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The Persistence of Memory, Salvador Dali
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Incrível...Mal comemorei o ano novo e lá se foram 20 dias! Alguém me explica onde foram parar os dias? Eu tenho a sensação de que quanto mais velho a gente fica, mais rápido os dias, as semanas e os meses passam! Não sei se é prar rir ou pra chorar mas é a pura verdade.
Quando eu era criança, as semanas demoravam pra passar, os semestres na escola se arrastavam e as férias de verão pareciam intermináveis! Parece que eu tinha tempo de sobra pra fazer o que tinha de fazer: estudar, brincar e ir à praia. Hoje em dia vivo correndo e olha que só tenho 1 filho pra criar (e quem tem 2 ou 3 filhos, como faz?). Trabalho meio-expediente (e quem trabalha em horário integral?). E toda sexta-feira aquela sensação de que a semana voou. O fim-de-semana, claro, passa mais rápido ainda.
Sem querer filosofar muito - até porque nem sou tão velha assim, é que gosto de "filosofar" - o tempo parece cada vez mais escasso. Me dá uma certa angústia ver os dias escorrendo como areia pelos dedos da mão (a primeira imagem que me vem à mente). Não sei se é porque com o passar dos anos, o passado começa a pesar mais. As escolhas que fizemos ou deixamos de fazer, o tempo que perdemos quando ainda éramos jovens e tínhamos a vida pela frente. Tempo em que haviam muitas escolhas e caminhos a serem seguidos. Eu percebo isso até nos blogs das "meninas" mais novas (vinte anos mais novas, o que no mundo em que vivemos é uma diferença enorme). Não vou citar nomes mas elas sabem quem são, hehehe.
Acho que essa sensação de que os anos passam voando talvez se deva ao ritmo acelerado de nossas vidas modernas. Fast food, relacionamentos descartáveis, tudo-ao-mesmo-tempo-agora, um corre-pra-cá-corre-pra-lá sem fim (lembram do coelho branco da Alice?). Os avanços tecnológicos podem ter facilitado (e muito) nossas vidas, mas eles fizeram muito mais do que isso. Para alguns de nós, essa ficha já começa a cair.
Basta observar as crianças da nova geração, que nunca entenderão do que estou falando porque isso nunca fez parte do mundo delas. Elas nasceram praticamente conectadas a computadores, celulares e smart phones, cameras digitais, etc. A forma de pensar mudou, o que tem sido observado por um número cada vez maior de (neuro)cientistas. O pensamento acelerou e um dos aspectos negativos que vemos hoje é a EPIDEMIA de
transtorno de déficit de atenção (TDA). Nos EUA e em todo o mundo, cada vez mais crianças são diagnosticadas com
TDA (ou seja lá a sigla usada no Brasil, aqui na Holanda as crianças tem
ADHD). Só pra dar um exemplo, na sala do meu filho quase TODOS os alunos tem ADHD e tomam Ritalin!!! Tá certo que ele está numa escola especial para crianças com autismo, TDA e outros "transtornos" mas mesmo assim. Volta e meia ouço uma mãe ou pai dizer que o filho tem transtorno de déficit de atenção. Enfim, tempos modernos.
No meu tempo as escolas tinham dois tipos de alunos: alunos bons (leia-se quietinhos e estudiosos) e alunos ruins (leia-se desobedientes ou bagunceiros). Não se falava em TDA, nem muito menos em espectro do autismo (que inclui
PDD-NOS, o diagnóstico do meu filho). Era todo mundo na mesma sala de aula e os professores se viravam como podiam.
Eu sou do tempo da tv preto e branco, da máquina fotográfica e da máquina de escrever! Do tempo das fitas cassete e do cobiçado walkman. Meus pais eram pobres e nunca pudemos comprar um vídeo, muito menos os CDs quando foram lançados. Eram artigos de luxo. Tínhamos uma tv a cores Telefunken e estava bom assim. Eu ia visitar amigos que tinham video cassete (!!!) em casa e ficava babando...imaginem só!
Enfim, acabei perdendo um pouco o foco neste post - o que ironicamente ilustra o que estou tentando dizer. Mas espero que vocês tenham me entendido um pouco. Porque o tempo não pàra. Não mesmo.