quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Sobre o apego, o medo e os relacionamentos


Não deu pra ficar calada. É que um amigo comentou no blog dele que hoje em dia, o negócio é a gente não se apegar a nada nem a ninguém. Ele acaba de viver uma grande desilusão amorosa e é bastante compreensível que pense assim...eu mesma já passei por isso depois do meu casamento. Porque a gente sofre e a primeira reação do ser humano é evitar aquilo que causou tanta dor. Então a gente foge de relacionamentos como o diabo da cruz, a gente se esconde num buraco e ai de quem tentar tirar a gente de lá antes da hora. E a gente tenta (com todas as nossas forças) acreditar que somos auto-suficientes, que não precisamos de nada nem de ninguém...E por um tempo, isso até funciona.

Mas a vida é feita de ciclos. Tudo na vida tem seu tempo e a gente precisa viver certas coisas, não adianta fugir da raia. A gente pode até adiar algumas decisões, a gente pode empurrar a sujeira pra debaixo do tapete e fingir que está tudo bem. Mas a vida não pára e a gente um dia decide que é hora de mudar. E mudar dói, dói muito. Só que o que vem depois é muitas vezes tão inacreditavelmente melhor que a gente se pergunta porque diabos não mudou antes! Porque diabos não tomou aquela decisão antes, porque não arriscou em vez de se esconder. E a gente quase não se perdoa por ter jogado fora tanto tempo...Mas é que, na nossa cegueira temporária, a gente não sabia que as coisas podiam melhorar. Dentro da nossa cabeça o cenário era de um deserto insólito e sem perspectivas. Só um buraco negro e nós acuados lá dentro. Assustador? Sem dúvida. Mas nem tudo está perdido.

Só digo isso porque eu vivi uma estória muito, muito triste e também decidi que nunca mais iria me envolver com ninguém. Que o melhor mesmo era ficar sozinha (e ai de quem tentasse me convencer do contrário)! Afinal, quem precisa de afeto, quem precisa de amor? Só que o destino obviamente tinha outros planos para mim (e sou grata até hoje por isso, não vou mentir). E eu tive a oportunidade de amar de novo e amar de verdade. Apesar do medo, apesar da dor. E convenhamos, cada um de nós carrega consigo uma bagagem emocional, por onde quer que ande. E com o passar do tempo (e alguma sorte) ela vai ficando mais leve, à medida em que aprendemos com os nossos erros e voltamos a acreditar em nós mesmos e na possibilidade de sermos felizes. É ai que, quando menos esperamos, a felicidade volta a se instalar em nossas vidas.

Então, pra encerrar este assunto, eu só queria dizer duas coisas pro meu amigo. A primeira é: tudo a seu tempo. E a segunda é: uma vida sem afeto não vale a pena ser vivida...e a gente pode até fingir que vale, mas amar e ser amado é uma das condições básicas para o ser humano ser feliz. A nós só nos resta aceitar a dor e deixar as lágrimas rolarem pelo rosto até secarem. Nos fortalecer e começar de novo, sem pressa. O que não podemos permitir é deixar que o medo nos paralise e tome conta de nós. Porque se deixarmos, estaremos vivendo uma vida pela metade.

PS. Antônio, estas tulipas são pra você.

3 comentários:

Anônimo disse...

Poxa Bethilda, que coisa bonita voce escreveu. Entendo que as dores de cada um sao as maiores dores do universo, mas sem dúvida, a sabedoria anda batendo a sua porta. Como diz o U2, "Some days are better than others". Fico feliz de ver a luz na sua cabeça! Simone P.

Antonio Da Vida disse...

Oi querida...
vc quase me fez chorar agora, sério... obrigado pelas tulipas, pelo carinho, pela amizade, pela atenção... por tudo.
Mas eu não quero mais chorar...chega de choro.
Este fim de semana eu vou estar em Amsterdam, vou ficar na casa da Anna, será que dá pra gente se ver?
Mil beijos!
Antonio

Andrea Drewanz disse...

Olá, Beth...
Falou e disse!
Adorei o que vc escreveu e está muito bem escrito.
Nada de ficar presa às dores do passado.
Bjim

Tecnologia do Blogger.

Sobre o apego, o medo e os relacionamentos


Não deu pra ficar calada. É que um amigo comentou no blog dele que hoje em dia, o negócio é a gente não se apegar a nada nem a ninguém. Ele acaba de viver uma grande desilusão amorosa e é bastante compreensível que pense assim...eu mesma já passei por isso depois do meu casamento. Porque a gente sofre e a primeira reação do ser humano é evitar aquilo que causou tanta dor. Então a gente foge de relacionamentos como o diabo da cruz, a gente se esconde num buraco e ai de quem tentar tirar a gente de lá antes da hora. E a gente tenta (com todas as nossas forças) acreditar que somos auto-suficientes, que não precisamos de nada nem de ninguém...E por um tempo, isso até funciona.

Mas a vida é feita de ciclos. Tudo na vida tem seu tempo e a gente precisa viver certas coisas, não adianta fugir da raia. A gente pode até adiar algumas decisões, a gente pode empurrar a sujeira pra debaixo do tapete e fingir que está tudo bem. Mas a vida não pára e a gente um dia decide que é hora de mudar. E mudar dói, dói muito. Só que o que vem depois é muitas vezes tão inacreditavelmente melhor que a gente se pergunta porque diabos não mudou antes! Porque diabos não tomou aquela decisão antes, porque não arriscou em vez de se esconder. E a gente quase não se perdoa por ter jogado fora tanto tempo...Mas é que, na nossa cegueira temporária, a gente não sabia que as coisas podiam melhorar. Dentro da nossa cabeça o cenário era de um deserto insólito e sem perspectivas. Só um buraco negro e nós acuados lá dentro. Assustador? Sem dúvida. Mas nem tudo está perdido.

Só digo isso porque eu vivi uma estória muito, muito triste e também decidi que nunca mais iria me envolver com ninguém. Que o melhor mesmo era ficar sozinha (e ai de quem tentasse me convencer do contrário)! Afinal, quem precisa de afeto, quem precisa de amor? Só que o destino obviamente tinha outros planos para mim (e sou grata até hoje por isso, não vou mentir). E eu tive a oportunidade de amar de novo e amar de verdade. Apesar do medo, apesar da dor. E convenhamos, cada um de nós carrega consigo uma bagagem emocional, por onde quer que ande. E com o passar do tempo (e alguma sorte) ela vai ficando mais leve, à medida em que aprendemos com os nossos erros e voltamos a acreditar em nós mesmos e na possibilidade de sermos felizes. É ai que, quando menos esperamos, a felicidade volta a se instalar em nossas vidas.

Então, pra encerrar este assunto, eu só queria dizer duas coisas pro meu amigo. A primeira é: tudo a seu tempo. E a segunda é: uma vida sem afeto não vale a pena ser vivida...e a gente pode até fingir que vale, mas amar e ser amado é uma das condições básicas para o ser humano ser feliz. A nós só nos resta aceitar a dor e deixar as lágrimas rolarem pelo rosto até secarem. Nos fortalecer e começar de novo, sem pressa. O que não podemos permitir é deixar que o medo nos paralise e tome conta de nós. Porque se deixarmos, estaremos vivendo uma vida pela metade.

PS. Antônio, estas tulipas são pra você.

3 comentários:

Anônimo disse...

Poxa Bethilda, que coisa bonita voce escreveu. Entendo que as dores de cada um sao as maiores dores do universo, mas sem dúvida, a sabedoria anda batendo a sua porta. Como diz o U2, "Some days are better than others". Fico feliz de ver a luz na sua cabeça! Simone P.

Antonio Da Vida disse...

Oi querida...
vc quase me fez chorar agora, sério... obrigado pelas tulipas, pelo carinho, pela amizade, pela atenção... por tudo.
Mas eu não quero mais chorar...chega de choro.
Este fim de semana eu vou estar em Amsterdam, vou ficar na casa da Anna, será que dá pra gente se ver?
Mil beijos!
Antonio

Andrea Drewanz disse...

Olá, Beth...
Falou e disse!
Adorei o que vc escreveu e está muito bem escrito.
Nada de ficar presa às dores do passado.
Bjim