terça-feira, julho 22, 2008

Mulher e com muito orgulho, sim senhor


Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'. Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?

Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: 'mas agora eu tô comendo um lanche com amigos'. Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?

Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.

E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito.

Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve. Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.

Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos e filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.

Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.

Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.

Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu. Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele.

Ele quem mesmo?

Texto da Martha Medeiros, dedicado (por mim) à Bebete. Força na peruca, amiga!

4 comentários:

Vivia disse...

Como é uma delícia ler o que você escreve...
Aproveitando a dica que a Tróia deu, vim navegar e procurar por suas dicas de livro. Coloquei quase todas na lista de desejos!! Por enquanto não dá para comprar porque estou cheio de livros para ler em casa...

Beijos!

Andrea Drewanz disse...

Beth, adoro as crônicas da Marta Medeiros.
Ela é especial! E esse texto, ma-ra-vi-lho-so...
Obrigada pela dica da livraria virtual.
Já fui dar uma olhada e gostei muito.
Bjsssssssss

Eu não sei, você sabe? disse...

muito legal o texto, a essencia é essa ,não podemos perder A GENTE de vista, o resto vai bem se a gente estiver bem:)
beijo e boa escolha de texto dessa mulher que parece escrever por nós!
tita

Bebete Indarte disse...

Como é que eu vi isso só agora?
Vim aqui ler sobre Maastrich.
Fiquei até emotiva.
Eu juro que a melhor vinganca é viver bem.
Estou indo bem, mas ainda tenho que melhorar muito. Essas coisas levam tempo...voce sabe / os acentos sumiram...
Mas sortuda eu sou, rodeada de amigos maravilhosos, como voce
Muito obrigada.
Vou fazer uma pausa para chorar um pouco...um outro tipo de choro, sabe?

Tecnologia do Blogger.

Mulher e com muito orgulho, sim senhor


Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'. Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?

Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: 'mas agora eu tô comendo um lanche com amigos'. Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?

Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.

E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito.

Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve. Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.

Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos e filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.

Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.

Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.

Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu. Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele.

Ele quem mesmo?

Texto da Martha Medeiros, dedicado (por mim) à Bebete. Força na peruca, amiga!

4 comentários:

Vivia disse...

Como é uma delícia ler o que você escreve...
Aproveitando a dica que a Tróia deu, vim navegar e procurar por suas dicas de livro. Coloquei quase todas na lista de desejos!! Por enquanto não dá para comprar porque estou cheio de livros para ler em casa...

Beijos!

Andrea Drewanz disse...

Beth, adoro as crônicas da Marta Medeiros.
Ela é especial! E esse texto, ma-ra-vi-lho-so...
Obrigada pela dica da livraria virtual.
Já fui dar uma olhada e gostei muito.
Bjsssssssss

Eu não sei, você sabe? disse...

muito legal o texto, a essencia é essa ,não podemos perder A GENTE de vista, o resto vai bem se a gente estiver bem:)
beijo e boa escolha de texto dessa mulher que parece escrever por nós!
tita

Bebete Indarte disse...

Como é que eu vi isso só agora?
Vim aqui ler sobre Maastrich.
Fiquei até emotiva.
Eu juro que a melhor vinganca é viver bem.
Estou indo bem, mas ainda tenho que melhorar muito. Essas coisas levam tempo...voce sabe / os acentos sumiram...
Mas sortuda eu sou, rodeada de amigos maravilhosos, como voce
Muito obrigada.
Vou fazer uma pausa para chorar um pouco...um outro tipo de choro, sabe?