terça-feira, março 15, 2011

Uma francesa de pais marroquinos





Outro filme francês que eu andava muito curiosa pra assistir era Française, da diretora Souad El-Bouhati. Tanto a diretora como a protagonista (eu quase diria heroína) do filme tem uma coisa em comum: ambas são nascidas na França, de pais imigrantes do Marrocos. Isso permite à diretora explorar muito bem o tema, já tão bem conhecido por ela mesma. Trata-se da segunda geração de marroquinos, ou seja, os filhos dos imigrantes marroquinos que vieram trabalhar na França nos anos 60 e 70.

Um belo dia os pais de Sofia decidem largar de vez a vida de imigrante na França e voltar às suas origens. E assim retornam com seus filhos pequenos para o Marrocos, onde vão morar em uma fazenda de olivas em uma área rural. Daqui pra frente começam os problemas de adaptação de Sofia (ótima atuação de Hafsia Herzi, que estreou no outro filme da mesma diretora, La graine et le mulet). Na época da mudança pro Marrocos, ela é uma menina de 10 anos que frequenta a escola francesa, com uma vidinha normal como qualquer outra criança com sua rotina de escola e casa.

Só que inevitavelmente, a menina cresce e começa a questionar o estilo de vida de seus pais. Por mais que sua mãe insista, Sofia não consegue se acostumar à vida tradicional numa fazenda de olivas no Marrocos. Num país em que os papéis da mulher e do homem ainda são muito tradicionais e onde tudo que se espera da mulher é que ela case (quanto mais cedo, melhor) e cuide dos filhos e da casa. Mas Sofia carrega consigo sua infância francesa e sonha em ir para a universidade e arrumar um bom emprego. Enfim, um choque cultural, mas ao contrário.

Em suma, um filme fascinante sobre o dia-a-dia das famílias de imigrantes. Um filme de muitos contrastes - não apenas de imagens mas acima de tudo, de valores. E claro, o choque de gerações é acentuado ainda mais pela questão da imigração.

Recomendo este filme especialmente a quem, como eu, mora em uma capital européia. Porque é sempre bom conhecer um pouco da estória desses imigrantes. Eles são parte essencial da história do país e só assim entenderemos melhor o mundo à nossa volta. Um brinde à a diversidade!

4 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Um brinde a diversidade, sem dúvida.
Creio que assistir filmes assim é fascinante porque você acaba se identificando a cada instante e ficando mais acalentado. bjs

Anita disse...

Eu nao vi esse filme, mas devemos lembrar que filmes feitos sobre estrangeiros a cerca de uma outra cultura geralmente sao muito fantasiosos. Nenhum filme estrangeiro feito sobre o Brasil deixou de ser caricatural. E os filmes brasileiros msotram sempre uma realidade mais crua possivel (Tropa de Elite, Cidade de Deus, etc.). Se alguem quer conhecer a realidade do Marrocos (ou de qq outro pais) o melhor e' viver alguns anos por la em diferentes cidades.

Beth Blue disse...

Pois eu discordo, Anita! Este filme é bastante verdadeiro, até porque quem fala da vida de imigrantes sabe do que está falando. A diretora é filha de imigrantes marroquinos (e a personagem principal também).

Enfim, eu recomendo!

kalina morena disse...

oi Beth,
assiste 'La graine et le mulet'. gostei dele mas achei que tinha umas coisas que nao me convenceram muito sobre a cultura como mostrada no filme. mas gostei muito mesmo e ate recomendei a meus amigos aa epoca.
eu adoro cinema independente, inteligente, de orcamento baixo, e feito mais de suor e alma. mas gosto das super producoes tambem.
abraco
Kalina

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Uma francesa de pais marroquinos





Outro filme francês que eu andava muito curiosa pra assistir era Française, da diretora Souad El-Bouhati. Tanto a diretora como a protagonista (eu quase diria heroína) do filme tem uma coisa em comum: ambas são nascidas na França, de pais imigrantes do Marrocos. Isso permite à diretora explorar muito bem o tema, já tão bem conhecido por ela mesma. Trata-se da segunda geração de marroquinos, ou seja, os filhos dos imigrantes marroquinos que vieram trabalhar na França nos anos 60 e 70.

Um belo dia os pais de Sofia decidem largar de vez a vida de imigrante na França e voltar às suas origens. E assim retornam com seus filhos pequenos para o Marrocos, onde vão morar em uma fazenda de olivas em uma área rural. Daqui pra frente começam os problemas de adaptação de Sofia (ótima atuação de Hafsia Herzi, que estreou no outro filme da mesma diretora, La graine et le mulet). Na época da mudança pro Marrocos, ela é uma menina de 10 anos que frequenta a escola francesa, com uma vidinha normal como qualquer outra criança com sua rotina de escola e casa.

Só que inevitavelmente, a menina cresce e começa a questionar o estilo de vida de seus pais. Por mais que sua mãe insista, Sofia não consegue se acostumar à vida tradicional numa fazenda de olivas no Marrocos. Num país em que os papéis da mulher e do homem ainda são muito tradicionais e onde tudo que se espera da mulher é que ela case (quanto mais cedo, melhor) e cuide dos filhos e da casa. Mas Sofia carrega consigo sua infância francesa e sonha em ir para a universidade e arrumar um bom emprego. Enfim, um choque cultural, mas ao contrário.

Em suma, um filme fascinante sobre o dia-a-dia das famílias de imigrantes. Um filme de muitos contrastes - não apenas de imagens mas acima de tudo, de valores. E claro, o choque de gerações é acentuado ainda mais pela questão da imigração.

Recomendo este filme especialmente a quem, como eu, mora em uma capital européia. Porque é sempre bom conhecer um pouco da estória desses imigrantes. Eles são parte essencial da história do país e só assim entenderemos melhor o mundo à nossa volta. Um brinde à a diversidade!

4 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Um brinde a diversidade, sem dúvida.
Creio que assistir filmes assim é fascinante porque você acaba se identificando a cada instante e ficando mais acalentado. bjs

Anita disse...

Eu nao vi esse filme, mas devemos lembrar que filmes feitos sobre estrangeiros a cerca de uma outra cultura geralmente sao muito fantasiosos. Nenhum filme estrangeiro feito sobre o Brasil deixou de ser caricatural. E os filmes brasileiros msotram sempre uma realidade mais crua possivel (Tropa de Elite, Cidade de Deus, etc.). Se alguem quer conhecer a realidade do Marrocos (ou de qq outro pais) o melhor e' viver alguns anos por la em diferentes cidades.

Beth Blue disse...

Pois eu discordo, Anita! Este filme é bastante verdadeiro, até porque quem fala da vida de imigrantes sabe do que está falando. A diretora é filha de imigrantes marroquinos (e a personagem principal também).

Enfim, eu recomendo!

kalina morena disse...

oi Beth,
assiste 'La graine et le mulet'. gostei dele mas achei que tinha umas coisas que nao me convenceram muito sobre a cultura como mostrada no filme. mas gostei muito mesmo e ate recomendei a meus amigos aa epoca.
eu adoro cinema independente, inteligente, de orcamento baixo, e feito mais de suor e alma. mas gosto das super producoes tambem.
abraco
Kalina