Minha mãe era das antigas que ainda acreditava que uma mulher deveria casar virgem e por aí vocês já podem imaginar o que estou falando, né?


De uma coisa eu tenho certeza: não adianta proibir! Conhecem a estória do fruto proibido? Pois é assim mesmo, quanto mais se proíbe algo, mais este algo se torna interessante...aconteceu comigo (vou poupá-los dos detalhes "sórdidos"). Então ao menos nesta armadilha eu não caio!

Mas isso não significa que não existam regras! Regras existem e limites também. Mas tudo deve ser conversado e discutido, desde que haja respeito de ambas as partes. Comunicação é a base de todo e qualquer relacionamento humano e não podia ser diferente na hora de conversar com adolescentes. Mas comunicar apenas não basta, é precisa ouvir em vez de julgar e criticar (o que, convenhamos, nem sempre é fácil). Não quero de forma alguma restringir o desenvolvimento do meu filho, nem pretendo "moldá-lo" para ser como eu. Mas posso (e devo) orientá-lo em suas escolhas. Porque ele é diferente, tem desejos e sonhos diferentes dos meus quando eu era adolescente. E vive em uma época muito diferente do meu Rio de Janeiro do final dos anos 70, início dos anos 80 (agora vocês podem calcular a minha idade, né?). Ele vive em Amsterdam em pleno século XXI, em plena crise do euro em que aqui no velho continente muitas coisas também estão mudando (algumas para pior, como o racismo e a discriminação).

O que realmente me deixa preocupada hoje em dia é a quantidade de informações que nossos filhos recebem por todo lado, desde muito cedo. "Não se fazem mais crianças como antigamente", diriam os mais velhos. A infância é muito menos ingênua e, em muitos aspectos, nossos filhos amadurecem muito mais cedo do que a minha geração amadureceu. Uma verdadeira explosão de informações na net, Facebook, Twitter, What's App, etc. Sem falar nos inúmeros apps para smartphone que permitem acess 24/7 a  tudo e a todos (por falar em smartphone, adivinhem o que este garoto pediu de aniversário?).

Enfim, criar filhos requer sabedoria, paciência, respeito e acima de tudo, muito amor! Mas acompanhar o desenvolvimento de um filho, desde bebezinho até a adolescência e o início da idade adulta é uma das maiores aventuras que a vida nos proporciona! De uma coisa vocês podem ter certeza:

A gente aprende muito com nossos filhos. Basta ter ouvidos para ouvir e olhos para ver.



Cara de adolescente!







5 comentários:

Eliana disse...

Pois é tudo isso acontecendo bem diante dos seus olhos. Realmente os tempos são outros e tem que se adequar pra poder estar ao lado dele, apoiando e orientando e, sim, estabelecendo certos limites porque no fundo eles precisam ter um "porto seguro". A sua postura é a demontração do seu amor de mãe. Lógico que virão muitas discussoes acaloradas, mas isso é bom, porque permite acima de tudo uma relação de cumplicidade entre vocês. Boa sorte e sabedoria neste caminho, Beth!

Anônimo disse...

Meu filho está com 3 anos. Na festinha de aniversário dele, o tema foi tido como ingênuo, de bebê. Muita gente me criticou porque, ao invés de escolher temas mais "maduros", como Homem-Aranha, Ben-10, essas coisas, eu preferi me guiar pelo gosto dele (que ama a Galinha Pintadinha, personagem que faz muito sucesso aqui no Brasil). Acho que não há muito respeito hoje em dia pelas fases da vida: os adultos querem logo que seus filhos "queimem" etapas pq. isso parece significar maior inteligência, precocidade. Eu não estou nem aí para isso! Ainda tem este acesso irrestrito à tecnologia, Ipads, Iphones... Crianças pequenininhas já sabendo mexer... Eu e o pai dele não entendemos nada disso e, por consequência, nosso filho fica mais centrado nos brinquedos.

Anônimo disse...

Querida Beth,

Muito bem dito! A adolescência é talvez a fase mais desafiante do desenvolvimento humano.
E apesar da época ser outra (modernizada tecnologicamente) e do 'background' também (país europeu, idioma, cultura diferentes), a base continua intacta: o conflito de gerações. Nossos pais tb pensaram o mesmo de nós, com nossas discotecas, walkman nos ouvidos... Tudo o que queríamos era não parecer-nos com nossos pais! O engraçado e' que depois que essa fase passa, percebemos que não fugimos ao nosso 'sangue'... Crescemos, temos nossos filhos e as vezes nos pegamos pensando ou agindo como nossos pais.
Voce e' uma mãe tipo cabeça aberta, e por isso vai tirar esta fase de letra. Não se esqueça das provocações do seu adolescente - testando seu limite. Mesmo por que, uma relação saudável tem que ter espaço tb para discussões, calorosas ou não.
Como dizem no Brasil : Faz parte!" :)

Beijinhos,
Fatima

Beth Blue disse...

Ana Amélia,

Concordo com você no quesito Homem Aranha e Ben 10. A começar porque nãio acho que seja tema pra festa de 3 anos não!!! Os pais andam muito apressadinhos, rsrsrs.

Meu filho com 3 anos assistia os clássicos da Disney comigo (viu todos, desde Branca de Neve). Depois embarcamos nos filmes da Pixar (Toy Story virou clássico aqui em casa, Monsters Inc. também).

Que eu me lembre, este negócio de super-herói começou bem tarde aqui em casa, lá pelos 9 ou 10 anos. Antes disso tinha a paixão por dinossauros e tudo relacionado a eles (Walking with Dinossaurs e a trilogia Jurrasic Park eram favoritos).

Agora...o que eu tenho visto de criança de 2 ou 3 anos mexendo com iPad não é brincadeira! Eles já sabem até instalar Apps e tudo mais.

Por falar em filhos, quero conhecer o seu quando for ao Brasil ano que vem (este nao não rola). beijos




Marina Ernst disse...

Interessante, estava conversando isso com uma amiga minha ontem antes de ler o seu texto. A perda da inocência tem se dado cada vez mais cedo. Já dá pra perceber essa tendência no vestuário para bebês, por exemplo. Algumas coleções vestem mini adultos.
Quanto à adolescência, hehe pode ser mesmo irritante, lembro dos estresses com a minha mãe, e olha que eu. nem fui problemática, mas era exatamente assim: muito crítica, cheia de opiniões, muitas delas erros que só foram reconhecidos mais tarde. É uma fase muito rica mas também muito complicada pra todo mundo. Mas o bom é que passa, rs.
Ainda bem que faltam uns anos pro Gabriel, to curtindo muito a fase bebê. hehe
beijos

Tecnologia do Blogger.

Criando adolescentes




Impressionante como as crianças crescem de uma hora pra outra. Seu filho adorável se transforma subitamente numa pessoa cheia de opiniões e sempre pronta a questionar as suas! Sim, tudo isso faz parte da passagem para a adolescência. Mas a gente leva cada susto! É preciso tempo pra nos acostumarmos com esta nova pessoa dentro de nossa casa. E haja paciência, viu?

Meu filho nunca foi uma criança "difícil" - fora a via crucis que foi o período de testes e exames, diagnóstico de autismo (PPD-NOS) e mudança para a escola especial que já contei aqui no blog (interessados no assunto, leiam o marcador Autismo aqui à direita). Mas agora prestes a completar 13 anos tenho percebido algumas mudanças inevitáveis. E isso por um lado é bom e natural. Por outro lado, haja saco para aturar tanta discussão acalorada e mudanças de humor (e nem vou falar na batalha de todas as manhãs em que mal consigo fazer o menino sair da cama pra ir pra escola). Pensando bem, das mudanças de humor eu nem tenho o direito de reclamar pois eu mesma mudo de humor várias vezes no mesmo dia! Então quem sou eu pra reclamar, né?

Só sei que muito se fala e se escreve sobre a adolescência e apesar de tudo, ela nem me assusta tanto assim ...Verdade seja dita, adolescente pode ser uma criatura irritante e teimosa, com uma grande capacidade de nos tirar do sério a qualquer hora do dia ou da noite. Mas se pararmos pra pensar, um dia nós também fomos assim. Sem falar que a adolescência também é um dos períodos mais ricos e férteis do ser humano, onde descobrimos e criamos pouco a pouco nossa identidade (tudo aquilo que nos diferencia de nossos pais e dos outros). E convenhamos, não há nada de errado nisso. Muito pelo contrário.

De resto, eu posso até estar errada (só o tempo dirá), mas acho que estou bem preparada para os próximos anos...a começar porque crio meu filho de uma forma bem diferente de como fui criada - e nem podia ser diferente, vivemos em outra época e em outro país! Eu e Liam conversamos sobre assuntos que eu nunca sonhei em conversar com a minha mãe. Liam tem uma criação muito mais liberal do que eu tive (e nem podia ser diferente em pleno século XXI). Eu fui muito reprimida na minha adolescência (e olha que eu nem aprontava porque não tive oportunidades para isso). Minha mãe era das antigas que ainda acreditava que uma mulher deveria casar virgem e por aí vocês já podem imaginar o que estou falando, né?


De uma coisa eu tenho certeza: não adianta proibir! Conhecem a estória do fruto proibido? Pois é assim mesmo, quanto mais se proíbe algo, mais este algo se torna interessante...aconteceu comigo (vou poupá-los dos detalhes "sórdidos"). Então ao menos nesta armadilha eu não caio!

Mas isso não significa que não existam regras! Regras existem e limites também. Mas tudo deve ser conversado e discutido, desde que haja respeito de ambas as partes. Comunicação é a base de todo e qualquer relacionamento humano e não podia ser diferente na hora de conversar com adolescentes. Mas comunicar apenas não basta, é precisa ouvir em vez de julgar e criticar (o que, convenhamos, nem sempre é fácil). Não quero de forma alguma restringir o desenvolvimento do meu filho, nem pretendo "moldá-lo" para ser como eu. Mas posso (e devo) orientá-lo em suas escolhas. Porque ele é diferente, tem desejos e sonhos diferentes dos meus quando eu era adolescente. E vive em uma época muito diferente do meu Rio de Janeiro do final dos anos 70, início dos anos 80 (agora vocês podem calcular a minha idade, né?). Ele vive em Amsterdam em pleno século XXI, em plena crise do euro em que aqui no velho continente muitas coisas também estão mudando (algumas para pior, como o racismo e a discriminação).

O que realmente me deixa preocupada hoje em dia é a quantidade de informações que nossos filhos recebem por todo lado, desde muito cedo. "Não se fazem mais crianças como antigamente", diriam os mais velhos. A infância é muito menos ingênua e, em muitos aspectos, nossos filhos amadurecem muito mais cedo do que a minha geração amadureceu. Uma verdadeira explosão de informações na net, Facebook, Twitter, What's App, etc. Sem falar nos inúmeros apps para smartphone que permitem acess 24/7 a  tudo e a todos (por falar em smartphone, adivinhem o que este garoto pediu de aniversário?).

Enfim, criar filhos requer sabedoria, paciência, respeito e acima de tudo, muito amor! Mas acompanhar o desenvolvimento de um filho, desde bebezinho até a adolescência e o início da idade adulta é uma das maiores aventuras que a vida nos proporciona! De uma coisa vocês podem ter certeza:

A gente aprende muito com nossos filhos. Basta ter ouvidos para ouvir e olhos para ver.



Cara de adolescente!







5 comentários:

Eliana disse...

Pois é tudo isso acontecendo bem diante dos seus olhos. Realmente os tempos são outros e tem que se adequar pra poder estar ao lado dele, apoiando e orientando e, sim, estabelecendo certos limites porque no fundo eles precisam ter um "porto seguro". A sua postura é a demontração do seu amor de mãe. Lógico que virão muitas discussoes acaloradas, mas isso é bom, porque permite acima de tudo uma relação de cumplicidade entre vocês. Boa sorte e sabedoria neste caminho, Beth!

Anônimo disse...

Meu filho está com 3 anos. Na festinha de aniversário dele, o tema foi tido como ingênuo, de bebê. Muita gente me criticou porque, ao invés de escolher temas mais "maduros", como Homem-Aranha, Ben-10, essas coisas, eu preferi me guiar pelo gosto dele (que ama a Galinha Pintadinha, personagem que faz muito sucesso aqui no Brasil). Acho que não há muito respeito hoje em dia pelas fases da vida: os adultos querem logo que seus filhos "queimem" etapas pq. isso parece significar maior inteligência, precocidade. Eu não estou nem aí para isso! Ainda tem este acesso irrestrito à tecnologia, Ipads, Iphones... Crianças pequenininhas já sabendo mexer... Eu e o pai dele não entendemos nada disso e, por consequência, nosso filho fica mais centrado nos brinquedos.

Anônimo disse...

Querida Beth,

Muito bem dito! A adolescência é talvez a fase mais desafiante do desenvolvimento humano.
E apesar da época ser outra (modernizada tecnologicamente) e do 'background' também (país europeu, idioma, cultura diferentes), a base continua intacta: o conflito de gerações. Nossos pais tb pensaram o mesmo de nós, com nossas discotecas, walkman nos ouvidos... Tudo o que queríamos era não parecer-nos com nossos pais! O engraçado e' que depois que essa fase passa, percebemos que não fugimos ao nosso 'sangue'... Crescemos, temos nossos filhos e as vezes nos pegamos pensando ou agindo como nossos pais.
Voce e' uma mãe tipo cabeça aberta, e por isso vai tirar esta fase de letra. Não se esqueça das provocações do seu adolescente - testando seu limite. Mesmo por que, uma relação saudável tem que ter espaço tb para discussões, calorosas ou não.
Como dizem no Brasil : Faz parte!" :)

Beijinhos,
Fatima

Beth Blue disse...

Ana Amélia,

Concordo com você no quesito Homem Aranha e Ben 10. A começar porque nãio acho que seja tema pra festa de 3 anos não!!! Os pais andam muito apressadinhos, rsrsrs.

Meu filho com 3 anos assistia os clássicos da Disney comigo (viu todos, desde Branca de Neve). Depois embarcamos nos filmes da Pixar (Toy Story virou clássico aqui em casa, Monsters Inc. também).

Que eu me lembre, este negócio de super-herói começou bem tarde aqui em casa, lá pelos 9 ou 10 anos. Antes disso tinha a paixão por dinossauros e tudo relacionado a eles (Walking with Dinossaurs e a trilogia Jurrasic Park eram favoritos).

Agora...o que eu tenho visto de criança de 2 ou 3 anos mexendo com iPad não é brincadeira! Eles já sabem até instalar Apps e tudo mais.

Por falar em filhos, quero conhecer o seu quando for ao Brasil ano que vem (este nao não rola). beijos




Marina Ernst disse...

Interessante, estava conversando isso com uma amiga minha ontem antes de ler o seu texto. A perda da inocência tem se dado cada vez mais cedo. Já dá pra perceber essa tendência no vestuário para bebês, por exemplo. Algumas coleções vestem mini adultos.
Quanto à adolescência, hehe pode ser mesmo irritante, lembro dos estresses com a minha mãe, e olha que eu. nem fui problemática, mas era exatamente assim: muito crítica, cheia de opiniões, muitas delas erros que só foram reconhecidos mais tarde. É uma fase muito rica mas também muito complicada pra todo mundo. Mas o bom é que passa, rs.
Ainda bem que faltam uns anos pro Gabriel, to curtindo muito a fase bebê. hehe
beijos