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E como toda saga de imigrantes, o filme está repleto de cenas e diálogos comoventes - com os quais quem mora fora muito irá se identificar. Fatos marcantes são o nascimento do primeiro filho do casal (Gogol Ganguli), a morte do avô materno e o retorno à Índia para as cerimônias de cremação (as cinzas são jogadas no Ganges, como manda a tradição). A viagem da família à Índia ilustra claramente na tela as tradições que o casal luta por preservar em meio à cultura americana. Enquanto isso, os filhos contam os dias para retornar aos EUA, reclamam do calor sufocante (sem o ar-condicionado com que estão acostumados) e sentem falta de suas vidas confortáveis nos EUA. Uma das cenas mais fascinantes é a visita ao Taj Mahal, cuja beleza deixa pais e filhos igualmente assoberbados e faz com que o filho decida cursar Arquitetura ao retornar aos EUA.
Acompanhamos assim a vida do imigrante nos EUA, os laços de família, o choque cultural e o inevitável choque de gerações. Nesse caso, o choque é agravado: os pais tentando a todo custo preservar as tradições de seu país e os filhos nascidos e criados nos EUA, com uma visão de mundo americanizada e cada vez menos ligados às raízes familiares (como era de se esperar, diga-se de passagem). Em suma, a luta pela preservação dos valores da família (representada pelos pais) e a quebra de valores, a busca do novo e o anseio pela liberdade (representado pelos filhos). Acima de tudo, um hino à vida, à morte e a tudo que há entre elas.
1 comentários:
Bethinha, vc tem o dom de narrar suas impressões sobre um filme sem ser superficial e ao mesmo tempo sem estragar a festa de quem ainda quer assistí-lo...
muito bom!
beijo
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