quinta-feira, maio 30, 2013

Adolescentes, hoje.




Agora que tenho oficialmente um adolescente em casa, volta e meia me pego tentando comparar a adolescência desses garotos e garotas na Holanda (Europa, EUA, mundo) em pleno séc. XXI com a minha adolescência Brasil anos 80! E como não podia deixar de ser, as diferenças são tão gritantes que me deixam perplexa. Pior mesmo é quando me pego falando "na minha época não tinha isso ou aquilo", por aí vocês já imaginam o drama, né?

Meu filho ultimamente chega da escola e vai direto pro XBOX (que continua na sala, porque eu quero ao menos ter a ilusão de controle). Para os desavisados, o XBOX não é apenas uma console: Liam joga online com gamers de toda parte do mundo, faz download de demos de games proibidos pela mãe (e depois ainda vem contar com a maior cara lavada), surfa a internet, assiste vídeos no YouTube, etc...Como se não bastasse, mês passado o garoto ganhou de aniversário um Samsung Galaxy S3. E agora é um tal de What's App pra cá, Skype pra lá com os amigos da escola (eu tenho que tirar o smart phone das mãos dele antes do garoto ir dormir). E claro, mais YouTube e mais games porque a resolução de tela do tal Samsung é de deixar qualquer adolescente (e adulto) boquiaberto!

Moral da estória, esta nova geração quando não está jogando games no PlayStation ou no Xbox, está digitando ou falando no smartphone! Uma geração que já nasceu no meio destes avanços tecnológicos, que nunca viu uma vitrola, walkman SONY (de fitas, que eu amava) nem nunca viu um orelhão! Uma geração inteira que não pode sequer imaginar como é que seus pais sobreviveram sem celular num passado nem tão remoto assim...

Pois na minha adolescência nem DVD-player existia e meus pais demoraram muito pra comprar um vídeo-cassete (grande emoção quando chegou lá em casa e podíamos ver os filmes do cinema no conforto do nosso sofá). Obviamente não existiam games como os de hoje (eu tive um ATARI, quer coisa mais vintage?!!), muito menos celulares (ou melhor ainda: smart phones). A gente quando queria falar com o amigo ia visitar e tocava na campainha mesmo (pra quem morava perto) ou ligava pro telefone de casa. Se o amigo não estivesse em casa, a mãe, pai ou empregada dava o recado (ou não). Porque ainda não existia secretária eletrônica (nem voice mail).

Então confesso que sempre fico perplexa ao observar a vida dos adolescentes de hoje. E olha que sempre fui usuária ativa na internet, desde Orkut até Facebook, Twitter, Tumblr, Pinterest, blog há quase 7 anos, etc. Enfim, não sou daquelas mães lerdas. E posso estar errada mas esta tecnologia toda é uma faca de dois gumes: é muito legal e ao mesmo tempo ruim! E como tudo na vida, é preciso moderação. E um mínimo de bom senso para não deixar que estas ferramentas dominem totalmente nossas vidas. Se para nós adultos isso já é difícil, imaginem para os adolescentes!

Claro que toda esta tecnologia também tem suas óbvias vantagens. A maior delas talvez seja a possibilidade de estar em contato com todos em qualquer parte do mundo e a qualquer momento (24/7). O que por outro lado, também pode ser uma desvantagem em alguns dias (tem dia que eu deixo meu iPhone no still mode direto). Outra vantagem é o acesso imediato a inúmeras fontes de informação. O que também pode ser uma desvantagem caso o adolescente em questão não tenha o mínimo de capacidade crítica pra distinguir a fonte confiável entre tantas outras! No dever de casa e em pesquisas escolares por exemplo, os adolescentes de hoje usam e abusam do Google. No meu tempo a gente tinha mesmo era de pesquisar em muitos livros (e os trabalhos eram batidos à màquina pela minha mãe porque obviamente não existiam computadores). E claro que os professores também mudaram para se adaptar aos novos tempos. Dependendo da escola - acredito que na maioria seja assim- pesquisa ou trabalho em que aparece um parágrafo inteiro copiado da net (cut & paste) é nota ZERO. E eu dou toda a razão para o professor que faz isso, viu?

Sem falar na eterna discussão sobre a influência da internet e dos games em crianças e jovens e sua possível relação com a epidemia de ADHD (Attention Deficit Hiperactive Disorder), no Brasil chamado de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Na minha singela opinião, acho que hoje as crianças recebem um excesso de estímulos de todas as partes desde muito cedo...E posso até parecer conservadora, mas desconfio que isso tenha sim a ver com o aumento de diagnósticos e de medicação. Nosso cérebro nem sempre está preparado para tamanho input. E algumas crianças realmente tem maior sensibilidade a estímulos. Enfim, acredito que nem todas as crianças e adolescentes sejam afetadas da mesma forma.

Moral da estória, o negócio é ficar de olho, definir limites e tentar orientar nossos adolescentes da melhor maneira possível neste mundo high tech em que vivemos! Ninguém disse que iria ser fácil...



sábado, maio 18, 2013

Amizades e coordenadas geográficas




Eu sempre achei interessante o fato de a proximidade (ou não) de uma pessoa independer das coordenadas geográficas. E isso fica ainda mais óbvio quando se trata de amizade, né gente?

Eu tenho amigos que moram longe e sinto tão próximos...e tenho amigos que moram perto e a distância parece só aumentar a cada ano, até que eles um dia simplesmente desaparecem da minha vida, alguns até mesmo sem avisar (mas admito que já fiz o mesmo então deixa pra lá).

Enfim, estou falando da geografia do coração. E quando a gente mora no exterior, isso fica ainda mais óbvio. Viver no estrangeiro é estar condenado a uma vida de encontros e despedidas, entra ano, sai ano. E eu, que vivo aqui do outro lado do planeta, ainda tenho amizades de mais de 20 anos (quase 30) que mantive no Brasil. Enquanto que algumas amizades que fiz aqui na Holanda não duraram nem uma década (várias duraram muito menos). Acho que eu poderia até escrever um livro inteiro sobre a minha vida de imigrante. Porque é impressionante. Talvez seja eu, mas na minha experiência, tenho mais dificuldades em manter amizades com brasileiros vivendo aqui na Holanda do que com os brasileiros na terrinha.

Como não podia deixar de ser, tenho algumas teorias sobre isso. Acho que é nos momentos de dificuldade que descobrimos quem são nossos amigos e esses momentos ocorrem com uma certa frequencia quando moramos no exterior, longe de nossa família e amigos. Ao morar fora temos de lidar com situações, obstáculos, crises de adaptação e outras pedras no caminho. Por questões de sorte ou genética (entre outros fatores), alguns encontrarão mais pedras no caminho do que outros. Então some as batalhas do dia-a-dia que fazem parte da vida de todos, com as grandes batalhas internas (sim, me refiro a questões de saúde mental) patrocinadas por nossos ancestrais e temos um coquetel explosivo! Não é pra qualquer um.

Dito isso, se no ano passado perdi algumas amizades "graças" ao Facebook  (correndo o risco de me tornar repetitiva mas o blog é meu e eu escrevo o que quero, né?), ainda tenho amigos maravilhosos por cujas existências só tenho a agradecer. Pessoas que acrescentam muito à minha vida e com as quais existe uma afinidade natural, uma amizade que flui como o rio flui para o mar. Me refiro aos famosos "encontros de alma". Chato mesmo é que muitos moram longe - embora cada um deles esteja sempre presente no meu pensamento e no meu coração (até mesmo quando eu fico sem dar notícias).

Um exemplo de amizade assim é uma amiga blogueira daquelas que a afinidade é tanta (talvez porque temos vivido batalhas semelhantes) que é como se ela sempre tivesse feito parte da minha vida. E isso que moramos em partes diferentes do planeta. Muitas vezes leio um post dela e penso: poderia ter sido escrito por mim (a recíproca também é verdadeira). Mas outro dia ela me deu uma notícia ruim e eu fiquei triste. Ela tem vivido uma grande batalha - e não se iludam, as maiores batalhas são aquelas que ninguém vê - e  diante do problema dela, meus problemas automaticamente ficaram pequenininhos...tudo é tão relativo na vida que chega a assustar.

To cut a long story short, me dei conta de como a gente é capaz de ter afeto e amizade genuína por uma pessoa sem nunca sequer ter tido a chance de encontrá-la pessoalmente - o que sempre me faz lembrar aqule belo filme Charing Cross Road  (Nunca te Vi, Sempre te Amei). É que as verdadeiras amizades não se deixam intimidar por coordenadas geográficas. E mais do que em qualquer outro lugar, tenho vivido isso na blogosfera e por isso sempre vou preferir esta plataforma do que qualquer outra na net. Porque enquanto no Facebook a regra é as pessoas passarem uma imagem cor-de-rosa de suas vidas e de quem são (todo mundo quer fazer bonito), nos blogs as pessoas ainda são elas mesmas (em maior ou menor grau). Não dá nem pra começar a comparar a escrita e a comunicação destes dois meios. E eu posso afirmar isso porque tenho este blog há quase 7 anos e já acumulei muita experiência por aqui.

No mais, quando é pra acontecer, as pessoas se acham mesmo. E isso vale tanto para a amizade como para o amor.



Post dedicado às amizades que fiz na blogosfera.




terça-feira, maio 14, 2013

Less is More




Este ano meu blog entrou em outro ritmo - desacelerei mesmo - por vários motivos que já comentei por aqui. Em partes porque ando sem ânimo para escrever (coisa raríssima na vida desta blogueira). Em partes porque tenho filtrado muita coisa, numa tentativa de auto-censura...é que aprendi muito nos últimos anos e confesso que ainda estou digerindo alguns traumas recentes. Felizmente tudo passa, passa mesmo!

Apesar de tudo e de todos, continuo por aqui com minhas divagações, desabafos e especulações. Em ritmo mais lento porque less is more e eu sempre soube disso mais do que ninguém. Se for pra escrever qualquer coisa, prefiro não escrever. E se for pra correr o risco de me expor, também tenho preferido ficar quieta. Mas ainda não sei dizer se isso é um processo meu ou um processo que vem acontecendo na blogosfera. Na dúvida, é melhor não tomar decisões precipitadas, hehehe.

Verdade seja dita: eu sou das "antigas". Meu blog completará sete anos em agosto deste ano, sem estardalhaços nem fogos de artifício. Numa blogosfera em que todo mundo fala de tudo e poucos dizem algo, ainda vejo muito blog sem conteúdo. E nem vou falar dos erros esdrúxulos de português porque não quero ser ranzinza (mas sou formada em Letras então já viram, né?). De resto, já desisti de tentar entender como os blogs funcionam. Mas como não sou boba, também já tirei algumas conclusões.

E fiquem avisados: os blogs não estão morrendo mas em fase de (aguda) reformulação. E isso tem a ver com mudanças na vida virtual das pessoas, como Facebook e Twitter. Pra início de conversa, muito blogueiro esperto já percebou que o leitor médio mudou muito nos últimos anos (porque a vida é dinâmica, tanto lá fora como aqui na blogosfera). O attention spam  das pessoas é cada vez menor e eu não sou atração de circo nem tenho como missão "entreter" ninguém! Meu blog é mais do que entertainment, digamos assim. Se bem que eu mesma me divirto escrevendo por aqui. Bem verdade que já me diverti mais mas escrever para mim sempre foi um grande prazer, no dia em que virar obrigação eu paro mesmo!

Enfim, a cabeça continua a mil, a criatividade sempre em alta e assunto nunca faltou por aqui. O que tem faltado mesmo é vontade de escrever sobre certos assuntos. Quem acompanha este blog, sabe que eu sempre falei de vários assuntos, alguns mais do que outros. E claro, alguns assuntos incomodam.

E a vida segue com suas surpresas, boas e ruins. E as coisas mudam o tempo todo. E as pessoas vem e vão. E a gente vai se adaptando. Um dia de cada vez.


domingo, maio 12, 2013

A Europa não é só crise...





Como alguns talvez tenham percebido, ando muito desanimada com o blog....mas não quero abandonar meu cantinho virtual por falta de interação com os leitores até porque, sei que muitos ainda lêem, e apesar dos poucos comentários, o número de visitas diárias não diminuiu! Ou seja, muitos lêem mas são raros os que comentam nos tempos de hoje. E acredito que isso também esteja acontecendo com outros blogueiros. Verdade seja dita: é mais fácil dar Like e Share no Facebook né, gente? Sem falar que tem blog de todo tipo pra todo gosto e percebo que as pessoas tendem a buscar assuntos leves e frugais. E o meu blog sempre teve outro conteúdo (quem lê sabe disso). Eu falo de livros, filmes, experiências, etc. Não tenho saco pra ficar contando casos e fazendo piadinhas, nem escrevo textos curtos pra serem lidos rapidamente. Eu simplesmente escrevo e ponto final.

Mas chega de reclamar (!) e voltemos ao tema deste post...ontem li um artigo muito interessante sobre a Europa, onde o autor comentava que nem tudo é tão ruim como parece, que crise ou não, a Europa ainda é um lugar bom de se viver. E a verdade é que é mesmo. Apesar da crise, do desemprego, da estagnação da indústria e da economia, etc etc etc, a Europa ainda tem um padrão de vida acessível a poucos em outros continentes (África e América do Sul pra início de conversa).

Muitas conquistas sociais daqui, que durante anos ninguém parou para pensar (porque os holandeses não conheciam outra realidade que não a do welfare state)  ainda são apenas sonho em muitos países. E aí pensei no Brasil e na China, dois países vivendo o tal booming econômico. E lembrei da enorme desigualdade social. Então nem preciso dizer mais nada, né? Como disse George Orwell no excelente Animal Farm: "Some are more equal than others". E apesar de adorar o Brasil e sentir saudade de muita coisa, não tenho a menor ilusão de que a vida lá seja fácil pra todo mundo. Porque não é mesmo. A classe média pode ter aumentado mas em geral, as pessoas ainda trabalham muito e pagam muito pelos bens de consumo. Fiquei chocada com os preços quando estive no Rio em 2011 (tudo bem que Rio e São Paulo são as cidades mais caras do Brasil mas mesmo assim). Até supermercado hoje em dia é mais barato aqui na Holanda. Pão, leite, shampoo etc. Sem brincadeira, tenho amigas que vão ao Brasil e levam a mala cheia de shampoos, desodorantes, etc. Em 2011 entendi porque. Sem falar que nunca irei entender porque cargas dá'água um iPad ou Xbox ou Play Station custa mais do que o dobro no Brasil do que aqui (tarifas de importação?). Sai mais em conta viajar pra Miami ou Nova Iorque e comprar tudo lá!

Voltando à Europa, durante décadas os europeus, principalmente os Europeus do norte (Alemanha, Holanda e Escandinávia, mas também França e Inglaterra), viveram uma vida confortável com um certo grau de segurança oferecida pelo governo. Um governo que, bem ou mal, sempre cuidou dos seus cidadãos. Um exemplo? Mãe solteira aqui na Holanda sobrevive (mal mas sobrevive). Mesmo desempregada, ela recebe um auxílio mensal (uma espécie de bolsa desemprego) e vários subsídios (aluguel, plano de saúde, etc). Eu sei disso por experiência própria. Agora imaginem esta mesma situação no Brasil: como uma mãe solteira sem emprego sobrevive? Ela precisa recorrer à família, que com alguma sorte talvez possa oferecer ajuda (ou não). Aqui ao menos as pessoas em situação precária podem contar com o governo. Claro que tem havido cortes em muitos setores, como educação e saúde mas a verdade é que o governo gastou muito durante muito tempo (sem falar nas inúmeras fraudes que volta e meia aparecem nos jornais). E um dia a "mamata" acaba, né? (me pergunto se "mamata" ainda é palavra usada no Brasil, meu vocabulário é de quase 20 anos atrás, rsrsrsrs).

O engraçado é que quanto mais tempo a gente mora na Europa, mais a gente se acostuma com isso tudo. E claro, quando a ajuda diminui (e dimunui mesmo, inevitavelmente) a gente reclama igual holandês que sempre reclamou de tudo! Eu moro há quase 20 anos na Holanda e me pego reclamando às vezes. Aí vejo brasileiros que se mudaram há menos de 3 anos pra Europa (Holanda, Alemanha, França) e noto como eles ainda sabem dar valor as coisas que eu nem mais paro para considerar! Eles ainda estão naquela fase de admiração por tudo que (ainda) funciona neste velho continente, crise ou não. E estão mais do que certos.

Em suma, é tudo uma questão de perspectiva.
Tecnologia do Blogger.

Adolescentes, hoje.




Agora que tenho oficialmente um adolescente em casa, volta e meia me pego tentando comparar a adolescência desses garotos e garotas na Holanda (Europa, EUA, mundo) em pleno séc. XXI com a minha adolescência Brasil anos 80! E como não podia deixar de ser, as diferenças são tão gritantes que me deixam perplexa. Pior mesmo é quando me pego falando "na minha época não tinha isso ou aquilo", por aí vocês já imaginam o drama, né?

Meu filho ultimamente chega da escola e vai direto pro XBOX (que continua na sala, porque eu quero ao menos ter a ilusão de controle). Para os desavisados, o XBOX não é apenas uma console: Liam joga online com gamers de toda parte do mundo, faz download de demos de games proibidos pela mãe (e depois ainda vem contar com a maior cara lavada), surfa a internet, assiste vídeos no YouTube, etc...Como se não bastasse, mês passado o garoto ganhou de aniversário um Samsung Galaxy S3. E agora é um tal de What's App pra cá, Skype pra lá com os amigos da escola (eu tenho que tirar o smart phone das mãos dele antes do garoto ir dormir). E claro, mais YouTube e mais games porque a resolução de tela do tal Samsung é de deixar qualquer adolescente (e adulto) boquiaberto!

Moral da estória, esta nova geração quando não está jogando games no PlayStation ou no Xbox, está digitando ou falando no smartphone! Uma geração que já nasceu no meio destes avanços tecnológicos, que nunca viu uma vitrola, walkman SONY (de fitas, que eu amava) nem nunca viu um orelhão! Uma geração inteira que não pode sequer imaginar como é que seus pais sobreviveram sem celular num passado nem tão remoto assim...

Pois na minha adolescência nem DVD-player existia e meus pais demoraram muito pra comprar um vídeo-cassete (grande emoção quando chegou lá em casa e podíamos ver os filmes do cinema no conforto do nosso sofá). Obviamente não existiam games como os de hoje (eu tive um ATARI, quer coisa mais vintage?!!), muito menos celulares (ou melhor ainda: smart phones). A gente quando queria falar com o amigo ia visitar e tocava na campainha mesmo (pra quem morava perto) ou ligava pro telefone de casa. Se o amigo não estivesse em casa, a mãe, pai ou empregada dava o recado (ou não). Porque ainda não existia secretária eletrônica (nem voice mail).

Então confesso que sempre fico perplexa ao observar a vida dos adolescentes de hoje. E olha que sempre fui usuária ativa na internet, desde Orkut até Facebook, Twitter, Tumblr, Pinterest, blog há quase 7 anos, etc. Enfim, não sou daquelas mães lerdas. E posso estar errada mas esta tecnologia toda é uma faca de dois gumes: é muito legal e ao mesmo tempo ruim! E como tudo na vida, é preciso moderação. E um mínimo de bom senso para não deixar que estas ferramentas dominem totalmente nossas vidas. Se para nós adultos isso já é difícil, imaginem para os adolescentes!

Claro que toda esta tecnologia também tem suas óbvias vantagens. A maior delas talvez seja a possibilidade de estar em contato com todos em qualquer parte do mundo e a qualquer momento (24/7). O que por outro lado, também pode ser uma desvantagem em alguns dias (tem dia que eu deixo meu iPhone no still mode direto). Outra vantagem é o acesso imediato a inúmeras fontes de informação. O que também pode ser uma desvantagem caso o adolescente em questão não tenha o mínimo de capacidade crítica pra distinguir a fonte confiável entre tantas outras! No dever de casa e em pesquisas escolares por exemplo, os adolescentes de hoje usam e abusam do Google. No meu tempo a gente tinha mesmo era de pesquisar em muitos livros (e os trabalhos eram batidos à màquina pela minha mãe porque obviamente não existiam computadores). E claro que os professores também mudaram para se adaptar aos novos tempos. Dependendo da escola - acredito que na maioria seja assim- pesquisa ou trabalho em que aparece um parágrafo inteiro copiado da net (cut & paste) é nota ZERO. E eu dou toda a razão para o professor que faz isso, viu?

Sem falar na eterna discussão sobre a influência da internet e dos games em crianças e jovens e sua possível relação com a epidemia de ADHD (Attention Deficit Hiperactive Disorder), no Brasil chamado de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Na minha singela opinião, acho que hoje as crianças recebem um excesso de estímulos de todas as partes desde muito cedo...E posso até parecer conservadora, mas desconfio que isso tenha sim a ver com o aumento de diagnósticos e de medicação. Nosso cérebro nem sempre está preparado para tamanho input. E algumas crianças realmente tem maior sensibilidade a estímulos. Enfim, acredito que nem todas as crianças e adolescentes sejam afetadas da mesma forma.

Moral da estória, o negócio é ficar de olho, definir limites e tentar orientar nossos adolescentes da melhor maneira possível neste mundo high tech em que vivemos! Ninguém disse que iria ser fácil...



Amizades e coordenadas geográficas




Eu sempre achei interessante o fato de a proximidade (ou não) de uma pessoa independer das coordenadas geográficas. E isso fica ainda mais óbvio quando se trata de amizade, né gente?

Eu tenho amigos que moram longe e sinto tão próximos...e tenho amigos que moram perto e a distância parece só aumentar a cada ano, até que eles um dia simplesmente desaparecem da minha vida, alguns até mesmo sem avisar (mas admito que já fiz o mesmo então deixa pra lá).

Enfim, estou falando da geografia do coração. E quando a gente mora no exterior, isso fica ainda mais óbvio. Viver no estrangeiro é estar condenado a uma vida de encontros e despedidas, entra ano, sai ano. E eu, que vivo aqui do outro lado do planeta, ainda tenho amizades de mais de 20 anos (quase 30) que mantive no Brasil. Enquanto que algumas amizades que fiz aqui na Holanda não duraram nem uma década (várias duraram muito menos). Acho que eu poderia até escrever um livro inteiro sobre a minha vida de imigrante. Porque é impressionante. Talvez seja eu, mas na minha experiência, tenho mais dificuldades em manter amizades com brasileiros vivendo aqui na Holanda do que com os brasileiros na terrinha.

Como não podia deixar de ser, tenho algumas teorias sobre isso. Acho que é nos momentos de dificuldade que descobrimos quem são nossos amigos e esses momentos ocorrem com uma certa frequencia quando moramos no exterior, longe de nossa família e amigos. Ao morar fora temos de lidar com situações, obstáculos, crises de adaptação e outras pedras no caminho. Por questões de sorte ou genética (entre outros fatores), alguns encontrarão mais pedras no caminho do que outros. Então some as batalhas do dia-a-dia que fazem parte da vida de todos, com as grandes batalhas internas (sim, me refiro a questões de saúde mental) patrocinadas por nossos ancestrais e temos um coquetel explosivo! Não é pra qualquer um.

Dito isso, se no ano passado perdi algumas amizades "graças" ao Facebook  (correndo o risco de me tornar repetitiva mas o blog é meu e eu escrevo o que quero, né?), ainda tenho amigos maravilhosos por cujas existências só tenho a agradecer. Pessoas que acrescentam muito à minha vida e com as quais existe uma afinidade natural, uma amizade que flui como o rio flui para o mar. Me refiro aos famosos "encontros de alma". Chato mesmo é que muitos moram longe - embora cada um deles esteja sempre presente no meu pensamento e no meu coração (até mesmo quando eu fico sem dar notícias).

Um exemplo de amizade assim é uma amiga blogueira daquelas que a afinidade é tanta (talvez porque temos vivido batalhas semelhantes) que é como se ela sempre tivesse feito parte da minha vida. E isso que moramos em partes diferentes do planeta. Muitas vezes leio um post dela e penso: poderia ter sido escrito por mim (a recíproca também é verdadeira). Mas outro dia ela me deu uma notícia ruim e eu fiquei triste. Ela tem vivido uma grande batalha - e não se iludam, as maiores batalhas são aquelas que ninguém vê - e  diante do problema dela, meus problemas automaticamente ficaram pequenininhos...tudo é tão relativo na vida que chega a assustar.

To cut a long story short, me dei conta de como a gente é capaz de ter afeto e amizade genuína por uma pessoa sem nunca sequer ter tido a chance de encontrá-la pessoalmente - o que sempre me faz lembrar aqule belo filme Charing Cross Road  (Nunca te Vi, Sempre te Amei). É que as verdadeiras amizades não se deixam intimidar por coordenadas geográficas. E mais do que em qualquer outro lugar, tenho vivido isso na blogosfera e por isso sempre vou preferir esta plataforma do que qualquer outra na net. Porque enquanto no Facebook a regra é as pessoas passarem uma imagem cor-de-rosa de suas vidas e de quem são (todo mundo quer fazer bonito), nos blogs as pessoas ainda são elas mesmas (em maior ou menor grau). Não dá nem pra começar a comparar a escrita e a comunicação destes dois meios. E eu posso afirmar isso porque tenho este blog há quase 7 anos e já acumulei muita experiência por aqui.

No mais, quando é pra acontecer, as pessoas se acham mesmo. E isso vale tanto para a amizade como para o amor.



Post dedicado às amizades que fiz na blogosfera.




Less is More




Este ano meu blog entrou em outro ritmo - desacelerei mesmo - por vários motivos que já comentei por aqui. Em partes porque ando sem ânimo para escrever (coisa raríssima na vida desta blogueira). Em partes porque tenho filtrado muita coisa, numa tentativa de auto-censura...é que aprendi muito nos últimos anos e confesso que ainda estou digerindo alguns traumas recentes. Felizmente tudo passa, passa mesmo!

Apesar de tudo e de todos, continuo por aqui com minhas divagações, desabafos e especulações. Em ritmo mais lento porque less is more e eu sempre soube disso mais do que ninguém. Se for pra escrever qualquer coisa, prefiro não escrever. E se for pra correr o risco de me expor, também tenho preferido ficar quieta. Mas ainda não sei dizer se isso é um processo meu ou um processo que vem acontecendo na blogosfera. Na dúvida, é melhor não tomar decisões precipitadas, hehehe.

Verdade seja dita: eu sou das "antigas". Meu blog completará sete anos em agosto deste ano, sem estardalhaços nem fogos de artifício. Numa blogosfera em que todo mundo fala de tudo e poucos dizem algo, ainda vejo muito blog sem conteúdo. E nem vou falar dos erros esdrúxulos de português porque não quero ser ranzinza (mas sou formada em Letras então já viram, né?). De resto, já desisti de tentar entender como os blogs funcionam. Mas como não sou boba, também já tirei algumas conclusões.

E fiquem avisados: os blogs não estão morrendo mas em fase de (aguda) reformulação. E isso tem a ver com mudanças na vida virtual das pessoas, como Facebook e Twitter. Pra início de conversa, muito blogueiro esperto já percebou que o leitor médio mudou muito nos últimos anos (porque a vida é dinâmica, tanto lá fora como aqui na blogosfera). O attention spam  das pessoas é cada vez menor e eu não sou atração de circo nem tenho como missão "entreter" ninguém! Meu blog é mais do que entertainment, digamos assim. Se bem que eu mesma me divirto escrevendo por aqui. Bem verdade que já me diverti mais mas escrever para mim sempre foi um grande prazer, no dia em que virar obrigação eu paro mesmo!

Enfim, a cabeça continua a mil, a criatividade sempre em alta e assunto nunca faltou por aqui. O que tem faltado mesmo é vontade de escrever sobre certos assuntos. Quem acompanha este blog, sabe que eu sempre falei de vários assuntos, alguns mais do que outros. E claro, alguns assuntos incomodam.

E a vida segue com suas surpresas, boas e ruins. E as coisas mudam o tempo todo. E as pessoas vem e vão. E a gente vai se adaptando. Um dia de cada vez.


A Europa não é só crise...





Como alguns talvez tenham percebido, ando muito desanimada com o blog....mas não quero abandonar meu cantinho virtual por falta de interação com os leitores até porque, sei que muitos ainda lêem, e apesar dos poucos comentários, o número de visitas diárias não diminuiu! Ou seja, muitos lêem mas são raros os que comentam nos tempos de hoje. E acredito que isso também esteja acontecendo com outros blogueiros. Verdade seja dita: é mais fácil dar Like e Share no Facebook né, gente? Sem falar que tem blog de todo tipo pra todo gosto e percebo que as pessoas tendem a buscar assuntos leves e frugais. E o meu blog sempre teve outro conteúdo (quem lê sabe disso). Eu falo de livros, filmes, experiências, etc. Não tenho saco pra ficar contando casos e fazendo piadinhas, nem escrevo textos curtos pra serem lidos rapidamente. Eu simplesmente escrevo e ponto final.

Mas chega de reclamar (!) e voltemos ao tema deste post...ontem li um artigo muito interessante sobre a Europa, onde o autor comentava que nem tudo é tão ruim como parece, que crise ou não, a Europa ainda é um lugar bom de se viver. E a verdade é que é mesmo. Apesar da crise, do desemprego, da estagnação da indústria e da economia, etc etc etc, a Europa ainda tem um padrão de vida acessível a poucos em outros continentes (África e América do Sul pra início de conversa).

Muitas conquistas sociais daqui, que durante anos ninguém parou para pensar (porque os holandeses não conheciam outra realidade que não a do welfare state)  ainda são apenas sonho em muitos países. E aí pensei no Brasil e na China, dois países vivendo o tal booming econômico. E lembrei da enorme desigualdade social. Então nem preciso dizer mais nada, né? Como disse George Orwell no excelente Animal Farm: "Some are more equal than others". E apesar de adorar o Brasil e sentir saudade de muita coisa, não tenho a menor ilusão de que a vida lá seja fácil pra todo mundo. Porque não é mesmo. A classe média pode ter aumentado mas em geral, as pessoas ainda trabalham muito e pagam muito pelos bens de consumo. Fiquei chocada com os preços quando estive no Rio em 2011 (tudo bem que Rio e São Paulo são as cidades mais caras do Brasil mas mesmo assim). Até supermercado hoje em dia é mais barato aqui na Holanda. Pão, leite, shampoo etc. Sem brincadeira, tenho amigas que vão ao Brasil e levam a mala cheia de shampoos, desodorantes, etc. Em 2011 entendi porque. Sem falar que nunca irei entender porque cargas dá'água um iPad ou Xbox ou Play Station custa mais do que o dobro no Brasil do que aqui (tarifas de importação?). Sai mais em conta viajar pra Miami ou Nova Iorque e comprar tudo lá!

Voltando à Europa, durante décadas os europeus, principalmente os Europeus do norte (Alemanha, Holanda e Escandinávia, mas também França e Inglaterra), viveram uma vida confortável com um certo grau de segurança oferecida pelo governo. Um governo que, bem ou mal, sempre cuidou dos seus cidadãos. Um exemplo? Mãe solteira aqui na Holanda sobrevive (mal mas sobrevive). Mesmo desempregada, ela recebe um auxílio mensal (uma espécie de bolsa desemprego) e vários subsídios (aluguel, plano de saúde, etc). Eu sei disso por experiência própria. Agora imaginem esta mesma situação no Brasil: como uma mãe solteira sem emprego sobrevive? Ela precisa recorrer à família, que com alguma sorte talvez possa oferecer ajuda (ou não). Aqui ao menos as pessoas em situação precária podem contar com o governo. Claro que tem havido cortes em muitos setores, como educação e saúde mas a verdade é que o governo gastou muito durante muito tempo (sem falar nas inúmeras fraudes que volta e meia aparecem nos jornais). E um dia a "mamata" acaba, né? (me pergunto se "mamata" ainda é palavra usada no Brasil, meu vocabulário é de quase 20 anos atrás, rsrsrsrs).

O engraçado é que quanto mais tempo a gente mora na Europa, mais a gente se acostuma com isso tudo. E claro, quando a ajuda diminui (e dimunui mesmo, inevitavelmente) a gente reclama igual holandês que sempre reclamou de tudo! Eu moro há quase 20 anos na Holanda e me pego reclamando às vezes. Aí vejo brasileiros que se mudaram há menos de 3 anos pra Europa (Holanda, Alemanha, França) e noto como eles ainda sabem dar valor as coisas que eu nem mais paro para considerar! Eles ainda estão naquela fase de admiração por tudo que (ainda) funciona neste velho continente, crise ou não. E estão mais do que certos.

Em suma, é tudo uma questão de perspectiva.