quarta-feira, abril 11, 2007

Cidadã do mundo

Sou paulistana da gema,
Gema preciosa
Essência multicor
Por onde flutuam
Pensamentos, palavras e sentimentos
Em línguas várias
Sou brasileira tupiniquim
Latina viviendo sin fronteras
Auslander/Foreigner/Estrangeira
Cidadã do mundo que gosta de ouvir
MPB, funk e jazz
Swissgrove Radio pela internete
De dançar ao som de bangra, raï,
Eletrônica and drum'n'bass
Ojos de Brujo, Femi Kuti
Amina, Cheb Mami
Home is where the heart is
So they say
Mas meu coração errante
Il est partout
São Paulo, Curitiba,
New York, Berkeley,
Salvador, Paris,
Berlim, Amsterdam
Quem sabe um dia
Dakar e Dehli.
Alma cigana que sonha em visitar o Mali,
Bamako de Salif Keita e Boubacar Traore
Mas que nem por isso se esquece de Caetano,
Chico, Gil, Milton, Lo Borges, Lenine
E de tantos mais.
Minha boca se enche d'água
Quando sinto o cheiro de samosas,
Naan e mango lassi,
Tandoori chicken, Sushi,
Pad-Thai, chiles rellenos,
Hummus, baba ganush,
Pita bread, pão de queijo
Moqueca de peixe, farofa,
Tutu de feijão, virado de couve,
Mandioca, escarola, agrião,
Doce de leite, beijinho,
Suco de maracujá, jabuticaba,
É fruta que não se acaba.
Minha certidão de nascimento diz
Que a minha cor é branca
Eu sempre achei isso muito mal contado
O lado português,
Tão vangloriado pelo meu pai,
Nunca enganou a minha avó materna:
Cara de índio, nariz chato,
Pele morena, cabelo assanhado.
Aqui renasço enquanto
"Person of color."
Já limpei casa com piscina
Cuidei de filho alheio,
Fiz coisas que
Faculdade nenhuma ensina
Camaleoa que sou
Vou me adaptando pela vida afora
Dependendo de onde estou.
Com filhos que são americanos,
Mas que também são brasileiros e alemães
Marido afro-deustch
Alemão com cara de brasileiro
Whatever that means
Filhos com sotaque de gringo
Para quem Saci, Maus,
Caipora e Nikolaus
Habitam o mesmo universo de
Dr. Seus, Tin Tin e Asterix
Minha vida é marcada
Por uma sucessão de adeuses:
Aeroportos e passaportes,
Abraços ao vento.
Mas também de boas-vindas:
Janelas abertas,
Portas por abrir,
Good wishes.
Saudade que nunca se finda.
Ainda assim
É em sendo estrangeira
Que adoto uma pátria
Onde cabe a humanidade inteira.
Uma pátria sem fronteiras
Onde cada um festeja
As cores de suas bandeiras
O resto são fragmentos da memória
Cheiros, sons, paisagens
Mais lã no novelo da minha história.
por Regina Camargo.

Adoraria ter sido a autora de palavras tão inspiradas...porque também sou cidadã do mundo e me identifiquei profundamente com quase tudo que ela soube resumir tão bem nesses versos. Moro há 13 anos na Holanda (mas já morei nos EUA, Irlanda e Escócia), fui casada com um inglês, meu filho tem dupla nacionalidade (brasileiro e britânico - embora nascido aqui em Amsterdam), falo duas ou três línguas diariamente, na minha cozinha tenho ingredientes holandeses, italianos e brasileiros (entre outros mais), sinto falta de guaraná, mas bebo cerveja belga e vinho italiano...sem falar que vez ou outra vou num Take Away e levo pra casa comida chinesa, indiana ou mesmo um roti do Suriname, dependendo do humor do dia...Last but not least, meu coração errante também está por toda parte: Rio de Janeiro, Amsterdam, Dublin, Paris e por aí vai.

2 comentários:

Eu não sei, você sabe? disse...

Ótimo texto mesmo, Bethinha!

Sentirei sua falata no orkut, mas para que que ele serve mesmo???

rsrs...


beijos

tita

Anônimo disse...

Legal mesmo!

Tecnologia do Blogger.

Cidadã do mundo

Sou paulistana da gema,
Gema preciosa
Essência multicor
Por onde flutuam
Pensamentos, palavras e sentimentos
Em línguas várias
Sou brasileira tupiniquim
Latina viviendo sin fronteras
Auslander/Foreigner/Estrangeira
Cidadã do mundo que gosta de ouvir
MPB, funk e jazz
Swissgrove Radio pela internete
De dançar ao som de bangra, raï,
Eletrônica and drum'n'bass
Ojos de Brujo, Femi Kuti
Amina, Cheb Mami
Home is where the heart is
So they say
Mas meu coração errante
Il est partout
São Paulo, Curitiba,
New York, Berkeley,
Salvador, Paris,
Berlim, Amsterdam
Quem sabe um dia
Dakar e Dehli.
Alma cigana que sonha em visitar o Mali,
Bamako de Salif Keita e Boubacar Traore
Mas que nem por isso se esquece de Caetano,
Chico, Gil, Milton, Lo Borges, Lenine
E de tantos mais.
Minha boca se enche d'água
Quando sinto o cheiro de samosas,
Naan e mango lassi,
Tandoori chicken, Sushi,
Pad-Thai, chiles rellenos,
Hummus, baba ganush,
Pita bread, pão de queijo
Moqueca de peixe, farofa,
Tutu de feijão, virado de couve,
Mandioca, escarola, agrião,
Doce de leite, beijinho,
Suco de maracujá, jabuticaba,
É fruta que não se acaba.
Minha certidão de nascimento diz
Que a minha cor é branca
Eu sempre achei isso muito mal contado
O lado português,
Tão vangloriado pelo meu pai,
Nunca enganou a minha avó materna:
Cara de índio, nariz chato,
Pele morena, cabelo assanhado.
Aqui renasço enquanto
"Person of color."
Já limpei casa com piscina
Cuidei de filho alheio,
Fiz coisas que
Faculdade nenhuma ensina
Camaleoa que sou
Vou me adaptando pela vida afora
Dependendo de onde estou.
Com filhos que são americanos,
Mas que também são brasileiros e alemães
Marido afro-deustch
Alemão com cara de brasileiro
Whatever that means
Filhos com sotaque de gringo
Para quem Saci, Maus,
Caipora e Nikolaus
Habitam o mesmo universo de
Dr. Seus, Tin Tin e Asterix
Minha vida é marcada
Por uma sucessão de adeuses:
Aeroportos e passaportes,
Abraços ao vento.
Mas também de boas-vindas:
Janelas abertas,
Portas por abrir,
Good wishes.
Saudade que nunca se finda.
Ainda assim
É em sendo estrangeira
Que adoto uma pátria
Onde cabe a humanidade inteira.
Uma pátria sem fronteiras
Onde cada um festeja
As cores de suas bandeiras
O resto são fragmentos da memória
Cheiros, sons, paisagens
Mais lã no novelo da minha história.
por Regina Camargo.

Adoraria ter sido a autora de palavras tão inspiradas...porque também sou cidadã do mundo e me identifiquei profundamente com quase tudo que ela soube resumir tão bem nesses versos. Moro há 13 anos na Holanda (mas já morei nos EUA, Irlanda e Escócia), fui casada com um inglês, meu filho tem dupla nacionalidade (brasileiro e britânico - embora nascido aqui em Amsterdam), falo duas ou três línguas diariamente, na minha cozinha tenho ingredientes holandeses, italianos e brasileiros (entre outros mais), sinto falta de guaraná, mas bebo cerveja belga e vinho italiano...sem falar que vez ou outra vou num Take Away e levo pra casa comida chinesa, indiana ou mesmo um roti do Suriname, dependendo do humor do dia...Last but not least, meu coração errante também está por toda parte: Rio de Janeiro, Amsterdam, Dublin, Paris e por aí vai.

2 comentários:

Eu não sei, você sabe? disse...

Ótimo texto mesmo, Bethinha!

Sentirei sua falata no orkut, mas para que que ele serve mesmo???

rsrs...


beijos

tita

Anônimo disse...

Legal mesmo!