terça-feira, julho 15, 2008

Sobre rolos e relacionamentos

Não sei se estou ficando velha, careta ou se simplesmente moro há muito tempo no Velho Continente (14 anos e juro que a gente muda sem perceber) mas tenho achado este negócio de ficar de rolo cada dia mais esquisito!!! E cheguei à conclusão de que trata-se de um fenômeno tipicamente brasileiro. Por favor, corrijam-me se eu estiver errada!

Explicando melhor, os homens holandeses não parecem ter esta mania de fugir de compromisso, medo (pânico) de assumir seus sentimentos e aquele eterno blábláblá que a gente cresce ouvindo no Brasil. E não se iludam, quanto mais alto o nível cultural do brasileiro mais moderno o discurso, desde a velha amizade colorida até relações abertas e a bissexualidade tão defendida por Caetano (eu só digo uma coisa: cada macaco no seu galho). Ou isso ou simplesmente os holandeses têm uma situação financeira que permite morar junto, aquela velha estória de quem casa quer casa. Porque eu acredito - ou gostaria de acreditar - que um dos principais motivos pelo qual o espécime brasileiro prefere ficar anos de rolo ao invés de assumir um relacionamento é a falta de grana - pura e simplesmente! Mas talvez eu esteja simplificando uma questão complexa.

De qualquer forma, fico sempre surpresa ao ver a quantidade de mulheres sozinhas no Brasil. Não é de se admirar que muitas delas arrumem marido na Internet e venham de mala e cuia pra cá, fenômeno cada vez mais comum deste lado do atlântico (e lamento informá-los mas não foi o meu caso). Todo mundo sabe que no Brasil tem mais mulher do que homem mas mesmo assim! Tem gente que já parte da teoria de que as mulheres ficaram fáceis e se jogam...outros insistem que os homens é que não querem assumir mais nada hoje em dia. Eu acho tudo muito estranho. Ainda mais porque não vejo nada disso aqui na Holanda. Nem vou falar de Europa porque cada país é uma estória então prefiro não arriscar palpites. O que vejo à minha volta são casais indo morar juntos (nota bene: a tendência da Holanda e países escandinavos nem é casar e sim morar juntos). Casais tendo bebês e se conformando (talvez até demais) à vida adulta. Eu nunca fui dessas mulheres de sonhar com marido e casa cheia de crianças (muito pelo contrário, hehehe), mas também não acho que a outra opção (o rolo) seja melhor. No final das contas, quem você está tentando enrolar: o outro ou você mesma(o)?

Eu gostaria de acreditar que existe um caminho do meio. Que os relacionamentos estão em fase de transição e os papéis femininos e masculinos em constante reavaliação nas últimas décadas, isso todo mundo está careca de saber. O que eu queria saber é o rumo que estamos tomando...E se uma amiga vive brincando que gostaria de escrever uma tese antropológica sobre o orkut, a minha tese seria sobre rolos. Falando sério, que fenômeno mais curioso...

E já que estamos falando de relacionamentos modernos, um modelo cada vez mais popular nos EUA e Europa (especialmente Escandinávia) é o relacionamento LAT (Living Apart Together). Um relacionamento essencialmente monogâmico (não confundir com casamento aberto) em que cada um vive na sua casa, embora passe boa parte do tempo comutando de uma casa a outra (o que mais tenho feito este ano, rsrsrsr). Ou seja, vive-se juntos mas ao mesmo tempo cada um preserva seu espaço. Já comentei aqui no blog que me parece a situação ideal (até prova em contrário), especialmente pra quem já foi casado, já morou junto, etc. Novamente, a situação financeira dos dois deve permitir porque juntar os trapos e dividir as contas é sempre mais fácil (entre aspas). Por essas e outras, não acredito que uma relação deste tipo tenha chances de sucesso no Brasil.

To cut a long story short, acho que ficar de rolo é válido até uma certa idade (eu arriscaria dizer até os trinta mas sabe-se lá). Depois dessa idade, parece que as pessoas estão com medo de assumir seus sentimentos e de se tornarem adultas. A famosa Síndrome de Peter Pan. Porque amar e ser amado não é caretice e sim uma das necessidades mais básicas do ser humano. Disso, meus caros amigos, vocês podem ter certeza.

17 comentários:

Anônimo disse...

A-do-rei essa coisa do "LAT". É bem o que tenho pensado atualmente... Mas o carioca anda mesmo muito ruim de jogo, tá difícil arrumar rolo/namorado/marido/companheiro/seja-lá-o-que-for que preste. :-P

Vc conhece algum europeu interessante e disponível? Pelo visto as coisas, aí, andam melhores... Rs...

Anônimo disse...

Bethinha

Eu não posso falar muito sobre assunto... pq ou namorei sério ou fiquei uma ou no máximo 2 vezes...
nunca tinha tido um rolo...
até dezembro do ano passado, qdo inicei um " rolo" que embora não tenha sido namorado ´serio e já tenha acabado, me fez descobrir várias coisas boas me mim mesma, inclusive me redescobri como mulher!! ;)
adorei , foi uma delícia enqto durou...
mas nu fundo, quero o que todas querem... num namorado.. ahahahah ( um marido eu ainda não sei) . beijão
Val ;)

Antonio Da Vida disse...

Eu vou discordar de você, posso?
Eu acho que os holandeses não assumem a relação coisa nenhuma, o que eles assumem em geral é a materialidade e a praticidade deles, eles acabam indo morar junto não por uma questão de sentimento mas simplesmente porque é mais fácil. Conheci vários casais na Holanda, casados tipo há 20 anos ou mais, que dizem ter o que eles chamam de "vaste relatie"... ou seja, ficam casados a vida inteira por amizade e comodidade e sei lá mais o quê, tudo menos romance, e a verdade é que um não sabe praticamente nada a respeito do outro, nem sequer aonde está, nem com quem está, nem quando volta pra casa, e ter amantes na Holanda parece ser a coisa mais natural do mundo. Os holandeses assumem uma pessoa como a parceira oficial pra vida inteira, e depois ficam de "rolo" com os amantes, às vezes por anos até, mas sem nunca se separar do/da "oficial",por pura comodidade.
Já no Brasil o problema ao meu humilde modo de ver é que as próprias mulheres acabam sendo tão machistas e sexistas quanto os homens, por uma questão de cultura e educação, e acabam se sujeitando a um tratamento que as holandesas por exemplo não toleram, até porque convivem melhor com a própria solidão e individualidade.
É, não tem país perfeito nem relacionamento perfeito, nem cultura perfeita, nem fórmula perfeita da felicidade, cada um que invente a sua...
XXX/A

Eu não sei, você sabe? disse...

bethinha!
muito mais que rolos, o que muito me intriga é o fenômeno moderno de ir ficando na casa dos pais até a meia idade, fato que acontece no brasil e em outra partes do mundo(talvez nem tanto na europa de um modo geral)-esse seria meu mestrado - hehehe!
No novo milênio a praticidade e facilidade necessárias para se lidar com tudo impõe barreiras a sofreguidão prazerosa da vida a dois (ou três ou quatro, enfim).
...
menina acabo de acabar de ler o 'precisamos falar sobre kevin' e amei sobretudo por ser extremamente bem escrito. sou fã desse seu blog...bem, mas isso vc já deve saber!
beijos tita

Anônimo disse...

Beth,
Eu ia deixar um comentário (gostei muito do post!), mas depois de ler o Antonio, descobri que concordo com ele.
Penso também que é uma "questão ambiental;-D": mais fora do que dentro Holanda, talvez, holandeses também são chegados nas artes safadísticas, como diria o inesquecível Odorico Paraguaçu. Mas, sem dúvida: os papéis da "ficante" e do "peguete" já são lugar-comum no Brasil...
Beijos!

disse...

Beth, olha eu aqui outra vez! =D
Adorei e concordo com todos os que comentaram aqui, mas acrescento que muita das vezes algumas pessoas não tem tempo leia-se dinheiro e por isso demoram tanto para casar-se. É amiga aconteceu comigo. rs

No outro dia ouvi na rádio que as italianas agora querem copiar a mania das brasileiras de ficar. O primeiro mundo copiando besteira!
Beijão!!!

Flávia disse...

eu quando estou junto preciso viver junto. Dormir e acordar ao lado. Olhar ver, chegar em casa e ter alguém me esperando, estar e ter a quem esperar.

Ia me sentir em casa na Holanda ;)

Beijão!

Anônimo disse...

Ih, Bet, quando achei que tinha opinião formada, tomei o maior PNB (Pé na Bunda)...

Namorei, fiquei, me enrolei...

Aos 36, o tal do príncipe apareceu e eu resolvi acreditar no conto de fadas. Afinal eu tinha todos os ingredientes: um cara bacana, apaixonadao, casamento em castelo na França, lua-de-mel no Tahti, compra da casa própria e meu Filhote lindo que veio beeem mais rápido do que imaginei mas foi TÃO bem-vindo!

Já estávamos com tudo engatilhado pra comemorarmos os 5 anos de casados, com uma super festa no Rio e percebo que ele não é mais o mesmo... Questiono e ouço que ele não me ama mais. Caio do cavalo!

Então não sei mais nada mas tb não vou ficar me mordendo sabe? A fila anda...

Ótimo tópico : )

bjs

Beth Blue disse...

Antônio:
Pode discordar à vontade, oras bolas! E quando você diz que os holandeses não assumem coisa nenhuma, e que tudo não passa de materialidade e praticidade deles (concordo em partes), eu poderia dizer que no Brasil vários casamentos são mantidos porque as pessoas não têm condições financeiras de se separar (sim, isso ainda acontece, acredite). Os holandeses podem até ficam juntos por praticidade, mas muitos casais brasileiros só não se separam mesmo por falta de grana!

Arnild:
Os holandeses podem até ser chegados nas artes safadísticas (gostei da expressão) mas neste caso, os brasileiros têm doutorado né!!! Porque vou te contar...

Isabella:
Que notícia chata, hein...E agora José? Te desejo força e muita sabedoria nesta fase.

PS. Curioso, foi só falar de relacionamento que todo mundo resolveu dar palpite. O que só prova mais uma vez que não existe receita para a felicidade a dois, né gente?!!

Pat Cachinhos disse...

Sinceramente eu não acredito em LAT, eu acho um baita de um egoísmo e uma preguiça absurda!! Não consigo imaginar um relacionamento assim gerando frutos.

Posso ser romântica das antigas mas ainda acredito no casal idoso de mãos dadas no parque.

Viver é difícil e viver a dois é um desafio Hercúleo que exige atenção, paciência e disposição para morder a língua e esfriar em vez de ofender, dar o braço a torcer, pedir desculpas sinceras e impor limites. Tudo em seu devido tempo.

Discordo que tem casais "casados" por falta de grana no Brasil. Acredito sim que exista falta de grana, mas os dois deixaram de ser casal e passaram a ser colegas de residência. Vejo vários assim! Mas também vejo gente voltando pra casa dos pais ou alugando quarto em outro lugar, tudo varia de quão distante a gente quer ficar do outro pois muitas vezes a convivência é tranqüila, mas as exigências de casal são insuportaveis. Varia, né?

A Tita mencionou as pessoas estarem saindo de casa tarde e eu acredito que isso se deva muito mais as fator econômico que está se tornando social. Hoje não se ganha mais um salário - em início de carreira - que pague um aluguel num bairro relativamente seguro e os pais vão segurando o passarinho mais tempo no ninho, né?

De mais a mais eu não sou parâmetro de nada. Fiquei na casa da mamãe até os 35, estou me casando aos 37 (ele também) e acho que a essa altura dos nossos cabelos brancos, ninguém mais separa não... Otimista? Muito provavelmente, mas o que fazer? Sou uma romântica incorrigível!! ;)

Bjs

Beth Blue disse...

Pat:
Confesso que tem dias que também penso que a LAT é acima de tudo uma solução egoísta, rsrsrs. Por outro lado, tem dias que me parece a solução ideal - principalmente se considerar que já fui casada 10 anos e o namorado idem. Não vou dizer que todo casamento é ruim (não vou estragar o prazer de quem acaba de se casar) mas digamos que tem suas desvantagens, assim como tudo nesta vida. A maior desvantagem é sem dúvida a rotina, acredite!

Vixe, esta discussão dá panos pra manga...

Pat Cachinhos disse...

Pois é Bethinha, mas... e quem vê encanto e graça na rotina? E quem acha graça e se encantou exatamente pelos defeitos? Quem não tem a menor intenção de mudar o outro?

Tentar mudar alguém que não sabe disso e, principalmente, não quer ser mudado é tempo e energia jogados fora e, PIOR, contra si mesmo!!

Ele vai ter noites insones por que eu me mexo na cama e ele tem sono de pluma? Vai. Ele vai ter noites insones porque os gatos vão subir na cama? Vai. Tudo isso sabe como também sabe que se acostuma. O problema é quando não sabe e cai do cavalo! risos

Uma relação, seja ela com amigo, ficante ou mesmo de trabalho, exige jogo de cintura para virar um relacionamento. A gente não é uma ilha deserta!

Bjs

Anônimo disse...

Pois é, Beth... Tenho meu Filhote pra criar, meu negócio pra tocar pra frente, sabe? No começo me senti uma fracassada mas agora já passou. Acho que depois de tanto encanto, ele desencatou. Não teve maturidade pra levar a vida do dia-a-dia... Too bad, for him...

bjs e tô adorando esse tópico!

BTW, acho que LAT funciona sim. Seja uma questão financeira ou não. E acho q no Brasil tem isso de casar pra sair de casa (já vi vários casos) e não se separar não só porquê dovórcio pode ser caor mas porquê as pessoas não querem perder o status.

Flavia Leite disse...

Ei, que máximo! Vc mora em Amsterdam, sou doida pra morar em Utrecht mas acho que não vai rolar, ufa!
Enfim, agora que achei o seu blog irei vir sempre dar uma olhadinha aqui, viu!
Alias este teu post aqui é ótimo, penso como vc... quando vim pra Itália estava cansada dos cariocas que vivem de oba oba e aqui as coisas são mais sérias nos relacionamentos, não parei para pensar ainda porque tem tanta diferença mas achei aqui as pessoas que pensam que um relacionamento mais serio e duradouro vale mais pena que uma simples ficada nas baladas! No fim das contas acabei casando por aqui, coisa que nunca tinha pensado de fazer antes e sou muito feliz com o meu italiano...
Mil beijocasssssssss

Maiara Sanchez disse...

Sabe que eu não achei simplista a sua colocação sobre o homem brasileiro? Acredito que eles estão meio duros de grana, sim, e aliam isso à segurança imatura de não querer assumir nada nem ninguém. Porque, como você mesma disse, é preciso ser muito adulto para assumir um relacionamento e todas as implicações que isso traga (tal como os holandeses!), seja morando junto ou não.
Aqui deixo a minha crítica ao brasileiro mediano: unem o útil (falta de compromisso) ao agradável (estar sempre disponível) sem as tais contas no final do mês. Não é por acaso que preferi pegar meu 'pacote' com defeitos e qualidades (e como todo mundo, tem mais defeiotos do que qualiudades, rsrsrs!, e resolvemo pagar para ver).
Posso dizer por mim: como amadureci!
Beijos, Beth.
Amei sua tese de mestrado, rsrs.

May.

Andrea Drewanz disse...

Nossa Beth, quase que eu ia perdendo este debate! Ainda bem que vc me avisou...

Acho muito estranho pessoas acima dos 30 continuarem e aceitar a história do "ficante" e "peguete".
Isso só deve ser bom para adolescente. Na verdade, nem sei se para eles é tão bom assim!
O que observo (de um modo em geral)é que os homens brasileiros demoram a sair da casa dos pais para assumirem a sua própria vida, diferente do que acontece com os europeus e americanos, que preferem a expirência de viver sozinhos.

E isso acontece também nos seus relacionamentos afetivos. Eles (e elas também) não querem abrir mão da comodidade e da praticidade de morarem com os pais e muitas vezes arrastam a decisão de morar junto com alguém.

Sei de muitas amigas que não conseguem encontrar um cara legal, bem resolvido e solteiro que esteja a fim de assumir um compromisso. Mas as mulheres estão exigentes demais e idealizam sempre um príncipe encantado, que nunca chega! Então fica difícil encontrar...
Graças a Deus já encontrei a minha outra metade!

Bjsssssss

Anônimo disse...

'aff concordu com tiguh minina .... arrraja um holandez pra eu q eu vou adorar ... kk... "

Tecnologia do Blogger.

Sobre rolos e relacionamentos

Não sei se estou ficando velha, careta ou se simplesmente moro há muito tempo no Velho Continente (14 anos e juro que a gente muda sem perceber) mas tenho achado este negócio de ficar de rolo cada dia mais esquisito!!! E cheguei à conclusão de que trata-se de um fenômeno tipicamente brasileiro. Por favor, corrijam-me se eu estiver errada!

Explicando melhor, os homens holandeses não parecem ter esta mania de fugir de compromisso, medo (pânico) de assumir seus sentimentos e aquele eterno blábláblá que a gente cresce ouvindo no Brasil. E não se iludam, quanto mais alto o nível cultural do brasileiro mais moderno o discurso, desde a velha amizade colorida até relações abertas e a bissexualidade tão defendida por Caetano (eu só digo uma coisa: cada macaco no seu galho). Ou isso ou simplesmente os holandeses têm uma situação financeira que permite morar junto, aquela velha estória de quem casa quer casa. Porque eu acredito - ou gostaria de acreditar - que um dos principais motivos pelo qual o espécime brasileiro prefere ficar anos de rolo ao invés de assumir um relacionamento é a falta de grana - pura e simplesmente! Mas talvez eu esteja simplificando uma questão complexa.

De qualquer forma, fico sempre surpresa ao ver a quantidade de mulheres sozinhas no Brasil. Não é de se admirar que muitas delas arrumem marido na Internet e venham de mala e cuia pra cá, fenômeno cada vez mais comum deste lado do atlântico (e lamento informá-los mas não foi o meu caso). Todo mundo sabe que no Brasil tem mais mulher do que homem mas mesmo assim! Tem gente que já parte da teoria de que as mulheres ficaram fáceis e se jogam...outros insistem que os homens é que não querem assumir mais nada hoje em dia. Eu acho tudo muito estranho. Ainda mais porque não vejo nada disso aqui na Holanda. Nem vou falar de Europa porque cada país é uma estória então prefiro não arriscar palpites. O que vejo à minha volta são casais indo morar juntos (nota bene: a tendência da Holanda e países escandinavos nem é casar e sim morar juntos). Casais tendo bebês e se conformando (talvez até demais) à vida adulta. Eu nunca fui dessas mulheres de sonhar com marido e casa cheia de crianças (muito pelo contrário, hehehe), mas também não acho que a outra opção (o rolo) seja melhor. No final das contas, quem você está tentando enrolar: o outro ou você mesma(o)?

Eu gostaria de acreditar que existe um caminho do meio. Que os relacionamentos estão em fase de transição e os papéis femininos e masculinos em constante reavaliação nas últimas décadas, isso todo mundo está careca de saber. O que eu queria saber é o rumo que estamos tomando...E se uma amiga vive brincando que gostaria de escrever uma tese antropológica sobre o orkut, a minha tese seria sobre rolos. Falando sério, que fenômeno mais curioso...

E já que estamos falando de relacionamentos modernos, um modelo cada vez mais popular nos EUA e Europa (especialmente Escandinávia) é o relacionamento LAT (Living Apart Together). Um relacionamento essencialmente monogâmico (não confundir com casamento aberto) em que cada um vive na sua casa, embora passe boa parte do tempo comutando de uma casa a outra (o que mais tenho feito este ano, rsrsrsr). Ou seja, vive-se juntos mas ao mesmo tempo cada um preserva seu espaço. Já comentei aqui no blog que me parece a situação ideal (até prova em contrário), especialmente pra quem já foi casado, já morou junto, etc. Novamente, a situação financeira dos dois deve permitir porque juntar os trapos e dividir as contas é sempre mais fácil (entre aspas). Por essas e outras, não acredito que uma relação deste tipo tenha chances de sucesso no Brasil.

To cut a long story short, acho que ficar de rolo é válido até uma certa idade (eu arriscaria dizer até os trinta mas sabe-se lá). Depois dessa idade, parece que as pessoas estão com medo de assumir seus sentimentos e de se tornarem adultas. A famosa Síndrome de Peter Pan. Porque amar e ser amado não é caretice e sim uma das necessidades mais básicas do ser humano. Disso, meus caros amigos, vocês podem ter certeza.

17 comentários:

Anônimo disse...

A-do-rei essa coisa do "LAT". É bem o que tenho pensado atualmente... Mas o carioca anda mesmo muito ruim de jogo, tá difícil arrumar rolo/namorado/marido/companheiro/seja-lá-o-que-for que preste. :-P

Vc conhece algum europeu interessante e disponível? Pelo visto as coisas, aí, andam melhores... Rs...

Anônimo disse...

Bethinha

Eu não posso falar muito sobre assunto... pq ou namorei sério ou fiquei uma ou no máximo 2 vezes...
nunca tinha tido um rolo...
até dezembro do ano passado, qdo inicei um " rolo" que embora não tenha sido namorado ´serio e já tenha acabado, me fez descobrir várias coisas boas me mim mesma, inclusive me redescobri como mulher!! ;)
adorei , foi uma delícia enqto durou...
mas nu fundo, quero o que todas querem... num namorado.. ahahahah ( um marido eu ainda não sei) . beijão
Val ;)

Antonio Da Vida disse...

Eu vou discordar de você, posso?
Eu acho que os holandeses não assumem a relação coisa nenhuma, o que eles assumem em geral é a materialidade e a praticidade deles, eles acabam indo morar junto não por uma questão de sentimento mas simplesmente porque é mais fácil. Conheci vários casais na Holanda, casados tipo há 20 anos ou mais, que dizem ter o que eles chamam de "vaste relatie"... ou seja, ficam casados a vida inteira por amizade e comodidade e sei lá mais o quê, tudo menos romance, e a verdade é que um não sabe praticamente nada a respeito do outro, nem sequer aonde está, nem com quem está, nem quando volta pra casa, e ter amantes na Holanda parece ser a coisa mais natural do mundo. Os holandeses assumem uma pessoa como a parceira oficial pra vida inteira, e depois ficam de "rolo" com os amantes, às vezes por anos até, mas sem nunca se separar do/da "oficial",por pura comodidade.
Já no Brasil o problema ao meu humilde modo de ver é que as próprias mulheres acabam sendo tão machistas e sexistas quanto os homens, por uma questão de cultura e educação, e acabam se sujeitando a um tratamento que as holandesas por exemplo não toleram, até porque convivem melhor com a própria solidão e individualidade.
É, não tem país perfeito nem relacionamento perfeito, nem cultura perfeita, nem fórmula perfeita da felicidade, cada um que invente a sua...
XXX/A

Eu não sei, você sabe? disse...

bethinha!
muito mais que rolos, o que muito me intriga é o fenômeno moderno de ir ficando na casa dos pais até a meia idade, fato que acontece no brasil e em outra partes do mundo(talvez nem tanto na europa de um modo geral)-esse seria meu mestrado - hehehe!
No novo milênio a praticidade e facilidade necessárias para se lidar com tudo impõe barreiras a sofreguidão prazerosa da vida a dois (ou três ou quatro, enfim).
...
menina acabo de acabar de ler o 'precisamos falar sobre kevin' e amei sobretudo por ser extremamente bem escrito. sou fã desse seu blog...bem, mas isso vc já deve saber!
beijos tita

Anônimo disse...

Beth,
Eu ia deixar um comentário (gostei muito do post!), mas depois de ler o Antonio, descobri que concordo com ele.
Penso também que é uma "questão ambiental;-D": mais fora do que dentro Holanda, talvez, holandeses também são chegados nas artes safadísticas, como diria o inesquecível Odorico Paraguaçu. Mas, sem dúvida: os papéis da "ficante" e do "peguete" já são lugar-comum no Brasil...
Beijos!

disse...

Beth, olha eu aqui outra vez! =D
Adorei e concordo com todos os que comentaram aqui, mas acrescento que muita das vezes algumas pessoas não tem tempo leia-se dinheiro e por isso demoram tanto para casar-se. É amiga aconteceu comigo. rs

No outro dia ouvi na rádio que as italianas agora querem copiar a mania das brasileiras de ficar. O primeiro mundo copiando besteira!
Beijão!!!

Flávia disse...

eu quando estou junto preciso viver junto. Dormir e acordar ao lado. Olhar ver, chegar em casa e ter alguém me esperando, estar e ter a quem esperar.

Ia me sentir em casa na Holanda ;)

Beijão!

Anônimo disse...

Ih, Bet, quando achei que tinha opinião formada, tomei o maior PNB (Pé na Bunda)...

Namorei, fiquei, me enrolei...

Aos 36, o tal do príncipe apareceu e eu resolvi acreditar no conto de fadas. Afinal eu tinha todos os ingredientes: um cara bacana, apaixonadao, casamento em castelo na França, lua-de-mel no Tahti, compra da casa própria e meu Filhote lindo que veio beeem mais rápido do que imaginei mas foi TÃO bem-vindo!

Já estávamos com tudo engatilhado pra comemorarmos os 5 anos de casados, com uma super festa no Rio e percebo que ele não é mais o mesmo... Questiono e ouço que ele não me ama mais. Caio do cavalo!

Então não sei mais nada mas tb não vou ficar me mordendo sabe? A fila anda...

Ótimo tópico : )

bjs

Beth Blue disse...

Antônio:
Pode discordar à vontade, oras bolas! E quando você diz que os holandeses não assumem coisa nenhuma, e que tudo não passa de materialidade e praticidade deles (concordo em partes), eu poderia dizer que no Brasil vários casamentos são mantidos porque as pessoas não têm condições financeiras de se separar (sim, isso ainda acontece, acredite). Os holandeses podem até ficam juntos por praticidade, mas muitos casais brasileiros só não se separam mesmo por falta de grana!

Arnild:
Os holandeses podem até ser chegados nas artes safadísticas (gostei da expressão) mas neste caso, os brasileiros têm doutorado né!!! Porque vou te contar...

Isabella:
Que notícia chata, hein...E agora José? Te desejo força e muita sabedoria nesta fase.

PS. Curioso, foi só falar de relacionamento que todo mundo resolveu dar palpite. O que só prova mais uma vez que não existe receita para a felicidade a dois, né gente?!!

Pat Cachinhos disse...

Sinceramente eu não acredito em LAT, eu acho um baita de um egoísmo e uma preguiça absurda!! Não consigo imaginar um relacionamento assim gerando frutos.

Posso ser romântica das antigas mas ainda acredito no casal idoso de mãos dadas no parque.

Viver é difícil e viver a dois é um desafio Hercúleo que exige atenção, paciência e disposição para morder a língua e esfriar em vez de ofender, dar o braço a torcer, pedir desculpas sinceras e impor limites. Tudo em seu devido tempo.

Discordo que tem casais "casados" por falta de grana no Brasil. Acredito sim que exista falta de grana, mas os dois deixaram de ser casal e passaram a ser colegas de residência. Vejo vários assim! Mas também vejo gente voltando pra casa dos pais ou alugando quarto em outro lugar, tudo varia de quão distante a gente quer ficar do outro pois muitas vezes a convivência é tranqüila, mas as exigências de casal são insuportaveis. Varia, né?

A Tita mencionou as pessoas estarem saindo de casa tarde e eu acredito que isso se deva muito mais as fator econômico que está se tornando social. Hoje não se ganha mais um salário - em início de carreira - que pague um aluguel num bairro relativamente seguro e os pais vão segurando o passarinho mais tempo no ninho, né?

De mais a mais eu não sou parâmetro de nada. Fiquei na casa da mamãe até os 35, estou me casando aos 37 (ele também) e acho que a essa altura dos nossos cabelos brancos, ninguém mais separa não... Otimista? Muito provavelmente, mas o que fazer? Sou uma romântica incorrigível!! ;)

Bjs

Beth Blue disse...

Pat:
Confesso que tem dias que também penso que a LAT é acima de tudo uma solução egoísta, rsrsrs. Por outro lado, tem dias que me parece a solução ideal - principalmente se considerar que já fui casada 10 anos e o namorado idem. Não vou dizer que todo casamento é ruim (não vou estragar o prazer de quem acaba de se casar) mas digamos que tem suas desvantagens, assim como tudo nesta vida. A maior desvantagem é sem dúvida a rotina, acredite!

Vixe, esta discussão dá panos pra manga...

Pat Cachinhos disse...

Pois é Bethinha, mas... e quem vê encanto e graça na rotina? E quem acha graça e se encantou exatamente pelos defeitos? Quem não tem a menor intenção de mudar o outro?

Tentar mudar alguém que não sabe disso e, principalmente, não quer ser mudado é tempo e energia jogados fora e, PIOR, contra si mesmo!!

Ele vai ter noites insones por que eu me mexo na cama e ele tem sono de pluma? Vai. Ele vai ter noites insones porque os gatos vão subir na cama? Vai. Tudo isso sabe como também sabe que se acostuma. O problema é quando não sabe e cai do cavalo! risos

Uma relação, seja ela com amigo, ficante ou mesmo de trabalho, exige jogo de cintura para virar um relacionamento. A gente não é uma ilha deserta!

Bjs

Anônimo disse...

Pois é, Beth... Tenho meu Filhote pra criar, meu negócio pra tocar pra frente, sabe? No começo me senti uma fracassada mas agora já passou. Acho que depois de tanto encanto, ele desencatou. Não teve maturidade pra levar a vida do dia-a-dia... Too bad, for him...

bjs e tô adorando esse tópico!

BTW, acho que LAT funciona sim. Seja uma questão financeira ou não. E acho q no Brasil tem isso de casar pra sair de casa (já vi vários casos) e não se separar não só porquê dovórcio pode ser caor mas porquê as pessoas não querem perder o status.

Flavia Leite disse...

Ei, que máximo! Vc mora em Amsterdam, sou doida pra morar em Utrecht mas acho que não vai rolar, ufa!
Enfim, agora que achei o seu blog irei vir sempre dar uma olhadinha aqui, viu!
Alias este teu post aqui é ótimo, penso como vc... quando vim pra Itália estava cansada dos cariocas que vivem de oba oba e aqui as coisas são mais sérias nos relacionamentos, não parei para pensar ainda porque tem tanta diferença mas achei aqui as pessoas que pensam que um relacionamento mais serio e duradouro vale mais pena que uma simples ficada nas baladas! No fim das contas acabei casando por aqui, coisa que nunca tinha pensado de fazer antes e sou muito feliz com o meu italiano...
Mil beijocasssssssss

Maiara Sanchez disse...

Sabe que eu não achei simplista a sua colocação sobre o homem brasileiro? Acredito que eles estão meio duros de grana, sim, e aliam isso à segurança imatura de não querer assumir nada nem ninguém. Porque, como você mesma disse, é preciso ser muito adulto para assumir um relacionamento e todas as implicações que isso traga (tal como os holandeses!), seja morando junto ou não.
Aqui deixo a minha crítica ao brasileiro mediano: unem o útil (falta de compromisso) ao agradável (estar sempre disponível) sem as tais contas no final do mês. Não é por acaso que preferi pegar meu 'pacote' com defeitos e qualidades (e como todo mundo, tem mais defeiotos do que qualiudades, rsrsrs!, e resolvemo pagar para ver).
Posso dizer por mim: como amadureci!
Beijos, Beth.
Amei sua tese de mestrado, rsrs.

May.

Andrea Drewanz disse...

Nossa Beth, quase que eu ia perdendo este debate! Ainda bem que vc me avisou...

Acho muito estranho pessoas acima dos 30 continuarem e aceitar a história do "ficante" e "peguete".
Isso só deve ser bom para adolescente. Na verdade, nem sei se para eles é tão bom assim!
O que observo (de um modo em geral)é que os homens brasileiros demoram a sair da casa dos pais para assumirem a sua própria vida, diferente do que acontece com os europeus e americanos, que preferem a expirência de viver sozinhos.

E isso acontece também nos seus relacionamentos afetivos. Eles (e elas também) não querem abrir mão da comodidade e da praticidade de morarem com os pais e muitas vezes arrastam a decisão de morar junto com alguém.

Sei de muitas amigas que não conseguem encontrar um cara legal, bem resolvido e solteiro que esteja a fim de assumir um compromisso. Mas as mulheres estão exigentes demais e idealizam sempre um príncipe encantado, que nunca chega! Então fica difícil encontrar...
Graças a Deus já encontrei a minha outra metade!

Bjsssssss

Anônimo disse...

'aff concordu com tiguh minina .... arrraja um holandez pra eu q eu vou adorar ... kk... "