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Um filme sem grandes explosões de emoção mas muitas, muitas palavras. Palavras ditas e não-ditas, enfim, palavras. A estória gira em torno de uma menina que da noite para o dia demonstra ter um grande talento para a ortografia. À medida em que o filme se desenrola, ela ganha vários concursos regionais e nacionais de spelling. O que inevitavelmente nos faz lembrar dos concursos de Miss Pageant em Little Miss Sunshine com a excelente atriz Abigail Breslin (que também aparece em No Reservations e Definitely, Maybe).
O equilíbrio delicado desta família (aparentemente) tão comum é perturbado quando o pai da menina resolve pela primeira vez investir seu tempo e energia na filha cuja existência antes mal percebia...O pai (Richard Gere) é um professor universitário especializado em estudos judaicos (kabbalah etc) e fascinado pela magia das palavras. E bastante exigente com seus filhos. Antes de descobrir o talento da caçula, ele se dedicava a dar aulas de música ao filho. Trancava-se horas com o filho no seu escritório e a menina tinha de passar bilhetes por baixo da porta se quisesse comunicar algo ao pai. Com a descoberta do novo talento ocorre uma mudança de status dentro da família. O filho antes tão paparicado é abandonado (com consequências desastrosas) e o pai volta sua atenção exclusivamente para a menina (o que também traz consequências desastrosas para a já instável mãe).
Pode parecer muito drama pra pouca estória mas o filme é cheio de nuances e sutilezas. E nos faz refletir sobre nossos pequenos dramas familiares (de perto ninguém é normal). O lugar que cada um sabe ou não conquistar dentro de sua família, o valor de cada membro independente de seu talento ou da falta dele. Todas as partes do conjunto asseguram um equilíbrio que pode ser facilmente desfeito. Um equilíbrio delicado, como a própria vida.
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