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Não sei se estou ficando velha, careta ou se simplesmente moro há muito tempo no Velho Continente (14 anos e juro que a gente muda sem perceber) mas tenho achado este negócio de ficar de rolo cada dia mais esquisito!!! E cheguei à conclusão de que trata-se de um
fenômeno tipicamente brasileiro. Por favor, corrijam-me se eu estiver errada!
Explicando melhor, os homens holandeses não parecem ter esta
mania de fugir de compromisso,
medo (pânico) de assumir seus sentimentos e aquele eterno
blábláblá que a gente cresce ouvindo no Brasil. E não se iludam, quanto mais alto o nível cultural do brasileiro mais moderno o discurso, desde a velha amizade colorida até relações abertas e a
bissexualidade tão defendida por Caetano (
eu só digo uma coisa: cada macaco no seu galho). Ou isso ou simplesmente os holandeses têm uma situação financeira que permite morar junto, aquela velha estória de quem casa quer casa. Porque eu acredito - ou gostaria de acreditar - que um dos principais motivos pelo qual o
espécime brasileiro prefere ficar anos de rolo ao invés de assumir um relacionamento é a falta de grana - pura e simplesmente! Mas talvez eu esteja simplificando uma questão complexa.
De qualquer forma, fico sempre surpresa ao ver a quantidade de mulheres sozinhas no Brasil. Não é de se admirar que muitas delas arrumem marido na Internet e venham de mala e cuia pra cá, fenômeno cada vez mais comum deste lado do atlântico (e lamento informá-los mas não foi o meu caso). Todo mundo sabe que no Brasil tem mais mulher do que homem mas mesmo assim! Tem gente que já parte da teoria de que as mulheres ficaram fáceis e se jogam...outros insistem que os homens é que não querem assumir mais nada hoje em dia. Eu acho tudo muito estranho. Ainda mais porque não vejo nada disso aqui na Holanda. Nem vou falar de Europa porque cada país é uma estória então prefiro não arriscar palpites. O que vejo à minha volta são casais indo morar juntos (
nota bene: a tendência da Holanda e países escandinavos nem é casar e sim morar juntos). Casais tendo bebês e se conformando (talvez até demais) à vida adulta. Eu nunca fui dessas mulheres de sonhar com marido e casa cheia de crianças (muito pelo contrário, hehehe), mas também não acho que a outra opção (o rolo) seja melhor. No final das contas, quem você está tentando enrolar: o outro ou você mesma(o)?
Eu gostaria de acreditar que existe um
caminho do meio. Que os relacionamentos estão em fase de transição e os papéis femininos e masculinos em constante reavaliação nas últimas décadas, isso todo mundo está careca de saber. O que eu queria saber é o rumo que estamos tomando...E se uma amiga vive brincando que gostaria de escrever uma tese antropológica sobre o orkut, a minha tese seria sobre rolos. Falando sério, que fenômeno mais curioso...
E já que estamos falando de relacionamentos modernos, um modelo cada vez mais popular nos EUA e Europa (especialmente Escandinávia) é o relacionamento
LAT (
Living Apart Together). Um relacionamento essencialmente monogâmico (não confundir com casamento aberto) em que cada um vive na sua casa, embora passe boa parte do tempo comutando de uma casa a outra (o que mais tenho feito este ano, rsrsrsr). Ou seja, vive-se juntos mas ao mesmo tempo cada um preserva seu espaço. Já comentei aqui no blog que me parece a situação ideal (até prova em contrário), especialmente pra quem já foi casado, já morou junto, etc. Novamente, a situação financeira dos dois deve permitir porque juntar os trapos e dividir as contas é sempre mais fácil (entre aspas). Por essas e outras, não acredito que uma relação deste tipo tenha chances de sucesso no Brasil.
To cut a long story short, acho que ficar de rolo é válido até uma certa idade (eu arriscaria dizer até os trinta mas sabe-se lá). Depois dessa idade, parece que as pessoas estão com medo de assumir seus sentimentos e de se tornarem adultas. A famosa
Síndrome de Peter Pan. Porque amar e ser amado não é caretice e sim uma das necessidades mais básicas do ser humano. Disso, meus caros amigos, vocês podem ter certeza.