quarta-feira, março 31, 2010

Conselhos para os jovens aventureiros



Se eu tivesse que dar APENAS UM CONSELHO para os jovens aventureiros, eu diria: viajem, viajem muito...Conheçam terras distantes, descubram terras estrangeiras. Mas também conheçam as cidades do seu estado, da sua região. O Brasil é praticamente um continente. Não tenham medo, descubram o mundo lá fora e deslumbrem-se com suas maravilhas (e não são poucas). Enquanto ainda são jovens, enquanto ainda não tiverem seus filhos, enquanto ainda não criarem raízes por aí. Acima de tudo, enquanto ainda tiverem saúde pra bater pernas o dia inteiro, curtir pela noite afora e depois ainda dormir numa cama dura de albergue! Eu sei bem do que estou falando, já viajei um bocado mas ainda pretendo viajar muito nesta vida.

Nos últimos 4 anos teve muitas mudanças e pouca grana. As únicas viagens dignas de nota foram uma semana maravilhosa em Paris (2006) e outra semana maravilhosa em Praga (2007). Pensando bem, duas cidades belíssimas então vou já parar de reclamar, né?!! E sim, já conheci lugares belíssimos na Irlanda, Inglaterra e Escócia (e não apenas Dublin, Edinburgh e Londres). Conheci Lisboa, Sintra, Porto e a região do Minho. E visitei a vibrante Barcelona...mas sonho em conhecer a Andalusia. Também tive a sorte de conhecer o belíssimo sul da França (incluindo Nice, Cannes, Monte Carlo e a charmosa Antibes). E Paris foi e continua sendo minha grande paixão. No mais, ainda preciso conhecer a Itália e a Grécia! E quero conhecer Istanbul, na Turquia...e a Nova Zelândia (mais do que a Austrália, a Nova Zelândia sempre foi um país que me fascinou). Enfim, sonhar é bom - viajar melhor ainda!

E já que estou falando em viagens, vou contar um segredo: em julho tem viagem especial (não, não é ainda este ano que irei ao Brasil). Irei com meu filho visitar um continente no qual nunca pisei os pés, um país que nunca sequer sonhei em visitar. Uma nova aventura...no norte da África! Adivinhem.





PS. A inspiração para este post veio daqui: garotinharuiva

(Mais) vida de imigrante

Aproveitei o título dos dois últimos posts pra comentar sobre um ótimo livro que acabei de ler. O livro se chama The Other Hand e lida com uma questão muito atual, pra não dizer polêmica: o problema da imigração ilegal. Como todo mundo está careca de saber, aqui na Europa, assim como nos EUA, vivem muitos imigrantes ilegais. E eu posso afirmar sem a menor hesitação que este é o maior problema na Europa de hoje. Diga-se de passagem, um problema muito maior do que o terrorismo...quem vive aqui sabe do que estou falando.

Pois o livro conta a estória de uma imigrante ilegal, como muitas outras. Little Bee morava na Nigéria até o dia em que sua aldeia foi queimada e seus pais e irmã brutalmente assassinados. Ela então decide fugir (antes de ela mesma ser assassinada), embarca no primeiro navio de carga que vê e vai parar na Inglaterra...ou melhor dizendo, num Centro de Detenção de Imigrantes, onde passa 2 anos sem saber porque...sim, ela é presa assim que as autoridades locais a encontram no navio sem nunca ter cometido um crime. Pensando bem, acho que o único crime que ela cometeu foi ter nascido no país errado...e ter tentado fugir a todo custo dos horrores de uma guerra. Enfim, uma estória muito comum, mas não por isso menos comovente. Faz pensar naquelas coisas que a gente tem e nunca valoriza (justamente porque sempre teve).

O livro é, acima de tudo, um EYE OPENER pros leitores que vivem suas vidinhas confortáveis no primeiro mundo e nunca sequer pararam um minuto pra pensar em como as pessoas vivem no resto do mundo. O que torna a leitura ainda mais interessante é o contraste com a outra protagonista do livro, uma inglesa que trabalha como editora de revista e vive sua vidinha até o dia em que seu destino cruza com o da nigeriana. A estória é narrada pelas duas, em capítulos intercalados. Um drama inesquecível.

quarta-feira, março 24, 2010

Vida de imigrante, parte II

Decidi esticar este tema (que por si já dá muito pano pra manga) por causa de um comentário no post anterior que me fez pensar...e depois de muito pensar, voltei pra compartilhar minhas divagações com vocês. É que a leitora Márcia fez um comentário que inevitavelmente me fez lembrar a minha mãe. Ela disse que embora não more no exterior, mora em uma cidade diferente daquela em que nasceu e foi criada e vez ou outra até saudade do cafezinho do interior sente...e então me dei conta de que num país do tamanho de um continente como o Brasil, com diferentes regiões e enorme diversidade cultural, a gente pode se sentir imigrante sem sair das fronteiras do próprio país!

Minha mãe viveu isso na pele (e eu fui testemunha disso, querendo ou não). Ela viveu grande parte de sua vida no Rio Grande do Sul e mudou-se para a cidade maravilhosa depois dos 40 anos, quando eu já tinha 5 anos. E ela sempre foi uma espécie de imigrante sem ter saído do país. Sempre se sentiu exilada, de uma forma ou de outra. Ela era diferente, tinha outro sotaque (se recusava a puxar o sssssssss como os cariocas e insistia em falar tu em vez de você) e vivia reclamando dos hábitos cariocas...Tinha saudades do sul, do galpão de tradições gaúchas, dos pratos regionais (ela tomava chimarrão, fazia arroz de carreteiro quando batia saudade...ah, e comíamos pinhão também).

Enfim, uma vida marcada pelas saudades de uma família distante e de seus conterrâneos gaúchos. O que prova que tudo na vida é relativo pois o Rio nunca foi pra minha mãe a cidade maravilhosa aclamada por tantos. Muito pelo contrário, a vida dela no Rio foi marcada pela solidão. Ela nunca se adaptou ao estilo de vida carioca (com ou sem praia). Num país com as dimensões do Brasil, mudar de região muitas vezes equivale a mudar de país...Interessante isso.

sábado, março 20, 2010

Vida de imigrante

Eu moro há 16 anos fora do Brasil e me adaptei a duras penas a uma nova vida na Holanda. Me refiro ao inevitável período de adaptação a uma nova cultura e a uma nova língua que todo estrangeiro passa, em maior ou menor grau (e dependendo da sorte de cada um). A maior certeza que tenho em todos estes anos é que a vida de imigrante não é pra qualquer um! Trata-se de uma vida árdua, com muitas dúvidas e escolhas difíceis. Muitos momentos de medo, solidão e a sensação de que ninguém entende o que estamos passando. Tudo isso faz parte do processo. A vida de imigrante é sem dúvida muito rica de experiências que só quem vive fora de seu país vai entender. Experiências que nos enriquecem e acima de tudo, nos tornam mais fortes. No final das contas, uma jornada ao encontro de si mesmo (não se iludam).

Após (mais) uma batalha vencida nos tornamos mais fortes. Da mesma forma, cada nova conquista na vida do imigrante é motivo de comemoração. E nem me refiro ao básico de conseguir um passaporte estrangeiro porque isso é o de menos, acreditem se quiser! Sim, os procedimentos para conseguir o passaporte estão cada vez mais rígidos mas eu aviso que o problema é bem outro (ou como diriam as más línguas, o buraco é mais embaixo). Você pode ter o passaporte e ser uma pessoa totalmente infeliz e nada adaptada ao lugar onde mora (daquelas que vivem sonhando em voltar pra terrinha). E pode não ter passaporte, viver na ilegalidade e ainda assim criar uma vidinha que te satisfaça, pelo menos por um determinado período da sua vida. Também tem aqueles como eu que ainda não tem o passaporte (mas já podem pedi-lo), não vivem na ilegalidade (mas já viveram) e ainda lutam pra criar uma vida decente para si mesmos. No meu caso específico, fiz algumas escolhas erradas lá no início da jornada - quando ainda não sabia as coisas que sei hoje - e estou corrigindo alguns erros até hoje. Sim, meus caros amigos, havia pedras no caminho. Algumas delas colocadas por mim mesma...

Só sei que hoje em dia se alguém me pergunta se eu acho que vale a pena emigrar, em 90% dos casos respondo sem a menor hesitação: NÃO! Fique aí mesmo onde você está porque fazer uma vida fora do Brasil está cada vez mais difícil e morar no estrangeiro não é pra qualquer um. Sem falar que muitos acreditam que a solução do Brasil está no aeroporto, mas emigrar nunca resolveu os problemas de ninguém. Simplesmente levamos nossos problemas conosco, sendo que o confronto no estrangeiro ainda é mais doloroso...uma viagem sem volta, mas para muitos de nós necessária. No mais, é a velha estória: se você não tem mesmo nada a perder, arrisque! Mas depois não venha reclamar que não avisei.

Aqui na Holanda eu vejo essencialmente dois tipos de brasileiros: os que vivem sonhando em voltar ao Brasil e passam seus dias comparando as coisas aqui e acolá (para estes eu digo: o paraíso não existe e se está tão infeliz aqui, volte). E aqueles que acabam decidindo (por questões meramente pessoais) ficar por aqui mesmo e se propõe a criar uma vida feliz, apesar de tudo e de todos. Eu me encaixo no segundo grupo e evito a companhia do primeiro (fujo mesmo). Sou a primeira a dizer que a vida aqui na Europa não é o paraíso que muitos acreditam...mas convenhamos, (sobre)viver no Brasil também é uma arte! A gente pode ser feliz ou infeliz em qualquer lugar do mundo. O paraíso é uma questão pessoal, como bem disse Richard Bach.

E assim vamos vivendo, um dia de cada vez - como eu mesma costumo dizer. E eu quero hoje acreditar que o pior já passou e que eu aprendi com os meus erros o bastante para não repeti-los. Acima de tudo, quero acreditar que a felicidade é uma escolha pessoal e que por isso, ela independe de coordenadas e fronteiras geográficas. O segredo é ser feliz onde a gente está.

domingo, março 14, 2010

Ainda estou viva


Raramente fico 2 semanas sem aparecer aqui no blog então resolvi escrever este post pra não perder o costume e pra dizer que sim, ainda estou viva! É que o tempo anda corrido e tenho andado super ocupada com o meu estágio. Enfim, sobra pouca tempo para outras atividades, como o meu blog e scrapbooking. A má notícia é que não tenho conseguido arrumar tempo nem pra nadar...mas vou recomeçar esta semana, depois de 3 meses sem ir à piscina neste longo e rigoroso inverno. Já está anotado na minha agenda!

A boa notícia é que ando curtindo cada dia mais esta vidinha de professora, rsrsrs. Já posso dizer que aprendi um bocado nesses seis meses de estágio (mais 3 meses e chego na reta final), ainda mais considerando-se que nunca tinha dado aulas para turmas (aula particular eu já tinha dado aqui na Holanda). E embora o final do estágio não venha com nenhuma garantia de emprego, só a experiência acumulada neste período intensivo já valeu (muito) a pena! Colegas de trabalho ótimos, alunos idem.

Traballho todos os dias (mas apenas dois dias inteiros) e ainda tenho o privilégio de ter aulas semanais com uma grande mestra (as aulas fazem parte do estágio). Uma mulher excepcional com anos e anos de experiência em educação e, em especial, na alfabetização de adultos. E as aulas dela tem sido necessárias porque não apenas ensinamos a turma mais adiantada que vai fazer o inburgeringsexamen como também alunas que nunca aprenderam a ler e a escrever!!! Em outras palavras, alunas que estão sendo alfabetizadas em uma língua estrangeira e que não sabem ler nem escrever em sua língua materna (árabe, na grande maioria dos casos).

Resumindo, um novo mundo se abriu pra mim em setembro do ano passado, com possibilidades que eu nunca sequer tinha vislumbrado. Pensando bem, eu nem sabia que essas possibilidades existiam! E cá estou eu dando aulas, depois de mais de 15 anos trabalhando exclusivamente com traduções! A vida tem dessas coisas...e mudar é muito bom!

Um novo desafio

Como parte do estágio, além das horas em sala de aula tenho ainda de escrever resumos (não sei mais o termo em português, estudantes e universitários de plantão ajudem-me!!!) sobre temas relacionados à didática de ensino, material usado em sala de aula, etc. O primeiro está com entrega marcada para esta semana e embora o texto não precise conter mais do que duas páginas (o que vale é o conteúdo, já fui avisada), vou ter de escrever ele todinho em holandês e este é o meu mais novo desafio! Porque, modéstia à parte, eu escrevo sem erros em português e falo holandês fluentemente mas redigir em língua estrangeira é bem outra estória! A sorte é que o namorado vai editar o texto final pra mim (homem tem de servir pra alguma coisa, né? hehehe). E sim, eu já escrevi esse tipo de texto nos meus tempos de faculdade, só que na minha língua materna, né?

E o holandês nunca será minha língua materna, embora com 15 anos de Holanda ele já ultrapassou meu nível de inglês, que sempre foi a minha segunda língua. Em outras palavras, já me peguei com uma palavra em holandês que eu não conseguia mais lembrar em inglês!!! E já que estou falando em línguas, o holandês é a língua materna do meu filho e a segunda língua dele é o inglês. E não, ele ainda não aprendeu português por motivos de força maior (o que é assunto pra outro post) mas será o terceiro idioma.

Agora cá entre nós: mais SAGITARIANA impossível, né?
Tecnologia do Blogger.

Conselhos para os jovens aventureiros



Se eu tivesse que dar APENAS UM CONSELHO para os jovens aventureiros, eu diria: viajem, viajem muito...Conheçam terras distantes, descubram terras estrangeiras. Mas também conheçam as cidades do seu estado, da sua região. O Brasil é praticamente um continente. Não tenham medo, descubram o mundo lá fora e deslumbrem-se com suas maravilhas (e não são poucas). Enquanto ainda são jovens, enquanto ainda não tiverem seus filhos, enquanto ainda não criarem raízes por aí. Acima de tudo, enquanto ainda tiverem saúde pra bater pernas o dia inteiro, curtir pela noite afora e depois ainda dormir numa cama dura de albergue! Eu sei bem do que estou falando, já viajei um bocado mas ainda pretendo viajar muito nesta vida.

Nos últimos 4 anos teve muitas mudanças e pouca grana. As únicas viagens dignas de nota foram uma semana maravilhosa em Paris (2006) e outra semana maravilhosa em Praga (2007). Pensando bem, duas cidades belíssimas então vou já parar de reclamar, né?!! E sim, já conheci lugares belíssimos na Irlanda, Inglaterra e Escócia (e não apenas Dublin, Edinburgh e Londres). Conheci Lisboa, Sintra, Porto e a região do Minho. E visitei a vibrante Barcelona...mas sonho em conhecer a Andalusia. Também tive a sorte de conhecer o belíssimo sul da França (incluindo Nice, Cannes, Monte Carlo e a charmosa Antibes). E Paris foi e continua sendo minha grande paixão. No mais, ainda preciso conhecer a Itália e a Grécia! E quero conhecer Istanbul, na Turquia...e a Nova Zelândia (mais do que a Austrália, a Nova Zelândia sempre foi um país que me fascinou). Enfim, sonhar é bom - viajar melhor ainda!

E já que estou falando em viagens, vou contar um segredo: em julho tem viagem especial (não, não é ainda este ano que irei ao Brasil). Irei com meu filho visitar um continente no qual nunca pisei os pés, um país que nunca sequer sonhei em visitar. Uma nova aventura...no norte da África! Adivinhem.





PS. A inspiração para este post veio daqui: garotinharuiva

(Mais) vida de imigrante

Aproveitei o título dos dois últimos posts pra comentar sobre um ótimo livro que acabei de ler. O livro se chama The Other Hand e lida com uma questão muito atual, pra não dizer polêmica: o problema da imigração ilegal. Como todo mundo está careca de saber, aqui na Europa, assim como nos EUA, vivem muitos imigrantes ilegais. E eu posso afirmar sem a menor hesitação que este é o maior problema na Europa de hoje. Diga-se de passagem, um problema muito maior do que o terrorismo...quem vive aqui sabe do que estou falando.

Pois o livro conta a estória de uma imigrante ilegal, como muitas outras. Little Bee morava na Nigéria até o dia em que sua aldeia foi queimada e seus pais e irmã brutalmente assassinados. Ela então decide fugir (antes de ela mesma ser assassinada), embarca no primeiro navio de carga que vê e vai parar na Inglaterra...ou melhor dizendo, num Centro de Detenção de Imigrantes, onde passa 2 anos sem saber porque...sim, ela é presa assim que as autoridades locais a encontram no navio sem nunca ter cometido um crime. Pensando bem, acho que o único crime que ela cometeu foi ter nascido no país errado...e ter tentado fugir a todo custo dos horrores de uma guerra. Enfim, uma estória muito comum, mas não por isso menos comovente. Faz pensar naquelas coisas que a gente tem e nunca valoriza (justamente porque sempre teve).

O livro é, acima de tudo, um EYE OPENER pros leitores que vivem suas vidinhas confortáveis no primeiro mundo e nunca sequer pararam um minuto pra pensar em como as pessoas vivem no resto do mundo. O que torna a leitura ainda mais interessante é o contraste com a outra protagonista do livro, uma inglesa que trabalha como editora de revista e vive sua vidinha até o dia em que seu destino cruza com o da nigeriana. A estória é narrada pelas duas, em capítulos intercalados. Um drama inesquecível.

Vida de imigrante, parte II

Decidi esticar este tema (que por si já dá muito pano pra manga) por causa de um comentário no post anterior que me fez pensar...e depois de muito pensar, voltei pra compartilhar minhas divagações com vocês. É que a leitora Márcia fez um comentário que inevitavelmente me fez lembrar a minha mãe. Ela disse que embora não more no exterior, mora em uma cidade diferente daquela em que nasceu e foi criada e vez ou outra até saudade do cafezinho do interior sente...e então me dei conta de que num país do tamanho de um continente como o Brasil, com diferentes regiões e enorme diversidade cultural, a gente pode se sentir imigrante sem sair das fronteiras do próprio país!

Minha mãe viveu isso na pele (e eu fui testemunha disso, querendo ou não). Ela viveu grande parte de sua vida no Rio Grande do Sul e mudou-se para a cidade maravilhosa depois dos 40 anos, quando eu já tinha 5 anos. E ela sempre foi uma espécie de imigrante sem ter saído do país. Sempre se sentiu exilada, de uma forma ou de outra. Ela era diferente, tinha outro sotaque (se recusava a puxar o sssssssss como os cariocas e insistia em falar tu em vez de você) e vivia reclamando dos hábitos cariocas...Tinha saudades do sul, do galpão de tradições gaúchas, dos pratos regionais (ela tomava chimarrão, fazia arroz de carreteiro quando batia saudade...ah, e comíamos pinhão também).

Enfim, uma vida marcada pelas saudades de uma família distante e de seus conterrâneos gaúchos. O que prova que tudo na vida é relativo pois o Rio nunca foi pra minha mãe a cidade maravilhosa aclamada por tantos. Muito pelo contrário, a vida dela no Rio foi marcada pela solidão. Ela nunca se adaptou ao estilo de vida carioca (com ou sem praia). Num país com as dimensões do Brasil, mudar de região muitas vezes equivale a mudar de país...Interessante isso.

Vida de imigrante

Eu moro há 16 anos fora do Brasil e me adaptei a duras penas a uma nova vida na Holanda. Me refiro ao inevitável período de adaptação a uma nova cultura e a uma nova língua que todo estrangeiro passa, em maior ou menor grau (e dependendo da sorte de cada um). A maior certeza que tenho em todos estes anos é que a vida de imigrante não é pra qualquer um! Trata-se de uma vida árdua, com muitas dúvidas e escolhas difíceis. Muitos momentos de medo, solidão e a sensação de que ninguém entende o que estamos passando. Tudo isso faz parte do processo. A vida de imigrante é sem dúvida muito rica de experiências que só quem vive fora de seu país vai entender. Experiências que nos enriquecem e acima de tudo, nos tornam mais fortes. No final das contas, uma jornada ao encontro de si mesmo (não se iludam).

Após (mais) uma batalha vencida nos tornamos mais fortes. Da mesma forma, cada nova conquista na vida do imigrante é motivo de comemoração. E nem me refiro ao básico de conseguir um passaporte estrangeiro porque isso é o de menos, acreditem se quiser! Sim, os procedimentos para conseguir o passaporte estão cada vez mais rígidos mas eu aviso que o problema é bem outro (ou como diriam as más línguas, o buraco é mais embaixo). Você pode ter o passaporte e ser uma pessoa totalmente infeliz e nada adaptada ao lugar onde mora (daquelas que vivem sonhando em voltar pra terrinha). E pode não ter passaporte, viver na ilegalidade e ainda assim criar uma vidinha que te satisfaça, pelo menos por um determinado período da sua vida. Também tem aqueles como eu que ainda não tem o passaporte (mas já podem pedi-lo), não vivem na ilegalidade (mas já viveram) e ainda lutam pra criar uma vida decente para si mesmos. No meu caso específico, fiz algumas escolhas erradas lá no início da jornada - quando ainda não sabia as coisas que sei hoje - e estou corrigindo alguns erros até hoje. Sim, meus caros amigos, havia pedras no caminho. Algumas delas colocadas por mim mesma...

Só sei que hoje em dia se alguém me pergunta se eu acho que vale a pena emigrar, em 90% dos casos respondo sem a menor hesitação: NÃO! Fique aí mesmo onde você está porque fazer uma vida fora do Brasil está cada vez mais difícil e morar no estrangeiro não é pra qualquer um. Sem falar que muitos acreditam que a solução do Brasil está no aeroporto, mas emigrar nunca resolveu os problemas de ninguém. Simplesmente levamos nossos problemas conosco, sendo que o confronto no estrangeiro ainda é mais doloroso...uma viagem sem volta, mas para muitos de nós necessária. No mais, é a velha estória: se você não tem mesmo nada a perder, arrisque! Mas depois não venha reclamar que não avisei.

Aqui na Holanda eu vejo essencialmente dois tipos de brasileiros: os que vivem sonhando em voltar ao Brasil e passam seus dias comparando as coisas aqui e acolá (para estes eu digo: o paraíso não existe e se está tão infeliz aqui, volte). E aqueles que acabam decidindo (por questões meramente pessoais) ficar por aqui mesmo e se propõe a criar uma vida feliz, apesar de tudo e de todos. Eu me encaixo no segundo grupo e evito a companhia do primeiro (fujo mesmo). Sou a primeira a dizer que a vida aqui na Europa não é o paraíso que muitos acreditam...mas convenhamos, (sobre)viver no Brasil também é uma arte! A gente pode ser feliz ou infeliz em qualquer lugar do mundo. O paraíso é uma questão pessoal, como bem disse Richard Bach.

E assim vamos vivendo, um dia de cada vez - como eu mesma costumo dizer. E eu quero hoje acreditar que o pior já passou e que eu aprendi com os meus erros o bastante para não repeti-los. Acima de tudo, quero acreditar que a felicidade é uma escolha pessoal e que por isso, ela independe de coordenadas e fronteiras geográficas. O segredo é ser feliz onde a gente está.

Ainda estou viva


Raramente fico 2 semanas sem aparecer aqui no blog então resolvi escrever este post pra não perder o costume e pra dizer que sim, ainda estou viva! É que o tempo anda corrido e tenho andado super ocupada com o meu estágio. Enfim, sobra pouca tempo para outras atividades, como o meu blog e scrapbooking. A má notícia é que não tenho conseguido arrumar tempo nem pra nadar...mas vou recomeçar esta semana, depois de 3 meses sem ir à piscina neste longo e rigoroso inverno. Já está anotado na minha agenda!

A boa notícia é que ando curtindo cada dia mais esta vidinha de professora, rsrsrs. Já posso dizer que aprendi um bocado nesses seis meses de estágio (mais 3 meses e chego na reta final), ainda mais considerando-se que nunca tinha dado aulas para turmas (aula particular eu já tinha dado aqui na Holanda). E embora o final do estágio não venha com nenhuma garantia de emprego, só a experiência acumulada neste período intensivo já valeu (muito) a pena! Colegas de trabalho ótimos, alunos idem.

Traballho todos os dias (mas apenas dois dias inteiros) e ainda tenho o privilégio de ter aulas semanais com uma grande mestra (as aulas fazem parte do estágio). Uma mulher excepcional com anos e anos de experiência em educação e, em especial, na alfabetização de adultos. E as aulas dela tem sido necessárias porque não apenas ensinamos a turma mais adiantada que vai fazer o inburgeringsexamen como também alunas que nunca aprenderam a ler e a escrever!!! Em outras palavras, alunas que estão sendo alfabetizadas em uma língua estrangeira e que não sabem ler nem escrever em sua língua materna (árabe, na grande maioria dos casos).

Resumindo, um novo mundo se abriu pra mim em setembro do ano passado, com possibilidades que eu nunca sequer tinha vislumbrado. Pensando bem, eu nem sabia que essas possibilidades existiam! E cá estou eu dando aulas, depois de mais de 15 anos trabalhando exclusivamente com traduções! A vida tem dessas coisas...e mudar é muito bom!

Um novo desafio

Como parte do estágio, além das horas em sala de aula tenho ainda de escrever resumos (não sei mais o termo em português, estudantes e universitários de plantão ajudem-me!!!) sobre temas relacionados à didática de ensino, material usado em sala de aula, etc. O primeiro está com entrega marcada para esta semana e embora o texto não precise conter mais do que duas páginas (o que vale é o conteúdo, já fui avisada), vou ter de escrever ele todinho em holandês e este é o meu mais novo desafio! Porque, modéstia à parte, eu escrevo sem erros em português e falo holandês fluentemente mas redigir em língua estrangeira é bem outra estória! A sorte é que o namorado vai editar o texto final pra mim (homem tem de servir pra alguma coisa, né? hehehe). E sim, eu já escrevi esse tipo de texto nos meus tempos de faculdade, só que na minha língua materna, né?

E o holandês nunca será minha língua materna, embora com 15 anos de Holanda ele já ultrapassou meu nível de inglês, que sempre foi a minha segunda língua. Em outras palavras, já me peguei com uma palavra em holandês que eu não conseguia mais lembrar em inglês!!! E já que estou falando em línguas, o holandês é a língua materna do meu filho e a segunda língua dele é o inglês. E não, ele ainda não aprendeu português por motivos de força maior (o que é assunto pra outro post) mas será o terceiro idioma.

Agora cá entre nós: mais SAGITARIANA impossível, né?